O Simbolo Proibido escrita por Eric Valdez


Capítulo 1
O Simbolo Proibido


Notas iniciais do capítulo

Bom Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525511/chapter/1

Era por volta das 7:00 quando Noah acordou com o celular tocando freneticamente. Ele o pegou para atender segundos antes dele parar de tocar, no exato momento em que ele leu 'número desconhecido' na tela. O garoto franziu as sobrancelhas, confuso. Entrou nos registros para ver o número do anônimo que tinha ligado para ele. Ao ver o número o garoto se ajeitou na cama para ver melhor. A cada instante os dígitos mudavam na dela, se transformando em símbolos estranhos e voltavam a ser um conjunto de números aleatórios. Então a tela começou a 'chuviscar' e uma mensagem apareceu:

"Se prepare"

Noah largou o celular na cama ainda meio confuso e foi em direção ao banheiro, passando pelo tapete sujo de salgadinho com os fios do vídeo game enrolados uns nos outros. Provavelmente havia dormido enquanto jogava e seu pai o levou para cama.

Enquanto escovava os dentes, ele observou sua aparência. Cabelos negros encaracolados, olhos azuis piscina, sardas, rosto com maxilar bem marcado e queixo quadrado o definia. Ele tinha quatorze anos e a barba rala e fina ao longo do maxilar coçava bastante. Quando terminou sua higiene matinal, Noah voltou para o quarto pegando o celular e caminhou até a cozinha tomar seu café da manhã. Enquanto descia as escadas ele caçava no telefone o número de Pedro, seu amigo argentino que morava no Brasil. Os dois iam assistir a abertura da Copa do mundo de 2014 no bar de um amigo dos pais, onde para eles ia ser tudo por conta da casa. O jogo seria Brasil contra Croácia e depois teria uma pequena comemoração se o Brasil ganhasse. Algo bem brasileiro: muita música num pandeiro e cavaquinho com o bom e velho samba. Pedro, apesar de morar à 3 anos em Campo Grande, ainda sambava como Gringo. Muito diferente de Noah, que apesar do nome americano, nasceu como um perfeito brasileiro: amante do futebol e com o 'samba no pé'.

Ao descer tudo ele tinha terminado de mandar a mensagem para o amigo. Às três da tarde, como combinado, os dois e seus pais estavam no bar. O local era bem bonito e organizado, maior parte em madeira com iluminação num tom amarelado. Noah foi vestindo sua camisa do Brasil com o número 10 e não demorou muito a encontrar Pedro e seu pai, os únicos vestidos com a camisa da seleção argentina. Enquanto os dois adultos conversam e bebiam cerveja, os dois garotos se sentaram mais perto da entrada do local e ficaram ouvindo o som tocar as músicas tema da Copa. Enquanto cantavam uma garota entrou no bar levando o olhar e a atenção de Noah com ela. A garota tinha os cabelos castanhos lisos e compridos, olhos cor de mel e leves sardas. Usava uma camisa larga da seleção e um short jeans que ia até metade da coxa. E, para fazer o garoto suspirar, ela ainda usava um all star branco de cano médio novos e limpos. Isso fez ele encarar a própria bermuda jeans comprida com a barra desfiada e os all star de cano médio vermelho e sujos.

— Tá esperando o que? — Pedro perguntou com sotaque que ele teimava em manter — Vai atrás dela antes que outro pegue.

— Ela é perfeita… — Noah murmurou com um sorriso idiota.

— Noah! — Pedro chamou o sacudindo — Vai lá…

— Tá… — ele levanta meio perdido e entra no bar com cara de bobo seguindo o cheiro delicioso da garota — Eu…. Eu vou… — O garoto tropeçou ao se aproximar dela, mas acabou se dando bem.

Pegou uma lata de coca cola de graça para ela, já que o dono do local viu que ele estava de paquera com a garota. O nome dela era Danyela, e não demorou muito para ela passar seu número do telefone para ele: 82138232 (n/A: lembre-se desse número, é importante). Noah logo voltou para perto de Pedro. O argentino era loiro dos olhos claros, o que fazia achar que era primo do moreno. Eles conversaram um pouco e logo Dany se sentou ao lado deles cumprimentando os garotos. Eles então foram assistir ao jogo. Pedro e Noah havia feito uma aposta: Se o Brasil ganhasse, Pedro teria que assistir todos os jogos vestindo a camisa da seleção brasileira e torcendo por ela. Se a Croácia ganhasse, seria Noah à vestir a camisa da Argentina e torcer por ela. No gol contra do Brasil, Pedro gritou pensando que ganharia a aposta:

— Argentina!

— Croácia, cara — disse Noah tentando disfarçar — Gol da Croácia…

Quando Brasil ganhou, Noah e Dany gritaram juntos e foram dançar quando o povo do bar começou a tocar no ritmo brasileiro. Dany também sambava muito e não demorou tanto para entender que Noah também tinha jeito, então começaram a dançar juntos. Ele com o jeito sedutor ao pegar na cintura dela e ela com aquele jeito difícil. E então por sentir algo o incomodando, como uma chama na nuca, Noah olhou para trás e viu o homem que o encarava. O velho senhor tinha uma barba ao longo do maxilar, bem aparada e cheia, num tom estranho de vermelho. Os olhos eram cor de cobre avermelhado. O homem se vestia de forma estranha, usava um sobre tudo com capuz e chapéu Fedora escuro. Por baixo um terno italiano bem passado e sapato social. Noah o encarou e todo o som do local pareceu ficar em baixo da agua.

Então o homem levou um anel até os lábios e sussurrou algo que apenas Noah ouviu. Era em uma língua estranha e chiada, que o lembrou os números do celular mais cedo. Mas o que mais o surpreendeu foi o fato de ter entendido. O homem disse ‘Pegue’. Nesse momento Noah viu o jeito que as pessoas pararam estranha e subitamente, se virando lentamente para encara-lo. Noah pega a mão de Dany e agarra Pedro pela camisa, dizendo:

— Corre! — ele puxa os amigos para a rua.

Os três correram pela longa quadra com os mortos vivos logo atrás. Em uma das ruas que viraram, uma mulher apareceu na frente de uma loja de velharia e os chamou para dentro. Por instinto Noah entrou com Dany e Pedro na loja. A estranha mulher parecia ter no máximo 21 anos, com os olhos bem verdes e a pele pálida. Usava vestido preto e botas de couro, no pulso uma pulseira que era conectada aos anéis, fazendo uma mão esquelética muito realista ficar por cima da mão verdadeira. Ela fez um arco curvado na sua frente e a porta brilhou com algo transparente em volta. Uma espécie de campo de força invisível e magico.

— O que... — Noah tentou — O que está acontecendo?!

— Aquele maldito Rancony... — a mulher murmurou, em tom nervoso — Ativou o símbolo de Haon... Vai vir atrás de você, Noah... Precisamos abrir o selo para ele não te achar...

— Como... — o garoto ficou confuso. — Como sabe meu nome? Que símbolo? Quem é Rancony?

— Rancony é o cara que está atrás de você... Você não sabe de nada? Não se lembra de mim? É, o feitiço deu mais certo do que pensei... — Ela se aproximou dele e segurou seu rosto, logo depois colando a testa dos dois.

Tudo na mente de Noah passou muito rápido, cenas dele criança e recém-nascido naquele mesmo lugar. Seu pai o carregava nos braços, anos mais novo; no máximo 22. O homem chorava e dizia olhando para misteriosa mulher com ele no colo, gritava dizendo: “O trato não era esse, não era! Eles prometeram, prometeram que não ia ter problema para ele!”. Cenas também que um símbolo em chamasqueimava sua nuca, sua mãe chorando e o porquê de ter medo de espelhos. Aos três anos ele brincava no espelho quando uma cópia sombria dele refletiu no espelho e disse que o mataria. Desde então Noah nunca passa mais de quinze segundos se encarando no espelho.

A mulher separou as testas dos dois e encarou os olhos azuis do garoto. Eles se encararam e ela tocou a nuca dele, Noah sentiu a ardência de um corte recém aberto percorrer por todo seu corpo. Ele se afasta e a mulher mostra o dedo sujo de sangue.

— Está aberto — ela disse — Vamos ter que terminar de abrir ou você será perseguido e morto... se não morrer de dor por esse selo.

— Me explique isso primeiro! — ele pediu recuando mais ainda e trombando em Pedro que o segura.

A mais velha se sentou numa cadeira de canto e deu um longo e pesado suspiro antes de começar:

“A muito tempo, um mago poderoso chamado Davi criou um símbolo ao seu poder, o pentagrama não é um símbolo religioso, mas sim um símbolo magico. O pentagrama invertido já é símbolo da magia negra, o inverso do bem. Criado por Haon a anos atrás, quanto esse quis ser aprendiz de Davi e foi rejeitado pelo maior que tinha consciência de suas intenções impuras. O garoto se tornou um perfeito mago das trevas e reergueu o mundo das sombras ativando o símbolo proibido. Seu pai era um dos magos e queria te proteger de tudo isso... mas não se muda o destino.” Foi o que ela disse. Pelo o que Noah entendeu, ele tinha reerguido tudo no dia da abertura da copa. “Ou seja, hoje” pensou ele suspirando.

— Então eu sou parte de Haon... — ele murmurou.

— Você é e não é Haon — disse a mulher — Do mesmo modo que ele é e não é Noah. São só o reflexo de um só... ele é a essência do perfeito mago... você é apenas o recipiente onde a essência deve ser presa...

— Me sinto tão especial... — ele murmurou.

— Então quer dizer que temos que prender o cara dentro do Noah? — disse Pedro confuso.

— Temos que deixar os dois juntos... guardar o veneno dentro do pote seguro e apropriado que conterá a morte dentro de sí sem rachar ou dar espaço para ele sair e pingar no nosso tão amado mundinho perdido — Danyela disse, rindo com um humor negro.

— É uma maga? — a mulher pergunta.

— Precisamos mesmo dessa pergunta? — a garota encara a mais velha — Fui mandada para proteger ele — ela acenou a cabeça em direção a Noah — Não acredito que tenho uma queda por um cara morto... — murmurou a garota, mas todos ouvem.

— Ele não é um cara morto, okay? — Pedro briga, em defesa do amigo.

— Todos — ela disse — Todos esperam que ele vire o conteúdo do veneno. Ele já tá morto, Argentino. Aceite.

— Eu estou ouvindo isso, viu — lembrou Noah a eles se mexendo um pouco. — Tá afim de mim? — ele pergunta para Dany.

— Ah, francamente... precisamos mesmo dessa pergunta? — ela diz com um sorriso mínimo.

Noah sorriu bobamente, ela era mais incrível do que ele acreditava que seria possível. Mas então se lembrou que tinha que abrir o maldito selo em sua nuca. Os próximos minutos foram rápidos e cheios de coisa para fazer. Num minuto ele era levado ao porão e no outro entrava só de cueca num tanque de água feito de vidro. Por sorte ele se sentia muito bem na água, cruzou os braços sobe o peito e com os pés se manteve no fundo. Em volta dele, a mulher; que agora eles sabiam o nome: Nayla; e Dany recitavam um feitiço. Noah sentiu a nuca pegar fogo, mas a agua fria fazia ser apenas uma sensação estranha que o fazia sentir vontade de rir. Mas ele não podia, estava em baixo da água, todo o ar dos pulmões precisava ficar lá. Então ele apenas sorriu, mas uma pontada pareceu estar conectada a todo sistema nervoso dele. O garoto levantou no pulo agarrando a nuca, como estava de olhos fechados não viu o tanto de sangue que sujava a agua, se misturando aos poucos.

Dany observou atentamente o símbolo da nuca dele. Era o pentagrama invertido com um normal dentro, envolto de um círculo com letras estranhas que sumiram junto com o símbolo menor, restando apenas o símbolo de Haon. Era o símbolo proibido.

— Você está bem? — ela pergunta.

— Como se estivesse menstruando pela nuca, mas bem... — ele respondeu sorrindo, ela riu. Uma risada gostosa de ser ouvida.

Depois de seco e vestido ele, o amigo e talvez uma futura namorada pararam em frente a senhora. Ela entregou a cada um deles um artefato magico. Para Noah um punhal de prata longo e afiado. Para Pedro, uma lanterna. E para Dany, um bracelete-relógio. Provavelmente era magico, pois a garota ficou boquiaberta com ele em mãos. Depois disso eles resolveram sair da loja e tentar encontrar Rancony, mas, infelizmente, ele foi mais rápido. Já estava os esperando em frente à loja de velharia e os capturou, deixando Noah e os dois amigos desacordado com um feitiço.

——————————————————————————————————————————

Noah acorda sem camisa e acorrentado, em frente a um espelho enorme e Rancony com o anel perto dos lábios. No chão estava um enorme pentagrama desenhado com gasolina. Ele estava bem no centro com os braços presos ao teto e os pés ao chão. Rancony ergueu a mão e o pentagrama se incendiou, fazendo o menor se encolher com a temperatura alta. O homem se aproximou por trás e puxou os cabelos dele, deixando com a cabeça reta e falou palavras na língua estranha, mas Noah estava com dor de mais para entender.

Foi ai que aconteceu: o reflexo de Noah se mexeu, saindo do espelho sem as correntes e vestido como um perfeito soberano do mal. Sobretudo de pele de animal, joias, coturnos, o medalhão do símbolo proibido num cordão preso ao pescoço... Haon pegou o anel na mão de seu servo e colocou no próprio dedo, logo a seguir erguendo o dedo e dizendo:

— Fez um bom trabalho... Agora queime no inferno! — e o servo explodiu em chamas esverdeadas.

O fogo do pentagrama havia apagado e o próprio Haon levou Noah para um dos quartos de limpeza do prédio abandonado onde estavam. O moreno ergueu os olhos e viu Dany e Pedro. Ela o abraçou apertado, beijando o rosto dele e murmurando um ‘você é tão idiota...’. Pedro apenas estendeu para ele a camisa da seleção brasileira e encarou o amigo triste. Noah estava abatido, derrotado. Isso afetava o argentino, acostumado ao vê-lo sorrindo e orgulhoso. Mas lá estava ele, caído no canto do quartinho com o punhal preso a cintura.

O bracelete de Dany brilhava no escuro, os dois já sabia que o poder magico daquilo era voltar no tempo. Mas só quando quem o possuía estava realmente desesperado com o que podia acontecer. Não era o caso, já que lá estava Noah, vivo e inteiro.

— Já era... — Ele disse — Haon está ativando o símbolo aqui, abrindo o portal.... Tudo está perdido... Perdemos a luta...

— Não — disse Pedro, então encarando o amigo de perto — Não perdemos. Você, justo você, está desistindo? Você que canta a frase “Verás que um filho teu não foge à luta” com o peito estufado?

— O que? — Noah pergunta, completamente perdido.

“Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta. Nem teme, quem te adora, a própria morte.” — Cantou Pedro com um português perfeito. — Vamos, você está com a camisa, está com a pátria amada ai com você. Levanta e mostra para Haon como é no Brasil!

Noah sentiu uma coragem e determinação que não sabia que tinha. Se levantou estufando o peito e foi em direção a porta de ferro, estilo prisão graças a magia de Haon. Um cadeado os prendia dentro do maldito quarto. Era obvio que estaria enfeitiçado, então Noah o quebrou com o punhal e encarou o amigo.

“Verás que um filho teu não foge à luta” — Ele repetiu, sorrindo orgulhoso. Pronto para sair quando Dany o agarrou pelos ombros e o beijou.

— Não morra. — ela sussurra.

— Por... por que? — ele pergunta sentindo o rosto esquentar.

— Achei que não precisássemos mais dessa pergunta.... — os dois sorriram.

— Ahn — diz Pedro antes de tosar forçadamente — Temos um mundo para salvar, só para lembrar...

— Ah, é... vamos — Noah diz puxando Dany pela mão.

Os três caminharam correndo para a cobertura, onde Haon terminava de desenhar o símbolo proibido e coloca o medalhão sobre o livro do altar do centro. Tochas estavam presas as pontas do pentagrama. Ele estava com um cajado em mãos de costas para a escada de onde Noah surgiu devagar. Lá embaixo milhões de pessoas enfeitiçadas esperavam ansiosamente para ver o símbolo proibido brilhar no céu e pinta-lo de vermelho sangue. Mas antes dele dizer o encantamento, Noah gritou:

— Heey! — ele se aproximou com o punhal em mãos, pronto para acertar Haon.

Mas ele avançou com a ponta do cajado contra o peito de Noah. Dany gritou um “NAAAO!!” e o moreno só pode ver o clarão pelo canto dos olhos antes de acordar em sua cama no pulo.

Tinha sido apenas um sonho, ele pensou. Encarou a cama e viu no chão do quarto o tapete ainda sujo de salgadinhos e os fios do vídeo game enrolados neles mesmo. “Salgadinhos, vídeo game’s e excesso de doce até tarde da noite nunca mais...”, ele pensou.Havia tido o sonho mais doido da sua vida. Pegou o celular e olhou a hora. 6:58. Deixou o aparelho ali mesmo e correu para a cozinha dar oi para os pais, mas assim que chegou no fim da escada o aparelho vibra com a mensagem estranha.

Mas ela não fica muito tempo na dela, logo é substituída por outra que dizia:

“Boa Sorte, Noah”

Essa tinha um número comum: 82138232.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Simbolo Proibido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.