Apaixonada Pela Serpente 4 - Diario de Sangue escrita por Angy Black


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Maldição dos Herdeiros parte 1 - Fire "O Castelo de Slytherin"


Notas iniciais do capítulo

Na: Esse capítulo ( e toda fanfic) pode conter cenas fortes, triggers e vocabulário ofensivo.



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Capítulo 5 - A Maldição dos Herdeiros parte 1 - Fire "O Castelo de Slytherin"

        FIRE

Ouvir Trilha: https://youtu.be/Y-dxDrzmO-Q?list=PL5k2LnGFJS2BFWhq_L0Ub1sX5WbMpqbir

       Olhos verdes intensos, cor de folha com brilho de água de sal. Mas não eram claros, eram de um tom quase escuro, forte e reluzente, lembrava até a maldição da morte ou a marca negra vista de tão perto. Lembravam a Sonserina, orvalho e absinto, ingenuidade e desafio, tudo que eu mais gostava e conhecia, aquele tom de verde esmeralda e audácia, sempre fora minha cor favorita.

        E seu cabelo era cobre na sombra, mas no sol brilhava de um vermelho vivo, a combinação de queimar os olhos como se fossem raios do sol, dançando como labaredas de fogo, intimidador, prepotentes, lembrando sangue, alertando e provocando nosso inconsciente e como a exuberante juba do leão da Grifinória, impossível de ignorar.

     Apesar de já estarmos treinando há algum tempo, eu não conseguia me acostumar com sua companhia. Sua presença todos os dias me perturbava de uma maneira que eu não entendia. Tantos anos estudando na mesma escola mesmo assim eu não previra o quanto era problemático a aproximação com ela. James não me preparara para aquilo. Eu sabia que ela podia ser irritante, mas ele não me alertara para o terrível efeito que tinha seu sorriso gentil.

       Agora ela estava ali, com suas encantadoras feições, tentadoramente vulnerável, sua pele, tensa e cansada, mais vermelha que o normal, seus fios ruivos pingando suor pela testa por cima de um destemido olhar esmeralda, perdendo o equilíbrio sobre meus braços quando eu lhe dera uma rasteira logo depois de me defender de seu ataque. Quase caíra de costas, mas eu a segurava pelo colarinho da camiseta e pelo braço que eu mantinha imobilizado.

             Ela estava ficando forte, quem diria... a tão delicada Lily Evans, que sempre parecia prestes a partir em dois com o vento, estava levando mesmo a sério aquela loucura, aquele destino injusto que Dumblodore jogara em suas mãos.  Em nossas mãos.  Pois eu também, por algum motivo, estava preso aquilo, primeiro a uma tarefa que eu mal entendia, ao favor de um amigo, agora preso aos meus próprios sentimentos, malditos sentimentos que eu jurara a mim mesmo que não deixaria crescer, agora me prendiam a ela como uma obrigação de protegê-la. Como se toda minha vida com uma família das Trevas me preparassem apenas para aquela missão.  Ou talvez uma das charadas sem sentido do diretor da escola, confiando logo a mim aquela responsabilidade, sabendo que eu fora treinado pelos mesmos bruxos que costumavam caçar pessoas como ela. Era ironia ou castigo?

           Seus lábios pequenos e vermelhos como os cabelos abriram um largo sorriso, confiante e confidente com seus dentes tão perfeitos, confortável demais para quem estava tão rendida, como se ela nem ao menos fosse capaz de imaginar o quanto eu podia ser perigoso, se ao menos estivesse ali numa missão para o Lord das Trevas. Aquele pensamento me torturava, saber o quanto ele iria querê-la. Ela era o alvo perfeito para a sede doentia de qualquer comensal, bela e vulnerável, tudo nela era tentador como um convite, sua inocência, sua bondade, sua personalidade teimosa... contemplar cada detalhe mentalmente era sempre um desconforto, pois eu tentava a todo custo manter minha indiferença, mostrar o quanto eu não me importava com ela apesar dos meus esforços e comprometimento.

Ouvir Trilha: https://www.youtube.com/watch?v=v3ACl2GyNM4

              Mas mais eu tentava mais ficava evidente, pelo menos pra mim, o que já era insuportável, o quanto eu estava dependente dela, da segurança dela. A mera idéia dela estar em perigo me deixava louco, acordando meu instinto de comensal. Eu nunca sentira essa ânsia por justiça antes, nunca houvera nada de tanta importância pra mim antes.... Agora eu estava totalmente enfeitiçado, vulnerável pelo medo de perder– la,  mesmo sabendo que ela nunca seria minha.

— Tá distraído, Malfoy? – ela debochara, tentando reverter sua vulnerabilidade com uma provocação sem sentido.

         Só então eu me tocará que realmente estava distraído, novamente confuso e perturbado com o poder de suas feições, que eu parecia notar pela primeira vez depois de cinco anos, tão perfeitamente delineadas. Era uma ruiva de tirar todo o fôlego só ao passar, tudo nela puxava com um magnetismo quase irresistível, mas fingia modéstia sempre mantendo os cabelos presos, como se soltos pudessem causar um incêndio, mas ela sabia, não tinha como fingir para mim que notava a menor linha de expressão do seu rosto.

       Eu podia ver com nervosismo contido, seus olhos brilhando de excitação, mas tentando esconder – se com outra intenção. Eu engolira em seco, tentando me controlar, pois até a forma que mentia me provocava. Eu podia sentir sua respiração tensa e sua pele ficar mais quente com meu toque, podia sentir sua palpitação e como ela queria fugir e querer mais daquilo ao mesmo tempo. Sabia que ela nunca tivera qualquer tipo de treinamento de luta, mas não era só isso...

          Algo estava acontecendo entre a gente, algo que não fazia parte dos planos. Uma conexão silenciosa, onde eu percebia seu corpo chamar e não conseguia me afastar... alegando que isso tudo era por ela...Para não admitir que eu também precisava daquela sensação, daquela aproximação, da energia que exalava em nossos corpos, arrepiava nossos poros sempre que estávamos juntos. 

         Mas nunca poderia explorar aquilo, aquela sensação, o que é que fosse, não importa o quanto eu quisesse....Eu constatava novamente ao solta – lá e dando as costas para apanhar a toalha e secar o rosto, enxugar minha cabeça do assédio mental, criando espaço seguro novamente entre a gente, pois mais percebia a integridade de sua natureza perfeita,frágil e inocente como de um cervo,mais era evidente que eu nunca a mereceria. Eu era um Malfoy. Meu nome carregava Trevas, o melhor que eu podia fazer por ela era ensinar o que eu sabia e sumir de sua vida.

          Sumir de sua vida.... Me afastar dela já era difícil, minha preocupação era constante e cada vez que eu deixava minha guarda baixa, era preciso restaura-la de forma fria, pois eu sabia que ela teria muito menos resistência que eu, talvez nenhuma, ela não fora treinada como eu, era ingênua, pura.... Ela cairia muito fácil de cabeça naquilo... O que é que fosse... Não porque ela fosse fácil, porque não era, eu sabia que ela era muito difícil, vira James e outros correrem atrás dela por anos.

           Mas porque aquela conexão era intensa demais... Sempre sentira Uma energia diferente vindo dela, algo na aura dela que não sentia nos outros, agora aquela aura era cada vez mais irresistível, me fazia sentir fisgada de algo que eu nunca sentira realmente, um medo covarde, de me aprofundar em que é que aquilo fosse, por mais tentador que fosse.... Medo pois aquilo seria o fim dela, e o fim dela seria o meu fim.

— uuu tão sério hoje. O que foi?

— Nada Evans. Apenas que você já devia ter progredido mais. – eu tentara parecer casual ainda de costas, sabendo que uma mera crítica já seria suficiente para distraí-la. Sua defesa começara imediatamente e eufórica, como de costume irritantemente orgulhosa e Grifinória.

— O que? Você está brincando! Eu progredi muito, ontem eu te derrubei três vezes! Hoje você só venceu por sorte, mas se você duvida vem cá!

— E sua magia elemental? Você não conseguiu dominar o fogo ainda. – eu a lembrara simplesmente acabando com seu entusiasmo infantil, ela finalmente abaixara a guarda parecendo pela primeira vez afetada. – Eu me pergunto como uma Grifinória cheia de fogo que nem você poder ter tanto problema assim para manuseá lo.

— O que quer dizer com isso? Cheia de fogo?- ela questionara como sempre levando pro lado pessoal. 

— Fogo. Entusiasmo. Determinação.  Coragem, impulsividade, talento, inspiração... fogo – eu respondia fazendo o cálculo na minha cabeça enquanto analisava a ruiva.

— Quer parar de me analisar? Talvez eu seja uma pessoa sem fogo... Dumbledore disse que eu posso ter desequilíbrio em alguns elementos.

— É ,claramente... – então uma outra idéia surgira, meio arriscada mas provavelmente teria efeito.

— Por que esta sorrindo macabro?

— Tem outras formas de provocar o fogo... Pela raiva ou... desejo.

— Que? Me deixe com raiva então, isso deve ser fácil para você.  – ela dissera nervosamente com a cara mais vermelha que os cabelos e eu prendera o riso, obviamente a outra alternativa era muito mais fácil. 

— Olha sua cara parece que já está pegando fogo. O que foi, te deixei constrangida?

— Constrangida por que?! – ela gaguejava ficando cada vez mais vermelha o que quase me fizera rir.

— Parece até que nunca... James nunca foi muito longe com você não é? Eu achei...

— Quer parar? Não vamos envolver minha...privacidade ou James.... OK?

— Agora eu entendi seu problema, sua falta de fogo. Você é inibida, cheia de pudor, coitada...

— O que?! Não é nada disso tá bom? – ela protestava alterando– se cada vez mais ao ver que eu tirara a camisa soada de forma ágil jogando no chão. – O que é agora ? Vai me seduzir com seu tanque soado? – eu rira. Realmente era muito fácil deixa– la nervosa, mas não o suficiente para pegar fogo já que ela ria com vergonha ao mesmo tempo conforme eu me aproximava com a agilidade ate prende-la contra a árvore.  – Ahhh... Acho que você está se aproveitando da situação. Ephram?

— Está sentindo, não está?  O fogo... A energia entre a gente... É quase densa. – podia parecer uma cantada barata, mas era apenas a realidade da forma mais simples de ser apresentada. – Eu só acho que será uma perda de tempo te irritar quando já existe essa energia, você só precisa perder  o medo do seu próprio fogo, e aprender a canalizá-lo da forma que precisar.

— E como eu faço isso mestre Yoda?- foi quando a resposta me parecera descarada demais para ser dita em voz alta e eu acabei  rindo de lado.

— Agora como posso responder sem parecer um aproveitador?

— Apenas diga.

— Cedendo? Ao seu próprio desejo?

— Que desejo?! Tá louco!?

— Shiu calma – eu rira tentando contê-la,prendendo-a ainda mais ao meu corpo. – É sério.  Olha tudo bem. Não precisa se sentir Constrangida, é normal se sentir atraída por mim...

— Você é extremamente convencido!

— E você extremamente orgulhosa. Orgulho é um bloqueio, não é disso que você precisa Evans. Considere como um... experimento. – eu podia ver que ela estava surpresa, não esperava por aquilo e eu também não achei que cederia a tentação mesmo que a desculpa fosse verdadeiramente genuína. 

        Então eu beijara seu rosto com delicadeza e ela tremera com o toque ou temor, não sei dizer quanto ela estava confiando em mim, eu mesmo temia por ir muito longe. Enquanto enumerava os riscos novamente eu beijara-lhe o outro lado da face, num ritual quase fraterno totalmente inconsciente do qual eu nunca repetira antes, beijara-lhe a testa com cautela, sentia sua energia esquentar-se a cada gesto e eu me esforçava o máximo para manter o foco.

— Eu sei que você consegue sentir, porque eu também sinto. – eu acariciara sua mão direita com um toque leve e percebia que estava certo sobre tudo, o problema eram as conseqüências possíveis.

       Então sem pensar novamente eu beijara sua boca, o toque com seus lábios me fizeram esquecer toda complexidade que nos envolvia, a guerra para qual nos preparávamos, todas os valores e regras que dominavam minha vida. Tudo que era tão importante evaporava ao beijá-la, como consumidos pelo fogo tanto tempo contido. Quando finalmente eu conseguiria reunir consciência para interromper sutilmente aquela dose de perigo, ainda relutante ao notar seu desequilíbrio.

— Olha. – eu dissera baixo mostrando Sua mão agora segurando acima de sua palma com energia, uma mini bola de fogo deformada, porem algumas folhas da árvore atrás dela estavam pegando fogo. Seu olhar agora brilhava entre o constrangimento e a realização.  – viu? Estou sempre certo.

          Seu belo sorriso e olhos esmeraldas foram a última imagem antes de Ephram Malfoy acordar sobressaltado e soando frio no maior quarto da Mansão de Alexandre Braxas Malfoy. Sentirá seu peito doer com as palpitações fortes. Fazia muito tempo que não sonhava com ela, e aquilo era mais que um sonho, era uma lembrança real e bem dolorosa. Ephram encarava a escuridão com raiva sem saber no que acreditar, sua razão ou coração. 

“Não poderia ser ela... Não poderia”

              Na torre mais bonita da mansão de Alexandre Braxas Malfoy, Hermione Granger sentira a claridade do sol invadir o quarto medieval de tons rosa e pastel, e tocá-lhe as pálpebras que abandonaram sua serenidade. Sentira uma alegria rápida estranha esboçar-se em um sorriso antes de abrir as íris castanhas e encontrar no teto do quarto as rosas e caras de anjos infantis pintados à mão.

         Hermione respirara fundo antes de levantar em um pulo da cama gigante e dos tentadores lençóis de seda. Espreguiçara-se o máximo que pôde de frente para janela ensolarada, sendo imitada por Bichento, encarando os jardins da propriedade, questionando a si mesma novamente.

          “Por que afinal está sorrindo Hermione? Em que realidade você se encontra? Uma onde não está ocorrendo uma guerra provavelmente”

          Então debochando dos próprios pensamentos tentara lembrar do que sonhara... Já estava acostumada com os sonhos e visões constantes com Lilian e Epham, e sabia que estavam no seu ultimo sonho, mas o conteúdo completo não conseguia lembrar, era muito confuso, lembrava-se apenas de uma sessão de luta entre os dois e uma troca de olhares muito intensa.

       Um olhar muito verde e deslumbrado, que lembrava-lhe Harry, provavelmente os olhos de Lilian Evans. E um olhar negro sob fios loiros claros, um olhar perturbado e intrigado, provavelmente de Ephram. Mas por alguma estranha razão não conseguia lembrar mais nenhum detalhe daquele sonho... Apenas uma estranha agradável sensação de conforto da qual não gostou nenhum um pouco.

           Afinal, Hermione ainda estava decepcionada com Ephram, ou talvez consigo mesma, por ter se deixado acreditar que poderiam ter uma relação agradável, por esquecer de vê-lo como  Comensal da Morte, um Malfoy... Lembrava-lhe quando Gina a acordava para realidade, debochando de seus delírios inocentes. “como você pode ser tão ingênua e burra Hermione?”

        Realmente como poderia... Ainda? Mas acreditava ter finalmente aprendido a lição, se a ultima e terrível lição com Malfoy servira de alguma coisa era para isso. Realmente ele tinha razão, ela confiava demais, se iludia fácil, e tinha que abandonar essa ingenuidade de vez se queria sobreviver e não poderia abandonar todo o treinamento agora, tão perto de conseguir as informações que precisava, não teria ido tão longe para desistir agora...

          Hermione terminara de se vestir com seu uniforme de luta improvisado com muito orgulho, de firmar os cheios cabelos castanhos num rabo de cavalo bem apertado e desceu para o salão de luta para começar a musculação, mas encontrou surpresa Ephram afiando a espada de esgrima com um semblante distante observando os terrenos da propriedade. Ele logo se ajeitara guardando a espada com pressa ao notar a presença da castanha.

— Acordou tarde. – dissera o Comensal como uma crítica fria.

— Foi? Não foi você que acordou cedo demais? – Hermione retrucara com um sorrisinho sarcástico. –Fala sério acabou de amanhecer...

— Amanheceu faz uma hora Granger, vamos... Conhece a rotina.

          Ephram indicara os objetos de musculação para a castanha, que conhecia a rotina muito bem. Dez sessões de 20 em cada uma delas, no mínimo, antes de partir para luta com Ephram, que só terminaria se fosse capaz de derrotar ele. No início era uma tarefa impossível, mas com tempo ela ia se aprimorando, tinha vezes que tinha sorte e conseguia com dificuldade derrubar o comensal, mas outras vezes poderia durar horas até desistir após ser derrotada tantas vezes.

           Porem, conforme as horas passavam, Hermione percebia um silencio muito desconfortante entre os dois. Ephram estava definitivamente estranho, ela notara conforme se defendia com facilidade até demais de seu ataque. Ele parecia ter perdido parte da motivação em atacá-la o que não fazia o menor sentido para castanha, que revidava e atacava com determinação um comensal perturbado. Talvez, se é que era possível, Ephram estivesse um pouco arrependido do que fizera? Não... Hermione concluira enxugando o suor da testa após desviar-se novamente com muita facilidade. Mas Ephram definitivamente não estava bem e isso já começava a irritá-la.

— Tá distraído Malfoy? – a castanha perguntara com um tom aborrecido e nada amigável, e surpreendera-se ao ver que afetara o comensal como um soco na cara. Ephram que ainda segurava a castanha em um golpe a encarara com raiva por um segundo, antes de solta lá com tanta força que ela caíra de mal jeito no chão. – Aii qual é o seu problema hein?

          Ele também não sabia qual era o problema, pelo menos não tinha noção o que dera origem a esse enorme problema, aos seus delírios impossíveis, alimentados por seu parente morto louco. Ele enxugava a cabeça com uma toalha, de costas para a castanha, querendo limpar seus pensamentos e afogar sua irritação e desconforto.

          “Merda! Como isso acontecera afinal!? Calma, isso é apenas delírio! Não existe a menor possibilidade! Destino não poderia ser tão cruel assim! Não faria ele passar por isso duas vezes, não a perderia duas vezes! Não seria justo muito menos com ela!  Isso é apenas o pior assedio mental pelo qual já passara!”

         Era mais fácil pensar assim, Ephram estava bem familiarizado com os assédios mentais e depressão, ele vivera nessa bolha por anos, até aquela noite nos terrenos de Hogwarts quando a encontrara, e um novo proposito...

— Malfoy?

         Mas isso já era demais... Não poderia ser ela... Mas como poderiam ser tão parecidas? Era parte da maldição? Ou era parte da maldição dele? Ele encarara o anel de Slytherin em seu dedo com pesar.

—Malfoy! Quer saber? Talvez esse treinamento já tenha chegado ao fim, como você disse eu estou pronta, já provei que posso me defender e você nem está motivado mais. –Hermione dizia tirando as luvas de couro e jogando no chão com impaciência.

— Ei! Por acaso isso é brincadeira pra você? - Ephram finalmente prestara atenção na castanha que começava a sair da sala obviamente chateada, ela se virara com irritação e jogara na cara.

— Depois de todo esse tempo acho que já ficou claro que você nunca vai confiar em mim e falar sobre a Lilian ou Sépia das Pedras, estou apenas perdendo meu tempo. Minhas visões são muito mais reveladoras que você então desisto, valeu!

— Ei! – ele exclamara novamente ainda imóvel fazendo Hermione girar nos calcanhares de novo.

— Ei? Você esqueceu meu nome por acaso? – ela questionara ofendida novamente. Sempre irritantemente ofendida com qualquer detalhe, como Evans, Ephram constatara novamente ao respirar pesadamente para adquirir alguma paciência.

— Granger! Quanto a essas “visões”...

— Ah agora eu devo me abrir sobre minhas visões com você? – a castanha o cortara irritada.

           A mesma irritabilidade, agressividade teimosa... Era torturante demais. Hermione vira com estranheza as íris de Ephram intensificarem-se com mais raiva, como tentando controlar uma ira muito grande. Ela não podia ver que a raiva era o calor que borbulhavam seus órgãos, as entranhas do comensal com crueldade, como que zombando dos seus desejos mais profundos quando há tempos já tinha desistido de sonhar, anos que já havia se conformado, se convencido de que estava morto. Agora aquela idéia lhe torturava em segredo, consumindo-lhe de sentimentos há muito tempo abandonados.

— Exatamente de que ângulo você observa minhas memórias passadas, hein? Posso saber? – Ephram perguntara desconfiado tentando ignorar sua impaciência e ainda mais intrigado ao observar o silencio desconcertante de Hermione que respondera com fingida confiança.

— Eu observo... De bem longe é claro... Como uma espectadora de uma ópera bem entediante. E por que diabos você parece que vai ter um troço agora acada palavra que eu digo? O que você tem afinal?

— Além da vontade de te entregar de vez para Voldemort e me livrar das suas perguntas inconvenientes e estressantes?

— Sim, além disso!?

— Nada...

— Que seja, eu vou descobrir o que devo por conta própria então...

— Não seja idiota Granger!

— Não, chega! Cansei de você me enrolando por anos enquanto meus amigos morrem lá fora! Eu não entendo por que não recebo nenhuma resposta de ninguém ate hoje. Eu perdi total noção da realidade aqui e ate agora não sei nada! Eu disse que não aceitaria mais isso...

— Espera Granger! – Ephram chamara novamente contrariado. – Pegue sua capa e sua varinha e me encontre na saída.

— Outra simulação inútil?

— Não. Eu vou te contar tudo... – Hermione finalmente sentira um frio no estômago e na espinha e uma ansiedade. – mas precisamos sair um pouco daqui. Essas paredes estão me assombrando...

              Epharam Malfoy prendia a sela de seu corcel negro com um pouco de nervosismo. Suas mãos tremiam de leve por baixo das luvas de couro como se sofresse os primeiros sintomas de alguma doença neurológica, ele notara com irritação e fechando os olhos e os punhos com força enquanto respirava fundo, tentando recompor a calma e a coragem.

         O fantasma de Alexandre Braxas Malfoy tinhabo semblante preocupado para com o sobrinho tataraneto, ele era talvez a única testemunha daquele estranho relacionamento e talvez o único capaz de entende os receios de Epharam. Braxas também acabara por nutrir um sentimento fraterno para com a castanha, assim como tivera por Lilian Evans, sempre enumerando para Ephram suas similaridades, praticamente convicto que de alguma forma se tratavam da mesma pessoa, da mesma alma.

          Mas isso era mais do que a mente calculistamente realista de Ephram estava determinada a aceitar. E Braxas sentia por ele, Hermione abalava sua estrutura improvisada após a morte de Lilian, que ele passara os últimos vinte anos tentando afirmar, a estrutura de um Comensal da Morte frio, isolado, desgarrado, sem ideais ou lealdade e sem coração.

        Ephram se acostumara com seu personagem e agora tremia de nervoso ao sentir novamente uma bruxa elemental abalar essa estrutura, talvez porque odiasse o pacote de sentimentos e expectativas impossíveis que vinham com ela, um sonho lindo adormecido, para pessoas não amaldiçoadas.

— Você realmente acha que a Mademoiselle está pronta? O que exatamente vai dizer a ela? Talvez seja muito para ela de uma vez, nem mesmo você aceitou ainda o que está acontecendo... Talvez eu possa ajudar...

— Não. – Epharam respondera o tio com firmeza. Essa recém adquirida e contrariada. Terminara de amarrar uma bolsa de viagem ao lado da sela. – Não importa se ela está pronta, tem que vir de mim, eu fiz uma promessa vinte anos trás que prepararia a herdeira para a Guerra, e não posso falhar de novo.

— Eu te entendo Ephram, mas não tenho certeza se aprovo seus métodos.

— Não temos mais tempo para perder. – Ephram respondera segurando o braço esquerdo com raiva conforme sua marca negra queimava ainda mais forte,  fechando os olhos de novo ao descer a manga da camisa preta. – Granger também já cansou de ser enrolada, se ela decidir ir atrás da verdade sozinha vai acabar morta e todo treinamento terá sido em vão.

— Eu só temo que ela... Não saiba lidar e recinta você e fuja de vez, como Evans fez. Ela ainda está abalada pela ultima lição na Floresta. Ela é tão sensível... – Braxas dizia pensativo realmente preocupado.

— Será escolha dela, não tem outro jeito, ela vai ter de encarar tudo alguma hora.

— Mas por quê lá? Você podia contar aqui, é mais seguro.

— Tem de ser lá! Se ela realmente for quem você diz que ela é... Esse é o único jeito de confirmar... Se ela lembrar...

— Com as lembranças também vêm os traumas, não se esqueça disso.  E se ela quiser ir embora você não pode perdê-la de vista, dê um tempo a ela, como Lilian precisou, mas não muito tempo.

— Eu sei. – disse Ephram contrariado finalmente subindo no cavalo conforme via Hermione chegar na frente da escadaria com uma cara confiante e sutilmente empolgada, que tentava disfarçar conforme amarrava sua bolsa ao lado da sela de Bellatrix II, uma égua preta de profundos olhos azuis que a esperava ao lado do corcel.

          Ephram demorara um pouco para desviar o olhar da castanha com indiferença. Ela exibia o quanto mudara na sua forma de andar. Um olhar escuro, levemente delineado e sombreado que passava confiança demais, totalmente diferente do olhar raivoso e vitimisado do qual conhecia. As madeixas castanhas pareciam mais longas que o normal e caíam no ombro direito presos com uma fita vermelha.

            Suas vestes negras de batalha que ela mais gostava, a calça justa da qual podia pendurar sua varinha e punhais e o espartilho protetor por cima da blusa de manga longa, ele notava muito bem engolindo em seco, davam lhe uma imagem bem mais madura.

 Sentira seu coração apertar quando seu olhar castanho encontrara o seu com um meio sorriso comprometedor. Aquele mesmo sorriso querendo força demais uma amizade condenada.

— Estou pronta, vamos?  - Hermione dissera com o sorriso do qual ela fechara rápido automaticamente se sentido infantil como se estivesse indo a uma excursão a Hogsmead.

— Vamos.

— Tenham uma ótima viagem vocês dois. Se agasalhe Mademoiselle Granger e não se esqueça de voltar. – dissera Braxas Malfoy entregando a Hermione uma túnica de veludo bordô.

— Obrigada. Sr. Malfoy! Pode deixar, é claro que eu volto. Cuida do Bixento pra mim?

— Perfeitamente. Ele é ótima companhia, para um gato... Abientô! – Hermione acenara com carinho para o fantasma do tio avô de Ephram só então percebendo quão estranha e inacreditável era essa cena, onde um Malfoy acenava para uma sangue-ruim com tanta consideração. Ninguém acreditaria nisso, ela pensara.

      Ephram e Hermione cavalgaram por toda manhã praticamente em silencio por terras e vilarejos praticamente desertos, dando poucas paradas para os cavalos se recomporem.

— Posso saber onde estamos indo e por que não aparatamos? Não seria muito mais pratico? – Hermione dissera algum momento quebrando o silencio hipnótico e a conversa secreta que Ephram tinha consigo mesmo.

— Seria se fosse possível, o lugar é protegido contra magia normal...

— E você só vai começar a falar quando chegarmos... Onde mesmo?

— Você vai ver logo. – respondera Ephram indiferente subindo de volta no corcel.

Ouvir Música: https://www.youtube.com/watch?v=F5PB4bwrYCU

            Hermione, apesar da ansiedade, não estava odiando a viagem. Na verdade o que ela mais queria era ver o que estava acontecendo no mundo exterior, mas o que encontrara por todo caminho era o que mais temia, um rastro de morte e fogo. Cada vilarejo por qual passavam parecia assombrado apenas pelas almas que antes viviam ali, o resto era chamas e cinza. Hermione podia sentir o medo ainda pairar no ar, imaginando os gritos das pessoas que viam seus familiares serem executados, o rastro de sangue e luta daqueles que tentaram salvar suas vidas.

Every soul comes to the Sun

(Toda alma vem do Sol)

— O que é aquilo? – a castanha perguntara com a voz embargada apontando para uma linha de fumaça no fim do vilarejo.

Carried on angel's wings to human bun birth

(Cuidada em asas de anjos ao nascimento humano)

           A fumaça subia de forma densa e bem escura indo de encontro a uma marca negra cinza e sem brilho no céu. A marca negra parecia que já havia sido conjurada faz tempo e o lugar parecia deserto, mas ainda maquiavélica e intimidadora, a caveira cinza no céu parecia sugar e comer toda a fumaça como se estivesse viva.

 – Malfoy?

Born of love or born of hate

(Nascido do amor ou nascido do ódio)

— Corpos... Vamos por aqui..  – dissera Ephram com indiferença, mas mirava o rastro de fumaça com pesar.Logo girara o corcel na direção contraria, mas vira Hermione passar por ele com agilidade em direção da marca negra. – Granger!

Each one is heaven sent to human fate

(Cada um é o céu enviado para o destino humano)

           Ao ser ignorando Ephram cavalgara com agilidade atrás dela e parara o corcel negro na frente do caminho da castanha, fazendo Bellatrix II freiar com brutalidade fazendo Hermione quase cair pra trás.

— Você é imbecil? Isso não é uma excursão pelo vale da morte!

— Alguém pode estar vivo precisando de ajuda!

— Não tem mais nenhuma alma viva além da gente aqui, se tivesse nos não passaríamos nem perto daqui. Tem um preço pelas nossas cabeças em todo mundo mágico, já disse.

— Eu preciso ver...! – Hermione gritara com lágrimas finalmente sentindo seu emocional explodir. Ephram revirara o olhos percebendo que a castanha já começara a perder o controle emocional.

“Dream, Little girl, dream

Dream, Little boy, dream

Dream”

— Me escuta! Você não vai achar nada lá além de vermes comendo carne podre de pobres trouxas que não conhece. Não tem nenhum amigo seu de escola ou da Ordem da Fênix lá.

In joy and pain each one will grow

(Na alegria e na dor, de cada um vai crescer)

— Como você sabe!? – Hermione questionada ainda com a cara vermelha de tanta força que ela fazia pra não chorar.

— Isso é obviamente uma oferenda para Voldemort, que deve estar cada vez mais fraco se está precisando de tanto.Nem se incomodam em nomear as vitimas. Bruxos inimigos é outra história, são executados em um evento comemorativo e seus corpos seriam conservados e expostos por muito tempo em todo mundo mágico como exemplo de quem o desafia.– dissera Ephram simplesmente com certo rancor e virara para castanha.

For wisdom is so much more than what we know

(Pois a sabedoria é muito mais do que aquilo que sabemos)

 – Acredite, se não viu seus amigos ainda pendurados numa estaca pelo caminho, é na verdade um bom sinal... Agora vamos por aqui, antes que você Vomite.

And every child will find their way

(E cada criança vai encontrar o seu caminho)

            Contrariada, Hermione dera volta com Bellatrix II seguindo Ephram com agilidade pra longe daquela região. Agora o silêncio era os pensamentos e sentimentos em conflito e pesar na mente da castanha que substituíram o seu tão breve entusiasmo.

Of living the whole life story day by day

(De viver a história dia-a-dia da vida inteira)

         Sentia um frio na espinha e uma dor abdominal ao pensar nos amigos, temia por suas vidas e fazia força com os olhos fechados, respirando fundo quase todo o resto do caminho, tentando impedir a angustia de crescer e se tornar um ataque de pânico. Meditara, mantendo o foco num ponto de luz como aprendera e abrira os olhos novamente com mais auto-controle.

“Dream, Little girl, dream

Dream, Little boy, dream

Dream”

            Quando começara a cair a tarde e Hermione já reclamava mentalmente de dores musculares, Ephram a guiara para o topo de uma colina onde eles podiam ver o sol começar a se pôr, deixando o céu laranja e rosa e a paisagem de colinas e lagoa agora dourados, mas antes que a castanha pudesse dizer o quanto o visual era deslumbrante notara um magestoso castelo de pedras e cristais materializar-se numa ilha no meio do lago.

— Chegamos.... – dissera Ephram virando-se para ver a surpresa de Hermione, ele sabia que aquilo com certeza era a visão mais incrível que ela tivera. – Bem vinda à um dos mais Legendários Tesouros Secretos do mundo bruxo.

Ouvir trilha : https://www.youtube.com/watch?v=MqoANESQ4cQ&t=4s

— Isso é... ?- Hermione não conseguia terminar a frase, tamanha era sua incredulidade, só podia ser um sonho, talvez ela tivesse adormecido. Pois aquilo era impossível, ela reconhecia muito bem aquelas ruínas e torres de cristais, gárgulas e serpentes protegendo o lugar como uma fortaleza de todos os lados do maior castelo que já vira apenas nas ilustrações em Hogwarts e quadros medievais do mundo mágico pintados pelo Próprio Slytherin, visto que só ele sabia como era...– O Castelo de Salazar Slytherin... Mas é impossível, ninguém na história da Magia foi capaz de encontrar...

— Por isso chamam de Legendário Tesouro Secreto. Considere-se muito sortuda. –Ephram encarara os olhos de Hermione em comprometimento. – Nós somos os únicos, contando com Alexandre Braxas, que sabem que o castelo de Slytherin está aqui.

— Mas como?! – Hermione questionara cada vez mais perturbada. – Eu li que apenas Slytherin podia ver...

— E seus herdeiros descendentes diretos. – dissera Ephram cortando a castanha novamente com tédio e apontando para si mesmo. – E Sépia das Pedras também deve ter morado aqui com Salazar,pois como você Evans também conseguia ver...

— Então Draco e Voldemort também sabem que...

— Nunca, nem mesmo sonham com essa possibilidade. Tudo o que se sabe desse lugar e da magia Elemental é visto como lenda. Nem mesmo sozinho eu consigo achar o caminho, eu só podia vir com a Evans... A verdadeira razão pela qual Dumbledore nos colocara pra estudar isso juntos: - Ephram dissera o nome do diretor com rancor. –Esse lugar só pode ser encontrado pelos dois herdeiros juntos. Eles devem ter entendido que era o único jeito de protegerem seus segredos do conselho, para eternidade.

— Então está tudo aí...? – Hermione agora falava deslumbrada como se acabasse de achar o maior segredo do mundo mágico. – Por que não me trouxe antes...?

— Espera Granger. – Ephram impedira Hermione de seguir adiante. –Primeiro você precisa saber que quando atravessarmos o portal vamos estar sob o efeito da Magia Elemental que Sépia plantou no lugar. Vai precisar por em pratica seu treinamento de força mental, pois vai sentir como se estivesse numa onda muito forte.

— OK tudo bem, estou preparada.

— Vai precisar também de equilíbrio emocional, pois vai ser invadida por emoções que não são suas, assim como as visões.

— Quanto a isso acho que já estou acostumada.

— Vai ser cem vezes mais intenso quando atravessarmos, falo por experiência própria. Foi difícil com Lilian e vai ser difícil contigo também, tente focar mais no presente, em mim, temos que ficar juntos para não nos perdermos entre tantas lembranças.

— Que tipo de lembranças?

         Ephram ouvira aquele tom de voz mais comprometedor, perguntar conforme desciam juntos em direção ao portal, mas já sob o efeito da magia Ephram vira o jovem rosto de dezesseis anos de Lilian Evans emoldurado pelas madeixas de fogo que lhe esquentava o corpo automaticamente, como uma saudade torturante que esmagava seus órgãos.

      Ephram via-se transportado mentalmente para aquele dia que fora com Lilian conhecer o castelo, como que hipnotizado pelo verde de seus olhos, jogado em uma penseira, um sonho preso numa magia invisível. Ele era um garoto que acabara de fazer dezessete anos, o sol aquele dia estava mais forte, iluminando os dois, e o jovem Ephram aproveitava para exibir seus poucos músculos com uma camiseta branca. Segurava ao cavalo de forma mais desleixada como falava.

— Lembra o que Braxas falou? Seremos invadidos por emoções bem pesadas de nossas vidas passadas, dos outros herdeiros, talvez dos próprios Sépia e Slytherin e não podemos nos afastar ou nos perderemos.

— Então você acha mesmo que Slytherin pode ser sua vida passada? – perguntara Lilian Evans rindo em deboche. – Você é bem humilde.

— Não é o que eu acho, é o que toda minha família acha. – o jovem respondera impaciente arrancando mais uma gargalhada da ruiva.– Pensa bem, porque você acha que é Herdeira de Sépia, única bruxa Elemental sem suposta ligação com nenhuma outra? E por que você acha que está tendo sonhos com Konstantine e Tom Riddle, lembranças tão intimas dos dois?

— Você sabe muito bem que eu não sei porquê! E você por acaso tem sonhos com Tom Riddle?

— Eu sempre tive, mas sempre achei que era normal para qualquer um principalmente na minha família ter pesadelos com Voldemort... Até Dumbledore nos dizer que devíamos analisar esses sonhos.

— Heim Ephram, que tipo de lembranças? –Ephram agora despertara pela voz de Hermione que o trouxera de volta ao presente e ainda o olhava com curiosidade.

— Lembranças... De Lilian Evans... – ele resolvera responder de forma mais simples quase indiferente. – talvez dos outros herdeiros, da própria Sépia e Slytherin... Vem...

        Ephram e Hermione desceram a colina à cavalo, atravessando o portal em volta da ponte até a ilha que contornava o castelo como uma fortaleza de Gárgulas. O castelo era gigantesco, Hermione percebia, umas cinco vezes maior que Hogwarts e suas gárgulas bem mais intimidadoras, a encaravam como se fosse uma inimiga intrusa. Sentira um calor no estomago ao lembrar das cores cianas vistas tão de perto, sob o reflexo do por do sol no lago de Hogwarts, quando Draco a levara na torre das gárgulas.

          Mas logo fora distraída novamente pelas estranhas sensações que tomavam conta de si, conforme adentrava os terrenos do castelo. Um enjôo e uma tontura, sentimentos que machucavam, mas ela não conseguia identificar. Chegavam na velocidade de seus passos, como a paisagem daquele segredo se tornava cada vez mais bela e errante.

      Seu coração disparava, sua visão borrava, pois os olhos enchiam de emoção, como se chegasse ao lugar verdadeiro de origem de sua alma, seu sonho mais profundo, seu refugio mais secreto, esquecido em algum lugar de seu subconsciente. Mas ela tentava se focar e não esquecer do presente.

— Já está sentindo? – a voz de Ephram a alertara em algum lugar. – Fique perto de mim. – ela sentira sua mão prender a sua e sentir-se mais segura, firme numa realidade que parecia um redemoinho de cores na sua cabeça.

         Mas a visão de uma garota de longos cabelos vermelhos passando correndo pra dentro dos muros do jardim, como fogo se espalhando pelas arvores a distraíra novamente.

— Dá pra acreditar na quantidade de rosas? Ephram já viu tantos tipos deferentes de rosas em um lugar? Uma jovem Lilian Evans, a mesma de suas visões, girava em seu vestido creme antigo e rendado, talvez delicado demais para uma missão, entre as roseiras de diversas cores. Rindo como se estivesse em seu mundinho privado. –Qual é a sua favorita?

       Um jovem Ephram Malfoy, mais magro e menos sério, que mais lembrava Draco com profundos olhos negros por trás de fios quase brancos que caiam na frente do rosto, se aproximava da ruiva com um sorriso meio apaixonado oferecendo uma rosa bem aberta de exuberantes pétalas, que acabara de roubar do jardim.

— A Vermelha. – Ephram dissera num tom suave e receoso como uma declaração de amor proibida, tocando a rosa tão vermelha nos lábios igualmente vermelhos da garota que sorrira quando Ephram passara a rosa em seu rosto, próxima das mechas de seu cabelo que caíam pelos ombros, contornando seu perfil. –Escandalosa, irritantemente bela e provocante como fogo... Me Lembra você.

— Eu prefiro a Branca. – Lilian dissera com um olhar verde competitivo, logo mostrando uma rosa branca para Ephram, fazendo as duas rosas se encararem entre os dois. –Pura, indiferente, pálida e fria como a Lua... Me lembra você.

— Granger? – a voz de Ephram novamente despertara a castanha para o presente aos poucos , conforme ela via os jovens Ephram e Lilian desaparecerem como uma miragem em um beijo que não tivera tempo de ser concluído. –consegue focar em mim?

— Sim... – Hermione respondera com o máximo de confiança que conseguira reunir. Ela não estava assustada, estava muito intrigada com tudo que via e ouvia, e queria que Ephram finalmente confiasse nela. – Pode falar.

         Ele a puxara para uma parte da propriedade que parecia mais um jardim grego, coberto de belas estatuas e rosas de diversas cores, e como narrando um sonho confuso , começara a falar.

— A primeira vez que vi Evans... Eu senti meu corpo todo esquentar como se fosse um meteoro caindo naTerra, foi um susto e confuso... – Ephram parecia delirar e Hermione percebia que era muito difícil para ele pensar ou ver o fantasma dela - Eu nunca tinha visto algo tão lindo e radiante... Parecia um encontro destinado, ela me atraiu como um ímã magnético - mas as palavras carinhosas saiam do Comensal deixando a castanha emocionada. - Ela era rápida, intrusa, repentina... Seu olhar atravessava a alma e revelava tudo, qualquer mentira ela conseguia captar e investigava, era tão irritante...

           De repente Malfoy rira daquela memória de um jeito contrariado que lembrara novamente Draco quando implicava com ela, fazendo seus órgãos doerem novamente.

— E nunca estava arrependida, confrontava qualquer coisa, estava constantemente com problemas, nisso ela e James tinham muito em comum. Completamente sem noção de sua incapacidade,sempre em perigo. E ao mesmo tempo, inocentes quanto suas capacidades e maldade nos outros...

      Ephram virara para Hermione como que em uma de suas aulas, tentando manter o olhar mais firme e focado que conseguira, tentando ignorar a visão da ruiva que caminhava no jardim chamando por ele

 - Ela sempre tinha que acreditar no melhor dos outros, mesmo que não existisse... E como você, não tinha menor noção do que era o submundo das artes das trevas, do que esses bruxos são capazes desde gerações passadas!

— Ephram começara a falar de forma mais eloquente, como se a onda do feitiço o estive atingindo de forma mais forte, e sua linha de pensamento tomasse uma proporção sem fim.

 - Mas era muito chata e teimosa, uma sabe-tudo iludida, otimista incansável, incapaz de manter a boca Fechada. Achava que sabia de tudo, mas não tinha como saber de absolutamente nada devido o mundo distante no qual fora criada, o mundo dos trouxas, dos cegos.

           Ele apontara para Hermione que entendera a referencia tentando não levar pro lado pessoal sua falta de sutileza, ouvindo tudo em obediente silêncio de aluna. Ephram voltara olhar para um ponto distante no jardim como que se perdendo em suas memórias

— Em Hogwarts, a gente sempre batia de frente, ela estava sempre como Grifinoria irritante, claro, esfregando sua presença em nossos narizes. Deinicio,era preconceituosa odiava os sonserinos, pois sabia que éramos todos de famílias antigas das trevas.Chegava a duelar com Bellatrix e Lúcios muitas vezes, estava convicta que estávamos sendo treinados por Voldemort para sermos comensais desde a adolescência...

         Ele rira novamente, e Hermione sentira-se perturbada por achar aquele Comensal um homem atraente.

 - Ela sabia e tentava nos fazer ser expulsos, mas ninguém nunca acreditava nela. E ela só estava errada quanto uma coisa, éramos treinados por nossos pais desde que nascemos.

          Hermione sentira um calafrio na espinha e seu coração apertar ao pensar em Draco quando Ephram admitira com firmeza sem desviar os olhos negros

Sempre foi nosso único proposito... Dos Malfoy, os Black, famílias mais próximas de Tom Riddle...—  ele narrava algo que fazia sentido, parecia tão óbvio, mas eles nunca falavam disso. - Por isso Dumbledore é tão doente e sádico, porque ele sabe disso, nossa missão nessa guerra e mesmo assim, insiste em tentar uma amizade entre predadores e vitimas...

      Hermione engolira seco, tentando não se afetar com o tom derrotado e até consolador do Comensal, como se soubesse que bem no intimo esmagado de seu ser, ela ainda tivesse esperanças.

— Eu sempre achei que ele estava nos punindo, ou brincando com a gente quando nos juntou na pesquisa. Ele podia ter colocado qualquer um para ajudar Evans, mas me escolheu. Porque sabia que eu tinha uma missão nos planos de Voldemort, e ele facilitou tudo deixando Lilian em meus cuidados, com uma teoria sádica de que eu a protegeria...

— Ou talvez ele estivesse certo... – Hermione de repente o interrompera,como se numa aula de historia da magia tivesse uma teoria melhor. – talvez ele soubesse... Que você acabaria nutrindo sentimentos por ela e que a convivência era a melhor forma de garantir que você nunca a machucaria. –Ephram sorrira sarcástico como um Malfoy.

— Evans claro, confiava cegamente nele. E eu... não queria conhecer ela. – ele admitira sem culpa. - Com os anos foi impossível não admirá-la, mas eu sempre fui realista e sabia da sina dos nascidos trouxas na guerra e de minha família...

          Ephram subira novamente as iris negras, encarando Hermione com pesar.

Draco nunca te falou, não é? Ou Daniel? A razão, da relação, mera amizade entre vocês, ser tão inaceitável?

        Hermione negara, seu cenho franzido em pesar, sentindo-se sensível demais para aquela conversa, desejando mais que qualquer coisa aquelas relações inaceitáveis

Nossas famílias são inimigas diretas desde o inicio dos tempos, desde a primeira guerra— mas aquilo não era o que esperava ouvir.

— O que quer dizer com nossas famílias?

— É uma questão ancestral de sangue, que tomou proporções raciais absurdas e infelizmente nunca será resolvida.“Deve ser isso que torna a o magnetismo entre vocês tão irresistível” dizia minha prima... “Ou talvez seja o destino perverso cobrando carmicamente os crimes de nossos ancestrais...” Vai saber.

— Calma ai, eu to perdida. Como assim? Que crimes de nossos ancestrais. Meus ancestrais são trouxas!

— Não importa, minha prima viajava demais. A questão é que a Maldição dos Herdeiros corre em nosso sangue, nossas famílias e é a razão de todas as guerras dos bruxos. Apenas estudiosos da guerra sabem disso,como o porquê de você e Draco serem tão importantes e sinto dizer... independente do amor que sentem um pelo outro, nunca poderão ser felizes juntos ou separados. Infelizmente vocês, como eu e Evans, estão amaldiçoados.

        Fora a vez de Hermione dar uma curta risada seca e sarcástica, herança dos sonserinos, ao ouvir aquela condenação meio exagerada.

— Draco não sente mais nenhum amor por mim... Não se preocupe. – respondera a castanha mirando as roseiras brancas com um meio sorriso irônico.

— Seria conveniente pensar assim, mas você é inteligente Granger, e no fundo sabe, que tudo o que Draco fez foi por amor a você. – Hermione encara Ephram agora com irritação, certo que ele estava brincando de acordar e iludir ela.

Você está errado. Ele não se importa mais comigo. Ele só gosta de poder. Ele não tem mais capacidade de sentir mais nada, esqueceu?

— Verdade, mas você é capaz de fazê-lo sentir, o que para o herdeiro, é torturante demais...

— Não, é torturante pra mim, e ele é o torturador. – Hermione corrigira irritada.

— Não importa o que aconteça, no fundo vocês dois sabem que são um só e mal conseguem viver sem o outro ou parar de pensar no outro. – Ephram dizia convicto como que falando dos próprios sentimentos, ignorando a negação de Hermione.- Mesmo que tentem esconder de   todos e vivam em negação. Um persegue o outro sem medo e o outro é o eterno corredor fugindo apavorado.Eu era como você, tinha medo de acreditar,admitir... Tinha medo das consequências e tentava afasta-la a todo custo.

         Hermione sentira seu peito doer e não sabia se era por Ephram e o pesar de culpa em suas palavras ou se era por suas próprias lembranças de Hogwarts, onde perdera tanto tempo fugindo e esnobando os sentimentos de Draco por medo, ela virara os olhos para secá-los com o vento antes que lhe entregassem

— Mas aquilo tudo se confirmava mais eu me esforçava, tentava ser rude ou frio... Mais ela percebia... Tudo... Teimosa sempre querendo me desvendar, me revirar em camadas...

       Ephram novamente parecia perdido entre memórias e devaneios, mas Hermione queria ouvir tudo.

 - Enfim, todo meu treinamento fora inútil, nada me protegeu dela. Em pouco tempo me surpreendi sendo amigo dela, estávamos juntos o tempo todo numa investigação secreta sobre a magia elemental... Eu não queria, mas até James insistira que eu estivesse com ela. O destino forçava de todos os lados e eu não achei forma de fugir... Ou talvez não quisesse o bastante. – Ephram admitira passando os dedos por entre algumas pétalas de rosa vermelho sangue.

— E era tudo o que Voldemort queria. Ele me escolhera como seu herdeiro na época, sim eu fui o herdeiro de Slytherin por um período. E ele queria a herdeira elemental comigo, conosco... Para cumprir o que diz a lenda... Todos subestimamos Voldemort, é claro. Até Dumbledore, ambicioso, só queria que descobríssemos tudo sobre a magia elemental . Ele acreditava que o segredo só poderia ser revelado pelos herdeiros juntos. Sempre confiante do meu carinho por Lilian...Louco...Dequalquer forma eu realmente acabei por me importar bastante com ela e fiz o possível paraajudá-la a descobrir o que precisava... Ate o momento em que tive de me afastar dela antes que Voldemort me forçasse a matá-la...Eu achei... que ela estava bem escondia com James e seu filho, anos que não sabia dela, achei que Dumbledore tinha feito tudo para protege-los. Mas Voldemort descobriu onde estavam e resolveu cumprir a maldição novamente por conta própria .

— Novamente?

— Sim.  Voldemort foi o primeiro herdeiro amaldiçoado, ele matou Konstantine a primeira herdeira de Sépia e segunda bruxa elemental, e depois matou Lilian, pois sabia que eu não conseguiria. Mas por quebrar as regras eu tornei a maldição mais fraca e ele me puniu por isso. – Ephram dissera com a voz mais rouca talvez também lutando contra as emoções -Me fez assistir... E me isolou com o presente da vida eterna, para que minha miséria nunca tivesse fim.

           Hermione ouvia horrorizada sem conseguir segurar as próprias lágrimas ao ver os olhos amargurados de Ephram encara-la novamente.

— E eu estive semivivo todos esses anos, sem saber o que fazer comigo mesmo... Até que eu te vi... Ameaçada por comensais, com meu sobrinho, Daniel, Potter e o Weasley na floresta proibida.

          Hermione relembrara aquela noite com ainda mais dor, fechando os olhos, deixando as lagrimas rolarem e se entregando de vez aquelas lembranças. Parecia que tinha sido há tanto tempo, como em outra vida. Naquela noite por um momento, fora tão feliz nos braços de Draco, que a guiava numa dança com um sorriso apaixonado, seus olhos cianos passavam segurança como se nada fosse capaz de os separar. Logo a noite tornara-se um pesadelo. Lembrara do momento que vira o Comensal pela primeira vez,que perseguira ela e Dan, que estava determinado em protegê-la.

— Um terrível dejavu... Até aquela noite na Floresta Proibida, eu achava que tudo isso estava morto, A Magia Elemental e seus mistérios, toda nossa pesquisa e sonhos tinham morrido com ela... Então eu vi você controlando os elementos com suas emoções... Controlando a neve num redemoinho como Evans fazia com o fogo. Foi quando tudo começou a fazer sentido, entendi que estava acontecendo de novo. Outra guerra, outra Bruxa Elemental. Draco foi esperto em se afastarde você, se entregar logo, antes mesmo de entender o que tudo isso significa, Voldemort se arrependeu de ter matado Lilian tão rápido sem nem ao menos absorver tudo o que ela sabia sobre a maldição. E ele não pode entrar na minha mente, por isso me mantêm vivo.

— O que diz essa maldição dos herdeiros afinal?  - Hermione quase cuspira as palavras com a ansiedade fazendo Ephram achar engraçado dando um suspiro sarcástico.

— É uma longa história...que eu e Lilian levamos anos para juntar os pedaços. Nossas visões e sonhos mostravam mais do que a pesquisa em si... Mas era difícil saber o que era realidade e o que poderia ser devaneio nosso, pois tudo parecia tão surreal... quando criança, meus primeiros sonhos com Tom Riddle ainda garoto, uma criança inocente como eu era... demorou para eu identificá-lo como Lord Voldemort. Depois suas memorias ficaram confusas, tensas, pesadas demais mesmo para mim.

— Você sonhava com as memórias de Voldemort?!

— Era muito caos, remorso, tristeza que ele sentia... Muito ódio, que me assustava, ás vezes me possuía... Eu entendo Draco... É mais fácil se entregar, eu fiz isso também...a adrenalina quando estamos fazendo coisas horríveis é ensurdecedora e aliviante, como se fossemos destinados para aquilo, essa parte da nossa alma que é mais trevas sente prazer, e esse prazer é o sentimento mais terrível, que quase nos corrompe...é nojento e humilhante ter isso dentro de si. Por isso eu me odiava tanto, e acredito que Draco sinta o mesmo...

         Ephram parecia delirar como se tivesse tomado uma droga, abrindo seus sentimentos mais profundos como se Hermione não estivesse ali, lutando contra as emoções abusivas do feitiço e as lagrimas. A castanha tentava focar em suas palavras e não na terrível memória que encenava entre eles, no meio do jardim, um ato tristíssimo.

          Partia o coração mais que qualquer coisa, mesmo Ephram observava aquela lembrança com tristeza. O fantasma do jovem Ephram estava aos prantos, obviamente atormentado com vontade de ferir a si mesmo.

— É por isso que eu não posso ficar com você! Eu sou perigoso, sou mau, doente, minha família inteira é! – o jovem Malfoy gritava com raiva e tristeza, como se doesse mais nele do que na ruiva que chorava. – Quando você vai entender? Essa maldição é a confirmação de tudo! Você é boa demais pra mim, se eu for fraco eu vou destruir você! Como Voldemort destruiu Konstantine e Slytherin destruiu Sépia! É isso o que você quer? Morrer por amar uma Serpente? Um demônio? Você não sabe tudo o que eu vejo e sinto! Konstantine era boa, você quase não tem carmas de vidas passadas. Eu cometi os piores crimes! Matei o que mais amava! Eu não mereço você! Você é a única coisa boa que existe, toda minha vida é trevas! Não posso correr o risco de machucar você!

— Pára! Pára! Não é você... Não são seus crimes... – Lilian o abraçara dizendo entre as lagrimas. – Não são seus sentimentos e memórias, são de Voldemort... E mesmo que seja, não importa, é outra vida, e mesmo que fosse nesta, não importa sua família, o que sinta e tenha feito, eu sei que você é bom, mesmo no seu momento mais sombrio eu te amarei do mesmo jeito!

      Hermione vira Ephram enxugar discretamente uma lagrima enquanto a miragem dos dois jovens desaparecia.

 – Lilian foi quem me mostrou que esses sentimentos eram de Tom Riddle e não meus. Foi o maior presente que recebi. Mesmo lhe dando motivos para me odiar, ela nunca desistiu de mim, esse foi seu erro.

              Hermione desviara os olhos embaçados novamente, ela sentia aquela raiva e tristeza, que ela sempre vira também nas íris cianas de Draco. Sempre sem escolhas, fingia divertir-se no seu papel de vilão condenado.

— Eu vi o que aconteceu com eles... Voldemort e Konstantine... Lilian também tinha essas visões do ponto de vista da elemental, e nos fomos tentando rastrear os fatos, investigamos, analisamos diversas vezes ate as memorias mais assustadoras, viajamos atrás de pistas até descobrirmos esse lugar... Alexandre Braxas conheceu Voldemort quando jovem...

— Sério?!

— Sim, e ele revelou a ele uma vez, sobre um sonho que teve desse lugar, mas ele achou que era só sua imaginação. Não sabia muito sobre a maldição... Sabia o que todos sabiam, que isso não passava de uma lenda bruxa e nunca seria descoberto.... Só mais tarde ele começou a levar suas visões mais a sério e a obsessão por Slytherin começou de verdade.

— Então você viu tudo o que aconteceu? O que fez a Maldição ser lançada e porquê logo conosco?

— Sim, pude unir o que descobrimos com as memórias de Tom Riddle, que falava pouco também de suas visões com Slytherin e Sépia.

— Você acha que ele tinha?

— Com certeza, mas para ele era só um sonho, como para mim de inicio. Voldemort não chegou a investigar com Konstantine, a matou e nunca poderá ver o que está reservado apenas para os herdeiros juntos. Você, como todos, sabe que Salazar era contra a união com os trouxas... Mas eu vi, nós vimos, Lilian e Eu, quando chegamos aqui, o motivo daquele ódio, vimos nas visões aqui do castelo, o que os trouxas fizeram com ele... Como o julgavam e torturaram desde criança... Finalmente pude ver os pesadelos que atormentavam Tom Riddle desde criança...

— Ele assistira, Salazar assistira, esses trouxas religiosos torturarem qualquer pessoa que nascesse com magia, viu seus amigos e familiares queimarem na fogueira por ignorância desses trouxas... Foram duzentos anos de intolerância, uma inquisição religiosa, verdadeira caça as bruxas, até que O ministério conseguisse um tratado de paz forçado, que resultava num feitiço gigante que separava o mundo em dois universos, dimensões distintas entrelaçadas, escondendo nós bruxos, da percepção dos trouxas.

         Hermione ouvia aquela historia fascinada, como se pudesse ver aquela época como um filme. Levara um susto quando ouvira gritos, era um garoto magro e sujo que assustadoramente lembrava Draco em seu primeiro ano em Hogwarts se não fosse pelos trapos que vestia. Ele gritava em protesto de frente para enormes fogueiras.

— O que está acontecendo??! – Hermione estava transtornada perdida na onda do feitiço, apesar de fantasmagórico o calor do fogo e a dor do garoto era muito real. Seus olhos igualmente cianos como de um lobo exprimiam-se em raiva e desespero, era assustador mesmo para uma criança,Hermione não conseguira desviar o olhar.

— É apenas uma lembrança de Slytherin presa no castelo, não se preocupe.

— É horrível... Ele é só uma criança... – E tão parecido com Draco... Ela pensara... Como era possível...

— O problema de Slytherin eram os sangue-ruins, desculpe, nascidos-trouxas. – Ephram encara os olhos escuros de Hermione novamente com leve desdém como Draco fazia, fazendo Hermione se sentir incomodada –Eles fazem parte dos dois universos. O ministério os chamava de “misteriosa linhagem mágica”. Alguns bruxos, como Gryffindor e outros diretores das escolas, acreditavam que eles deviam ser resgatados para nossa cultura e não deixa-los isolados eternamente perdidos num mundo que não os entendia ou aceitava... Mas Slytherin não acreditava na misteriosa linhagem, ou que os nascidos trouxas fossem sequer um pouco diferente de um trouxa comum.

— Ele sabia que muitos trouxas descobriram sobre magia na inquisição, roubando muitos livros de estudo e torturando... Que queriam explorar a magia, que não tinham menor respeito pelo equilíbrio... Ele afirmava que se esses “sangue-ruins” tivessem acesso ao mundo mágico e seus estudos, poderia ser muito perigoso para o resto dos bruxos. Sua revolta foi gigante quando outros diretores não concordaram com ele e o expulsaram de Hogwarts, a escola que ajudara a construir. Traído, Slytherin jurou guerra aos nascido-trouxas e simpatizantes.

— Essa parte eu entendo, o que nunca entendi é onde Sépia-das-Pedras entra no meio disso...

É uma informação muito rara, terá sorte se um dia poder ver o que vimos... Esse tipo de memória só existe agora no subconsciente de Voldemort, ou preso neste castelo... Como as lembranças com Konstantine e suas visões que morreram com ela.

              Hermione sentira outro calafrio, nunca ouvira alguém falar de Slytherin e Voldemort daquele jeito, com tanta empatia, como se fosse o único que vira quem já foram um dia e seus tormentos. Lembrara então as vezes que ouvira  Draco falar do diretor da Sonserina, com uma estranha empatia... Como se falasse de um parente próximo ou pudesse se colocar no lugar dele... Será que Draco também tinha esses sonhos e guardava em segredo tanto tormento?

— Slytherin conheceu Sépia quando eram crianças e moravam num vilarejo no sul da França. Antes deles entenderem qualquer coisa... Eram amigos de verdade... Slytherin tinha muito carinho e cuidado pela menina trouxa porque ela era diferente dos outros, o enxergava e sabia magia... Natural, diferente do que ele conhecia... Ela parecia inventar tudo por intuição, nunca tinha visto um livro de magia ou varinha, não precisava... Fazia parte das emoções dela, como a música...

Ouvir música: Wise Enough by Lamb https://www.youtube.com/watch?v=5t5QSiydF9Y&list=PL5k2LnGFJS2BFWhq_L0Ub1sX5WbMpqbir&index=3&t=0s

I had a dream that all of time was running dry

(Eu sonhei que todo o tempo estava correndo seco)

            Ephram delirava novamente como acessando aquelas memorias tão raras que Hermione ressentia por não poder ver. Ela Inutilmente tentava o máximo para aparatar pra dentro da mente do Comensal.

And life was like a comet falling from the Sky

(E a vida era como um cometa caindo do céu)

             Quando finalmente fora distraída pelas risadas de duas crianças, que não pareciam nem ter idade ainda para Hogwarts, com roupas obviamente medievais. O garoto perseguia uma menina de longos cabelos cacheados e castanhos pra dentro do jardim. “você não me pega Salazar” ainda ouvira uma voz conhecida demais, que dava calafrios.

I woke so frightened in the dawning, oh, so clear

(Eu acordei tão assustada no amanhecer, oh, tão claro)

— Mas eles foram separados na Inquisição... Foi o primeiro trauma de Slytherin, ele tentou salvá-la da tortura, mas um dia achou que ela estava morta... Quando ele voltou para se vingar dos trouxas, eles se reencontraram, mas ele não era mais o menino gentil que ela conhecia. Ela vira ele chacinar uma família de trouxas e desde então declarou guerra a ele e outros bruxos...

How precious is the time we have here

(Quão precioso é o tempo que temos aqui)

— Tanto Sépia, quanto Slytherin eram privilegiados e temidos pelo Ministério que planejava aniquilar os dois. Viram que o melhor jeito era fazer os dois se matarem. Mas apesar de suas diferenças e determinação mutua em destruir o mundo um do outro, o amor que sentiam desde a infância sempre prevalecia...

Are we not wise enough to give all we are

(Não somos sábios o suficiente para dar tudo o que somos)

— E juntos, o Ministério da Magia os via como uma ameaça mil vezes maior... Os dois tinham realmente, uma personalidade impulsiva e imprevisível... Excêntricas e um tanto intensas demais...O mundo mágico não dormia tranquilo. Então o Ministério criou uma maldição... Que obrigava um matar o outro ou se matarem no lugar.

Surely we're bright enough to outshine the stars

(Certamente nós brilhamos o suficiente para ofuscar as estrelas)

— Isso é impossível! O Ministério fez isso? Como puderam? – Hermione começava a sentir uma revolta muito grande. – que mal poderiam fazer? Eles se amavam...

— Juntos, e contra o Ministério, Slytherin e Sépia tentaram vingar-se, causaram muito estrago... E do seu jeito, cada um tentou salvar o outro. Salazar fizera Antares jurar que nunca se mataria... Mas ela sempre fora mais esperta. Tinha criado quatro poções proibidas... – então Hermione se lembrara.

But human kind gets so lost in finding its way

(Mas o tipo humano fica tão perdido em encontrar seu caminho)

Transfers, Obsidiana, Olictavus e Armargunis. – A Castanha completara num sussurro, lembrando do dia em que delirava em Hogwarts, a dor alucinante e as primeiras visões. Ephram sorrira de lado intrigado.

— Você sabe sobre elas.

But we have a chance to make a difference til our dying Day

(Mas temos a chance de fazer a diferença até o nosso dia de morrer)

— Sei mais do que devia...

— Pelo contrario, você sabe exatamente o que deve.... –Ephram dissera confiante, então voltara a olhar para as rosas e lembrar. - Ainda criança, Antares criou a Transfers. Ela abriu um portal para um futuro que poderia ser alterado e com Salazar viu, ainda tão jovem, as atrocidades da primeira guerra bruxa, muitos anos antes dela acontecer.

(And you might pray to God or say it's destiny)

(E você pode orar a Deus ou dizer que é o destino)

        Hermione estava pasma com aquele detalhe, tentara imaginar duas crianças explorando não um sonho romântico, mas um futuro horrível e fora demais pra sua mente, aquele feitiço parecia começar a se transformar numa onda ruim demais.

— Eles eram tão inocentes. Antes de serem separados, Salazar chegara a prometer a Antares, que nunca se tornaria mau com sede de vingança...  e que voltaria para buscá-la...

But I think we're just hiding all that we can be

(Mas eu acho que estamos escondendo tudo o que podemos ser)

           O coração de Hermione disparara. Isso ela conseguira ver, os fantasmas das duas crianças medievais, agora alguns anos mais velhas. As madeixas da garota eram tão cheias que lhe tornava impossível ver seu rosto que ela afogava num abraço do garoto.

Are we not wise enough to give all we are

(Não somos sábios o suficiente para dar tudo o que somos)

“- Não chore Antares, eu prometo não serei mau, não vou matar ninguém, eu prometo, eu vou voltar pra te buscar!”

           Por alguma razão aquela lembrança magoara Hermione mais que qualquer outra. Assistira as duas crianças que lutavam contra as mãos que os puxavam, separavam aos prantos inutilmente enquanto desapareciam aos poucos.

Surely we're bright enough to outshine the stars

(Certamente nós brilhamos o suficiente para ofuscar as estrelas)

— Mas seu coração mudou com os anos de tortura. Era envenenado por ódio a cada nova execução, principalmente quando mataram seus pais e irmãos. E quando ele achou que Antares também tinha sido...

But human kind gets so lost in finding its way

(Mas o tipo humano fica tão perdido em encontrar seu caminho)

— Enquanto isso, Sépia criou Obsidiana, desta vez ela conseguira ver o futuro correto, inalterável. Foi quando ela viu que Slytherin ia se matar. Que ele usaria uma espada poderosíssima, sua própria espada que ele criara de seu próprio sangue. Frustrada, ela criou a Armargunis, numa tentativa desesperada de trazê-lo de volta a vida, não importando o preço... Mas depois da maldição, ela entendeu que Slytherin se mataria para protegê-la... Então ela criara a ultima poção proibida.

OlictavusHermione concluíra.

But we have a chance to make a difference til our dying Day

(Mas temos a chance de fazer a diferença até o nosso dia de morrer)

Para que Slytherin esquecesse todo o amor que sentia por ela. Essa poção é a mais terrível que existe, varreu toda sua empatia... Ele se tornou muito mais impiedoso e sádico. Ela tentou consertar o que tinha feito, mas era tarde, em batalha ele a matou sem questionar... Só então quando selou a maldição, a poção perdeu seu efeito e ele entendeu o que ela tinha feito... Por ele... Então ele criou a espada com seu sangue, a Espada de Slytherin, único artefato poderoso o bastante para matá-lo e se matou com ela. E o Ministério da Magia conseguiu o que queria, sem saber que a maldição e a guerra ressonariam.

— A espada de Slytherin também é um mito.

— Ela desapareceu depois que cumprira seu único proposito. Slytherin a criara unicamente para que tirasse sua vida. Então, disse o oraculo de Voldemort, que ela permaneceria escondida com o sangue dos herdeiros, só reaparecia para os descendentes mais leais de Slytherin. Mas nem Voldemort, nem ninguém conseguiu encontrá-la.

    Essa espada dividiu a alma dele...Ou talvez foi no momento que matou Sépia que ele dividiu Sua alma... Depende da teoria. Voldemort foi o primeiro herdeiro e quando ele descobriu sobre a maldição matou a herdeira antes que ela aprendesse qualquer coisa. Achou que tinha ganho o destino, ainda novo aos vinte poucos anos. Obcecado pelo poder, matou Konstantine antes que seus sentimentos atrapalhassem seus planos. Mas me disseram que ao repetir o crime de Salazar, ele dividira sua alma novamente, e por isso nascera outro herdeiro.

     Que dessa vez seria um Malfoy, e por anos achamos que seria Lúcios, ele era quem tinha mais vocação para herdeiro de Slytherin, mas enfim ele me escolheu e batizou. Voldemort quis se livrar de Lilian também no momento que soube dela, e de seu filho escolhido para derrubá-lo. E a matou antes que conseguisse pensar e se desse conta que estava apenas fortalecendo a maldição e não finalizando ela... Provavelmente quando matou Lilian, dividiu sua alma novamente, o que criou outro herdeiro, para seu alívio, pois eu era uma decepção, e Draco, por suas próprias palavras, é sua obra prima.

— Então toda vez que o herdeiro mata a Bruxa Elemental, ele divide sua alma? E quando tudo isso termina?!

— Isso que tentamos descobrir desde o inicio e não é uma equação simples. Slytherin dividiu sua alma, se tornou indestrutível. Até se matar. Voldemort fez a mesma coisa tirando o suicídio, e ainda criou Horcruxes... De acordo com a profecia, além da Espada de Slytherin, apenas o sangue de Sépia pode derrotar o sangue de Salazar... Ou seja, a Herdeira ou Potter. Eu acredito que você tem mais chances que Potter, obviamente ele não herdou os poderes de Lilian...

— E por que diabos eu herdei os poderes dela?! Eu não tenho nada a ver com os Potters! Ou Evans! Ou Black ou Malfoy!  Por que logo EU sou a herdeira da vez? – perturbada com o peso daquelas revelações e visões que manipulavam seu emocional, Hermione começava a alterar-se.

— Evans fazia a mesma pergunta. Geologicamente é impossível rastrear a linhagem de Sépia das pedras, não há referência nem mesmo dela ter tido filhos, ou Salazar... No entanto a árvore genealógica de Slytherin termina nos Blacks e Malfoys, todos sabem disso...

— Nem todos...

— Evans também era nascida trouxa como você... Assim como Konstantine e dizem, Sépia das Pedras.

— E essa Konstantine? Nunca ouvi falar...

— Quase ninguém ouvir falar qualquer coisa sobre ela, normal, também não teve descendentes e pelo o que eu descobri era a única amiga de Tom Riddle e possivelmente, seu único amor, ate que ele a viu como uma ameaça.

All I'm really asking is, what are we doing here

(Tudo que eu realmente estou perguntando é, o que estamos fazendo aqui)

— Está me dizendo então, que não importa o que eu faça, eu vou acabar morta? Pois é essa minha maldição? –Ephram sentira o medo na voz da castanha com pena, ela simulava uma risada sarcástica nervosa tentando controlar seu ataque de pânico.

— Eu treinei você porque acredito que você pode sobreviver.

— É, se eu for capaz de matar Draco e todos seus comensais da Morte! Destruir Voldemort e todas suas Horcruxes indestrutíveis! Vencer uma maldição lançada pelo próprio Ministério da Magia!  – Com o rosto vermelho de fúria Hermione respondera sem perceber que suas emoções começam a deixar a noite quente e algumas roseiras entrarem em combustão.

Are we just killing time just living year to year

(Estamos apenas matando o tempo apenas vivendo ano a ano)

 – Como eu supostamente vou fazer isso? Mais fácil, simplesmente eu me matar! Como posso aceitar um destino tão terrível, pagar por crimes cometidos por outros bruxos mais de mil anos atrás?!E por alguma razão estou condenada a ser caçada pelo herdeiro de Slytherin e morrer como todas essas bruxas, que supostamente não tem nada a ver comigo?! Por que eu tenho que ter o mesmo destino? Idaí se eu tenho os mesmos poderes ou que seja sangue ruim? Por que essa obsessão por mim? Eu não sou Evans, ou Sépia, ou Konstantine! Sou uma pessoa completamente diferente!

In this big world, no one else can play our part

(Neste grande mundo, ninguém mais pode fazer nossa parte)

           Ephram respirara fundo ao ver que a castanha começara ao seu ponto mais critico de incompreensão. E aquelas perguntas que ele já ouvira antes agora repetiam-se como novo dejavu de rosas em chamas.

— Você precisa se acalmar Hermione...

—Heim Malfoy?? O que você não está me dizendo? – a castanha agora o confrontava, ignorando o incêndio que se alastrava.

Ain't it time to just wake up and give it all

(Não é hora de apenas acordar e dar tudo)

— E você? Por que se entregou depois que ela foi assassinada? Por que Draco se entregou sem nem ao menos lutar? Quer dizer que Voldemort te escolheu e de repente você não tem mais escolhas além de desistir? Como pode ser tão conformado e fraco, logo você? Para que você esta me treinando afinal? Para cumprir o impossível? O que nenhum de vocês se propôs a fazer?  Ou para aceitar meu sacrifício ?!

— Granger! Pare! – Ephram gritara de repente despertando Hermione para a realidade a sua volta. Finalmente ela notava que o belo jardim estava em chamas e os dois cercados.

Are we not wise enough to give all we are

(Não somos sábios o suficiente para dar tudo o que somos)

       A castanha fechara os olhos tentando se concentrar nas batidas de seu coração. Ephram vira o rosto da castanha se inclinar para trás, seu rosto virado para o céu, que trovoara. Logo pesados pingos de chuva começaram a cair sobre eles amenizando as chamas como uma chuva de verão de uma lembrança quase esquecida.

Surely we're bright enough to outshine the stars

(Certamente nós brilhamos o suficiente para ofuscar as estrelas)

     Ela abrira os braços e falara como num delírio, uma oração ou confissão para a chuva. E no seu delírio, a visão se misturava e ele podia ver todas as Bruxas Elementais numa só, dizendo as mesmas palavras como um coral.

“Lava nossa alma amaldiçoada...Antes que o fogo nos sacrifique...”

But human kind gets so lost in finding its way

(Mas o tipo humano fica tão perdido em encontrar seu caminho)

— Você não é um sacrifício, você é a solução! – Ephram respondera com convicção, mas Hermione tinha o semblante tomando pela mágoa e desconfiança. – Se lembre...

But we have a chance to make a difference til our dying Day

(Mas temos a chance de fazer a diferença até o nosso dia de morrer)

—Se lembre... – As palavras foram repetidas num tom mais suave, porém autoritário. Fora apenas por uma fração de segundo do qual Hermione podia jurar, fazia parte do delírio, pois as palavras vinham da própria Antares Sépia, que a encava com precisão de dentro do jardim e a aparição a assustara mais que tudo, pois ela tinha o mesmo rosto que o seu.

— Não... – Certa de estar ficando louca, Hermione correra o mais rápido que pôde para longe da visão ignorando os chamados de Ephram que a seguia pela chuva mal conseguindo alcançá-la pela escuridão e tempestade.

Ouvir Música: https://youtu.be/NW0TAb4wSj0?list=PL5k2LnGFJS2BFWhq_L0Ub1sX5WbMpqbir

         Enquanto corria, Hermione tentava afastar aquelas lembranças e visões de sua mente. O jovem Salazar e seu olhar de lobo traído que se despedia de Sépia e que fazia uma promessa quebrada... Aquele olhar... aquelas palavras... fechara os olhos com força sem deixar de correr, como se corresse contra o tempo e de alguma forma pudesse voltar no passado, mas as memórias a arrastaram para uma peça quebrada em seu inconsciente, um sonho talvez enterrado que ela acordara para ver por causa do barulho da porta que batia atrás de si.

             Quando abrira os olhos não podia mais ver o jardim e a noite chuvosa, mas um belo pôr-do-sol sobre o lago de Hogwarts, A luz que refletia no lago e nas gárgulas parecia causar o som de notas do piano.

Wake up, Look me in the eyes again

(Acorde, Olhe nos meus olhos novamente)

— “Na verdade eu sabia que você estava aqui.” – a voz de Draco estava desanimada, porem tentava manter um tom de provocação que a esquentara por dentro como no seu sonho mais convidativo. Mantinha um sorriso tímido ao se aproximar dela, como se tentasse disfarçar uma tristeza ou o rosto todo machucado. – Eu vim me despedir...

I need to feel your hand upon my face

(Eu preciso sentir sua mão em meu rosto)

— “E por que veio se despedir de mim? Não tenho mais nada a ver com você.”— As palavras escapavam de seus lábios automaticamente, como um sonho gravado do qual não tinha controle, palavras carregadas de mágoa, tentando inutilmente passar por indiferente, mas suas mãos trêmulas lhe entregavam.

Words can be like knives, They can cut you open

(As palavras podem ser como facas, Elas podem te abrir)

— No jogo da Verdade, você me perguntou qual era o meu maior medo. Foi a única pergunta que eu me neguei a responder.— Draco tinha a cabeça baixa, quase escondendo um meio sorriso comprometedor. Hermione olhara-o de rabo-de-olho.– O meu maior medo... é ter de seguir o meu destino . Como estou fazendo.

And then the silence surrounds you and haunts you

(E depois o silêncio cerca e te persegue)

 

         Hermione tentava lutar contra aquela lembrança que por algum motivo parecia um vírus infectando todo seu sistema, como uma memória errada, um defeito no disco rígido, um buraco no cérebro...

I think I might've inhaled you

(Acho que eu posso ter inalado você)

— Eu queria ter conhecido você antes...

I could feel you behind my eyes

(Eu podia sentir você por trás dos meus olhos)

— Adeus...

You've gotten into my bloodstream

(Você entrou na minha corrente sanguínea)

— Não! Draco! Draco!

I could feel you floating in me

(Eu podia sentir você flutuando em mim)

           Hermione chamava por Draco aos prantos na escadaria da Torre das Gárgulas em vão, sentira seu peito doer no momento que ele desaparecera, como se estivesse sido jogada ao vazio, Mas ao virar-se fora puxada pelo pulso de volta de forma ágil, sendo capturada pelos lábios do Sonserino.

Words can be like knives, They can cut you open

(As palavras podem ser como facas, Elas podem te abrir)

          O beijo era uma armadilha. Como uma chave de portal para outro mundo, um mundo que não podia ser censurando, maquiado com suas mentiras, falsas crenças e expectativas.

And then the silence surrounds you and haunts you

(E depois o silêncio cerca e te persegue)

          O beijo era a união de duas almas amarguradas, condenadas ao eterno ciclo de auto-destruição. Fazia as outras memórias parecerem banais.

I think I might've inhaled you

(Acho que eu posso ter inalado você)

         Ele não precisava de sentido, se fechava perfeitamente, se completavam de todas as formas e idéias, em silêncio, em comunhão com desejo.

I could feel you behind my eyes

(Eu podia sentir você por trás dos meus olhos)

         Congelava o tempo, a melhor sensação e mais perigosa, quando estava entregue ao que mais temia. Sentir como brasa o toque de seus dedos, segurarem-na com ansiedade e possessão.

You've gotten into my bloodstream

(Você entrou na minha corrente sanguínea)

      Seus lábios revelavam as mentiras de suas palavras na pressão do beijo, que parecia machucar, mas era carícia no corpo inteiro. Era tão melhor assim, quando eram apenas um ser queimando em chamas.

I could feel you floating in me

(Eu podia sentir você flutuando em mim)

       Draco segurava sua nuca com uma das mãos enquanto com a outra não conseguia permitir que ela se afastasse... pressionara uma última vez seus lábios nos dela, obrigando-se a interromper aquele beijo contínuo e ansioso... Segurara o rosto sofrido e ansioso da castanha à frente do seu, obrigando-a a prestar atenção em si.

I think I might've inhaled you

(Acho que eu posso ter inalado você)

      Os olhos tão cianos e profundos, aquele olhar tão decidido de lobo ferido... um mar de gelo mas que fazia o corpo queimar...

I could feel you behind my eyes

(Eu podia sentir você por trás dos meus olhos)

Presta atenção no que eu vou te falar:— a voz dele era firme enquanto ela obedecia ainda com lágrimas nos olhos.– Sua alma nunca vai pertencer a ninguém mais nesse mundo além de mim. – Ela chorara ainda mais.

You've gotten into my bloodstream

(Você entrou na minha corrente sanguínea)

— Quando essa Guerra acabar, eu vou voltar para te buscar!


I could feel you floating in me

(Eu podia sentir você flutuando em mim)

— Porque eu amo você! E se você não me quiser mais, eu faço querer!

I think I might've inhaled you

(Acho que eu posso ter inalado você)

I could feel you behind my eyes

(Eu podia sentir você por trás dos meus olhos)

 

           Ele pressionara numa voz firme e ansiosa. Hermione afirmara com a cabeça ainda chorando e ele a beijara novamente e de forma ainda mais profunda, porém esse beijo fora mais rápido e quando a castanha abrira os olhos novamente havia um clarão de luz azul turquesa na sua frente.

You've gotten into my bloodstream

(Você entrou na minha corrente sanguínea)

I could feel you floating in me

(Eu podia sentir você flutuando em mim)


“Obliviate” 

 


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Notas finais do capítulo

desculpa a demora galera, estou correndo contra o tempo, resolvendo muitas coisas. Mas tentarei postar as próximas partes mais rápido. Espero que tenham gostado...



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