Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 3
Rompimentos e Videoclipes


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews ontem :) Você são incríveis.
(Notas Finais, por favor, é meio importante)



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Havíamos perdido o ponto em que iríamos descer, em frente à minha casa. Trish havia adormecido, e nós não conseguimos acordá-la a tempo suficiente de ir para trás e descer do ônibus.

–Austin... – Trish me chamou, puxando a manga do meu uniforme. – O próximo ponto não é muito longe da sua casa, é? – seu tom de voz era culposo.

–Não se preocupe, Trish, você não fez nada de errado. – tentei dizer suavemente. – E não, não é tão longe.

Ela murmurou algo incompreensível, que eu resolvi deixar quieto. Poderia ser tanto um ataque de raiva quanto uma declaração de amor à nossa amizade. Eu não estava a fim de nenhum dos dois naquele momento.

Dez e eu não estávamos conversando há vários minutos; não havia assunto. Ele parecia ansioso, nervoso, e notei que a sua antiga câmera de vídeo pendia do pescoço. Tivemos bons momentos com aquela câmera, gravando vídeos zoados.

–Austin! Olha! – Trish virou o meu rosto para a janela, para que eu visse o que ela estava apontando. Era uma multidão gigante, e havia um palco, onde várias pessoas tentavam subir, os braços esticados para que os que estavam em cima tocassem... Uma banda. – Eles são tão famosos! Me admira que estejam fazendo um show aqui, gratuito.

–Como você sabe que é gratuito? – pergunto, mas Trish só me olha com uma cara de você é muito mais idiota do que eu pensei e se vira novamente para continuar vendo a banda. – Um dia serei tão famoso quanto eles... – murmuro para mim mesmo. Ser famoso, cantar na frente de uma multidão de pessoas, tocar em um estádio lotado, ser amado e amar...

O ônibus para, e vemos que o ponto está próximo. Cutuco Trish para que ela saia de seu transe, um tanto pesaroso, porque aquelas caras pareciam mesmo mandar bem, e qualquer coisa que prende a atenção da Trish por mais de cinco segundos é incrível.

Ela me encarou, depois deu uma última olhada para a banda e se levantou, segurando nas barras com firmeza. Também me levantei e deixei-a ir primeiro, enquanto chamava Dez para que saíssemos.

–Cara, você não sabe o quão bom A Galinha Pintadinha é. – comenta ele, satisfeito por ter conseguido ouvir várias músicas do novo CD da Galinha. – Decorei as últimas músicas que faltavam. Não vejo a hora de cantar para a minha sobrinha.

–Ela vai gostar bastante. – digo. Dez parece entrosado e calmo, significando que ele estava feliz. E era incrível vê-lo feliz; não porque fosse raro, mas porque eu gostava de vê-lo assim.

As portas do ônibus se abriram, e Trish postou-se atrás de nós dois e nos empurrou para fora. Meus pés atingiram o chão e me desequilibrei, porém Dez me segurou pelo braço, evitando minha queda.

–Valeu.

–Hum, é melhor do que te matar.

–Eu não ia morrer se você tivesse me deixado cair.

–Tem razão; eu é que ia te matar.

Rimos até que Trish caminhou para longe. Eu a segui com Dez ao meu encalço, e entramos em um mini-shopping que servia de atalho se o atravessássemos. Estava cheio de coisas fúteis e caras, mas nenhum de nós reclamou de estar ali.

–Olha aquele vestido! – Trish exclamou, colocando o braço em nossa frente, nos impedindo de continuar a andar. Ela correu até a vitrine e ficou encarando o vestido com estampa de zebra. Dez me cutucou.

Eu sabia que Trish não iria aceitar se eu comprasse a ela, então fiz um sinal para que Dez a distraísse enquanto eu comprava. Iria dar-lhe na segunda, quando fosse Natal, na hora dos presentes em sua casa.

–Trish! – Dez gritou e correu até ela, pondo a mão em seu ombro. Eles conversaram alguns minutos, até que Trish olhou para mim e assentiu. Eles foram saindo, e esperei que sumissem de vista para entrar na loja.

Uma vendedora de aparentemente quarenta anos veio até mim tranquilamente, enquanto eu observava o vestido com atenção para ver se não havia nenhum rasgo ou defeito. A vendedora ficou parada ao meu lado, sorrindo, até que eu começasse a me sentir sem-graça.

–Ah, oi. – cumprimentei.

–Deseja levar este vestido, rapaz? Vou pegar outro no estoque, e você vê se não tem nenhum defeito de fábrica. – eu assenti e ela ficou ali por mais alguns segundos antes de tomar fôlego. – Ela é sua namorada? A garota para a qual vai comprar?

Vi a minha expressão surpreendida no espelho.

–Não; não, ela é a minha melhor amiga. Nós nos conhecemos desde o sétimo ano, então... – respondi. Ela sorriu parecendo compreensiva.

–Entendo, desculpe a pergunta. Vou buscá-lo. Qual o número?

Informei o número do vestido de Trish, e esperei que estivesse certo. Olhei para outros modelos na loja, e vi alguns que várias ex-namoradas adorariam, mas não fiz questão de observá-los mais de perto.

A vendedora voltou novamente com o vestido solto, analisei-o e depois o comprei. Eu mentiria se dissesse que Trish não estaria linda naquele. Não era tão caro, tampouco barato, mas o suficiente para que eu tivesse vontade de perguntar se ela gostaria de mais algum.

Saí da loja com a sacola e tentei procurar um meio de escondê-la. Se chegasse à rua e os encontrasse, Trish logo perceberia por conta do nome da loja. Não havia nenhum outro meio, então liguei para Dez e disse para irem para a minha casa bem rápido, enquanto eu tomaria outro caminho e chegaria logo depois deles. Pedi que levasse Trish para o quarto de hóspedes e que ficassem por lá, até que eu desse as caras e escondesse o presente.

Olhei para uma loja de fotografia, procurando algo para Dez. Vi uma câmera profissional. Aproximei-me da vitrine, olhando com atenção para as características da câmera. O vídeo parecia ser ótimo, além de ser Full HD, e acabei por comprá-la. O vendedor só pareceu se animar quando falei que iria levá-la, e mesmo assim seu humor não parecia ser dos melhores.

Coloquei a caixa da câmera dentro da sacola do vestido de Trish e joguei a sacola plástica fora. Comecei a correr um pouco para que nenhum dos dois desconfiasse, e não os vi quando saí.

A minha casa era perto, o que facilitou a caminhada. Seria muito melhor ter Trish e Dez ao meu lado, brincando, enquanto chegávamos, mas era satisfatório saber que os dois ganhariam algum presente.

Em vinte minutos, estava exausto e em casa. O portão se abriu automaticamente com a ajuda de Gabbe, no interior da casa, e entrei para dar de cara com gritos no andar superior.

Corri de dois em dois degraus e espiei para dentro do quarto de hóspedes. Dez não me notou na porta, muito menos Trish, e os dois pareciam estar travando uma discussão sobre picles.

Franzi a testa e senti meu estômago revirar; eu lembrava de alguém que gostava muito de picles. Afastei-a do pensamento e corri até o meu quarto, batendo a porta. Ouvi a discussão cessar e dar início a murmúrios, e escondi a sacola dentro do meu armário.

Fui até o outro quarto, e dei de cara com Dez e Trish próximos sussurrando um para o outro. Pigarreei e eles se viraram como se tivessem sido pegos no flagra.

–Austin! – Trish parecia aliviada. – Onde você estava?

–Hã, no shopping. Fui comprar algo para Brooke, você sabe. – era uma mentira, e me condenei por não ter pensado na possibilidade de conseguir um presente para Brooke naquela hora. – Olhem, eu vou terminar com ela depois do Natal.

Os dois engoliram em seco. Sabiam como era quando eu terminava com alguém. Eu me sentia miserável.

–Mesmo? – Trish murmurou. – O.k. Mas precisamos te mostrar algo. – ela olhou para Dez e logo após para os lados. – Agora.

–Certo. – respirei fundo e recuei, deixando-os com a passagem livre até o meu quarto. Eles entraram comigo atrás e fechei a porta. – Vão me explicar o motivo das atitudes sinistras?

–Tá. – Dez assentiu. Ele se sentou na minha cadeira e ligou o notebook. – Cara, você precisa mesmo comprar um notebook novo.

–Eu sei, tá meio velhinho, não é? – deitei na cama com os braços atrás da cabeça. Era a minha posição preferida quando estava apreensivo.

–Vai logo, Dez! – Trish o apressou. Parecia apavorada. Notei que seus olhos estavam meio marejados, e ela os limpou com as costas da mão discretamente.

–Pronto. Carregou. Austin, vem cá. – a voz dele estava embargada, e notei que ele lutava desesperadamente para não chorar. Senti pena dos dois.

Dez fez sinal de silêncio, e Trish não disse uma só palavra enquanto um vídeo rodava. Imediatamente lembrei de quando era aquela gravação. Dois anos atrás, quando... Quando eu e Ally ainda namorávamos.

Inicialmente minhas narinas queimaram, e eu me forcei para que minha visão não ficasse embaçada. Vários vídeos meus, cantando músicas que a Ally compunha para mim por diversão, passavam na tela do computador. Havia a música Double Take, que eu achava que, se fosse lançada na internet, seria uma música chiclete. Mas Ally tinha medo de palco, e não nos deixara postar, e eu concordara com ela.

You can come to me também estava lá. Era uma gravação de quando eu e Ally nos divertimos cantando para bichos de pelúcia. Era de longe um dos vídeos mais engraçados que havia ali.

Vídeos meus, de Dez, Trish e Ally também estavam ali, até mesmo com Kira. A saudade de Ally apertou cada vez mais, até que eu me senti sufocado quando o último vídeo, com total de dez minutos, mostrando os momentos mais divertidos entre nós quatro acabou.

O silêncio se estabilizou quando a tela ficou preta. Trish chorava compulsivamente e se apoiava em meu ombro, as lágrimas molhando a minha camisa, mas eu não me importava. Dez e eu trocávamos um aperto de mãos, e ele derramava algumas lágrimas também.

Eu não queria chorar. Queria gritar de dor por ter sido tão estúpido. Eu me lembrava daquele último telefonema, de como eu me senti péssimo, horrível, um monstro completo e não quis perdê-la, mas era tarde.

–Eu... preciso terminar com Brooke... hoje. – afirmei com a voz fraca. Nenhum dos dois fez nada, Trish apenas se moveu e se sentou no chão ao lado de Dez, que ainda permanecia estático na cadeira.

Liguei para o celular de Brooke. Ouvi a sua voz na secretária eletrônica. Desliguei antes que cobrasse; eu conhecia aquela sensação. Minutos depois, ela retornou.

–Oi, amor! Estava com saudade... – disse ela. Eu a cortei, sentindo-me horrível por fazer isso com ela com a proximidade do Natal. Alguém não estava na lista de bons meninos do Papai Noel este ano.

–Brooke... Precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

Particularmente, eu "programei" o Austin para ser idiota, mas não acho que ele seja tanto :)) Nesse fim do cap, juro que tentei expressar o melhor que pude a falta escondida que ele sentia da Ally. Desculpe se o capítulo ficou muito grande, mas eu queria dois acontecimentos principais: o rompimento com a Brooke, que vai ter tipo parte dois no próximo, e a saudade da Ally.
Pra expressar quando o Austin notou que realmente sentia falta dela, tentei me basear nos meus sentimentos quando sinto falta de alguém. Mas não sei se consegui atingir esse nível de realidade. Obrigada por lerem até aqui !

—CHC

P.S. Vou viajar essa semana, não sei bem que dia, então vou escrever no Word o máximo que a imaginação permitir e programar a postagem.



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