Masquerade escrita por okayokay


Capítulo 8
Red Night




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Cancun, México

Scarlett Wilkins

Infelizmente, as férias estavam acabando. Tudo estava maravilhoso, mas as coisas boas realmente passam rápido.

Para o meu azar, uma água-viva me queimou mais cedo. Meus amigos foram atrás de algum remédio medicinal para mim e Adam disse que ficaria comigo na casa de praia que alugamos.

Ele fez isso realmente para me provocar. Ele o sabe o quanto eu gosto dele. Nunca ficamos, mas é óbvio que se ele investisse, eu cederia.

Adam se jogou no sofá ao meu lado, tomando cuidado para não machucar meu tornozelo inchado.

– Sinto muito que você tenha que ficar aqui na nossa última semana em Cancun - falo. - Você pode sair, se quiser. Não me importo de ficar sozinha.

– Não - Adam fala. - Eu quero ficar.

Aquilo me dá vontade de sorrir, mas não o faço porque ele me encara.

– Por que você fica me olhando?

– Scarlett, eu não... - ele trava. - Olha, eu não sei como dizer isso.

Ele toca o meu rosto e eu sinto o meu corpo inteiro tremer.

– Eu gosto muito de você, mas cara... eu te conheço desde que nascemos. Você não é como as outras garotas ou até mesmo Madison e Tiffany, que por mais que eu as conheça desde sempre, nos tornamos amigos a pouco tempo. Eu e você temos uma ligação diferente. Fomos criados juntos. Quando éramos pequenos dormíamos na mesma cama. Você foi, eu posso dizer isso com todas as letras, a única amiga mulher que eu tive de verdade.

Mas... penso. Sempre há algo errado.

– Mas, como eu disse, nós somos amigos. Eu sei que você gosta de mim e pode ter certeza que se fosse outra mulher eu não estaria tendo essa conversa, mas é que você é diferente. Eu também gosto de você, mas não do jeito que você espera.

Olho para minhas mãos sobre meu colo. Não sei como agir, onde colocá-las, o que dizer. Senti um aperto horrível no peito e meu estômago começou a dar várias voltas, como uma moto no globo da morte. Sinto que posso perder os sentidos.

– Você não me deseja.

Adam dá risada. Uma risada alta. Não sei dizer se é de mim ou para mim, mas não sinto vontade alguma de rir junto com ele, apesar de adorar o som, a melodia, a forma como ela soa em meus ouvidos.

– Scarlett, você não faz ideia de como eu a desejo. É algo realmente incontrolável para mim. Eu mal consigo manter minhas mãos longe de você.

Me lembro dos abraços sempre demorados, de que ele sempre estava em contato comigo, seja tocando meu ombro, minhas mãos ou com o braço ao redor do meu pescoço. Adam realmente sempre estava com suas mãos em mim.

– Então não se controle.

Olho nos seus olhos caramelados e vejo que ele está perdido, completamente dividido entre o que quer e o que deve fazer.

– Eu provavelmente vou para o inferno por desejá-la desse jeito - ele sussurra. - Eu sinto que é como se fosse um incesto.

– Mas não é - me aproximo e toco o seu rosto. - Nós não somos irmãos. Estamos sozinhos aqui. Você precisa relaxar.

Do lado de fora da casa, havia festa na praia de fim de dia. Sempre ao pôr do sol.

Tocava Feelings do Maroon 5 e eu não conseguia pensar em uma música que se encaixava melhor na nossa situação.

I got these feelings for you

And I can't help myself no more

Adam me encara. Sinto seus grandes cílios pretos na minha pele, sua respiração acelerada contra a minha e seus lábios tocando o meu com desespero.

Passo minhas mãos ao redor do seu pescoço e sorrio em meio ao beijo. Seus lábios carnudos estão pressionados contra o meu com força, até que ele pede passagem com a língua.

Puxo Adam para mim e ignoro a queimação na minha perna, mas parece que ele não.

– Mas a sua...

– Foda-se minha perna.

Ele sorri e volta a me beijar. Suas mãos me envolvem e ele me pega no colo, subindo comigo em seus braços para o andar de cima.

Depois de me colocar na cama, ele vai até a porta e a tranca. Enquanto isso, tiro minha roupa.

Can't fight these feelings for you

No I can't help myself no more

As mãos rápidas de Adam arrancar o que resta da minha roupa. Passo as minhas por baixo da sua camiseta azul e sinto como seu abdômen é definido.

Eu o queria para mim. Eu o teria.

Now you flash that sexy smile

And tell me I gotta wait a while

And it makes me lose my mind

Adam fazia comigo algum tipo de tortura, porque eu não aguentava mais esperar, mas ele nunca me dava o que eu queria. Quando estava quase lá, ele simplesmente parava. Ele sorria enquanto via minha indignação estampada no rosto.

Agora eu sabia porquê todas aquelas garotas correm enlouquecidas atrás dele. O cara é realmente bom.

Bom é pouco. Ele é maravilhoso. Sensacional.

No I can't wait much longer

It needs to happen now

Sua mão prende a minha próxima a cabeceira enquanto a outra toca o meu rosto enquanto seus lábios estão pressionados contra os meus. Ele dá pequenas paradas para tomar fôlego.

Eu sinto a parte dele que anseia por isso tanto quanto eu.

I want to get much closer

You need to tell me how

Afasto qualquer outra coisa que nos separa. Enrolo meus braços ao redor do seu corpo. Fecho os olhos quando uma sensação maravilhosa me invade. Suspiro de alívio.

Cravo minhas unhas nas suas costas quando ele começa a acelerar os movimentos dentro de mim.

I got these feelings for you

And I can't help myself no more

Can't fight these feelings for you

No I can't help myself no more

Adam é realmente enlouquecedor. A questão é que eu não me importo de passar o resto da minha vida em um manicômio.

§§§

Nova York, Estados Unidos

Cinco meses depois da noite em Cancun

No dia seguinte não vou ao colégio. A notícia de ontem a noite me abalou demais. Madison vem até a minha casa para me passar a matéria e, graças a Deus, não pergunta nada.

Não aguentaria ter que mentir para ela.

– O professor Barrell adorou o nosso vídeo - ela me conta. - Ele disse que poderíamos formar uma banda.

– Tenho certeza que sim.

Se eu não tivesse que me prostituir, digo a mim mesma.

– O que está acontecendo, Lett?

– Você tem algum dinheiro para me arranjar?

– Como é?

Respiro fundo.

– Meu pai faliu antes de morrer e eu só posso herdar o dinheiro da minha mãe quando eu terminar a faculdade e... eu realmente não sei fazer nada.

– Quanto que você precisa?

– Qualquer quantia que você me arranjar já é ótimo.

Madison vê nos meus olhos que algo está errado, eu consigo perceber isso. Somos amigas de longa data. Nada passa despercebido.

– Quanto que o seu pai está devendo?

– Duzentos mil dólares.

Madison balança a cabeça. Para o pai dela não é nada, mas para ela poderia ser difícil arranjar esse dinheiro.

– Eu juro que pago tudo depois. Eu não preciso dessa quantia toda. Se você me arranjar dez mil já ajuda muito.

Pelo menos uma parte da dívida já estaria paga, digo. Menos tempo para me prostituir.

Madison abre a bolsa e retira de lá um maço de dinheiro.

– Aqui tem vinte mil - ela me diz. - É tudo que eu posso te dar agora.

Meus olhos se enchem de lágrimas.

– Você não sabe o quanto isso vai me ajudar. Eu pago tudo depois, eu prometo.

Madison sorri, compreensiva. Depois me abraça.

– Você não me deve nada. Estou fazendo isso pela nossa amizade.

Não consigo pensar em uma amiga melhor.

§§§

Madison Hartfold

– Onde está o meu pagamento?

– Tive um lapso de bondade. Trarei seu dinheiro amanhã.

– Madison...

– Eu digo que trarei amanhã, Pat - o empurro para a cama. - Agora há outras coisas mais importantes para fazermos.

Sorrio.

– Coisas mais divertidas.

§§§

Ajeito meus cabelos e ao chegar em casa, dou de cara com Aimee vendo o vídeo que eu e meus amigos gravamos.

– Onde você arranjou isso?

– Está no YouTube.

– Como é?

– O professor Barrell postou há alguns minutos - ela sorri para mim. - Já há mais de quinze mil visualizações.

Quase caio para trás.

– Você está ficando famosinha.

§§§

Me jogo na cama e penso nas aulas de música. O professor Barrell disse que tínhamos futuro. Que poderíamos ser famoso.

Ser famosa só complicaria os meus planos.

Um barulho na janela me desperta e vejo que Bash entrou no meu quarto por lá. Corro trancar a porta para que ninguém entre.

– O que você está fazendo aqui? Pensei que havia sido bem clara ontem que não queria o ver mais.

– Eu não sou o tipo de cara que obedece uma mulher.

– E eu não sou o tipo de mulher que se submete a vontade de um cara.

Bash sorri e me puxa pela cintura.

– Tenho certeza que você pode abrir uma exceção para o seu namorado.

– Depois de ontem, você não é mais o meu namorado.

– Tem razão - ele se afasta e tira uma caixinha preta do bolso. - Ontem você me disse que faria qualquer coisa por mim, inclusive assumir um compromisso mais sério.

Ele abre a pequena caixa.

– Casa comigo, Maddie.

§§§

Sebastian Scotterfield

Algumas horas atrás

Desço as escadas do meu quarto a procura de uma bebida. No barzinho no meio da sala de estar, acho Melodie com uma garrafa vazia ao seu lado.

– O que você está fazendo?

– Ficando bêbada.

Respiro fundo.

– Você é de menor.

– Grandes coisas.

Puxo uma garrafa para mim e sirvo um pouco de uísque.

– E você? A vida perfeita do filho e namorado perfeito não é mais um conto de fadas?

– Madison terminou comigo.

– Você é um idiota.

– Como é?

– Ué. Você fica comendo a melhor amiga dela e quer que ela continue fingir que não vê nada por mais quanto tempo? Você é um idiota.

A surpresa toma conta de mim.

– Eu não...

– Não precisa negar. Eu vi você e Tiffany no dia seguinte que vocês voltaram de Cancun. Tenho certeza que aconteceu lá.

– Foi você que contou para Madison?

– Claro que não. Ela viu.

– O quê?

– Ela viu você e Tiffany juntos.

Respiro fundo.

– Merda.

– Sabe, sempre dizem que quem come quieto come duas vezes.

– Desde quando você sabe sobre essas coisas? - pergunto a minha irmã mais nova.

– Sei mais coisas que você, disso pode ter certeza. Você precisa parar de ser babaca.

– Ótimo. Agora a bêbada da minha irmã mais nova virou minha psicóloga.

– Não sou sua psicóloga, sou apenas sua irmã mais nova bêbada - ela sorri. - Enfim, você tem que escolher. Já que Madison descobriu, não há outra alternativa.

– E o que eu devo fazer?

– Você tem que escolher: ou se compromete com Madison ou tem um caso de alguns meses com Tiffany até o seu melhor amigo descobrir e vir te matar. Nós bem sabemos que Frank é a calma em pessoa, mas que quando perde a cabeça...

– Ele é meio noiado.

– Acho que você deveria preferir perder a amante do que perder a vida - Melodie bate com a garrafa vazia levemente na minha cabeça. - Não que eu me importe, mas com certeza nossa mãe se importa.

§§§

Franklin Wentworth

Meu pai havia saído com a minha irmã para cuidar de algumas coisas da contabilidade da empresa. Minha mãe foi trabalhar. Estava, finalmente, sozinho em casa.

Estava um calor do caralho, então decidir dar um mergulho na piscina. Depois que cansei de nadar, fiquei apenas boiando de um lado para o outro.

Quando abro os olhos, vejo que a amante do meu pai está tomando sol na espreguiçadeira favorita da minha mãe. Quando me vê olhar para ela, ela retira os óculos de sol e caminha até a escada prateada da piscina e começa a descer para a água.

– Eu sou Hayley - ela fala com um sotaque britânico forte.

– Eu a conheço - infelizmente, quero dizer.

A amante do meu pai tem os cabelos pretos e curtos, na altura dos ombros, levemente cacheados. Seus grandes olhos claros estão estalados para mim e há um sorriso serpenteado nos seus lábios rosado. Além disso, ela tem um corpo muito bonito. Deve ter a idade de Ashley, minha irmã cinco anos mais velha do que eu.

– Você sente raiva do seu pai?

– Como você quer que eu não sinta? Ele sempre trás as vagabundas dele para a casa da minha mãe.

A vejo se aproximar mais e mais.

– Você deveria tomar cuidado. Ele vai te chutar daqui algumas semanas como fez com tantas outras.

– Ah, mas eu sou diferente - ela sorri. - Tenho segredos. Métodos. Nenhum homem resiste.

Respiro fundo, me afastando. Apesar de ser uma mulher muito bonita, Hayley é a vadia do meu pai.

– De qualquer forma, eu imagino que você poderia descontar a raiva do seu pai em outra pessoa. De outra forma.

– Está sugerindo que eu bata em você?

– Se isso lhe for prazeroso, não sei porquê não.

Balanço a cabeça.

– Isso é um absurdo. Eu nunca agrediria uma mulher.

– Você não precisa necessariamente me agredir.

Percebo que as minhas costas estão contra a borda da piscina e Hayley me cerca, como uma cobra pronta para dar o bote. Não há como fugir.

– Não imagino maneira melhor de você se vingar do seu pai do que comendo a mulher dele.

Dou risada.

– Você é maluca.

– Sou?

Tento desviar o olhar, mas meus olhos param em seus seios. Ótimo.

Hayley está me tocando embaixo da água. Sinto que não posso me segurar por muito mais tempo.

– Se você contar...

– Eu nunca faria isso.

Eu a beijo com ferocidade. Não há tempo para se perder. Afasto a parte debaixo do seu biquíni e a tomo ali mesmo.

Eu e a vadia do meu pai.

§§§

Scarlett Wilkins

De noite, um carro vem buscar a mim e a Wendy. Sinto nojo de mim mesma. Quantos conhecidos eu poderia encontrar lá?

O motorista para em frente ao bordel e eu respiro fundo. Não sabia por quanto tempo teria que fazer isso, todas as noites, mas sabia que quanto mais fizesse, mais rápido me livraria.

Sinto vontade de vomitar.

Paro diante de uma mulher que fica no caixa. Ela parece ter lá seus vinte e poucos anos, tem a pele pálida, cabelos pretos curtos e levemente cacheados.

– Eu sou Hayley - ela fala com um sotaque britânico forte -, e vocês são...?

– Scarlett e Wendy.

– Ah, sim. Por favor. Entrem.

Ela sorri, mas não há felicidade nos seus olhos, apenas tristeza.

Lá dentro não havia iluminação que não fossem as fracas luzes vermelhas. Mulheres dançavam em todos os cantos, ouvia-se a música alta e sensual enquanto as pessoas estavam espalhadas, alguns se pegando no sofá, outros em quartos que ficavam no andar de cima. Havia prostitutos e prostitutas. Eu nunca me senti tão perdida.

– Sinto muito por vocês terem vindo parar aqui - ela sussurra. - Bom, sejam bem-vindas a Red Night.

Puxo Hayley para um canto enquanto Wendy sai a procura de roupas para nós.

– Será que eu posso usar uma máscara ou algo do tipo? - pergunto. - Eu odiaria que alguém me reconhecesse.

– Eu teria que ver com o meu chefe.

– Será que eu posso falar com ele?

Hayley sai a procura do chefe enquanto eu fico de braços cruzados em um canto do salão, apenas esperando. Alguns minutos depois, ele aparece.

– Já está causando problemas?

– Eu pedi para usar uma máscara - digo. - Não quero ser reconhecida.

– Não sei porque abriria essa exceção para você.

– Porque Nova York inteira me conhece. Tenho certeza que saberiam que algo está errado se vissem a filha de um dos caras mais ricos dos Estados Unidos se prostituindo.

Ele respira fundo.

– Tudo bem. Não me importo. Mas se algum cliente pedir para você tirar, você tira. Não quero você me causando problemas.

– Não causarei nenhum.

– Ótimo. Porque garota problemas ou aquelas que não trazem lucro são eliminadas.

Sorrio debochadamente, entendendo muito bem o que ele queria dizer com eliminadas.

– Quem diria, não é mesmo? Bilionário, dono do maior shopping de Nova York, filantropo... Harold van der Windsor, dono de um bordel.

– Não sou dono apenas de um bordel.

– Ah, eu tenho certeza que você tem envolvimento com armas, drogas e coisas nojentas do tipo.

Harold sorri para mim.

– A Máfia está em toda parte.

– Imagino o que Adam iria pensar se descobrisse que o pai obrigou uma das melhores amigas dele a se prostituir.

– Eu não obriguei ninguém a nada. Você fez uma escolha.

– Claro, grande escolha! Ou eu me prostituia ou eu morria.

– Exatamente. Uma escolha.

Harold se aproxima, irado.

– Saiba que sempre é tempo de mudá-la aqui.


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Notas finais do capítulo

Reviews? (:



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