Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 17
Descobertas e Sustos


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente amei o último capítulo. Me desculpem quem não gostou, mas, olha, eu amei quando eles se reconciliaram



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–Shh. - e nós iniciamos outro beijo doce, calmo e sereno. Desse modo, meu único desejo de Natal é que esse momento seja perene.

Senti todo a energia de meu corpo esvair-se completamente assim que tive uma leve tontura. As recordações da ligação de Gabe encheram minha memória, roubando todo o espaço em minha mente pertencente a Ally.

Nós iríamos embora em dois dias. Ou menos, se não tivéssemos sorte. Os pais de Trish e Dez pareciam estar prontos para me caçar, e nós já teríamos perdido um dia de colégio se não fosse o feriado do Natal - e eu sei o quão sagrado é a data para as famílias.

–Ally, nós realmente precisamos conversar. - meu tom era tão sério e doloroso até para mim. O rosto da garota em minha frente contorceu-se em uma expressão muito preocupada. - Acordarei Trish e virei com Dez e ela aqui para baixo. Nós precisamos contar-lhe uma coisa; não é boa.

–Austin, espere. - sua mão pequena segurou meu pulso, fazendo-me virar rapidamente para encará-la. Fiquei sem ação por alguns segundos, por vê-la daquele modo. Ela era tão sensacional. - Está tudo bem?

–Conosco? Está. - ela sorriu e não me contive em depositar um rápido selinho em seus lábios, logo transformando-o em um beijo profundo. Entretanto, Ally afastou-me rapidamente. - Tudo bem. - murmurei de má vontade. - Já desço.

–Aus. Uma última coisa, prometo. Eu acho melhor nós mantermos em segredo por enquanto. Se é tão ruim quanto diz, talvez eles não se sintam bem em saber que nós reatamos.

–Mas nós não reatamos ainda. - ela pula como se houvesse levado um choque horrível. - Estou apenas brincando, minha noiva. - ela gargalha com o apelido. Pisco para ela com um sorriso e esquecendo minhas preocupações temporariamente. - Volto já.

Cruzo a sala e os corredores rapidamente até chegar às escadas e subo, pulando de dois em dois degraus. Quando, por fim, termino, encaro as portas dos quartos, sabendo que apenas o que há um grande A estampado é o oficial, os outros são apenas os de hóspedes. A porta entreaberta do quarto ao fim do corredor implora por minha atenção, e reconheço que é esse o quarto em que meus amigos estão.

–Trish, Dez! - tropeço em uma parte do chão que está levantada, porém Dez segura-me fugazmente. - Iremos contar a Ally agora. Aconteceram umas coisas e nós realmente precisaremos dizer-lhe.

–Austin, calma. Primeiro nos conte o que ocorreu lá embaixo, estamos muito desinformados, lembra-se? - Trish parou-me, sentando-se na cama. Encolhendo os joelhos, apoiou os cotovelos nas pernas e a cabeça nas mãos. - Desembuche.

–Certo. Era o Gavin. Não teve nada de filmes de terror ou algo do gênero, nem facas, gritos ou coisa assim. Ele só disse para Ally o escolher, sabe, no sentido romântico e disse algumas coisas que a fizeram retrucar. - engoli em seco, ocultando a parte sobre nossa pequena briga e os socos dispostos por mim em seu rosto. - De qualquer forma, ele disse que iria embora e a deixaria ficar com quem bem quisesse. Também contou que só voltaria quando tivesse seguido em frente, e que não a atormentaria mais. Por enquanto, se manteria afastado.

–Eu sabia que ele não era coisa boa. Pelo menos eles nunca estiveram juntos. E você ainda tem chance com Ally? - Dez perguntou, fitando-me. Seu olhar era como uma faca, perfurando minha mente, e detetives, vasculhando-a em busca de pistas. Estremeci.

–Eu... não sei. Ally às vezes dá sinais, porém nós não estamos juntos. Enfim, ela está curiosa sobre a nossa notícia ruim e está nos esperando no andar debaixo. Podemos ir?

–É claro. Vamos, Trish? - Dez levantou-se e estendeu a mão para Trish, que apenas rolou os olhos e aceitou sua ajuda. Mordi o lábio, loucamente imaginando-os como um casal - embora fosse impossível.

Retirei os pensamentos inoportunos de minha mente e segui para onde Ally estava, querendo vê-la novamente, mesmo que não tivesse passado-se mais de cinco minutos. Não ousei pensar nenhuma vez em como seria quando voltasse a Nova Iorque.

–Ally? - perguntei ao chegar na sala. Eu a observei virar as páginas de um livro que eu não conhecia, distraída, sem me ouvir. - Ally.

–Aus? Onde eles estão? Não pularam a janela, pularam? - ri com seu comentário dramático.

–Não, não pularam. Exagerada. - passei meu dedo na ponta de seu nariz enquanto gargalhava, sabendo o quanto ela odiava que o fizessem. Avistei Trish e Dez atrás de mim pelo reflexo no grande espelho localizado próximo ao computador, e joguei todo o peso de meu corpo no sofá em que Ally estava.

Ambos instalaram-se em poltronas em nossa frente. Remexi-me de uma maneira desconfortável, sentindo um suor imaginário começar a escorrer pelo meu rosto. Virei para encarar Ally e os outros, nervoso.

–Ally, nós estamos indo embora em dois dias. - as palavras saíram de minha boca atropelando sempre a próxima. Confusão instalou-se em seu rosto antes de minha frase começar a surtir efeito para si. - Não se preocupe. Nós vamos voltar em três meses.

–Mas por quê? Vocês gostaram de estar aqui, não foi? - seus olhos pareciam ter perdido o brilho, e sua cabeça virou-se para o chão. Eu sabia que ela estava prestes a chorar, e um soluço omitido de Trish irrompeu pela sala, quebrando o silêncio.

–Nós amamos, Ally. Amamos estar aqui com você de novo, amamos saber que você tentou manter contato, amamos tudo sobre Miami, amamos a neve, o Natal, amamos sua casa, a loja de seu pai, o shopping, tudo. - Trish disse, direcionando a mim um olhar que me dizia para sair de meu lugar e deixar-lhe sentar-se. - Não se preocupe, nós voltaremos assim que pelo menos Dez e Austin cumprirem dezoito. Assim, vou ter meio que uma licença para viajar com eles, pois serão maiores de idade.

–Primeiro Gavin. Agora vocês. Eu não posso, não posso, fiquem mais, por favor. - implorava. A cada lágrima que escorria por seu rosto, eu sentia minhas narinas arderem ainda mais, e meus olhos mareados já deixavam minha visão embaçada.

–Nossos pais estão ameaçando o Austin, Ally. - Dez interrompeu o abraço que Trish dava em Ally. Eu abaixei a cabeça quando esta me encarou, surpresa e incomodada. - Querem mandá-lo para a prisão.

–Por... que não me disseram? Há quanto tempo sabem?

–Na verdade, Gabe me ligou hoje de manhã. Eu não queria dizer nada a ninguém até amanhã para não estragar o Natal, porém eu contei. E agora você precisa saber. - reprimi a vontade de continuar a explicação, dizendo sobre o nosso namoro. No entanto, Ally havia compreendido a informação oculta, eu sabia.

–Então, serão três meses separados? - suspirou ela. Ninguém respondeu, apenas choraram novamente, inclusive eu.

–Você poderia vir conosco. - Dez oferece. Eu e Trish levantamos a cabeça e enxugamos as lágrimas, esperançosos. Nós não queríamos que acabasse agora que a encontramos novamente. - Por favor.

–Eu tenho a loja do meu pai, não posso deixá-la. Me desculpem, gente. Eu realmente queria poder ir. - Ally fechou os olhos com força. Minhas esperanças por fim quebraram-se. Então era realmente um adeus. Por enquanto.

–Você não pode nem por um mês? Por favor, Ally, só um mês. É tudo o que nós pedimos. Um mês. Depois você volta para cá. Pode ficar na minha casa, tem vários quartos, você sabe. - eu não queria que ela dormisse em um quarto separado do meu, mas era necessário dizer.

–Desculpe, Aus. Eu não tenho funcionários, fico sozinha na loja, e meu pai está sempre ausente, então não tenho com quem deixar a loja em segurança.

Ficamos calados por vários minutos, somente ouvindo alguns sons de carros pela rua agora já um pouco movimentada por conta dos moradores. Escondi minhas mãos dentro dos bolsos da calça, mantendo-as em forma de punho, e deixei que minha cabeça tombasse para o lado, desanimado.

Ally levantou-se por fim e veio até Dez, dividindo o espaço restante da poltrona com ele. Ambos eram extremamente magros. Ele a abraçou e chorou em seu ombro, como ela acariciava os cabelos e chorava nos mesmos. Minutos depois uma sombra baixa parou sobre mim e pulou em meu pescoço.

Afundei meu rosto manchado com a água salgada em seu pescoço, bêbado com o perfume e o cheiro de seu cabelo. Permiti-me deixar que lágrimas caíssem, deixando sua pele quente encharcada e meus olhos ainda mais vermelhos. A minha camisa molhou-se um pouco com suas lágrimas quentes, porém já não dei mais nenhuma importância.

Eu me sentia péssimo, miserável, horrível, destruído. Eu somente queria ser um pouco mais feliz, ter mais tempo com Ally e nossos amigos. Momentos a sós com ela, momentos românticos, encontros ao ar livre, tudo o que um casal pode fazer. E aqui, em Miami, onde eu poderia construir uma boa reputação com a morena ao meu lado, esquecer minha vida banal de Nova Iorque.

Eu percebi que nós estávamos nos desgrudando aos poucos, e a segurei firme por mais alguns segundos até deixá-la ir abraçar e ficar um pouco com Trish. Se era para curtir a hora triste, então que fosse completamente.

Minha cabeça já estava dolorida. Eu mal respirava. Sentia meus pulmões falharem. Como Hazel, em A Culpa é das Estrelas dizia, estavam fazendo um péssimo trabalho como pulmões. Eu queria gritar, deixar um urro de dor escapar por meus lábios. Estava tão perto da completa felicidade e, agora, mesmo que provisoriamente, eu teria de esperar mais três meses para ter o meu objetivo concluído.

–Não vamos ficar tão tristes, não é? Não é um enterro. Nós esperamos dois anos sem contato, podemos ficar três meses separados, e ainda nos falaremos por celular, computador, cartas! - diz Ally, abrindo um sorriso. Nós retribuímos, tentando fixar nossos pensamentos na ideia.

–E se formos abrir os presentes para descontrair? Espero que tenham comprado para mim, senão ninguém aqui verá o ano novo. - comenta Trish, já descontraída.

–Trish, eu vou lhe dar o meu lá em cima. É especial. - Ally disse. Um olhar rápido de curiosidade brilhou nos olhos de Trish, e assim surgiu a compreensão nos mesmos. Fitei Dez rapidamente com a mesma expressão confusa. - Tudo bem, eu apenas acho que todos os presentes estão na Sonic Boom, menos os meus, certo?

–Eu não pensei que fossemos dormir aqui, então não avisei ninguém para trazer. - explico, coçando a nuca. Ally ri.

–Tudo bem. Vamos comer pipoca com refrigerante e hambúrgueres? - Ally se levanta com um sorriso imenso. Eu a sigo, galanteador.

–Vou com você. Quero eu mesmo fazer a pipoca. Você sabe que eu sou ótimo nisso. - gabei-me, com um falso sorriso sexy. Todos gargalham, sabendo que a única coisa que faço é colocar um pacote de pipoca no microondas, e ainda assim consigo queimá-las. Como Dez.

–Claro, noivo. - provocou Ally. Noto que nossos amigos não entendem o motivo e a graça do apelido, porém apenas para mim é suficiente.

Seguimos para a cozinha fazendo brincadeiras estúpidas ou piadas sem nenhuma graça. Observo-a pegar os ingredientes para o hambúrguer e encontro milhares de pacotes pequenos de pipoca escondidos em uma gaveta.

–É sério? Você sobrevive de pipoca, Ally?

–Claro que não, só para emergências.

Reviro os olhos enquanto abro dois e os coloco no microondas. Ally põe um avental de cozinha, virando-se de costas para mim para começar a fazer os seus hambúrgueres, e eu me junto a ela abraçando-a por trás. Sinto-a arrepiar-se e sorrio comigo mesmo satisfeito.

–Vou sentir sua falta. - digo. Um suspiro a acomete, e ela se vira, selando nossos lábios tristemente.

–Eu também irei, Aus. É só por três meses, certo? Manteremos contato. - eu percebo sua voz falhando e sua tentativa de reconfortar-me e resolvo fazer seu esforço valer a pena, abrindo um grande sorriso.

–Isso é verdade. Não vamos nos preocupar com isso agora, certo, minha noiva?

–Certo. - seus olhos se fecham, assim como os meus, ao mesmo tempo, e nossas respirações se fundem novamente. Aproximo-me mais de seu corpo e a abraço quando tudo termina. Apoio meu queixo no topo de sua cabeça e logo depois deposito um beijo rápido em sua testa.

Voltamos a fazer os hambúrgueres com um tom de diversão e me gratifico por isso. Não gosto dos climas tensos entre nós, parece-me muito surreal, por termos sido amigos tanto tempo, não é normal intrigas entre nós. Embora não tivéssemos tido muitos momentos há anos.

–Alls? - eu a chamo.

–Sim?

–Eu gosto muito de você.

Ela gargalha.

–Eu também, Aus.

**

–Vocês demoraram muito. - reclama Trish, pondo os pés em cima da mesa de centro. - Estou com muita fome.

–Nem notei. - digo ironicamente. Sua língua sai para fora em minha direção, e eu gargalho. - Tudo bem, quem reclamar não terá nenhum hambúrguer e terá de levantar para pegar o próprio refrigerante na geladeira. Brincadeira, no freezer.

–Austin, você está tão lindo hoje. - Trish comenta, tentando fazer-me pegar a ela um pote com pipocas exclusivo e seu copo de refrigerante. E um dos pequenos hambúrgueres.

–Preguiçosa. Você não vai me convencer hoje nem nunca com elogios. Eu sei que eu sou lindo e extremamente amável. - falo convencidamente, fazendo todos rirem. Levanto rapidamente para pegar um filme qualquer e resolvo colocar Cisne Negro para assistirmos.

Quando as cenas iniciais começam, estou alojado com Ally no chão, por cima de um colchão básico que pegamos no andar de cima em um dos quartos de hóspedes. Trish e Dez haviam arrastado o sofá e sentaram-se de frente para a televisão, os olhos vidrados como zumbis.

Segurei Ally pelo braço e a puxei para mim, sem me importar se os dois acima de nós veriam ou não, e o que achariam. Antes de ficarmos juntos antigamente, nós já agíamos como namorados, então não seria estranho ou desconfortável para nenhum de nós quatro. E nem ao menos suspeito.

Passei meus braços por sua cintura e deitamos. Apoiei minhas costas no fim do sofá, próximo aos pés de apoio, e coloquei meu queixo cuidadosamente nos cabelos de Ally, com um selinho rápido e discreto. Eu a vejo sorrir e uma de suas mãos vai ao encontro das minhas, cruzadas em sua barriga.

Cisne Negro estava em sua metade, com vários gritos e resmungos de Ally, Trish e Dez, provocando-nos risadas. Rolo os olhos pensando em quão infantis nós somos, não importa nossa idade. Quando, em uma parte decisiva, nós decidimos que deveríamos ter certeza de que Ally estava assistindo, percebo que seus olhos estão fechados e sua respiração encontra-se serena e os aviso.

–Aus. - um sussurro me desperta, e noto que esta é uma das falas em que Gavin havia citado. - Eu vou sentir muito sua falta.

–Eu também vou. - sussurro em seu ouvido. De alguma forma, Ally parece ter me escutado mesmo dormindo e seus lábios abrem-se novamente para dizer algo a mais.

–O céu está tão escuro. Nosso tempo parece estar se esgotando. - ri ela, baixinho, sua fala ainda em um sussurro. - Eles ainda virão!

–Quem virá?

–Meus pais. - um sorriso rápido se abre, porém logo fecha-se. Eu rio um pouco com a mão em minha boca, tentando inutilmente não chamar a atenção. Trish cutuca-me nas costas, nem um pouco delicada.

–Por que está rindo? - pergunta, intrigada. Faço uma careta.

–Você viu a roupa do figurante? Parece o Dez. - ela ri comigo desta vez, afirmando com a cabeça, provavelmente ligada demais no filme para prestar atenção e notar que eu estou mentindo.

O sono começa a me atingir, e eu penso ouvir um barulho lá fora. Não posso deixar que Alls acorde, portanto terei de me contentar em ao menos ter ouvido alguma coisa. Trish está concentrada demais nas cenas, Dez provavelmente está no mesmo estado que a garota que está comigo, então não devem ter escutado nada.

Mesmo assim, Ally se remexe em meus braços quando um segundo barulho soa lá fora. Eu a aperto mais contra mim, tentando acalmá-la, sem saber ao certo se está incomodada.

Noto uma movimentação rápida e discreta na janela, e meus pelos se eriçam. É como um filme de terror. Pisco novamente, e agora há uma lanterna, que acaba por me cegar quando levanto minha cabeça para encarar.

Trish agora levanta-se em um salto e corre até a porta, pedindo-me silêncio. Faço um sinal de espera enquanto deixo Ally confortavelmente no colchão, mas de um modo que consiga embalá-la novamente quando retornar. A faca que usei mais cedo pende na beira da mesa de centro da sala, e eu a saco, indo até Trish.

–No três. - sussurra, e eu aceno positivamente com a cabeça. A contagem regressiva começa, e, assim que a porta abre-se, um homem nos encara.


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Notas finais do capítulo

Suspense? Eu fiz o meu melhor, não me matem T.T
Eu tenho uma dica para vocês do próximo capítulo:
Ally e os outros terão uma surpresa genial.

Shh!



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