Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 27
Capítulo 11 - A Lua de Sangue, Terceira Noite. PII




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Os jovens seguiram Salum, os caminhos que o mago percorria não eram conhecidos por nenhum dos garotos. Subiram um pequeno morro com o sol incidindo sobre suas vistas. Não conseguiam sequer olhar para o mago sem ter que proteger os olhos com as mãos. Ele era rápido e ágil, os garotos tinham dificuldade em acompanhá-lo. Quando chegaram ao topo Salum ordenou que parassem.
"Finalmente vamos fazer algo interessante." Pensou Irian, jovem moreno de cabelos pretos e olhos azuis. As vestimentas de mago cabiam perfeitamente em sua estatura mediana. Em seu rosto possuía dois triângulos verdes desenhados em ambos os lados.
Os jovens só conseguiam ouvir a voz alta e possante do homem que dizia:
-Cuidado! A partir deste trecho começaremos a descer. Vamos seguir em fila. Peço que se concentrem em nossa missão. Por motivo algum se afastem uns dos outros. Esta região esconde várias surpresas, a maioria delas desagradáveis, mas uma delas é mortal... Entenderam?
-Sim.
Responderam todos assustados com a colocação que Salum acabara de fazer.
-Não precisam ficar com medo, basta seguir minhas ordens e tudo acabará bem.
Passado um tempo da descida avistaram um grande vale, tomado por muros brancos e pretos. Os muros cruzavam-se por todos os lados formando um grande complexo. Lembrava um labirinto. Mesmo com o sol, algumas partes do labirinto permaneciam na escuridão. Em outras, uma nevoa tornava impossível à visão dos muros, e por fim algumas das partes com luminosidade estavam alagadas. No final do labirinto um enorme pilar.
-É lá que nossa missão termina, no pilar de Neith. Apontou Salum para o portal.
Desceram pela encosta do morro. Quando estavam quase terminando a descida o mago parou.

- Meus jovens, aguardem neste local por um breve momento. Vou descer a frente e verificar se não existe nenhum tipo de perigo para nós. Aproveitem para descansar um pouco este talvez sejam os últimos momentos de tranqüilidade que tenhamos.
Yalo sentou-se colocando a ampulheta em uma pedra. Irian que estava a seu lado comentou:
-Ela é muito bonita, daria um ótimo enfeite.
-Pena que o tempo corre muito rápido dentro dela. Disse Bal observando a areia escorrer.
Yalo e Irian o olharam por um momento, mas o ignoraram.
"Eu não queria falar com vocês mesmo". Pensou.
Bal virou-se de lado e começou a observar o lugar onde estavam. Um movimento em uma moita ao lado chamou-lhe a atenção.
-Vocês viram aquilo? Perguntou Bal aos outros dois garotos.
-Viu o quê? Questionou Yalo.
-Não vê que ele só esta querendo chamar nossa atenção. Resmungou Irian.
Os dois voltaram a ignorar Bal.
"Tolos, se acham o máximo"
Bal continuava a observar a moita. Nenhum movimento.
"Acho que estou imaginando coisas".
Um novo barulho e a moita se mexeu mais uma vez, Bal levantou-se e foi verificar.
-Salum disse para ficarmos juntos. Falou Yalo.
-Deixe o celestino que vá, quem sabe ele não se perca e não retorne mais.
As palavras de Irian eram em tom de deboche.
Bal não deu atenção a eles. A moita parou de se mexer, mas algo pareceu sair rapidamente dela e se dirigir a outra um pouco mais adiante. Ele ficou intrigado, mas não conseguiu ver o que era. Estava entre seguir o conselho de Salum e voltar, ou acompanhar sua curiosidade e prosseguir. Acabou seguindo adiante.
Quanto mais ele avançava, mais a coisa fugia. Por fim chegou a um local sem saída, cercado por rochas por todos os lados. Havia uma última moita.
-Seja o que for agora você não me escapa!
Bal seguiu cuidadosamente até a moita, abriu-a com as mãos, entre suas folhagens havia um pequeno lagarto de olhos amarelados, parecia inofensivo.
-Vem cá bichinho.
O lagarto alterou suas feições, mostrou suas presas e num movimento ágil pulou no peito de Bal derrubando-o. Salum chegou e com seu cajado atirou o lagarto longe. Atrás deles vinham Irian e Yalo.
O lagarto voltou, mas Salum o mantinha a distância com seu cajado.
-Levante-se e fique atrás de mim. Eu não mandei que ficassem juntos.
-Eu sei é que...
-Eu disse que este lugar reserva muitas surpresas, mas uma...
Por um momento Salum olhou para Bal e distraiu-se. O réptil aproveitou-se da situação e pulou por cima do cajado mordendo a mão do mago antes de fugir.
-...Mortal... Salum gemeu de dor.

-O senhor está bem? Perguntou Yalo.
-Olhe o que você causou celestino. Disse Irian.
-Ele vai ficar bom foi só um arranhão. Falou Bal tentando se desculpar.
-Receio que não meu jovem.
A entonação da voz de Salum demonstrava muita dor.
-Este é um lagarto de olhos amarelos das montanhas do labirinto. Por eles serem pequenos atraem suas vítimas para longe de tudo e a ferem com suas presas expelindo seu veneno.
-Mas o que veneno causa? Perguntou Yalo.
-Fiquem quietos, temos que voltar logo para a entrada do labirinto e rezem para não estarem perto quando o veneno fizer efeito.
Terminaram de descer o morro e chegaram a um portão, com dois elefantes cravados em cada parte. Um escuro, outro claro. Salum tomou a palavra.
-Este é o labirinto onde as luzes e as sombras convivem à milênios. O Labirinto do Caçador.
-Não gostei do nome. Disse Bal respirando fundo.
Salum prosseguiu.
-Vocês precisarão ser espertos, astutos e ter muita destreza para atravessá-lo. Salum parou e levou uma das mãos à altura do estômago.
-Por que ele tem esse nome? Perguntou Yalo.
-Porque quem entra nele é caçado o tempo todo.
-Gostei menos ainda da explicação.
-Fique quieto celestino. Protestou Irian.
-O senhor está bem?
Yalo perguntou por que a aparência de Salum piorara muito depois da mordida que levara. Um gemido veio do mago. Ele levantou a mão indicando para os jovens pararem de falar.
- Estou, mas eu não tenho muito tempo e nem vocês.
Apontou para ampulheta que estava com Yalo.
- Devem partir agora e cruzar o labirinto, mas não conseguirão isso sozinhos. Devem antes fazer a escolha e rápido. O tempo está se esgotando.
- Escolha? Que escolha? Perguntou Bal sem saber o que pensar. – Se tiver que escolher, eu escolho voltar.
Salum se curvou, os cabelos caíram lhe sobre a face, ergueu uma das mãos. Os portões começaram a executar movimentos laterais abrindo-se.



Elas estavam ansiosas demais, não sabiam com o que iriam se deparar. Mas foram preparadas a maior parte de suas vidas para este momento. Tinham que atender as expectativas, dentre muitas, somente às três melhores foram selecionadas.
-Como será que eles são? Questionou Mary.
-Não sei, mas tenho certeza que me darei muito bem com ele. Respondeu Helian.
-O meu será o mais bonito. Afirmou Mary
-O meu vai ser o mais elegante e inteligente. Contestou Helian que não queria sair perdendo.
-Ora, mas por que você está tão acanhada Dafne. Acha que não vai ser escolhida. Zombou Mary.
A jovem estava quieta, trêmula, com os braços escondidos atrás do corpo.
-Eu ouvi dizer que eles judiam muito das que não lhes agradam. Continuou Mary.
O rosto de Dafne ficou pálido.
-Mas e se ninguém a quiser, o que vai fazer? Havia maldade na voz de Helian. -Coitada. Riu...
-Quem vai querê-la? Mary disse se aproximando. -Eu teria vergonha de estar aqui. Se estivesse em seu lugar já teria ido embora.
As lágrimas começavam a escapar dos olhos de Dafne. Ela pensou em fugir, mas neste momento não havia mais tempo para voltar atrás, o portão estava se abrindo. Logo estaria frente a frente com eles.
"E se ninguém me quiser? E se me maltratarem?"
As perguntas corriam soltas pela mente de Dafne e o arrependimento de estar ali tocava fundo sua alma.


Os portões se abriram completamente. Os jovens preparavam-se para entrar no labirinto, entretanto três moças com menos da metade do tamanho de uma pessoa normal cruzavam seus caminhos. Todas possuíam pequenos coletes que deixavam a mostra os braços e as pernas. As três tinham cabelos curtos e lisos, estes eram penteados para baixo e pareciam estar sempre molhados. Elas estavam flutuando a uma altura do solo que ficavam praticamente da mesma altura deles.
Salum apresentou-lhes as três.
-Aquela é Mary.
Sua vestimenta tinha coloração vermelha. O que combinava com seus cabelos loiros, possuía olhos azuis claros e sua pele era macia e clara.
-A do meio é Helian.
Sua vestimenta eram esverdeada, cabelos ruivos e olhos verdes. Sua pele também era clara e possuía algumas sardas no corpo.
-E por fim a última delas é Dafne.
Sua vestimenta era azul escura. Possui cabelos negros, seus grandes olhos também eram negros, o que era raro entre as ninfas. Tinha lábios carnudos e sua pele branca parecia não conhecer os raios solares. Ela estava muito apreensiva, mas nem isso tirava sua beleza.
-O que é isso? Inquiriu Irian.
Salum aparentava ficar pior a cada minuto que passava, sua respiração saia com dificuldade. As palavras vieram fracas:
-Como disse antes, vocês teriam que fazer uma escolha. Um mago iniciante precisa de uma companheira que o ajude. Estas foram as três ninfas escolhidas para acompanhá-los.
Mary e Helian gesticulavam e sorriam muito, enquanto Dafne permanecia imóvel.
-Elas lhes serão muito útil, além de companheiras, os ajudarão a seguir pelos caminhos certos. Possuem ótima memória para guardar fórmulas de poções e feitiços mágicos. Quando vocês se concentrarem juntos poderão ter seus poderes aumentados. Como muitos de nós magos somos temidos, muitas as pessoas evitam conversar conosco. Elas serão suas amigas e confidentes. Nós temos um pacto com as ninfas, elas lhes serão fieis até o dia em que vocês as libertarem.
-Quando será isso? Perguntou Bal.
-Quando se tornarem magos mais experientes. Isso ainda vai demorar um pouco. Mas não precisam se preocupar quando chegar à hora vocês saberão. Elas também têm um dom muito especial que é o da levitação. Além de serem muito bonitas.
Mary e Helian fizeram um pequeno gracejo, enquanto o rosto de Dafne corou de vergonha. Salum conseguiu se levantar.
-Bem, minhas jovens ninfas. Declarou Salum com autoridade. -Estes são os candidatos da Cidade Superior, Yalo e Irian e este é Balduíno, ele é um celestino. Podem escolher.
Bal estava à frente de Yalo e Irian. Ia escolher primeiro, mas Mary e Helian passaram voando por ele muito rápido. O garoto levantou o dedo, mas não conseguiu dizer palavra alguma. Mary agarrou Irian pelo pescoço enquanto Helian abraçou o peito de Yalo. Bal ficou parado esperando Dafne, mas ela não se mexeu, ficou imóvel onde estava.
O celestino se aproximou lentamente dela. Dafne não ousava olhá-lo, suas mãos continuavam escondidas atrás das costas e à medida que o jovem se aproximava ela tremia mais e mais.
-Não entendi! Reclamou Bal. -Eu não ganho nenhum abraço?
Ela falou pela primeira vez, mas mesmos assim de um modo tenso.
-Bem, é que eu..., Eu...
-Já sei, você não chegou perto de mim por eu ser celestino. Não foi isso?
As palavras de Bal denotavam um certo grau de impaciência.
-Não. Eu não queria... É que...
-Vamos Dafne, de um abraço nele. Mary falava com sarcasmo.
-Tudo bem, um simples aperto de mão serve. Bal esticou a mão para ela.
A ninfa ainda ficou indecisa, mas estendeu a mão. O garoto deu uma sacudida um pouco mais forte, o que fez Dafne perder o equilíbrio. Precisou usar ambas as mãos para segurar as de Bal. Nesse momento um pequeno rabo, fino e delicado apareceu de trás dela. Bal perguntou assustado.
-Você tem um rabo?
A ninfa ficou sem jeito, corando o rosto todo.
-É uma aberração mesmo. Caçoou Helian.
Mary, Yalo e Irian caíram na gargalhada com a cena. Dafne fugiu aflita do local.
-O que faço agora? Questionou Bal.
-Eu lhes darei uma dica, que os ajudará a passar pela primeira parte do labirinto. As demais vocês encontrarão pelo caminho.
Salum abriu a mão e dela saiu uma bola de luz que tomou a forma de um querubim.
"No labirinto irão entrar. Dois caminhos a escolher. Deverão despercebidos passar. Sem atenção para si chamar".
Salum caiu de joelhos, sua dor era intensa, já não conseguia mais ficar em pé.
-Vão rápido. Grunhiu ele.
Quando Bal passou pelo mago. O braço dele prendeu o garoto.
-Você não pode ir, volte para a Cidade Superior. Jamais se tornará um guardião.
-O quê? Como assim? Bal ficara espantado com a atitude de Salum. -Claro que vou me tornar um guardião. Se eu não me tornar como ficarão meus amigos?
A lembrança de Arão e Cassi lhe veio à mente.
-Mas sem uma ninfa jamais conseguirá isso.
-Ora, mas que droga! Exclamou Bal e saiu correndo na direção em que Dafne havia ido. Antes, porém ouviu Yalo conversar com Irian.
-Nós temos os caminhos, do lado da luz e das sombras. O aviso nos disse para passarmos despercebidos. Lembra-se do encanto da invisibilidade? Podemos usá-lo e passar sem sermos notados. Vamos pelo lado da luz.
Bal ainda olhou para trás e viu os quatro entrando no labirinto.
-Puxa, essas coisas só acontecem comigo. Reclamou ele. -Onde ela está?
Ouviu um barulho vindo ao lado de trás de umas folhagens, se aproximou lentamente. Abriu passagens com as mãos. Viu Dafne sentada chorando.
-O que você está fazendo? Perguntou Bal bravo.
Dafne viu o jovem sair tropeçando do meio das folhagens, engoliu o choro. Apesar de toda a sua tristeza, esboçou um pequeno sorriso com a cena.
"Nossa! Ele é muito atrapalhado".
Bal tirava os últimos ramos que ficaram presos as suas vestimentas.
-Eu não quero mais, eu não vou, escolha outra.
-Escute aqui. Eu vou me tornar um guardião. E preciso de você para isso. Portanto você vem comigo, seja por bem ou por mal. Você escolhe.
Dafne não se mexeu. Bal pegou a mão dela, mas ela a soltou com um movimento brusco. O garoto olhou para cima e suspirou.
-Daí me força. Olha eu sei o que você está passando, mas precisamos voltar, os outros já entraram no labirinto.
-Você sabe o que estou passando? Você não faz a mínima idéia. Sou uma rejeitada, uma aberração, ninguém quer falar comigo por causa disso.
Virou-se e balançou o rabo.
-Eu sei sim. Desde que cheguei a Cidade Superior todos vivem me tratando mal. Ninguém vem conversar comigo, só por que sou do povo celestino. E olha que sou igualzinho a eles.
Dafne ouvia suas palavras atentamente.
-Mas não tenho tempo para explicar isso agora para você. Já estamos muito atrasados.
Bal pegou Dafne pela cintura jogou-a no ombro e voltou correndo.
-A propósito meu nome Balduíno, mas pode me chamar de Bal.

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