–Milena, eu preciso te contar uma coisa. - Disse minha mãe.

–Eu não quero ouvir vocês. Vocês estão me obrigando a me casar com alguém que eu não amo.

–Eu sei exatamente como é isso. - Ela respondeu. Parecia fragilizada.

–Não, você não sabe! Eu sou a única que está passando por isso. Você ama o meu pai e vocês me doaram como um pedaço de carne.

–Milena, eu sei como é isso. Eu já passei por isso. Só me escute. - Eu sentei na ponta da cama. Estava chorando. - No começo do acordo era eu quem devia me casar a força. Eu me casaria com o pai de Miguel. Estava quase tudo arranjado quando eu me apaixonei por seu pai e Leandro se apaixonou pela esposa. Eu implorei para desfazermos o contrato. Eu estava apaixonada e era quase uma criança. Ele aceitou com a condição da promessa de que nossos filhos cumprissem o contrato. Antes de assinarmos, ele mudou algumas coisas para que vocês nunca pudessem fazer o mesmo que nós. No embalo dessas mudanças ele colocou mais algumas clausulas que passaram despercebidas até o seu nascimento. Eu sinto muito minha filha.

–Como você pôde vender a sua própria filha dessa forma? Você sabia exatamente como era passar por isso e mesmo assim fez isso comigo. E os meus sentimentos? E a minha vida? Como fica isso tudo? - Eu olhava para ela incrédula.

–Milena, se não fosse por esse acordo você provavelmente nem teria nascido. Por maior que seja o amor entre duas pessoas ele não sobrevive a um casamento com outra pessoa. Você precisa entender isso. - Meus pensamentos foram diretamente para Felipe. Chorei mais ainda.

–NÃO. - Gritei. - Se o amor é verdadeiro ele sobrevive sim. Você é quem não entende.

–Milena, deixe de ser sonhadora. Quem quer que seja a pessoa que você deseja ele vai desistir de você no exato momento em que disser “Eu aceito.”.

–Você está acabando com a minha vida, não percebe isso? Por que vocês não simplesmente dividem as ações das empresas? Seria bem mais simples e eu poderia viver a minha vida em paz.

–Milena, você não entende o mundo dos negócios. - Bufei. Já tinha cansado de brigar por conta daquele contrato.

***

Cheguei na casa de Felipe e fui atrás dele. O encontrei dormindo na cama. Tirei meus sapatos e deitei ao seu lado. Ele acordou:

–Oi, princesa. Estava te esperando. Desculpe se peguei no sono, podemos ir agora se você quiser. - Ele se sentou na cama.

–Não tem problema, podemos esperar até amanhã. Só me responde uma coisa::: - Eu precisava saber.

–Claro, pode falar.

–Por que você está comigo? - Olhei para ele.

–Essa é fácil, porque você é gostosa. -Fiquei alguns segundos em silêncio para tentar digerir a informação. -Ei, eu estou brincando. Eu estou com você porque eu gosto de passar tempo ao seu lado, porque você é incrível por fora e por dentro, porque você tem uma mente adulta, porque você me entende, porque quando eu estou ao seu lado tudo parece melhor, porque nos dias que eu te vejo tudo parece ter mais cor, porque nós temos uma conexão diferente de tudo que eu já vi. Eu estou com você porque eu te amo. - O beijei. Apenas isso. Um rápido beijo inocente.

***

Saímos no dia seguinte bem cedo. Chegamos no local quatro horas depois. Subimos as malas e arrumamos o lugar depois saímos para almoçar. Estava muito frio. Entramos no apartamento, escovamos os dentes e nos deitamos. Estávamos os dois lendo e eu precisava tirar aquilo da minha cabeça:

–Felipe, você vai sumir quando eu me casar? - Fechei o livro e coloquei ao meu lado. Ele fez o mesmo.

–Eu não quero te causar problemas, mas também não quero me afastar. Sinceramente, eu vou fazer o que você quiser que eu faça.

–Eu quero você, não importam as consequências. Mas eu não sei se você me quer da mesma forma. - Disse a ele.

–É claro que eu te quero. Se eu pudesse eu entraria no lugar daquele cachorro e me casaria com você.

–Mas você anda tão distante. - Meus olhos lacrimejaram. - Me faz pensar se você está interessado em outra pessoa.

–Ei, nós não fizemos um acordo? Se um de nós não estiver conseguindo lidar com a situação nós vamos contar e o outro terá que entender, lembra? Eu te quero, meu amor. Acredite em mim.

***

Uma semana se passou e nós estávamos muito felizes. Meus pais me ligavam as vezes e meu pai pouco falava. Miguel me ligou mais algumas vezes, mas eu não atendia. Estava tudo tranquilo. Tinhamos acabado de voltar do jantar. Estávamos deitados:

–Felipe. - Ele me olhou. Tirei o livro de suas mãos e coloquei ao lado. Subi em seu colo colocando uma perna de cada lado de sua cintura. - Eu sinto sua falta. - Beijei seu pescoço. - Parece que você não me quer mais. - Mordi seu lábio inferior. - Eu quero você.

–Milena, não me provoque. Eu sei brincar disso melhor do que você. - Fui até sua orelha.

–Prove. - Sussurrei. Ele segurou na minha cintura com vontade. Eu precisava que ele me quisesse. Mordi o lábio.

–Milena.- Ele disse em minha orelha. Sua voz estava rouca. - Nunca ache que eu não te quero. - Ele beijou meu pescoço. - Você é minha. - Comecei a me mexer em seu colo.

–Felipe… - Eu aumentava os movimentos gradativamente. Ele atacou meu pescoço. Puxei os cabelos de sua nuca.

–Milena…- Beijo. - Para…- Beijo.

–Sua boca me diz uma coisa, mas seu corpo me diz outra completamente diferente. - Sorri utilizando a mesma frase que ele tinha utilizado comigo semanas antes.

–Chega. - Ele me jogou na cama e ficou por cima.