- Acho que irei falar com ele – Falou a ruiva, Karin.
- Não ouse, sabe que essas horas ele gosta de ficar a sós.
Respondeu um homem alto de cabelos alaranjados, seu nome era Juugo.
- Olha, não que eu concorde com a Karin, mas, todos estão comemorando o final da guerra, eu acho que ele devia se juntar a eles e... sei lá. O que se passa na cabeça dele afinal? – Suigetsu indagou olhando para a multidão reunida que estava a comemorar a vitória sobre Kaguya e seguidamente para Sasuke. Este, estava a observar sentado em uma pedra as poucas estrelas que iluminavam o céu naquela noite, uma noite de paz, talvez.

Você não acha que deve perdão a mais alguém, Sasuke?

Tais palavras de Naruto atordoavam seu pensamento, um sentimento de dúvida invadia seu coração. Será que deveria pedir perdão? Como? Que palavras usar? Ele não sabia, estava tão perdido quanto o seu olhar para as estrelas.

Possuía uma habilidade incrível de enterrar todas as lembranças voltadas a seu tempo em Konoha, mas, naquela noite ele deixou-se levar por aquelas memórias que ele achara que havia perdido, quando na verdade só estavam adormecidas dentro de seu mais profundo ego.

Lembrou-se de uma vez em que o time 7 dormira em um acampamento enquanto realizava uma missão, todos estavam dormindo, exceto ele

E ela

-Sasuke-kun, você também está acordado né? O céu está tão lindo hoje
-Só estou sem sono.

Aquele curto diálogo nunca havia saído de sua cabeça, ela tinha razão. Naquela noite tudo estava lindo, mas não era só o céu ou as estrelas, e sim, o brilho que aqueles olhos esmeraldinos mostravam ao olhar cada ponto brilhante no céu. Nem todas as estrelas possuíam o brilho daqueles olhos.

- Sabe, minha mãe ensinou-me que quando eu estiver sozinha, posso procura-la nas estrelas.
-Hn.
- Quando estiveres sozinho Sasuke-kun, procure-nos nas estrelas. Naruto, Kakashi-sensei ou
até mesmo eu.

Engraçado, agora você está tão perto, que nem preciso procura-la olhando para as estrelas, não mais...
Respondeu ele em uma voz baixa, enquanto aquela lembrança antiga iria sumindo de sua cabeça, voltando assim para o presente.

Sim, é verdade. Ele nunca a esqueceu, mas odiava admitir. Era seu castigo por ter feito-a sofrer tantas vezes. Mas, e se ele merecesse ser perdoado? E se ela desse uma segunda chance? Por que só ele não pode ter amor?
Buscava essas perguntas nas estrelas, mas sabia que a única reciprocidade que iria ter eram pontos brilhantes no céu que pareciam brilhar com tão pouca intensidade.

Você é irritante

Sakura, obrigado.

Será que ela lembra dessas palavras? Não sabia, mas no fundo queria pergunta-la. Ele queria saber como ela estava se sentindo, queria saber se ainda existia aquele amor, se ele ainda merecia mesmo sabendo que não. Queria merecer. Queria amar e ser amado.

Odiava quando esses sentimentos e essas palavras o atordoavam todas as vezes em que parava para olhar o céu, mas era o único jeito de vê-la, ele conseguia enxerga-la sempre que olhava para as estrelas. Quantas vezes imaginou ela dormindo agarrada com sua bandana, quantas vezes imaginou-a chorando com saudades, do jeito que ela era, daquele jeito irritante dela de ser, um jeito que mexia com ele profundamente.

Levantou-se rapidamente pondo um fim em todos esses pensamentos, olhando para aquela multidão que gritava sem parar e em um leve passeio no olhar, ele a viu. Ela estava de pé, olhando para o céu, naquele momento ela sorriu e ele novamente pôde ver aquele brilho em seus olhos esmeraldinos que há muitos anos não podia ver.

O vento balançava seus cabelos negros, sua boca estava entreaberta, havia um pouco de rubor em suas bochechas, ele finalmente viu aqueles olhos brilhando.

Rapidamente olhou para o céu e por alguma razão sentiu como se as estrelas estivessem mais brilhantes.

Sim, as estrelas não brilhavam tanto quando ela não estava por perto

Novamente a voz de Naruto vem a sua mente: Você não acha que deve perdão a mais alguém, Sasuke?
Iniciou seus passos em direção a única que o preenchia. Sim, aquela era a hora certa.

(Eu te dei o ouro do sol, a prata da lua
Te dei as estrelas pra desenhar o teu céu
Na linha do tempo, o destino escreveu
Com letras douradas
Você e eu)

Mais uma vez, a lua e as estrelas seriam suas testemunhas.

O falcão finalmente foi repousar nos galhos da cerejeira, observado por uma grande constelação que brilha a seu favor.