Quando estamos no trem, Tobias me ajuda a sentar e nos sentamos próximos a Will e Christina.

– Deixa eu ver como é que está o seu pé - ele disse, colocando o meu pé machucado em seu colo - Hum. É só um inchaço, nada com o que se preocupar. Você vai ficar bem rapidinho.

Recostei minha cabeça em seu peito e ele passou o braço ao redor das minhas costas. Fechei os olhos. Estava tão cansada naquele momento, que nem me importei com o que os outros iriam pensar de mim e Tobias próximos daquele jeito.

Tobias me chamou quando estava perto da hora de descermos do trem. Fomos os últimos a descerem do trem. Ele me carregou e desceu comigo em seu colo. Ainda estava em seu colo quando nos aproximamos dos outros.

– Bom, pode deixar que nós cuidamos dela agora - Christina falou, enquanto Will se preparava para me carregar.

– Ela não irá para o dormitório hoje - disse Tobias.

– Não? Então para onde você vai leva-la? - perguntou Christina surpresa.

– Não se preocupem, ela ficará bem - e, dizendo isso, Tobias saiu comigo, deixando os dois perplexos e preocupados.

Eu não precisava perguntar para onde estava indo. Sabia exatamente que ele me levaria ao seu quarto.

Chegando lá, ele me deitou na cama, pegou uma bolsa de gelo e pôs sobre o meu pé machucado.

– Não se preocupe. Logo, logo estará boa - disse ele me tranquilizando - só precisa de um pouco de repouso.

– Repouso? Como eu posso ter repouso em plena iniciação na Audácia? - exclamei.

– Amanhã vocês terão o dia de folga. Pode aproveitar para descansar - disse ele calmamente.

Assenti e disse que precisava dormir. Acordei no dia seguinte com ele acariciando o meu pé machucado.

– Dói? - perguntou com as mãos sobre o meu pé.

– Só um pouco. Não tanto quanto antes - disse.

– Trouxe o seu café - disse ele me entregando um saco com dois muffins dentro - Depois te levarei de volta ao dormitório.

– Será que não posso mesmo passar o dia de hoje com você? - perguntei esperançosa.

– Tris, - ele falou calmamente - seus amigos devem estar preocupados.

– Invento uma desculpa para eles amanhã - garanti.

Ele pareceu pensar um pouco, mas depois deu um sorriso.

– Está bem.

Passamos os dia em seu quarto, afinal eu tinha que repousar. Tobias ficou cuidando de mim com todo o carinho do mundo. Ele sempre me perguntava se o meu pé já havia melhorado ou se eu estava precisando de alguma coisa. Achava legal esse jeito de cuidar de mim. Me sentia protegida com ele e... amada.

Anoiteceu e o sono começou a se manifestar. Queria ficar mais tempo acordada, mas os remédios que Tobias me dera já estava começando a fazer efeito. Ele deitou-se junto a mim e me abraçou.

– Apesar das circunstâncias, foi maravilhoso o dia de hoje - falou baixinho - especialmente porque passei com você.

– Eu adorei o jeito que você cuidou de mim - eu disse baixinho - me senti... amada.

Corei ao dizer essa ultima palavra. Ele sorriu e disse:

– Bem, você é. Pelo menos por mim.

Não tive tempo de responder essa afirmação. O sono já havia me dominado por completo. Dormi com a minha cabeça em seu peito e com um sorriso bobo nos lábios.

Acordei no dia seguinte e ele não estava mais na cama.

– Tobias - chamei. Nada. - Tobias? Tobias, você está ai?

Ele saiu do banheiro de calça, sem camisa e com a toalha molhada em volta do seu pescoço.

– Oi - disse ele gentilmente caminhando até mim - Seu pé já está melhor hoje?

– Ah, sim. Quase nem sinto mais dor - eu disse.

Ele sorriu e falou para eu me vestir e ir ao refeitório sozinha. Concordei e sai assim que me arrumei.

Ao chegar ao refeitório, Christina e Will me lançaram olhares preocupados e me encheram de perguntas.

– Onde você estava?

– Quatro te fez alguma coisa?

– Você já está melhor?

Eu pedi calma e respondi as perguntas

– Eu já estou melhor sim. Quatro não fez nada. Eu fiquei ontem descansando na enfermaria.

Eles pareciam desconfiados, mas não me fizeram mais nenhuma pergunta. Terminamos o café e nos dirigimos à sala de treinamento. Chegando lá, vimos Tobias formar os pares para as lutas de hoje. Notei que meu nome não estava em nenhum lugar. Não iria lutar hoje. Agradeci mentalmente a Tobias por isso. Embora não estivesse doendo, meu pé certamente seria um bom ponto fraco na hora da luta. Um chute forte neste local poderia me derrubar. Não estava pronta para uma nova luta ainda.