'Til We Die escrita por Mrs Jones


Capítulo 4
Espíritos & Fantasmas do passado


Notas iniciais do capítulo

Cheguei! Nem demorei dessa vez né? Eu estava cheia de ideias, por isso fui mais rápida dessa vez. O próximo capítulo deve sair em breve. Me digam nos comentários o que estão achando. Estou sentindo falta de minhas fieis leitoras, poucas aparecem pra comentar. Espero que gostem deste, é sobre o passado do Killian e a explicação para o nome da fic.



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– E então, o que me diz?

Killian ficou calado por uns instantes. Nos encarávamos e eu ainda estava brava com ele, mas reconhecia o quão nobre fora sua atitude de se desculpar. Ele por fim suspirou e encarou o chão.

– Está bem. O que é que você quer saber? – perguntou.

– Tudo. Quem é Milah? Onde está sua família? De onde arranja dinheiro? Por que entrou nesse negócio? Killian, eu não sei nada sobre você. Eu quero dizer, você não me conta nada. Sei que não confia em mim, mas acho que eu mereço conhecer meu chefe.

– Uma coisa de cada vez, está bem? – ele disse. Exibia uma expressão cansada e parecia não ter dormido muito bem nos últimos dias – Vamos a um lugar mais reservado.

Gancho caminhou até seu carro e eu fiz o mesmo, ocupando o banco do passageiro em seguida. Ele dirigiu até a praça, a mesma da qual eu viera há uns minutos. Não havia muita gente por ali àquela hora, de forma que poderíamos conversar tranquilamente. Sentamo-nos num banco sob uma árvore

– A mulher nas fotos era a Milah? – fui logo perguntando e Gancho assentiu – Era sua namorada?

– Minha irmã – ele disse. Apoiara os cotovelos nas pernas e ficou encarando o chão enquanto falava – Ela morreu.

– Ah... eu sinto muito.

– É... eu também sinto. Ela morreu por minha culpa.

– Por que diz isso?

– Eu coloquei a vida dela em risco – ele ainda encarava o chão. Percebi o quanto aquilo era difícil pra ele. – Meu trabalho é salvar pessoas e no fim... no fim não pude salvar minha própria irmã.

– Não é sua culpa – ia dizendo, mas ele me interrompeu.

– É sim! Eu a levei comigo e por isso ela morreu. Se tivesse ficado em casa, em segurança...

Não soube o que dizer. O encarei por uns minutos e parecia que ele estava se segurando pra não chorar. Não devia cutucar feridas do passado, mas eu precisava saber mais sobre ele. Precisava saber o que o levara a entrar naquele negócio.

– Os vampiros a mataram – concluí – por isso foi atrás deles. Por isso está atrás do Alfa.

Gancho assentiu.

– Tínhamos encontrado o ninho deles em Redmond. Milah insistiu em me acompanhar e eu deixei. Ela era uma caçadora incrível! – ele sorriu ao pensar na irmã, depois novamente sua mente vagou por entre a dor e a culpa – Não estávamos preparados pra isso. Havia muitos deles e o Vampiro Alfa era o mais forte de todos. Matei alguns, mas dois deles pegaram a Milah. Queriam transformá-la num deles. Ela se recusou, é claro. Tentamos fazer um acordo com eles, dissemos que iríamos nos certificar de que caçador nenhum aparecesse por ali. Eles não acreditaram em nenhuma palavra. No fim o Vampiro Alfa a matou bem na minha frente. Ela morreu se recusando a se tornar um deles...

Agarrei uma de suas mãos antes que pensasse no que estava fazendo. Ele sorriu tristemente e continuou a encarar o chão.

– Não foi sua culpa – tornei a dizer – Aconteceu. Não tinha como você saber.

– Nosso trabalho envolve riscos, eu devia saber que era uma má ideia deixá-la participar disso.

Ficamos em silêncio por um tempo. Eu ainda segurava sua mão. Achei que ele precisasse de um tempo depois de me contar uma parte do passado doloroso.

– Você não tem nenhuma família? – indaguei depois de uns minutos.

– Só meu irmão, Liam.

– Liam? O cara com o qual discutiu no telefone?

Ele assentiu.

– Às vezes brigamos por causa da Milah. Liam acha que ela morreu por minha culpa, por eu ter permitido que ela entrasse no negócio das caçadas.

– Você não tem que se culpar. Fez o que tinha que fazer. E foi Milah quem escolheu participar disso, não é?

Gancho assentiu e novamente sorriu tristemente.

– Ela adorava essa vida. Dizia que nossa missão neste mundo era salvar pessoas. Acho que ela ia se orgulhar de mim. Eu quero dizer, se ainda estivesse viva. Ela ia querer que eu continuasse o que começamos.

– Há quanto tempo está nisso?

– Uns treze anos, eu acho.

– Tudo isso? – arregalei os olhos.

Ele assentiu.

– Eu era muito jovem quando comecei, não passava de um babaca. Milah resolveu entrar no negócio e aí começamos nossa vida de caçadas. Liam não gostou nada, é claro. Ele é da marinha e nunca suportou o fato de ter uma família anormal.

– O que leva uma pessoa a entrar nessa vida? Eu quero dizer, vocês tiveram uma motivação, não é?

Killian respirou fundo e percebi que lá vinha mais uma parte dolorosa de seu passado.

– Nossa mãe começou a enlouquecer e achávamos que ela era esquizofrênica. Ela dizia ver coisas e ouvir vozes, dizia que estávamos em perigo e que as vozes queriam que ela fizesse coisas ruins.

– O que aconteceu?

– Bom, depois que a diagnosticaram com esquizofrenia ela começou a tomar medicamentos. Não adiantou, é claro, porque as vozes que ela ouvia vinham de espíritos vingativos. Ela tentava nos dizer o que estava acontecendo, mas nosso pai e Liam não acreditavam, achavam que ela enlouquecera e queriam interná-la num hospício. Milah e eu acabamos por descobrir sobre os espíritos, mas já era tarde demais. Mamãe não agüentava mais aquilo, ela se sentia tão perturbada que se jogou do décimo andar.

Levei as mãos à boca. Céus, o quão terrível a vida estava sendo para aquele homem? Primeiro a mãe, depois a irmã. Os olhos de Killian estavam marejados e por um momento não consegui conter minhas lágrimas. Agarrei suas mãos e nos olhamos. Pela primeira vez consegui ver a dor que o habitava, era como se pudesse enxergar o sofrimento através de seus olhos.

– Eu realmente sinto muito! – murmurei.

– Eu não contei antes porque achei que não ia conseguir – ele disse e enxugou uma pequena lágrima que escapou de um de seus olhos – Ainda não superei isso. Acho que nunca vou superar.

– E foi daí que começaram as caçadas? – perguntei depois de uns instantes – Você sentiu como se precisasse vingar o nome da sua mãe, não é?

Killian assentiu mais uma vez.

– Depois da morte dela, Milah e eu descobrimos um jeito de nos livrar dos espíritos. Acabamos descobrindo mais do que isso... Aqueles espíritos eram de pessoas que meu pai matou e eles ficaram presos a Terra porque precisavam se vingar. Passaram a atazanar minha pobre mãe em busca de justiça. Já que eu não pude salvá-la, achei que poderia salvar outras pessoas, livrá-las do sofrimento. Não demorou muito até que aprendesse sobre as criaturas que habitam nosso mundo. Aí conheci alguns caçadores e resolvi entrar no negócio das caçadas. – ele me olhou – Agora você entende qual é minha motivação? Nós não ganhamos nenhum dinheiro com nosso trabalho, apenas o agradecimento das pessoas que salvamos.

Assenti. Agora eu entendia. Tudo ficara mais claro. Agora eu sabia por que ele não suportava que falassem na Milah, era como cutucar as feridas. Milhares de pensamentos se passavam por minha cabeça, mas não disse mais nada. Ficamos ali por um tempo até que me dei conta de que precisava voltar pra casa.

– Me desculpe por ter batido em você – disse, enquanto Killian dirigia até a pensão.

– Tudo bem, eu quem não devia ter te tratado daquele jeito. Quando bebo não consigo controlar minha raiva. – ele encarava a estrada – E então, vai aceitar o emprego de volta ou não?

– É, vou sim. – sorri - Ainda vai ter que me agüentar por muito tempo, Jones.

***

Dirigi até nosso QG no dia seguinte. Killian e eu fizéramos as pazes e eu o perdoei por ter gritado comigo. Ele já me esperava na garagem do prédio e me ajudou com as malas pesadas.

– Temos visita – informou, enquanto subíamos pelo elevador.

– Seus amigos caçadores?

Ele assentiu e me deixou no quinto andar, depois subiu para o sétimo levando minhas malas.

– Olá, Ruby! – cumprimentou Encantado, esparramado no sofá. – Pensei que não fosse te ver por aqui nunca mais.

– A briga foi tão feia assim? – perguntou uma voz doce e melodiosa.

Uma mulher de cabelos muito negros e ondulados preparava algo na cozinha. Ela se virou e sorriu pra mim. Nem precisei perguntar pra saber quem era aquela. Lábios avermelhados, cabelos cor de ébano, uma pele tão branca quanto a neve...

– Oi, eu sou a...

– Branca de Neve?

– Como sabia? – ela riu.

– Ah, digamos que não é tão difícil adivinhar – sorri – E o Encantado fala muito de você.

– É mesmo? – ela olhou para o marido, em seguida me cumprimentou com um abraço – É bom conhecê-la. Soube que você e Killian andaram brigando, o que não é nenhuma surpresa, já que aquele arrogante sempre arranja briga com todo mundo. Em todo caso, é bom saber que fizeram as pazes.

Sorri. Ela era um doce de pessoa, muito gentil e simpática. Um homem que eu não conhecia estava sentado ao computador. Ele se aproximou pra me cumprimentar.

– Sou Graham, mas por aqui todos me chamam de Caçador. Devo parabenizá-la, este lugar ficou muito mais organizado depois que você chegou.

Agradeci e senti meu rosto esquentar. Graham era muito bonito, só não era mais bonito do que Killian. Os homens se sentaram na sala e liam recortes de jornal. Ao que parecia, estavam investigando um caso. Branca preparava o almoço e fui ajudá-la. Nos tornamos amigas em questão de minutos.

– Você pode me chamar de Mary Margaret, é meu nome verdadeiro – ela disse, enquanto preparava uma salada light.

Mary não entrou em detalhes sobre sua vida, mas contou que ela e David se conheciam há muito tempo e que entraram juntos naquela vida de caçadas. Não conseguia imaginá-la como caçadora, ela era meiga demais pra isso.

– Não julgue as pessoas pelo o que elas aparentam ser – ela disse – Posso ser meiga e simpática, mas não costumo ser gentil quando estou caçando.

– Por que entrou nessa vida? – perguntei, antes que conseguisse conter minha curiosidade.

– Pelo mesmo motivo que todos entram: vi um ente querido morrer - ela disse e entristeceu. Me culpei por perguntar aquelas coisas, não devia remexer em feridas dolorosas do passado. Ela não entrou em detalhes e não ousei perguntar mais nada.

– Ruby, onde é que você colocou meus arquivos? – Killian remexia nos armários de aço a um canto.

– Eu não mexi neles, estão aí.

– Ah, encontrei! Estou dizendo a vocês – ele dizia a Graham e David – é um caso clássico de assombração. O espírito deve ter possuído a boneca, é por isso que toda criança que a teve foi morta.

– Detesto espíritos – comentou Mary, enquanto checava o forno pra ver se a lasanha já assara – Sempre causam problemas.

– Já encontrou muitos por aí? – perguntei.

– Já até perdi a conta de quantos. Geralmente são espíritos vingativos ou almas perdidas, mas os objetos possuídos são os piores. Uma vez fui atropelada por um caminhão-fantasma e fiquei de cama por quase dois meses.

– Que horror! Depois dessa eu teria me aposentado dessa vida de caçadas.

Mary apenas riu e anunciou que o almoço estava pronto. Me sentei entrei Graham e David e Graham sorriu pra mim. Killian e David ainda falavam da boneca possuída e Mary os obrigou a mudar de assunto porque a hora da refeição era sagrada.

– Mary é do tipo religiosa – David me disse – Então não se surpreenda se ela orar em todas as refeições.

– David! – ela ralhou – Temos de agradecer pelo o que temos.

Fizemos uma oração e então todos elogiaram a lasanha de Branca. Ela era uma cozinheira de mão cheia.

– Há quanto tempo são amigos? – perguntei.

– Conhecemos Killian há uns treze anos – disse David – Graham apareceu mais tarde.

– Eu vou conhecer os outros? – mastiguei uma rodela de cenoura.

– No Natal – Killian assentiu – Nos reunimos todo ano.

Antes eram nove caçadores naquele grupo. Depois que Milah morreu, um vazio enorme se estabeleceu entre eles. Killian explicou que havia famílias de caçadores e uma das mais conhecidas era a família Winchester. Aquela vida envolvia muitos riscos e a maioria das famílias ficava reduzida a apenas dois ou três caçadores, uma vez que os outros morriam tragicamente.

– Vocês não têm medo? – indaguei.

– De morrer? Temos, é claro, mas nem por isso abandonamos o trabalho – falou Graham.

– Talvez possa parecer loucura – disse Mary –, mas não há nada mais gratificante do que salvar uma pessoa.

– Isto nos faz feliz – completou David.

Assenti. Eu meio que já os considerava heróis, sempre salvando pessoas sem pedir nada em troca por isso. É claro que entendia sua motivação, mas tudo aquilo me parecia muito arriscado.

– Mas vocês não têm medo de nada? Eu fiquei meio paranóica depois do lobisomem, sempre acho que vou ser atacada.

– Bom, o medo faz parte de nossas vidas – Killian abria uma garrafa de vinho – Aprendemos a driblá-lo quando precisamos. Não podemos ter medo quando estamos cuidando de um caso.

– Sempre há riscos – Graham largou o garfo que segurava – Você pode se ferir, morrer ou até pior, acabar preso.

– Vocês consideram a prisão pior do que a morte? – arqueei as sobrancelhas.

– É claro. – Killian servia o vinho em nossas taças - Não existe nada pior do que estar aprisionado. Eu prefiro morrer a envelhecer atrás das grades.

– Acredite, Ruby, Killian sabe o que está dizendo – Mary riu e se voltou para Gancho – Já contou pra ela que é um fugitivo da lei?

Engasguei com um pedaço de palmito e David me deu tapas nas costas. Todos riram enquanto eu tossia feito louca e tentava respirar.

– Não riam, eu podia ter morrido sufocada – tomei um gole de vinho – Que história é essa de fugitivo da lei?

– Ela só está brincando – disse Gancho – Eu já fui preso, mas tudo se resolveu depois.

– Eu também já fui preso e acredite, não vai gostar da comida que servem na prisão. – Graham encheu sua taça pela segunda vez.

Conversamos sobre assuntos aleatórios e depois do almoço todos se sentaram na sala. Mary dizia que Gancho devia comprar uma televisão, enquanto que Graham e David mais uma vez criticavam as velharias que havia no prédio. Killian se irritou, disse que não ligava para as velharias e mais uma vez repetiu que não ia ser escravo da modernidade.

– Vocês sempre usaram o prédio como QG? – perguntei, jogada ao sofá preto de couro.

– Sim, faz muitos anos que o usamos – disse Killian.

– E onde é que o conseguiram?

Todos se calaram e olharam pra Gancho. Percebi que perguntara demais.

– Okay, já entendi, é segredo...

Mary pigarreou e se levantou.

– Bem, acho que já vamos indo, não é David?

– Mas já? – Encantado a olhou com um ar de confusão - Pensei que você e a Ruby quisessem se conhecer melhor.

– Ah sim, podemos fazer isso em outra hora, não é Ruby? – ela sorriu pra mim e puxou David, fazendo-o se levantar – E temos que resolver o caso da boneca possuída, não se esqueça.

É claro que não passava de uma desculpa pra me deixar sozinha com o Killian. Mary o puxou para um canto e lhe disse algo que não pude ouvir bem. Entreouvi algumas palavras e logo entendi que Branca achava que eu merecia saber toda a história de Gancho. No dia anterior não tivéramos tempo de falar sobre tudo, mas eu sabia que ainda havia muita dor e sofrimento por trás do passado daquele homem.

Fomos todos até a garagem pra nos despedir do casal. Graham ia passar a noite ali porque estava resolvendo um caso na cidade. David exibia seu carro luxuoso e me perguntei de onde um caçador tirava dinheiro pra comprar um carro daquele.

– Que metido! – resmungou Killian, quando Encantado arrancou e saiu veloz pelo portão da garagem.

– Bem, acho que vou tirar um cochilo – Graham bocejou e fez seu caminho até o elevador. – Vejo vocês mais tarde.

– Há coisas que você precisa me contar – disse a Killian.

– Eu sei – ele suspirou – e Mary me lembrou isso. Mas antes preciso dar uma olhada no motor do carro. Amanhã vou sair numa caçada e não quero que nada dê errado.

– Sinceramente, por que não compra um carro melhor? Essa coisa já está caindo aos pedaços.

– Ficou louca? – ele caminhou até o carro e alisou o capô – Esta coisinha aqui está na minha família há anos. E, além disso, é um clássico. – ele abriu a capota e examinou o motor – Me faça um favor e pegue a lata de óleo.

– Onde está?

– Eu sei lá, foi você quem arrumou tudo, esqueceu?

Revirei os olhos e fui atrás do óleo. Caminhei até a estante de madeira nos fundos da garagem e tentei alcançar a lata, mas estava alta demais. Me estiquei nas pontas dos pés e senti um frio atrás de mim. Era como se uma corrente de ar estivesse passando por ali, mas isto não era possível, uma vez que não havia janelas na garagem e o portão estava fechado. Me virei pra dizer a Killian que não estava alcançando a lata e tomei um susto quando vi a mulher pálida parada atrás de mim. Ela estava inteiramente vestida de branco e sua expressão era de agonia. Soltei um grito quando percebi que era um fantasma.

– Por favor, por favor, diga ao Liam que não fiz por mal... – ela disse e tentou me tocar, mas eu me afastei – Diga a ele que não fiz por mal, não fiz por mal...

Minhas pernas tremiam e bati as costas na estante quando recuei mais um pouco. Neste momento Killian golpeou o espírito com uma barra de ferro e ele desapareceu.

– Você está bem? – ele perguntou, preocupado.

– S-sim – me apoiei à estante pra não cair – Aquela... quem era aquela?

– Minha mãe.

***

– Aquilo que você disse sobre espíritos – eu dizia, ainda trêmula e sentada à mesa da cozinha – alguns ficam presos a Terra... Então foi isso que aconteceu a ela?

Killian assentiu e me passou um copo de água com açúcar.

– Ela morreu, mas continua a vagar por aí – ele se sentou do lado oposto e apoiou a cabeça nas mãos – Foi idiotice não ter dito a você, me desculpe.

– Tudo bem.

Ficamos em silêncio enquanto me acalmava. Agora entendia porque havia tanto sal pela casa. O espírito da senhora Jones ainda vagava por aí e vez ou outra aparecia no prédio. O único lugar em que ela podia entrar era a garagem, já que lá não havia rastros de sal.

– Por que ela ainda está por aí? – perguntei depois de beber toda a água.

– Tal como os outros espíritos que ficam presos a Terra, ela não conseguiu chegar ao outro lado quando morreu – Killian evitava me encarar e imaginei que ele se envergonhasse daquilo – Ela tem assuntos inacabados...

– Ela disse: “Diga ao Liam que não fiz por mal”. O que isso significa? Do que ela estava falando?

Killian me pareceu desconfortável e disse a ele que não precisava me contar essa parte se não quisesse.

– Não, tá tudo bem – ele disse e me olhou – Quando ela pulou do décimo andar, Liam viu tudo da calçada. É claro, todo mundo viu. Milah e eu estávamos na escola, mas foi horrível de qualquer maneira. Nós chegamos minutos depois e ela estava lá, estendida no chão. Foi assim que acabou... um corpo na calçada... – ele teve que parar por um momento e segurei suas mãos por cima da mesa – Liam ficou completamente devastado. Ele não pôde fazer nada, não teve tempo de subir até lá pra fazê-la descer da sacada. Ele mal teve tempo de entender o que estava acontecendo... – Killian tremia e se segurava pra não chorar – Lembro-me de vê-lo agarrado ao corpo dela. “O que você fez? O que você fez?”, ele soluçava. Nós todos sofremos, mas foi pior pra ele. Liam era o xodó da nossa mãe, o filho mais velho e o mais esforçado... Ele nunca a perdoou por ter nos deixado. Tentávamos dizer a ele que ela não sabia o que estava fazendo, mas ele diz que ela fez isso por egoísmo e que só nos causou dor ao tentar se livrar de seu próprio sofrimento. Liam nunca pensou direito, sabe.

– Então... ela ainda está aqui porque não foi perdoada?

– É. – ele assentiu e enxugou uma lágrima que teimava em escorrer por seu rosto – E por ter morrido daquele jeito horrível. Ela tinha descoberto sobre o lado obscuro do meu pai e morreu atormentada por saber a verdade e não poder nos contar. Depois que ela morreu, os espíritos que a atormentavam continuaram a vagar por nosso apartamento. Milah e eu demos jeito neles, mas não conseguimos nos livrar do espírito da mamãe. Alguns espíritos conservam as características de quando a pessoa ainda era viva e por isso ela é um espírito agoniado e que sofre. Um dia ela apareceu pra mim e disse que eu precisava fazer o certo, consertar as coisas. Acabei descobrindo umas coisinhas sobre nossa família e aí soube a verdade sobre meu pai. Ela me ajudou a entender algumas coisas, mas nunca consegui acalmar seu espírito. Eu simplesmente... eu não sei, não consigo fazer isso com minha própria mãe...

– Ah Killian, eu entendo, mas... Sabe, você não acha que talvez ela mereça um descanso? Eu quero dizer... eu acho que devíamos ajudá-la a chegar ao outro lado. Você sabe como fazer isso, não é?

Ele assentiu e voltou a encarar a mesa. Aquilo era tão triste... Eu só queria abraçá-lo e dizer que o entendia. Não consegui dizer mais nada, no entanto. Ficamos calados por um tempo, até que Gancho resolveu falar.

– Você tem razão, precisamos ajudá-la – ele disse e me encarou – Foi egoísmo de minha parte achar que podia decidir isso por ela.

– Ela não morreu aqui, não é? Você disse que ela caiu do décimo andar.

– Nós morávamos num prédio há cinco quadras daqui. Ela continua vagando por lá, mas não aparece pra ninguém. Alguns espíritos ficam presos ao lugar de sua morte, mas ela consegue se transportar até aqui quando quer. Liam nunca mais apareceu por aqui depois do dia em que ela apareceu pra ele.

– Vocês raramente se falam, né?

– É. Eu não o vejo há muito tempo, uns cinco anos...

– Killian! Ele é seu irmão, sua família.

– Eu sei, mas o que posso fazer? Liam sempre quis uma vida normal e por isso se recusou a entrar no negócio das caçadas. Ele entrou na marinha, se casou, teve dois filhos... Eu o entendo, sabe, também não ia querer que meus filhos soubessem que o tio deles é um pirado que caça fantasmas.

– Você não é pirado – nos olhamos e Killian sorriu e segurou uma de minhas mãos entre as dele.

– Obrigado por me escutar – disse – Eu devia ter te contado antes.

– Tudo bem, sei o quanto é difícil pra você.

– Bem, é melhor eu me preparar – ele se levantou – Preciso dar um fim a isso, ela merece descanso.

– Eu posso ir com você, se quiser.

***

Descemos até a garagem quando anoiteceu. Graham saíra pra dar uma volta e Gancho não disse nada a ele sobre o que íamos fazer. Killian checava algo no porta-malas e me aproximei pra ver o que era. Havia vários tipos de armas lá dentro: revólveres, facas, estacas, barras de ferro, sal, crucifixos e água benta.

– Como é que nos livramos de um espírito? – indaguei e ele se virou pra me olhar.

– Salgamos os ossos e queimamos – disse e em seguida fechou o porta-malas.

– Os ossos? – arqueei as sobrancelhas – Espera aí... quer dizer que vamos exumar um túmulo?

Aquilo me pareceu simplesmente aterrorizante e, além disso, não parecia certo. Não devíamos mexer com os mortos. E ainda podíamos ser presos por isso.

– É o método mais fácil e mais comum – Killian disse abrindo a porta e entrando no carro – Geralmente funciona.

– E se não funcionar? – ocupei o assento do passageiro.

– Aí vamos para o plano B.

Ele dirigiu calmamente até um dos cemitérios da cidade. Hoje em dia ninguém mais é enterrado, já que não há mais espaço para isso. Agora as pessoas são cremadas e as famílias guardam suas cinzas em casa. Eu não guardara as cinzas de Peter. Ao invés disso, as espalhei pelos locais que ele mais amava. Ele ia querer que fosse assim.

– Killian, será que não vamos ter problemas? – perguntei quando paramos em frente ao portão do cemitério. Não havia ninguém por lá e o lugar estava um breu, mas eu temia que fossemos pegos.

– É claro que não, ninguém vem aqui a esta hora – ele riu.

É claro, ninguém a não ser um caçador. O portão estava trancado por uma corrente e teríamos de pular por cima dele. Gancho me deu um impulso e passei as pernas por cima do portão de aço, depois soltei o corpo e caiu do outro lado com um baque. Me sentia como um daqueles ladrões de túmulos. Killian me jogou a sacola de lona com nossos equipamentos e em seguida pulou para o outro lado.

– Vamos, o túmulo não fica muito longe.

Por Deus, como aquele lugar me dava arrepios! Carregávamos lanternas (que graças a Deus eram de LED e bastante potentes) e me senti mais segura quando o facho de luz varreu a escuridão e me mostrou que não havia nada além de túmulos por ali. Caminhamos por algumas alamedas até que Killian parou em frente a uma lápide de pedra. O nome Helen Victoria Jones estava gravado em letras de forma. Abaixo do nome, uma foto em preto e branco da Helen. Ela fora muito bonita e Killian se parecia um pouco com ela.

– Me passe a pá – Killian pediu e revirou os olhos quando hesitei – Ruby... você concordou em vir e temos de fazer isto.

– Tudo bem – abri a bolsa de lona e passei a pá pra ele – Eu me sinto mal por estarmos fazendo isso. É o túmulo da sua mãe... não parece certo...

– Eu sei. Foi por isso que nunca consegui fazer, mas não posso negar isto por mais tempo. Ela merece descansar.

E dizendo isso ele enfiou a pá na terra escura sobre o túmulo. Apenas uma lanterna era suficiente pra iluminar o local. Estremeci com a ventania que passou por ali. Killian suava com o esforço que fazia e logo tirou o casaco, atirando-o pra mim.

– Uma ajudinha seria bem vinda – ele disse e voltou a cavar.

– Ah, nem me olhe assim, não vou remexer em terra de cemitério.

Gancho riu e continuou com seu trabalho. Minutos depois, atingimos os sete palmos de profundidade. O esqueleto de Helen jazia lá embaixo, no meio da terra. Killian levou um tempo olhando os restos mortais de sua pobre mãe e tentei dizer algo que o consolasse, mas não consegui.

– Me passe o sal – ele disse, depois de uns minutos. Sua voz soou sem emoção, mas eu sabia que no fundo ele sentia a necessidade de chorar.

– Quer mesmo fazer isso?

Ele assentiu e então jogamos sal sobre os ossos. Killian remexeu na bolsa pra procurar pelo isqueiro e estremeci de frio mais uma vez. A temperatura diminuíra mais um pouco e logo entendi por que. O espírito de Helen estava parado há poucos metros de nós, nos observando. Sua expressão era de angústia e ela usava uma camisola branca, a roupa com a qual morrera.

– Killian – chamei e ele olhou pra mim.

– Que foi? – em seguida ele olhou na direção em que eu olhava e avistou a mãe.

– Talvez ela queira dizer alguma coisa – falei.

– Killian! – Helen se aproximou. Sua voz soava desesperada, como se ela não tivesse muito tempo pra falar – Me perdoe! Diga ao Liam que me perdoe, diga a ele que não fiz por mal...

– Ele sabe – Gancho mentiu – E ele já a perdoou.

– Não! – ela gritou, as mãos tapando os ouvidos – Ele não perdoou, não perdoou! As vozes, as vozes na minha cabeça... elas querem que eu os machuque, querem que eu lhes faça mal... Eu não quero, não quero! Não quero machucá-los... diga a elas pra me deixar em paz...

– Vai ficar tudo bem, mãe – Gancho chorava e aquela cena me cortou o coração – Você vai descansar agora.

Ele se abaixou e ateou fogo aos ossos. As chamas subiram alguns centímetros e senti o calor que elas irradiavam. Helen olhou Killian pela última vez e estendeu o braço, tentando tocá-lo. No segundo seguinte ela sumiu numa explosão de fagulhas.

– Acabou – suspirou Gancho

– Descanse em paz, Helen – murmurei.

***

– Eu já sei como conseguiu o prédio – disse, enquanto Killian dirigia pra casa. No caminho paramos num drive-thru e agora eu mordiscava minhas batatas fritas – Você disse que lá era a sede de uma revista e, considerando o fato de você ser rico, acredito que seus pais eram donos da tal revista.

– Como descobriu? – ele me olhou brevemente e voltou a encarar a estrada.

– Encantado me contou que você tem uma pequena fortuna e acabei por juntar uma coisa à outra.

Ele riu.

– Que espertinha! Meus pais eram os donos e mamãe era a editora-chefe. A revista costumava vender bem, até que as coisas ficaram complicadas... – ele suspirou – Nosso pai tinha o péssimo hábito de passar as noites na gandaia. Ele perdeu muito dinheiro em apostas e acabou cheio de dívidas. Mamãe ficou uma fera quando descobriu. Estávamos prestes a falir quando ele enveredou por um caminho de crimes. Matou pessoas inocentes que mais tarde voltariam pra se vingar.

– Os espíritos vingativos que atormentavam sua mãe.

– É. – ele assentiu - As coisas começaram a ruir depois que ela enlouqueceu e só pioraram depois que ela se matou. Milah e eu nos voltamos contra nosso pai e Liam saiu de casa. Por fim a revista faliu e perdemos tudo o que tínhamos. Depois de uns anos Liam e eu herdamos a herança de nosso avô e assim conseguimos nos estabelecer financeiramente.

Killian tinha dinheiro o suficiente pra nunca mais precisar trabalhar na vida, fora por isso que entrara naquela vida de caçadas. O trabalho não lhe rendia dinheiro, mas ele dizia que a gratidão das pessoas compensava tudo.

– E o seu pai... ele também morreu? – perguntei meio hesitante.

– Não – Killian balançou a cabeça – Ele ainda estar por aí, falido. Não o vejo há treze anos. Talvez tenha morrido, ou sei lá, acabado preso.

– Sinto muito por sua família – disse e acariciei seu ombro – Eu sei como é se sentir solitário.

– Família é muito mais do que sangue, Ruby – ele sorriu – Meus amigos são minha verdadeira família e agora você faz parte dela.

Sorri. Ele estava certo. Eu não conhecera meus pais e fora criada por meus avós maternos. Eu era a garota órfã com a qual todos implicavam. Por muitos anos, senti-me extremamente infeliz por não ter uma família de verdade. Uma família com pai, mãe, irmãos e irmãs, tios e tias ... Depois que o vovô morreu as coisas só pioraram. Levou um tempo até eu perceber que as pessoas que moravam na pensão eram minha família.

Graham estava jogado ao sofá quando chegamos. Ele escutava um CD antigo e arqueei as sobrancelhas, quem ainda escutava CD’s hoje em dia?

– Por onde estiveram? – ele perguntou quando Killian e eu saímos do elevador.

– Tratando de negócios – Killian respondeu sem muitos detalhes.

– É mesmo? – o outro arqueou as sobrancelhas – Diria que andaram por um cemitério, a julgar pela terra em suas roupas.

Gancho olhou as próprias roupas e só então se deu conta de que estava imundo. Ele foi tomar banho enquanto atirei meus sapatos a um canto e me sentei ao lado de Graham. Havia recortes de jornal sobre a mesinha de centro e apanhei um deles pra ver do que se tratava. Era a notícia de um cara que se afogara na pia. Achei que se tratava de uma brincadeira, mas os outros recortes também eram notícias de afogamentos estranhos e Graham disse que estava investigando os casos.

– Algo sobrenatural deve ter afogado essas pessoas – ele disse – Nenhuma pessoa normal se afogaria na pia. Todos os afogamentos aconteceram na mesma região, o que me faz pensar que alguma coisa quer se vingar das pessoas.

– Algo como um espírito?

– Pode ser. Não posso afirmar nada sem antes investigar. – ele me olhou – Você está bem? Está um pouco pálida.

– Sim, estou bem, um pouco assustada...

– Foi sua primeira caçada?

– Não sei bem se foi uma caçada... mas foi assustador do mesmo jeito. Na verdade, minha primeira caçada foi um lobisomem.

Contei a ele sobre a noite em que quase fora morta pelo lobisomem e acabara sendo salva por Killian. Conversamos por um tempo até que parei pra prestar atenção à música que tocava no rádio.

– Que banda é esta? – perguntei. Devia ser das antigas, já que nunca escutara aquelas músicas.

– É sério? – ele me olhou com uma sobrancelha arqueada e fez cara de indignação – É só uma das melhores bandas que já existiu. Slipknot. Me surpreende nunca ter ouvido falar deles.

Abri a boca pra perguntar o que acontecera à banda, mas nesse momento notei a frase ‘Til We Die tatuada em seu pulso.

– Essa tatuagem, Killian também tem uma. O que significa? – indaguei.

Graham passou um dedo pelo próprio pulso e então sorriu.

– Um símbolo de nossa amizade – disse – Tem muitos significados, na verdade. ‘Til We Die foram as últimas palavras da Milah para o Killian. Há uma música do Slipknot com esse nome. Nossa música. Milah dizia que a música era o símbolo perfeito pra nossa amizade. Depois que ela morreu, todos nós tatuamos a frase no pulso. Serve como um lembrete de que nunca vamos desistir e de que estaremos juntos até a morte.

Como uma ilustração do que Graham acabara de dizer, a música ‘Til We Die começou a tocar no rádio. Era sobre a amizade entre os membros da banda, mas servira muito bem como um símbolo da amizade entre aqueles caçadores. Graham cantarolava e eu prestava atenção aos versos. Começava com: My friends are all hurting (Meus amigos estão todos feridos)/From moments and regrets (Por momentos e arrependimentos). Isso me lembrava algo que Mary Margaret dissera. Todos que entravam naquela vida o faziam por ter visto uma pessoa morrer. Todos eles estavam feridos por dentro e salvavam outras pessoas como uma forma de compensar as vidas que não puderam salvar.

A segunda estrofe dizia: We go on together for better or worse (Nós permanecemos juntos na melhor ou na pior)/ Our history is too real to hate (Nossa história é muito real para se odiar)/ Now and forever, we stay until morning (Agora e sempre, ficaremos até amanhã)/ And promise to fight for our fates (E prometemos lutar pelo nosso destino)/ ‘Til We Die (Até morrermos). Como Graham dissera, aquilo era um lembrete de que estariam juntos até a morte. Milah já se fora, mas nem por isso fora esquecida. A amizade que eles tinham perduraria até depois da morte.

I've never stopped feeling (Eu nunca parei de sentir)/ Like family is much more than blood (Como se família fosse muito mais do que sangue). Fora o que Killian me dissera mais cedo. Ele encontrara uma família naquelas pessoas, apesar de não serem do mesmo sangue. The piece that I represent complements (A peça que eu represento complementa)/ Each and everyone (Todos e cada um). Unidos eles eram mais fortes. Cada um deles exercia um papel importante naquele grupo. Depois que Milah morreu um grande vazio se estabeleceu entre eles. Não era a mesma coisa. Graham disse que se sentia incompleto, como se uma parte tivesse sido arrancada dele. Eu me sentia assim em relação ao Peter.

Killian saiu do banheiro e parou ao ouvir a música. Eu imaginava o efeito que aquela música devia ter nele. Ele não demonstrou emoções, no entanto, apenas enxugou os cabelos com a toalha, deixando-os mais bagunçados do que de costume.

– Você está bem? – perguntou, olhando pra mim.

Sério? Fora ele quem violara uma cova e queimara os ossos da própria mãe. Eu devia fazer aquela pergunta a ele e não ao contrário.

– Sim, estou bem. E você?

Ele deu de ombros e largou a toalha a um canto. Talvez não quisesse se sentir vulnerável perto de Graham e por isso fingia indiferença. Fui até ele e o puxei para um canto.

– Killian... eu só quero que saiba... você pode conversar comigo sempre que quiser. Eu te entendo.

– Obrigado – ele sorriu, depois olhou na direção de Graham, que voltara a se deitar no sofá – Eu vi vocês dois juntos. Só pra você saber: Graham é comprometido.

– Estávamos apenas conversando – revirei os olhos. Ele achava que eu ia dar em cima de qualquer cara bonitão que aparecesse no meu caminho? É, bem que eu poderia fazer isso, mas não sou dessas.

– É claro que estavam – Killian se afastou e andou até a geladeira.

– Está com ciúmes? – ri e ele se virou pra me olhar.

– É claro que não – sua expressão era divertida - Sou seu patrão, nada mais.

Não sabia por que, mas não o levara a sério.


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Beijos e até a próxima



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