Por Trás do Atlas escrita por Rob Sugar


Capítulo 1
Capítulo 1




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-E, é claro, Atlas ZC é listado como o último dos dezesseis times a entrar no ZWC. – o comentarista esportivo Holand Derek finalizou a reportagem – Pra você uma boa noite, e até segunda-feira.

A festa no clube é intensa. Todos os jogadores e os reservas sabiam que estavam dentro, mas ouvir de alguém na TV é algo muito importante. Tão importante quanto é decepcionante ouvir na TV que está desclassificado.

O técnico Bruta acalmou os ânimos dos jogadores e começou um discurso furado sobre como deviam treinar mais que nunca. Sweeney contou uma piada envolvendo os bigodes brancos e vigorosos do técnico, o que desferiu uma onda de risadas na concentração.

-Podemos ser os melhores ou os piores, mas isso não nos isenta de um treino pesado. – Bruta proclamou. Sempre um homem decidido, sabendo o que queria, e raras vezes não teve o que desejava. O Atlas era, como ele mesmo vivia dizendo, “seu projeto do qual tinha muito orgulho” – Vamos passar todos os dois meses nos preparando para isso. Vamos ganhar!

Com o grito do técnico, os jogadores enlouqueceram. Os reservas abraçavam o capitão, Reus, com muita alegria. Todos pareciam mais que dispostos de começar o período de treino. Seriam dois meses que durariam a passar.

Na primeira semana, os treinos e exames médicos eram, no máximo, suportáveis. As regras básicas do Zythbol eram muito simples. Os times eram compostos de quatro jogadores, um protetor, dois d’avanços e um marcador. Não existia isso de feminino ou masculino, todos podem jogar num mesmo time, desde que estejam cientes do risco de sofrer ferimentos.

Os d’avanços são responsáveis por tocar o jogo para frente. Arremessar o zyth um para o outro, ou para o marcador. Outra de suas obrigações é que eles precisam receber o disco zyth do protetor e passar para outro jogador rápido.

O protetor defendia o “sótão”, sendo uma das posições mais importantes em todo o jogo. O sótão era onde os jogadores marcavam os pontos. Tinha uma estética piramidal, com uma rede por trás, para evitar o zyth de ir muito longe.

O marcador era, segundo alguns especialistas, a função mais importante do zythbol. Era o único jogador com o poder de marcar pontos. Se qualquer outro jogador acertasse o zyth no sótão, o ponto seria anulado e seria dada réplica para a equipe adversária (algo como o pênalti do futebol).

Emboaba e McPlum eram os dois d’avanços principais do Atlas, e com muito orgulho. McPlum era o charme do time. Seus cabelos cacheados lhe renderam, na infância, o apelido de “palha de curumim”, mas não se deixou abalar e transformou o bullying em sua terceira paixão: a comédia. Emboaba, por sua vez, tinha os cabelos curtos negros sempre atados à cabeça. Era o menor jogador que se tinha notícia em toda a história, seus 1m e 64 cm às vezes o prejudicavam no jogo, mas ele tinha muita energia para pular.

Ari era a protetora tradicional da maioria dos jogos do Atlas. Seus cabelos louros longos, olhos castanhos como o mais belo bronze, sorriso encantador e pose graciosa, atraíam vários pretendentes e admiradores. Ela não se importava de ser cantada, até achava graça. Tinha seu empresário, mas preferia cuidar de todas as suas próprias contas na internet. Queria que os torcedores conversassem com a Ari de verdade, não uma agência de publicidade.

A peça faltante deste time era o marcador. O capitão, Reus, era também o marcador. Muita responsabilidade? Talvez, mas ninguém nunca o ouvira reclamar. Diferentemente de alguns jogadores de seu próprio time, ele não era o maior fã da gandaia. Adorava liderar, e conhecia os segredos mais íntimos de todos os seus colegas, mas era reservado para consigo mesmo. Nem por isso negava uma conversa a um amigo necessitado.

O Atlas contava com mais oito reservas (dois para cada posição): Alex, Bröy, Danny e Ollie eram os reservas para caso algum dos d’avanço sofresse algo muito sério. Já a protetora Ari, poderia ser substituída por Sweeney ou Lars, uma moça, e um rapaz, respectivamente. O capitão, fingindo ar marrento jurava:

-Só saio para um desses aqui entrar. – e apontava para Bastian e Nero. Realmente, os dois eram aptos o bastante para assumir o posto de marcador.

Bastian tinha sido vendido para o Atlas por um clube espanhol. Tomando sua venda como um insulto, treinou mais do que todos os outros jogadores e, após uma fratura na canela de Reus, marcou três pontos, virando o jogo, contra seu antigo time. O placar final do jogo foi 4x2, garantindo uma vaga nas semifinais para o Atlas.

Os treinos se seguiram pelos dois meses, cansando todos os jogadores e reservas do clube. No fundo sabiam que aquilo era o melhor para fazer se quisessem ganhar. Reus motivava seus liderados e eles ouviam cada palavra no dia de seu primeiro jogo no campeonato.

Aquele era o último jogo da primeira fase, entretanto. Como foi convocado de surpresa, o Atlas foi posto para jogar contra o Diaspro, o décimo quinto eleito. No oitavo dia de competição. Já sabiam todos os que haviam passado para as oitavas de final, a tal segunda fase do campeonato.

-Reservas, estejam atentos. – Reus disse apontando para cada um – Podemos precisar muito de vocês na hora de testemunhar e, principalmente, de assumir nossos lugares. McPlum, Emboaba, o de sempre. – ele disse e piscou para os camisas 3 e 12 – Ari, sempre focando na esquerda, confere?

-Confere, capitão! – Ari gritou em concordância.

Os jogadores entraram no campo fechado. A arquibancada lotada estava majoritariamente em azul, a cor primária do Atlas. Via-se alguns pontinhos brancos dos fãs do Diaspro por lugares seletos do estádio.

O Atlas mostrava sua marca registrada: um sorriso falso e cabeça erguida. Alguns torcedores de cima do muro davam opiniões sobre como esse método de marketing era ruim. Preferiam o método do Diaspro, sempre com um sorriso aberto e rindo para as câmeras, mas contavam com seu carisma para conquistar as poucas e suadas vitórias da carreira.

Os jogadores dos dois clubes deram apertos de mão e seguiram para suas posições no pequeno campo. A moeda foi jogada.

No primeiro lance, de vinte minutos, Diaspro começaria com o zyth em caso de faltas, pontos e algo mais que fizesse a partida interromper-se. O Atlas faria o mesmo no segundo lance, também de vinte minutos.

McPlum se posicionava a alguns metros de Emboaba. Enquanto esperava o juiz apitar o início do primeiro lance, McPlum rondou a arquibancada com os olhos e encontrou um jovem com uma camisa igual à dele. Encarou o rapaz por um tempo, e o rapaz retribuiu seu olhar com um sorriso quente. Articulou “Boa sorte!” com a boca.

McPlum sorriu e, ao apitar do juiz, correu até o d’avanço do Diaspro.


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Notas finais do capítulo

obrigado se aguentou ler até aqui :D



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