Alizée et Chermont escrita por Velvet


Capítulo 1
Un


Notas iniciais do capítulo

Oi, to te volta. Isso aqui é só uma história que eu comecei outro dia e pensei em postar aqui, não sei quantos capítulos vai durar, mas acho que vai ser longa, também não sei com que frequência vou poder postar, já que minha vida tá meio bagunçada, e tô tentando fechar uns hiatos e também arrumar um emprego, então vocês já viram.



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O apartamento estava a mais completa miséria, copos descartáveis vermelhos semicheios decorando o topo de todos os móveis, pessoas dormindo no chão e no sofá, e uma pilha pequena de cartões de crédito e resíduos de um suspeitíssimo pó branco na minha mesa de centro. Suspirei cansadamente, movendo a mochila para o outro ombro, eu disse para ele não deixar ninguém cheirar nada aqui em casa outra vez.

Fui para o meu quarto (só passando pela cozinha rapidamente para deixar os pães que havia comprado, e também constatando que lá estava um pandemônio, como bem) e fiquei feliz ao ver que meu companheiro de apartamento tinha se lembrado de trancar a minha porta com a sua chave – cada um tinha a chave da porta do quarto do outro, para evitar maiores problemas com pessoas entrando quase em coma alcoólico em uma segunda-feira de provas finais.

Abri a porta do quarto, encontrando-o exatamente do jeito que estava quando parti na sexta: extremamente bagunçado. Suspirei, jogando a mochila em um canto e abrindo caminho até as janelas. As janelas do meu quarto eram o que eu mais gostava em toda a casa: elas eram grandes, acompanhavam a parede do teto muito alto até o chão, eram também quase que como portas, porque eu poderia ir para o telhado por elas, já que havia uma pequena varanda e depois só o teto do prédio antigo em que morávamos, e essa era a vantagem de morar no ultimo andar. Mas voltando às minhas janelas: elas eram todas em um vidro azul e grosso, trabalhado em florais em toda a superfície, a madeira pintada de branco tentando não competir com os vitrais.

Eu escancarei as janelas e fui banhada pelo sol de fim de manhã, o meu dia estava uma maravilha. Aliais, todo o fim de semana: havia conseguido ingressos para o show da minha banda preferida em Amsterdã, encontrei uma promoção da linha de trens muito agradável para minha conta bancária e havia me hospedado em um hostel muito limpinho. Eu estava tão feliz, que até poderia limpar meu quarto.

Mas antes que eu pudesse fazer qualquer movimento em prol do meu quarto, Chermont abriu a porta e colocou só sua cabeça entre a porta e o umbral. Virei-me com o rangido da madeira e azedei minha expressão:

– A bagunça lá na sala é sua – ele arqueou a sobrancelha e usou seu melhor sorriso cafajeste em cima de mim.

– Bom dia para você também – ele disse em sua voz profundamente grave, era como ouvir Chuck Bass com dor de garganta. – Estava quase com saudade de ouvir sua voz mandona nos primeiros minutos do meu dia.

Chermont era o tipo exato pele e osso gostoso que coloca um paradoxo no cérebro de qualquer pessoa. Por um lado, nas qualidades mais valorizadas pelas pessoas, ele era o oposto, mas em alguns pontos, nos pequenos pontos, ele era um deus grego.

Os traços do seu rosto eram desenhados por um pincel muito fino, traços delicadamente marcantes. Os fios do seu cabelo eram um ouro velho, constantemente no caminho dos seus olhos, e ele tinha um TOC de passar o dia jogando os fios para cima, com as longas e ossudas mãos.

O.K. eu tenho que falar sobre as mãos dele: elas eram brancas como o resto de sua pele, e longas, muito longas. Ele tinha mãos infinitas de um musicista, mesmo que eu pense que ele não toque instrumento algum, ou pelo menos eu nunca o tinha visto com um, nem mesmo com um kazoo. Os olhos dele também eram invejáveis, aquele verde amarronzado que mudava na mesma proporção que a variação de luz, um hazel que te convidava para dentro e você ia, mesmo sabendo que, caso entrasse, talvez nunca mais conseguisse voltar.

Eu poderia passar o dia falando das pequenas coisas que me davam curiosidade em Chermont, mas eu não quero dar a impressão errada, até porque nós tínhamos um acordo mudo e tácito de implicar com o outro até a beira do ódio.

Nós havíamos concordado em dividir um apartamento depois de ambos terem sido expulsos por seus colegas de apartamento antigo por motivos até parecidos, a minha é uma história nada divertida sobre tocar fogo em uma cozinha, mas os quadros de aviso da universidade são uma beleza para encontrar gente assim. Então fazia um ano que nós dividíamos as despesas em um apartamento de dois quartos, sala, cozinha e um banheiro. Naturalmente, seria complicado pagar um apartamento tão digno e perto da universidade, mas meu pai havia contribuído substancialmente no valor do contrato de aluguel, restando para Chermont e a mim uma fatia confortável. Podia até ser uma degradação para nossa dignidade de jovens adultos livres de influencias parentais e tudo mais, mas quem se importa? Nós, com certeza, não.

– Bem – ele continuou – já que você vai ficar aí me encarando com uma cara estranha, Alizée, eu vou chutar o resto daquelas pessoas da sala e, sabe Deus, de mais onde – e saiu, deixando a porta entreaberta.

– Eu trouxe pão pro brunch, O.K.? – Gritei para ele, tentando pelo menos dar a ultima palavra, nem que fosse sobre café da manhã ao meio dia.

Depois de livrar minha cama de uma pilha de roupa suja – que eu coloquei para lavar, não deixei no chão, não mesmo – e tentar por um pouquinho de ordem no meu quarto, eu fui à cozinha ver se Chermont tinha se dignado a preparar a comida. Agradavelmente, a sala estava fazia de pessoas estranhas que fumam cocaína na minha sala de estar e também de copos descartáveis e demais resíduos da festa, e os cartões de crédito pareciam ter sumido com os donos. Mais agradavelmente ainda, estava a cozinha, com cheiro do melhor tipo de comida que pode haver: comida de café da manhã. Você poderia dizer qualquer coisa sobre Chermont, menos que ele não pode fazer uma senhora refeição.

– Ainda bem que você apareceu, Coração, leva esses pratos pra varanda – você provavelmente está pensando que ele disse algo muito doce, ou meloso, mas ele não fez. Ele começou a me chamar de Coração uns cinco minutos depois de nos falarmos pela primeira vez, porque, segundo suas próprias palavras, eu era “Como um coração: todo mundo imagina bonitinho e fofinho, mas que é só um músculo estranho e sangrento que consegue bater”, não que eu fosse adepta de violência. Aquela foi também a primeira e ultima vez que ouvi Chermont dizendo palavras no diminutivo.

Quando enfim tudo estava na pequena varanda que só tinha espaço para uma pequena mesa redonda de ferro fundido, nós começamos a comer. Não importava a hora, estação do ano, tamanho da ressaca ou quantidades de prova naquele dia, nós sempre tomávamos o café da manhã juntos, e por mais que eu odiasse assumir, quando um de nós estava viajando ou coisa assim, era horrível quebrar esse hábito, era sempre a hora do dia em que éramos mais agradáveis um com o outro. E hoje não era diferente.

Eu estava rindo da ressaca de Chermont quando meu celular apitou, era o som que o aparelho fazia toda vez que um dos meus lembretes alarmava, e eu era cheia deles, entupia todo o celular com notas, lembretes e alarmes, para tentar não me esquecer de coisas importantes.

– Desculpa – eu murmurei por educação e abri a nota, tentando ver a tela mesmo como reflexo do sol. Quando eu consegui lê-la, só olhei para cima, para os olhos hazel de Chemont e sorri maliciosamente.


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Notas finais do capítulo

Então, vocês gostaram? Tá meio morninho, eu sei, mas eu pretendo fazer isso o ápice do meu drama e também quero fazer uns momentos fofinhos, então comentem a fic aqui em baixo para me deixar completamente animada para escrever o próximo capítulo e também acompanhem essa história. (Carinha sorridente).



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