Masquerade escrita por okayokay


Capítulo 20
Masquerade part. 2


Notas iniciais do capítulo

Finalmente chegou o grande momento! Espero que gostem. Boa leitura xx



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– Você - aponto para Tiffany - foi a responsável por isso tudo.

– Não sei do que você está falando.

– Estou falando sobre a NY Gossip. Eu sei que foi você.

Tiffany sorri.

– Andei lendo sobre suas aventuras, mas não foi eu. Gostaria que tivesse sido.

Aponto para ela.

– Você me aguarde. O que é seu está guardado.

– Finalmente está se revelando.

– Eu não tenho nada a perder, já você tem duas aberrações em casa. Não esqueça disso.

– Se você ousar tocar nas minhas filhas...

– Se um dia eu encostar naquelas demônias, vai ser para jogá-las no primeiro rio que eu ver pela frente.

– Quando eu disse que te mataria, Madison, eu não estava brincando. Espere que se lembre disso.

§§§

Scarlett Wilkins

Largo meu Cosmo antes que ele caia da minhas mãos. Me sento em um dos banquinhos perto do bar. Minhas pernas estão moles.

Não podia acreditar.

Por que você não me contou que Scarlett era uma das prostitutas da Red Night?

Madison sabia. Ela sabia esse tempo todo.

Ela sabia que seu pai não prestava e que aliciava meninas. Ela sabia de tudo.

E, enquanto eu contava, agia com surpresa, como se jamais suspeitasse. Eu jurei que havia visto mágoa em seu olhar, ressentimento. Deus, como ela finge bem.

Penso em ir embora, mas precisava passar pela maldita cerimônia. Procuro por Wendy no salão, mas não a encontro. Não queria conversar com ninguém agora além da minha irmã.

Decido tomar um ar no jardim, porém acabou encontrando Zac em um dos bancos. Sem máscara.

Respiro fundo e me aproximo. Não havia mais como fugir.

Me sento do seu lado e olho para os meus pés.

– Zac, eu...

– Por que você não me contou?

– Não tive coragem. Juro que já tentei, mas na hora as palavras não saiam.

– Você teve muitas oportunidades então.

– Sim - confesso -, mas...

– Você devia ter me contado - olho para ele e vejo que ele está me olhando com uma intensidade azul assustadora. - Scarlett.

Tento voltar a olhar para o chão, mas ele puxa o meu rosto e me obriga a encarar seu olhar magoado. Isso me corta o coração.

– Esse é o seu verdadeiro nome, não é mesmo? Scarlett.

– Zac...

– Você mentiu para mim esse tempo todo. Eu sempre a conheci e você agiu como se... como se você realmente gostasse de mim.

– Mas eu gosto - afirmo. - Por favor, não pense por um segundo que não foi real. Que ainda é.

Tento tocar seu rosto, mas ele me afasta.

– Eu quero, juro que quero, mas não consigo acreditar em você. Eu sinto muito.

– Zac...

– Não se preocupe. Você está livre de qualquer jeito. Sua dívida está paga e agora você pode ir para onde quiser, ser o que quiser. Você não está mais presa à Red Night ou a mim.

Balanço a cabeça.

– Nada disso me interessa mais. Eu quero você. Eu amo você.

E então eu presencio algo que fez a minha alma se despedaçar: uma lágrima escorrendo pela bochecha dele.

Suas mãos tocam minha nuca. Por um segundo, eu juro que ele vai me puxar para um beijo, mas então percebo que ele está desatando o nó da minha máscara. Eu fecho os olhos enquanto ele a puxa com cuidado até a tirar.

Abro os olhos para encará-lo. Zac brinca com um pequeno cacho do meu cabelo e eu sinto seus dedos passando pelas minhas bochechas, meus lábios...

A forma como ele toca meus lábios me fazia tremer mais do que o beijo mais caloroso que qualquer outro poderia me dar. O efeito que ele tinha sobre mim era inexplicável. Até hoje eu não sabia, mas isso era muito mais do que atração ou um desejo. Era como se cada toque fizesse minha pele incendiar.

– Eu não consigo mais confiar em você.

Tudo ao meu redor se desfaz. Minha visão embaça e eu não demoro para perceber que são as lágrimas as responsáveis por isso. Ao mesmo tempo que quero correr e chorar longe dele, eu sinto que preciso convencê-lo de que o que sinto é de verdade. Porque realmente é.

Mas vejo em seu olhar: ele jamais acreditará em mim novamente.

E era tudo culpa de Madison.

Ela pagaria caro por isso.

– Nada do que eu diga fará você mudar de ideia - me levanto. - Se um dia mudar de ideia e estiver disposto a me escutar, você sabe quem eu sou e onde me encontrar.

Me inclino para depositar um beijo em sua bochecha. Ele vira o rosto, como se quisesse me afastar dali o mais rápido possível. Eu não me humilharia para homem algum, mesmo o que eu amo.

– Você pode duvidar de muitas coisas, Zac, mas deveria saber que não há nada mais real do que o que sinto por você.

§§§

Franklin Wentworth

Volto para a mesa de minha família com meu prato nas mãos. As mesas foram sorteadas para se servirem e a nossa acabou sendo uma das últimas. Infelizmente, pois estava morrendo de fome.

Quando sinto a perna de Hayley próxima a minha, minha fome some. O que surge é fome de outra coisa.

A repreendo com um olhar sutil. Meu pai estava ao seu lado e mesmo que ele esteja bebendo além do esperado de um homem de classe, ainda poderia perceber algo de diferente.

Bom, ele não percebeu durante todos esses meses em baixo do seu nariz, penso.

Enquanto janto, um garçom se aproxima e entrega um bilhete para meu pai. Ele lê com uma serenidade na face, mas eu percebo aquele brilho odioso em seus olhos. Ele tenta disfarçar a raiva, porém somente um Wentworth perceberia as emoções encobertas.

Algo estava errado.

Ele se levanta rapidamente, sem cuidar se seu ato brusco fez a mesa tremer.

– Hayley, podemos conversar lá fora um minuto?

Ela me lança um olhar de alerta enquanto se levanta.

– Ele sabe - ela sussurra somente para mim antes de segui-lo.

A fome havia realmente passado.

Espero alguns poucos minutos antes de me levantar.

– Estão me chamando ali, eu já venho.

Quando chego nos jardins, procuro ao redor por eles. Lá fora há pessoas fumando e alguns de menor bebendo, como a irmã de Bash e seu grupo de amigas. A maioria está beijando ou indo já para o próximo estágio.

Porém, ouço a discussão ao longe e sigo as vozes.

– Eu te tirei da miséria, sua vagabunda. Te dei um emprego!

– Me fez assistir várias garotas se prostituindo, assim como fui obrigada a fazer um dia. Assim como fiz por meses para você.

Quando a mão de meu pai estala no rosto de Hayley, eu intervenho.

Ele dá risada ao sentir que o empurrei para longe dela.

– Eu lido com você mais tarde, garoto. Agora eu tenho que me resolver com essa aí.

– Eu acho melhor deixarmos para discutir isso mais tarde. Estamos em público, pelo amor de Deus, tenha alguma decência.

– Decência? Quem é você para falar de decência? Depois de dormir com a namorada do seu pai, você não tem moral alguma para falar disso.

– Nada disso teria acontecido se você não tivesse levado sua amante para dentro da casa da sua família.

O sorriso em seu rosto some.

– Então é isso? Você ficou com ela por vingança?

Não digo nada. Sim, tinha sido. Sempre foi. O rosto de Hayley sugeria que ela pensava o contrário.

– Eu... - Hayley começa, mas depois para. - Eu vou embora daqui.

– Hayley... - a chamo. Ela finge não me escutar.

– Eu vou pegar minhas coisas - ela fala olhando para meu pai. - Quando você voltar para casa, não haverá mais nada meu lá.

– Não tem nada seu lá. Eu comprei tudo. É tudo meu.

Ela assente, olhando para os próprios pés.

– Não se preocupe, você jamais me verá novamente.

– Assim eu espero - ele rosna - porque se eu ver, minha cara será a última que você verá.

Assim que Hayley vai embora, meu pai se vira para mim.

– Agora é o nosso acerto de contas.

§§§

Madison Hartfold

Quando Frank chega até mim, sua boca está com um fio de sangue e seu olho direito não chega a estar roxo, mas está inchado.

– Frank, o que aconteceu? - me faço de inocente.

– Não - ele levanta a mão, os nós delas avermelhados. Ele recebeu um soco, mas também havia dado um. - Você era a única que sabia, Madison. Por que você fez isso?

– Fiz o quê?

– Destruiu a minha vida - ele sussurra. - Eu te contei porque pensei que, depois de você ter me contado sobre Tiffany, eu poderia te confidenciar algo. Aquela noite nós bebemos e eu te contei porque pensei que ainda éramos amigos.

– Você sempre foi o mais inocente do nosso grupo.

Segundos de silêncio se seguem.

– Você me deixou bêbado de propósito, não é?

– Sim.

– Essa é sua arma, então? Você embebeda seus amigos e descobre segredos para depois acabar com tudo?

– Se você tivesse esse poder, saberia como é boa a sensação de ter o controle.

Frank respira fundo.

– O que eu te fiz, Madison? O que todos nós te fizemos?

– Você nunca me fez nada. De todos, você era o único que realmente era inocente. Pensei que Scarlett pudesse ser também, mas me enganei.

Já que tudo iria acabar hoje, achei que devia a verdade (ou pelo menos uma parte dela) à Frank.

– Bash e Tiffany me apunhalaram pelas costas com as várias traições, Scarlett e Adam sabiam e jamais me contaram.

Suspiro com a intenção de expulsar o ressentimento. Tinha que ser objetiva.

– Estou fazendo isso para abrir os olhos de vocês. Para que vocês vejam que não podem confiar em ninguém, nem mesmo nos nossos.

– Adam... foi você, não é mesmo? Você fez com que Harold o tirasse de casa.

– Minha intenção era apenas causar uma briga, assim como fiz com você e com seu pai. Se Harold o expulsou, foi por escolha.

Frank se levanta.

– Você é repulsiva.

Sorrio.

– Obrigada.

Assim que ele sai, tiro o gravador da minha bolsa. Logo Patrick aparece para recolhe-lo.

– Quando tudo acontecer, quero que essa gravação venha à tona.

– Vai acabar com a imagem que você tem na mídia.

– A NY Gossip já fez isso. Quando se está na beira do precipício e não tem nada mais a perder, você deve pular.

§§§

Tiffany Morgenstern

– Sinto muito que você tenha levado a culpa por tudo.

Sorrio para Adam.

– Não se preocupe. Fico feliz de ter colaborado, pelo menos um pouquinho.

– Sem você, jamais teria a informação de Madison e Khan.

– Além da informação, você está se esquecendo do meu contato na NY Gossip.

Adam ri.

– Verdade. Obrigado, Tiff.

– Eu que tenho que agradecer. Madison merece isso e muito mais, porém eu tenho que cuidar das meninas agora, não posso me arriscar como antes.

– Bom, fico feliz por ter sido seu laranja.

– Fico feliz que você tenha visto quem Madison realmente é. Aos poucos, todos abrirão os olhos.

Adam assente. Sinto uma mão gelada tocar meu braço.

– Podemos conversar? - Patrick me segura. Olho para Adam e ele assente, se retirando.

– O que foi?

– Não vou poder ficar para o final, sinto muito.

– Por quê? O que aconteceu?

– Tenho um voo de emergência para New Orleans. Tem um caso lá... meu chefe me transferiu.

Sinto meu coração apertar. Abraço meu irmão com força.

– Boa sorte - sussurro, beijando sua bochecha.

Seu sorriso é triste e forçado.

– Nos vemos em breve.

Porém, mais uma vez naquela noite, eu tinha a sensação de que aquilo era uma despedida definitiva.

§§§

Madison Hartfold

O diretor chamou todos por ordem alfabética do sobrenome. Fez todo aquele discurso e chegou a nossa vez. Scarlett fez o agradecimento aos professores e Tiffany fez aos pais, levando muitos as lágrimas quando citou suas monstrinhas, Ava e Isla.

Chegou a minha vez. O agradecimento aos alunos.

Respiro fundo enquanto pego o microfone. Minhas mãos tremem. Por terem alunos famosos no colégio, a imprensa estava ali em peso.

– Eu, Madison Hartfold, estou aqui hoje para agradecer aos alunos.

Olho para meu vestido branco. Sinto o fino tule que deixa minhas costas expostas. Quase sinto as pedrarias na parte da frente do meu traje. De repente, os saltos parecem apertados demais. É como se eu pudesse sentir o sangue pulsando em minhas veias. Meu coração estava muito acelerado.

Respiro fundo novamente. Não podia me dar ao luxo de ter um ataque no meu grande momento. Meu cardiologista sempre me disse para ficar o mais calma possível. Tento controlar a tensão.

– Todos passamos por altos e baixos durante esse ano. Para mim, o momento mais alto foi a ascensão da The Storm, minha banda com aqueles que considero meus melhores amigos.

Olho para trás, encarando cada um demoradamente.

– Quando nos tornamos amigos, após um terrível incidente na piscina que matou Jackson Whitehall, pensei que aquele teria sido o momento mais baixo que poderíamos ter enfrentado juntos. Eu me enganei.

Olho para a frente quando falo:

– Quero aproveitar o momento para anunciar o desmembramento da The Storm por motivos óbvios: há traidores entre nós.

Sinto os olhos arderem. As lágrimas chegam bem na hora.

– Sei que eu deveria estar falando da turma em geral, mas não há ninguém naquela sala que eu conheça melhor do que meus "amigos" - faço questão de fazer aspas com os dedos no ar - e eu sei que vocês estão adorando isso.

Sorrio quando a primeira lágrima cai.

– Meus amigos, aqueles que me trairam, mesmo eu tendo os acobertado pelo assassinato de Jackson Whitehall.

O salão fica em polvorosa naquele momento.

– Meus amigos, aqueles que sabiam da traição de Tiffany Morgenstern e Sebastian Scotterfield e jamais me contaram. A mulher que já foi traída e ainda teve que carregar o fardo que eram os frutos da traição do amado sabe como é. O pior da traição, porém, é que aqueles que você pensou que poderia confiar escondiam a verdade de você.

– Eu não sou obrigada a ficar escutando isso - ouço Tiffany sussurrar enquanto se retira do palco onde os formandos estão. Sebastian vai atrás dela.

Os outros os seguem. Scarlett, Adam, Frank... todos me abandonam. Todos partiram.

Continuo meu discurso.

– Como podemos ver, é difícil escutar a verdade, não é mesmo? Todos nos abandonam nos momentos difíceis. Nós viemos sozinhos ao mundo e sozinhos partiremos dele.

Minutos depois, é que eu vejo a figura escondida nas sombras apoiada no corrimão acima de nós. É como se assistisse tudo de camarote. Para falar a verdade, aquilo realmente parecia um camarote de um teatro.

Era aquilo que nós éramos: uma peça de um teatro.

– Não havia tema mais justo para essa noite do que nessa noite do que baile de máscaras - olho para o relógio - e como todo baile, as máscaras devem cair a meia-noite.

Todas as máscaras caem.

Quando olho para a figura no camarote, tem uma escopeta apontada para mim.

Por tanto tempo, eu fugi da morte. A enganei. Brinquei de esconde-esconde. Porém não adianta. Não tenho a capa de invisibilidade do Harry Potter. Mais cedo ou mais tarde, ela sempre nos encontra.

– Dizem que todos usamos máscaras, mas que chega um momento em que não podemos tirá-la sem arrancar nossa própria pele.

Sorrio tristemente quando puxo a corda da minhas máscara negra. A máscara física pode ter caído, mas aquela que se esconde dentro de mim jamais cairá. Está presa ao meu corpo, já faz parte do meu ser.

Fazia.

Primeiro, sinto o impacto das minhas costas atingindo o chão. Só então sinto a dor. Segundos mais tarde, vejo o sangue.

Sinto que estou meio surda em meio aos gritos, dos saltos batendo no chão enquanto se empurram e correm.

Só vejo alguém vindo até mim quando já está tarde. Minha mãe grita enquanto Zac a segura. Meu pai telefona para alguém no HH.

– Aqui é Joseph Hartfold, preciso de uma ambulância urgente. Madison foi baleada.

O primeiro rosto que vejo é Drake Morgenstern, o cirurgião-chefe do HH.

– Eu disse para você se cuidar.

Forço um sorriso.

– Eu cuidei da minha saúde, mas não consigo me manter fora de confusão.

Ele olha meus ferimentos e então encara Zac, balançando a cabeça negativamente para meu irmão. Minha mãe volta a gritar.

Fico feliz de, pelo menos, saber que serei uma figura eternizada.

A filha amada de um dos caras mais ricos do mundo e de uma musicista, a famosa vocalista de uma banda que tinha um grande futuro pela frente. Obviamente ia ser noticiada por dias na emissora que minha mãe herdou do meu avô.

Eu era tudo isso e, porém, não pude ser salva.

Nem meu corpo, nem minha alma.


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Notas finais do capítulo

E então? Aguardo comentários.



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