Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 35
Capítulo 12 - A Lua de Sangue, Quarta Noite. PIII




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Ele caiu aos pés de Arão. Todos levantaram a guarda automaticamente. Na porta uma pequena garota que parecia mais uma boneca, tamanha a sua beleza, estava parada. Seu corpo tremia todo, seu rosto estava molhado pelas lágrimas. Ela despencou,   Cassi e Kitrina se adiantaram para  ampará-la.

A garota abriu os olhos, viu vários rostos que a observavam.

-O que aconteceu?  Perguntou ela.

-Você desmaiou, mas agora está tudo bem.  Cassi segurava sua mão. -Quem é você? O que se passou aqui?

"Conheço este lindo rosto".  Eram os pensamentos de Bal. Olhou para o lado e se espantou com a cara fechada de Dafne o observando.

A garota parecia  se concentrar para dar uma resposta a Cassi, mas seus pensamentos devem ter sido muito ruins, pois ela desabou a chorar.

-Foi horrível, não gosto nem de lembrar.  Soluçava muito.

-Damira está bem? Questionou Arão afoito

Ela fez um sinal de negação com cabeça.

-Mas o que aconteceu?

-Calma Arão, não vê que ela está em choque.

Cassi pegou em sua mão, a garota  pareceu se acalmar, Cassi tremia. Kitrina a abraçou.

 -Eu sou Moira umas das Candidatas a Deusa.

"Eu sabia que já a tinha visto, nunca esqueço um rosto bonito."

Mais uma vez Bal pegou  Dafne o olhando de maneira inquisidora. A garota continuou sua narração.

- Eu era companheira de quarto de Jenya, até que ela...

Voltou a chorar. Cassi acariciava sua mão.

-Calma, está tudo bem, ninguém vai te fazer mal. Nós estamos aqui para ajudar, pode continuar.

-Hoje ia ser minha última noite sozinha em meu quarto, amanhã eu seria transferida para este  junto com Damira e Etality. Só que esta noite aconteceram coisas estranhas. Primeiro uma névoa tomou todo o corredor. Ouviu um barulho por algum tempo. Achei que fosse dos cavaleiros que estavam de guarda, mas tudo ficou quieto depois. Uma luz percorria o corredor, eu podia ver pela fresta da porta, parecia procurar algo. Eu senti medo como nunca havia sentido antes, achei que fosse morrer.

Puxou a mão de Cassi para mais próximo de seu rosto.

-Eu queria ver o que era, mas algo me impedia, não conseguia me mover.  A garota limpou as lágrimas dos olhos antes de continuar. -Depois ouvi um estrondo como se alguém arrombasse uma porta. Os gritos de Etality...  Horríveis, gritos de medo... 

Sua voz foi abaixando até praticamente desaparecer.

-Foram sumindo corredor à dentro, ficando mais fracos...

Ela parecia não conseguir mais falar. Reuniu todas  suas forças para continuar.

-Por fim ouvi os gritos de Damira.

-Você a viu? Sabe onde está?  Arão praticamente a chacoalhava.

-Arão! Arão! Gritava Cassi.

O jovem caiu em si,  soltando a garota. Ela se escondeu no colo de Cassi.

-Desculpe. Pediu Arão.

Moira olhou para Dafne, apontava com o dedo trêmulo para a direção da ninfa.

-O que foi?

Dafne olhava confusa, não sabia o que a garota queria. Todos olhavam para a ninfa tentando adivinhar o que Moira estava querendo mostrar.

-O pano.  Finalmente disse.

Dafne olhou para o pano rasgado sujo de essência que estava em suas mãos.

-Ah! Isto? Exclamou ela. -Eu achei caído no chão. Disse toda displicente.

-Ele é da roupa que Damira estava usando.

Todos ficaram parados atônitos, ninguém se atrevia a dar nenhuma opinião do que poderia ter acontecido às garotas. Finalmente Arão disse, após um longo momento de silêncio.

-Precisamos procura-las.

-Não podemos deixar Moira aqui sozinha. Ela mal consegue se mexer.

Cassi tinha razão no que acabara de dizer. Moira estava em estado de choque. Seu corpo tremia todo. Seu rosto esta lívido, ela ficava repetindo  palavras sem nexo algum e cada vez que Cassi tentava colocá-la de lado, Moira se agarrava mais ainda a ela.

-Eu cuido dela. Sugeriu Bal de um jeito maroto. -Enquanto vocês procuram as outras e o nosso querido Ente da Noite.

-Bal! Grunhiu ao lado Dafne inconformada.

-Eu só estou querendo ajudar.

Na verdade ele pretendia ficar no lugar que julgava mais seguro. Mas viu suas esperanças irem por água abaixo com o pronunciamento de Arão.

-Cassi! Você e Kitrina fiquem aqui cuidando de Moira. Eu, Bal e Dafne vamos tentar encontrar Etality e Damira. 

As duas concordaram de imediato.

-Por que será que ninguém me ouve. Resmungou Bal enquanto era arrastado por Arão. Só conseguiu ouvir as ultimas palavras de Kitrina.

-Tomem cuidado.

Bal sorriu,  gritando em resposta.

-Eles é que devem tomar cuidado comigo. Murmurou Bal muito baixinho, mais para si mesmo, do que para qualquer um. -Acho que ela gosta de mim.

Viu o rosto de Dafne ao lado, ela estava de cara fechada.

-O que foi que você disse?

-Eu? Bem... Bal ficou sem jeito.

-Eu disse que acho que essa noite não vai ter fim.

-Não foi isso que entendi. Retrucou ela.

Assim foram os dois discutindo na escuridão dos corredores.

 

 

 

         Kitrina olhava para Cassi, enquanto segurava uma das mãos de Moira.

-O que vamos fazer? Ela precisa ficar em um local seguro e alguém precisa examiná-la. Mas não podemos deixá-la sozinha para irmos buscar ajuda, seria muito arriscado.

Restavam poucos resquícios da névoa que invadira o Santuário, ela tinha praticamente sumido. As duas se olharam indecisas.

-Vamos levá-la conosco.  Sugeriu Cassi.

-Pegamos uma em cada braço, podemos arrastá-la até encontrarmos alguém que possa ajudá-la. O único problema vai ser deixá-la sem que ninguém nos veja.

Kitrina concordou com a sugestão e com grande esforço as duas conseguiram levantar Moira, cada uma passou um braço da menina ao redor do seu pescoço, servindo de sustento. Iam começar a andar, mas ouviram o som de passos apressados vindos do corredor.

- Quem poderá ser? O que vamos fazer?  Sibilou Kitrina.

Não conseguiriam se deslocar com rapidez segurando a garota. Os passos se aproximavam com grande rapidez.

-Ninguém pode nos ver aqui. Vamos colocá-la no chão,  podemos esperar escondidas para ver quem é.

As duas colocaram Moira no chão, se esconderam atrás de um pequeno criado mudo.

Os passos se aproximavam em questão de segundos estariam no quarto. Pararam na porta.

-Meus Deus.

O som da voz assustada  soou familiar para as duas. Era Medar que corria em direção ao corpo de Moira,  pegou-a nos braços. Junto com ele estavam Amagus, Inimis e mais três anjos Dominações.

-Olhe para o estado dela. O que aconteceu aqui? Perguntou Amagus.

-Aposto que os celestinos têm algo a ver com isso! Afirmou Inimis.

-Não seja tão rigoroso com eles. Pediu Medar.

-Mas desde que eles chegaram, o Santuário foi tomado por uma onda de acontecimentos sinistros. Eles trouxeram o mal consigo.

-Onde estão as outras candidatas?  Perguntou Amagus.

-É obvio que não vamos conseguir estas respostas neste aposento. Vou levá-la até um anjo ''virtude'', com certeza ele poderá cuidar dela. Precisa de ajuda urgente. Pegue os Dominações, quantos precisar e inicie uma busca, quero as outras duas  candidatas.

-Sim senhor.

-Pobre menina. O que fizeram com você.

Amagus viu Medar sair com a menina nos braços, sabia que não estava sendo fácil para ele, no fundo devia estar sofrendo muito. Afinal ele ficou sendo o responsável pela Cidade Superior depois que Set partira e muitas mortes já tinham acontecido desde então.

"Farei de tudo para ajudá-lo Medar".  Esse era o pensamento de Amagus.

-Vamos!  Ordenou Amagus para os Dominações. -Vasculhem cada canto do Santuário,  quero essas duas garotas sã e salvas. Vão...

Os guardas obedeceram prontamente. Inimis os acompanhou. Amagus ainda ficou um tempo no quarto, perdido em seus pensamentos. Cassi e Kitrina observavam-no escondidas. Foi até a janela, olhava fixamente para ela, sua expressão se alterou rapidamente. Ele virou-se e partiu apressado do aposento.

 

As duas garotas saíram de trás do criado mudo. Estavam um pouco confusas.

-O que será que aconteceu? Perguntou Kitrina se aproximando da janela.

-Não sei.

-Vamos ajudar os outros?

-Acho melhor não.  Cassi se aproximou de Kitrina.

-Vamos voltar para nosso quarto. As buscas já começaram, se nos encontrarem fora do quarto seremos repreendidas.

-O que é isso? Cassi viu pequenas manchas na janela.

-Não sei dizer ao certo. Parece essência...

-Bom, vamos embora, já fizemos tudo o que poderíamos ter feito para ajudar. Ficaremos olhando o espelho, esperando que Arão ou Bal nos de notícias.

Elas voltaram para o quarto, sem maiores complicações,  esperaram pelas novidades  dos outros em frente ao espelho. Porém naquela noite, nenhuma mensagem a mais chegou, não tiveram notícias de mais ninguém.

 

 

 

         Bal corria no encalço de Arão incessantemente com Dafne voando sobre seu ombro direito.

-Arão! Você sabe para onde estamos indo.  Perguntava Bal ofegante, sem parar de correr.

A névoa retrocedera mais, os labirintos do Santuário já ficavam visíveis.

 -Não...

 -Ótimo, por que será que eu sempre pergunto quando já sei a resposta? Sabe o que eu adoro?

-Não?

-Eu adoro quando você tem o domínio da situação. Muito mais que sua sinceridade.  Zombou Bal.

Eles pararam, precisavam pensar no que  fariam.

-Precisamos encontrá-las.

-Como Arão? Nem ao menos sabemos onde começar a procurar.

-Se o Ente da Noite as pegou não poderia carregá-las para muito longe. Tem que estar em algum lugar aqui por perto.

-Acho que você tem razão. Foram as primeiras palavras de Dafne, depois de sair com Arão e Bal.

-Como assim? Perguntou Bal.

Dafne apontava para o canto. A névoa já deixara quase todo o corredor. Com sua saída algo estava a vista deles, caído ao solo. Arão parou de respirar por alguns momentos, um corpo ao chão de costas para eles estava  visível. Suas vestimentas brancas estavam rasgadas, seu cabelo molhado colado ao corpo.

Arão se aproximou com dificuldade. Bal e Dafne o observavam. Ele pensava muito em Damira...

Ajoelhou-se ao lado do corpo, precisaria virá-lo para poder identificá-lo. Colocou uma das mãos no pescoço, estava gelado, a cor sumira, o corpo jazia sem vida. Um calafrio percorreu-lhe, não tinha coragem de vira o cadáver, sabia o rosto que ia encontrar. Agiu com firmeza sem pensar muito, puxou-o  fechando os olhos. Ao abri-los foi tomado por uma profunda tristeza no que viu, mas ao mesmo tempo, ficou envergonhado com o alívio que sentiu. A candidata morta era Etality. Ela tinha a composição física muito semelhante a de Damira e estava com pequenas marcas que Arão não conseguia dizer do que eram.

-E aí Arão?

-Está morta, não podemos fazer nada por ela.

Arão soltou o corpo da garota respondendo a pergunta de Bal.

-Minha nossa.  Dafne escondia o rosto com as mãos, parecendo não acreditar no que via.

Arão inquiriu seus dois companheiros sobre os pequenos orifícios no corpo de Etality.

-Que marcas estranhas são essas no corpo dela?

Eram dois pequenos orifícios localizados acima do pulso. Bal sacudiu a cabeça em sinal de negação, não fazendo a menor idéia do que fosse.

-Será que o corpo de Damira está aqui por pert... Aaaaiii.... Dafne dera uma cotovelada em Bal. -Quero dizer, precisamos encontrar Damira.

-Não sei se vai ser tão fácil assim.

-Sabe Arão, acho que toda essa situação está muito complicada. Penso que se tivéssemos olhado aqueles cristais que Medar me tomou poderíamos ter algumas respostas.

-Que cristais? Intrometeu-se Dafne, mas nenhum dos dois garotos parecia tê-la ouvido.

-Acho que você tem razão Bal. Infelizmente não temos mais os cristais.

-Quem disse que não. Bal brincava com uma pedra em suas mãos.

-O que você está fazendo com isso.  Repreendeu Arão.

-Isto devia estar com Medar. Você  roubou da sala dele?

-É claro que não. Eu só não tive coragem de entregar todos. Além do mais Medar não vai sentir a falta de um. Podemos ir ao salão de Osíris e verificar, o que me diz? Como disse antes quando estávamos com Medar, o espelho do nosso quarto é igual aos que utilizamos para estudar, ele  não tem capacidade, nem poder suficiente para ler o conteúdo deste cristal, já o do salão...

Bal não terminou a frase, mas deixou subentendido o que pensava.

Arão queria encontrar Damira, mas alguma coisa dentro dele dizia que aquilo seria impossível. Não sabia nem se ela estava viva... Não queria  pensar no assunto.

-Está bem, vamos.

Concordou sentindo um grande vazio por dentro, como se tivesse se perdido algo importante. No fundo ele também estava curioso para saber qual o conteúdo do cristal. Esperava que ele os ajudasse.

-Salão? Que salão? Dafne estava confusa com tudo aquilo.

-Antes de chegarmos lá te ponho a par de tudo. Disse Bal.

 

Os três sumiram pelos corredores tentando achar o caminho que os levasse ao salão de Osíris.

 


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