A voz do silêncio escrita por Juh Viana


Capítulo 7
Capitulo 8




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Disse que iria para a despedida de um professor então meu pai concordou em me levar. Sinto-me estranha por não estar acompanhada de Larissa e Ana, já que só saio com elas. Não estou indo só por causa de Arthur, eu realmente gosto do professor Tomas.

O Big Club é uma casa de boliche, como nunca fui a uma não sei o que esperar. Talvez seja uma casa cheia de homens, ou talvez não já que meu pai concordou em me levar.

Ao chegarmos meu pai se despede de mim com um beijo na testa. Ele coloca um pequeno bolaço de dinheiro em minha mão.

– Tome cuidado. Mande-me uma mensagem quando acabar.

– Ok. Tchau – respondo.

Locomovo-me para a porta do Big Club. Há listras roxas em neon nas paredes do corredor. Ao entrar vejo tanto homens como mulheres. Alguns comemorando acertos outros sentados ao redor de mesas conversando, e em uma delas encontro Arthur e professor Tomas. Pensei que Arthur convidaria outras pessoas, mas pelo visto a despedida será só nós três.

– Pensei que não vinha mais – comenta Professor Tomas.

– Acho que você acertou na roupa – diz Arthur.

– Obrigada – digo olhando para minha blusa comprida preta que vai até minhas coxas e meu jeans – acho que você também.

– Que nada vesti a primeira coisa que encontrei sorte de vocês essa coisa não ter sido meu pijama – responde Arthur o que nos faz rir.

Comemos alguns petiscos e o professor Tomas nos convida para jogar.

– Vamos Laila – diz Arthur.

– Não sei jogar – digo com os dentes cerrados.

– Não tem problema eu te ensino, vem – insiste ele esbanjando um sorriso gracioso nos rosto.

E eu aceito.

Ele pega uma bola azul e indica para eu fazer o mesmo. Quando carrego a bola horrivelmente pesada ele aponta para onde devo colocar os dedos. E me mostra como devo posicionar meus pés. Mas primeiramente ele pede para observa-lo jogar.

Arthur dirige-se para uma pista. Ele levanta a bola em direção à costa na altura da cintura, dá uma corridinha e solta a bola que desliza numa velocidade impressionante em direção aos pinos. Na tela acima do buraco por onde a bola entrou aparece o numero total de pinos que ele acertou. Sete. Ele comemora com um pulinho estranho.

– Sua vez – diz ele apontando para a pista.

Enxugo minha mão suada na camisa. Introduzo meu polegar no buraco maior e o médio e anelar nos outros dois. Repito os mesmos movimentos que observei Arthur fazer. Ele se aproxima de mim e toca minha cintura e minhas pernas, colocando-as na posição correta. Seu toque delicado me faz arrastar asas.

Após uma respiração profunda dou uma corridinha olhando atentamente os pinos solto a bola. Que vai torta até o buraco. Na tela acima aparece o numero total de pinos que acertei. Um.

Inicialmente fico triste por minha jogada tão horrível. Porém Arthur e Tomas vem correndo em minha direção. Eles carregam-me fazendo ficar envergonhada. Mas durante aquele momento gracioso sinto a mais pura felicidade encher meu coração e percorrer meu corpo todo. Sinto que estou onde deveria estar.

●●

Depois de muitas jogadas meu maior numero de acertos foi três pinos. Arthur diz que fui ótima para uma novata. Dirigimo-nos até a saída.

– Obrigado, essa foi a melhor despedida que tive ainda bem que viemos aqui, Arthur sabe que odeio festas.

– Nunca vou me esquecer da ultima festa que fiz pra você – comenta Arthur.

– E o que teve de tão especial nessa festa? – pergunto curiosa.

Arthur respira um pouco de sua decepção e solta um sorriso sem graça.

– É melhor esquecermos esse dia – diz Professor Tomas – tenho que ir. Tchau. Nos vemos por ai Arthur e cuide de minha aluna preferida.

– Pode deixar. Vou cuidar.

O Professor Tomas se afasta e entra em seu Mini Cooper.

– Então quer uma carona? – pergunta Arthur.

– Não meu pai vem me buscar, vou mandar uma mensagem para ele agora.

– Não precisa deixa que eu te levo – insiste Arthur.

Olho em direção à estrada pensativa. Será que deveria ir com ele? Meu coração diz que sim, mas minha consciência aponta para outro lado.

– Vamos logo está ficando tarde, você não vai querer esperar seu pai aqui sozinha.

– Ok. Vamos logo então. Vou avisar ele.

Entro no carro. A viagem é silenciosa. Apesar de já ter estado no carro com Arthur a sensação agora é diferente, não há Ana nem Larissa, somente eu e Arthur.

Observo sua expressão atenta no trânsito. Ele é diferente dos outros garotos. Não consigo imagina-lo fazendo algum mal contra mim ou contra qualquer outra pessoa. Larissa estava enganada sobre o tipo de pessoa que é Arthur. Sinto que em fim posso confiar nele.

Quando chegamos não sinto a mínima vontade de sair do carro. Mas a única coisa que penso em dizer é:

– Obrigada pela carona.

– Que nada. Quando precisar desse carrinho está a sua disposição – diz ele ironicamente.

– Até quando vai ficar aqui?

– Até o professor Tomas voltar de viagem, então provavelmente voltarei para minha cidade.

– Então tomara que ele não volte – digo automaticamente.

Quero poder voltar no tempo e pegar de volta esses sinais que saíram da minha mão, mas é tarde demais.

– Eu também não queria que ele voltasse.

Sorrio aliviada por minha indiscrição não ter sido percebida. Mas uma dúvida percorre minha mente: Por que Arthur disse isso? Sinto a necessidade de perguntar.

– Por quê?

– Porque assim poderíamos sair mais vezes e eu poderia te ensinar alguns truques do boliche.

– Ah entendi. È verdade. Preciso aprenda mais. Obrigada por ter me ensinado você é sempre um ótimo professor.

– E você uma ótima aluna – diz ele olhando atentamente para meus olhos. Tento segurar o olhar, mas Arthur é persistente e acabo desviando meu rosto. Começo a rir e Arthur faz o mesmo.

– Então é isso. Já vou.

– Espere ai – pede ele.

Ele sai do carro e vem do outro lado abrir a porta para mim. Olho para ele achando um pouco graça.

– Que foi? Sou um homem de respeito – diz ele – por isso acho melhor entrega-la diretamente para seus pais, para que eles não pensem que sou um estranho qualquer.

Esse último comentário me faz soltar uma gargalhada estranha.

– Tudo bem então.

Bato a porta que se encontra fechada. Meu pai aparece primeiro seguido de minha mãe. Percebo uma expressão de raiva em seu rosto, olho para o relógio e entendo o motivo. Mas quando ele vê Arthur sua expressão muda de raiva par estranheza.

– Pai, mãe esse aqui é Arthur.

– Prazer meu nome é Robert.

– Meu nome é Kell sou mãe de Laila.

– Prazer. Sou o novo professor substituto - diz Arthur - vim trazer Laila até em casa, pois já está tarde. Obrigado por tê-la deixado ir.

– Que nada. Nós que agradecemos por traze-la – diz meu pai.

– Você que é o novo Professor? – comenta minha mãe surpresa - você parece tão novo! Quantos anos têm?

– Mãe! – digo envergonhada.

– Tudo bem. Tenho 21.

– Poxa, você é bem novo – diz minha mãe.

– É que comecei a estudar cedo.

– Estou curiosa agora. Você é surdo ou ouvinte?

Coloco a mão na cabeça devido a indiscrição de minha mãe, acho que ela seria uma melhor advogada do que psicóloga.

– Sou ouvinte.

– Que legal! Parabéns então – elogia minha mãe.

– Obrigado.

– Foi um prazer Arthur, quando quiser vir nossa casa vai estar de portas abertas – diz meu pai.

– Muito obrigado, foi um prazer conhece-los. Obrigado Laila pela boa companhia.

Fico sorrindo enquanto observo ele ir embora. Vou até o pátio e aceno para Arthur até ele ir sumir na escuridão das arvores que acompanham a rua.

– Se está gostando dele, eu apoio totalmente. Ele parece ser um ótimo rapaz – diz minha mãe.

– Mãe! Não estou gostando dele.

– Então tire esse sorriso apaixonado do rosto, se não todos vão pensar que está gostando.

– Está tão nítido assim?

Ela acena em confirmação com a cabeça.

– Mas ele nunca vai gostar de mim.

– Eu acho que você está errada. Acho que ele já gosta de você.

– Como você sabe?

– Já me apaixonei assim um dia sei como é.

– E o que você acha disso?

– Bem não tenho nada contra ele, mas tome cuidado, a paixão pode tomar caminhos escuros. Vá com calma, conheça-o antes de tomar uma decisão errada. Isso pode te poupar de muito sofrimento. Tudo bem?

– Tudo bem, mãe.


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