Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 6
Capítulo 5 - A Jornada Parte I




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A Jornada...

 

Arão acordou cedo com seu destino já traçado, teria que vagar solitário pelos caminhos do firmamento até chegar a Cidade Superior. Seria uma longa jornada que duraria alguns dias. No meio do caminho cruzaria um pequeno vilarejo, a Vila dos Escribas, isso o poria em contato com outras pessoas.

Ainda não acreditava na semelhança entre os mundos. A conversa na noite anterior com Nemamiah tinha sido proveitosa, por mais que ainda estivesse incerto quanto à razão de sua estadia no firmamento,  pelo menos neste momento sabia o que tinha que fazer, só não sabia o porquê.

Percebia que não podia apressar os acontecimentos suas dúvidas seriam respondidas na hora certa, mas o que seria esta hora certa? Lembrou-se do caminho que tinha pela frente,   sentia-se alegre e a energia que lhe percorria o corpo permitiria lhe andar por muito tempo sem ao menos descansar.

Olhou seus anfitriões abraçados, era a hora da despedida, eles  o observavam com lágrimas nos olhos,   pareciam um casal que vê o filho partir para a vida e não tem certeza de que vão revê-lo novamente.

-Vá em paz e espero que cumpra o seu destino. Falou a Velana antes de dar-lhe um abraço de despedida.

-Sejas forte e tenha confia em ti. Pois tenho certeza que serás guiado pelas mãos divinas.

Kamis pousou as mãos nos ombros de Arão , antes de abraçá-lo.

-Obrigado por tudo. Espero revê-los novamente.

Uma sombra de incerteza quase imperceptível passou pelo rosto do casal, cortando um pouco a alegria que havia desde a sua chegada, uma brisa soprou.

-Assim esperamos. Murmurou a Velana, forçando um sorriso.

Foi a primeira vez que notou tristeza na voz da mulher, pegou suas coisas e partiu, a figura do casal foi ficando distante, pequena e finalmente desapareceu, assim como toda aquela bela paisagem. O morro suspenso no ar virou um pequeno ponto no horizonte.

Velana afundou sua cabeça no peito de Kamis  resmungando baixinho.

-Olhe para ele é apenas um garoto. Como conseguirá suportar tudo o que esta por vir? Não é justo, vai ser demais, espero que ele seja forte para aceitar suas tribulações.

-Cabe a ele traçar seu próprio destino, cada um tem um papel fundamental nisto tudo, nós tivemos o nosso recebendo-o, mas ainda podemos fazer mais por ele.

Olhou carinhosamente para mulher.

-Como? Perguntou angustiada.

-Rezando.

 

 

 

Andou o dia todo sozinho, não encontrara uma viva alma sequer, sua companhia era  a  paisagem, os rios , as matas , os animais, o cantar dos pássaros e tantas outras partes da natureza.

" 0 que será que está acontecendo neste lugar?".  Pensava.

O céu claro cobria todos os cantos que sua visão conseguia enxergar, sentia-se só, mas  ao mesmo tempo confortado. Chovia ao menos uma vez por dia, mas nem isso lhe tirara o ânimo de prosseguir, ao contrário  era gostosa a sensação da água percorrendo todo seu corpo.

O sol se escondia e com ele o calor do dia, o frio começava a arrepiar-lhe a pele, precisava parar e descansar. Uma noite de  sono lhe garantiria mais um dia de firme caminhada.

Aquela clareira parece ser o lugar perfeito para se passar à noite“.  Pensou.

Juntou vários gravetos secos, planejava fazer  uma pequena fogueira. Havia muitas estrelas no céu, bem ao centro como uma deusa à lua brilhava, cheia e majestosa, se destacando de tudo o mais. O espetáculo deslumbrante  não se limitava somente ao céu, na clareira  além das árvores, muitos vaga-lumes passeavam dividindo a atenção de Arão. A claridade permitia contemplar  muito do local e apesar de estar sozinho não sentia medo, até...

Um estalo despertou Arão de seus pensamentos,  as pulsadas em seu peito aumentaram, parecia que sua respiração ofegante ecoava longe. Apagou a fogueira rapidamente, deitou-se para  não ser visto. Tentava ouvir se o barulho persistia, mas somente tomava conhecimento do som da mata se mexendo ao tocar do vento.

          De repente outro ruído, não sabia dizer o que era, mas estava se aproximando. Começou a pensar no que fazer, não tinha nada que lhe servisse como arma.  Silêncio novamente... Entretanto não demorou para o som recomeçar, a mata sendo desbravada não deixava duvida, algo vinha em sua direção.

Rastejou-se  contornando a clareira assim poderia pegar de surpresa o que quer que fosse,   observava a uma distância segura. Logo avistou algo se aproximando, este usava um manto com um capuz que lhe cobria toda a face,   era quase do seu tamanho. O corpo parou  rente à fogueira apagada,   seus pés afastaram os gravetos ainda quentes.  Olhou em volta, com certeza esperava encontrar alguém.

Arão ao longe não conseguia saber o que era, parecia ser uma pessoa, mas depois de tudo o que passara nada o  surpreenderia. Decidiu aproximar-se, com cuidado rastejou chegando cada vez mais próximo, o ser abaixou-se perto da fogueira mexendo nos gravetos novamente.

Se ele conseguisse avançar um pouco mais sem ser notado... Pegaria a coisa de surpresa,   o que ia lhe acontecer depois não fazia a mínima idéia e não queria nem pensar no assunto.

Quando o vulto se levantou, Arão saltou sobre suas costas, rolou com ele pelo chão, ouviu um grito agudo vir de dentro do capuz, conseguiu montar em cima do ser, ia aplicar-lhe um golpe quando o capuz abaixou-se, pode ver a face de uma linda garota. Ficou paralisado, sem reação isto era o que ele menos esperava encontrar...

Ela foi rápida vendo o desconcerto dele, pegou-lhe pelo braço e mesmo deitada conseguiu  atirá-lo ao solo. Com o impacto Arão gemeu  de dor, ao abrir os olhos à garota já estava sobre ele, olhando-o  de forma divertida.

-Parece que você se distrai muito fácil, isto pode lhe custar caro um dia.

A garota estendeu-lhe a mão ajudando-o a levantar-se.

-Se um dia alguém me dissesse que eu ia precisar me preocupar aqui no firmamento,  chamaria-o de louco.

Arão batia com as mãos em sua roupa para tirar a terra que se acumulara .

-O que uma garota está fazendo sozinha no meio da mata?

A julgar pela aparência calculava que a garota tinha a mesma idade que a sua, mas não se espantaria se ela dissesse que era muito mais velha do que aparentava.

-Não vejo nada que proíba alguém de caminhar por aqui. Respondeu com autoridade. -Afinal estamos no reino em que a liberdade é um direito de todos, somos livres para ir e vir como bem entendermos.

-Você é bem arrogante. Como conseguiu entrar aqui com esse gênio todo? Aposto que foi no dia das exceções.  Falou Arão com sarcasmo.

-Olha quem fala! Não costumo chegar pulando nos outros pelas costas. Respondeu a  garota em tom desafiador.

-É que eu não sabia  o que poderia ser, por isso fiquei um pouco apreensivo. Disse Arão.

-Medo você que dizer! Ficou com medo...

Ela era afiada com as palavras.

-Vi o clarão do fogo enquanto caminhava entre as árvores, estou a alguns dias andando sozinha e uma companhia é sempre bem vinda. Sorriu pela primeira vez.

Arão pode ver toda a sua beleza, cabelos negros ondulados, olhos verdes vivos e uma boca muito carnuda. Suas vestes não permitiam ver-lhe o corpo, mas se ele seguisse os traços do rosto, o que provavelmente acontecia, ela deviria ser muito linda. Possuía dois desenhos na pele, eram como pequenas listras que começavam perto da orelha e se afinavam até o meio das bochechas. Outras duas pouco maiores que as anteriores ficavam entre o pescoço e os ombros, sua coloração era amarela. O garoto achou melhor não perguntar sobre elas.

-Mas que falta de educação a minha meu nome é Arão.

-O meu é Cassiana,  mas pode me chamar de Cassi. Eu da venho da cidade Oriental e estou a caminho da Cidade Superior. O que você faz perdido no meio da mata? Está caçando vaga-lumes?

-Não. 

Arão viu que ela se divertia com o constrangimento dele.

-Também estou indo para a Cidade Superior, não sei onde fica, mas me falaram que no caminho encontraria indicações que me levariam até ela. Acho que acabei de encontrar uma.

-Bom podemos ir juntos se não se importar.  Sugeriu a garota.

-Claro que não, assim não tem perigo de me perder pelo caminho.

-Ou sair pulando em cima do primeiro que aparecer.

Ela riu da própria piada.

-Então você é um dos escolhidos.

Cassiana examinou-o com um olhar inquisidor que o percorreu dos pés a cabeça.

 -Não parece grande coisa.

-Escolhidos? Como assim? Perguntou Arão

-Você é um celestino não?

Arão fez sinal de positivo com a cabeça.

-Foi o que me disseram.

-Bom nenhum celestino estaria indo a Cidade Superior à-toa nestes tempos. Como é possível não saber nada sobre os escolhidos? A quanto tempo está no firmamento?

-Apenas um dia, mas posso dizer que já vi muita coisa que me surpreendeu por uma vida toda.

-Nossa! Tão pouco tempo assim, é obvio que está  perdido. Vou lhe explicar, nós somos dois dos três escolhidos do povo celestino para formar o grupo de candidatos a guardiões no reino.

-Guardiões??? Murmurou Arão

-Sim! Já vi que vou ter que lhe explicar tudo desde o começo, por isso preste atenção e não me interrompa. 

Cassiana começou sua narrativa.

-No início dos tempos somente existia o reino dos céus com seus seres perfeitos, os anjos. O Criador fez então o mundo dos Homens, com filhos a sua imagem. Os anjos não conseguiam entender como o Criador podia amar essas criaturas imperfeitas. Foi dada então aos seres perfeitos sentimentos semelhantes ao dos homens: o ciúme, a inveja, a cobiça...  O Criador esperava com isso que os anjos compreendessem o porquê ele tinha que dirigir sua maior atenção para aqueles filhos imperfeitos.

-Mas pelo visto o tiro saiu pela culatra. Afirmou Arão.

-Isso mesmo. Pressupôs-se que os anjos como seres perfeitos conseguiriam dominar esses sentimentos e utilizá-los para ajudar os filhos do Altíssimo. Porém aconteceu justamente o contrário eles foram dominados por tais sentimentos e se revoltaram contra o Altíssimo, foi quando se deu a primeira grande guerra entre o Bem e o Mal. O resultado dessa guerra foi à criação de todos os reinos.

-Reinos?

-Isso, o Firmamento, o Reino dos Titãs e o Mundo inferior. Os anjos derrotados foram banidos para o mundo Inferior e a paz voltou ao Firmamento. Porém o Mundo Inferior esta cheio de sentimentos ruins e com o passar dos tempos, os derrotados  viraram as piores e mais temidas criaturas que existem. Os demônios.

-Devem ter sido tempos ruins estes.

-Mas isto não terminou assim. Essas ardilosos seres esperaram pacientemente até que surgisse uma nova oportunidade para regressarem  e quando ela surgiu,   organizaram um levante invadindo o firmamento provocando a segunda grande guerra entre o Bem e o Mal.

-Como eles conseguiram invadir o firmamento?

-O Criador é piedoso. Havia uma passagem que interligava os mundos, pois se acreditava que uma alma sempre merece uma última chance de se arrepender, mesmo que esta estivesse no mundo inferior, assim poderia vir para o reino dos céus. Esta passagem só aparecia para as almas arrependidas. Não se sabe como, mas os demônios a descobriram e por ela se deu o acesso das legiões do mal. Agora ela não existe mais, a última chance de redenção para as almas perdidas se foi para sempre.

-Qual das duas foi a pior?

-Acredito ter sido a segunda. A famosa guerra das "Quarenta  Eras", onde os Deuses siameses Set e Osíris lutaram contra   "O adversário" e sua legião de demônios. A guerra foi longa e com grandes perdas para ambos os lados, a batalha final se deu na grande pirâmide da “Ascensão”, no lado oeste do reino, nela Osíris e Set puseram fim à tentativa de "O Adversário" de chegar ao poder. O problema maior é que Osíris ficou gravemente ferido pelo “fogo negro” nesta última batalha.

-O que é o fogo negro?

-Não sei responder isto, esse assunto na minha comunidade  era proibido. Só o que sei é que Osíris esta adormecido aos cuidados dos sábios, que usam seus encantamentos para tentar retardar o efeito do fogo negro. Porém eles sabem que mais cedo ou mais tarde a morte vira se nada for feito. Ninguém sabe onde o Deus Osíris esta, por que uma vez já tentaram contra sua vida. Mesmo com a guarda do santuário sendo feita pelos Cavaleiros Celestiais, os Potências.

-A morte de um Deus? Imagino que isso será uma grande perda para todos.

-Você não imagina como. Porém ainda há uma esperança, foi descoberto no reino dos Titãs um Cálice Sagrado, quem beber deste cálice será capaz de sobrepujar a magia de qualquer um dos reinos. Set o bravo, foi buscar este artefato místico. O problema é que sua missão é perigosíssima, afinal muitos o cobição. Ele é a única esperança de Osíris já que as deusas que tem o dom da cura não existem mais no firmamento. Concluiu a garota.

-O que é reino dos Titãs?

-O Reino dos Titãs é para onde as almas que precisam se "purificar" vão antes de entrar  no firmamento.

Arão ouvia tudo atentamente, não perdia uma palavra sequer que Cassiana falava.

-Esses Titãs, o que são eles?

-São como juízes em seu reino.  Entenda que no firmamento acima dos Deuses está o Altíssimo ou Criador como você preferir, ele fica em outro plano e é o responsável pela criação de todas as coisas. Os anjos e Deuses ficam no plano inferior mais próximos do mundo dos Homens com a missão de ajudá-los.  As criaturas do reino inferior juraram vingança ao Criador, mas não tem mais como chegar ao firmamento,   então eles  tentam atingi-lo atormentado sua mais fiel criação, o homem. Fez então o reino dos Titãs, seres com poderes semelhantes aos deuses, que tinham como missão purificar as almas antes de entrarem no céu. Ninguém pode ir ao reino dos Titãs, sobe pena de uma severa punição e nem mesmo os temidos Titãs permitiram isso, dizem que somente os Deuses podem enfrentá-los e mesmo assim não se sabe qual lado sairia vitorioso.

-E nós o que temos a ver com isso?

-Não seja apressado! Eu estou quase chegando nessa parte. Mesmo perdendo o rei  das  trevas viu que faltou muito pouco para alcançar a vitória. Antes de ser enviado ao Mundo Inferior ele deixou uma escritura no mundo dos Homens com seus seguidores. Essa escritura tinha uma profecia impressa. Um profeta a encontrou e conseguiu decifrar seu significado: "Eu subirei aos céus, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo".

-Isto não soa nada bem. Completou Arão.

-E não é para soar mesmo. A última parte da profecia é mais sinistra ainda: "Será um tempo de angústia, como nunca houve até então, desde que começaram a existir as nações". Os sábios acreditam que o tempo desta profecia esta próximo. Com Osíris debilitado e   Set no reino dos Titãs, as forças do firmamento estão enfraquecidas, por isso fomos convocados para tentarmos nos tornar guardiões e fortalecer as forças do firmamento até que os deuses retornem.


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