Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã escrita por Vlk Moura


Capítulo 6
Acidentes


Notas iniciais do capítulo

Yeva apenas



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Eu ainda estava brava com a Yara e a minha forma de demonstrar isso era ignorá-la, já vou informar, meus primeiros dias com o Richard foram um fracasso e com isso ignorá-la não adiantava, ela era a maior fã daquele astro metido que me fizera desistir por dois dias de tentar fazê-lo sair do quarto e eu precisaria daquela ruiva traidora para me ajudar, sem que ela ficasse sabendo.

Ah! Sobre o show na praça aquilo foi horrível, a equipe do Richard nos ligou xingando e reclamando porque fãs conseguiram fotos e começaram a questionar sobre se ele realmente estava afastado da humanidade, então entraram em ação tentando dizer que aquele não era ele e sim com sósia que estava fazendo um show beneficente, não sabíamos quanto tempo daria para enganar toda a legião de fãs, mas tínhamos de tentar.

– Yara - eu a chamei quando cheguei em casa.

– Fala - ela gritou da cozinha, estava terminado de cozinhar.

– Você pode me ajudar? - ela me olhou assustada - Preciso saber mais sobre o Richard... - ela largou as coisas dentro da pia de forma barulhenta.

– O quê? - ela gritou feliz - Vo... Você quer saber mais sobre o meu astro? - confirmei - Por que isso agora?

– Acho que está na hora de eu superar tudo isso, então resolvi que vou começar por ele.

– Adorei isso. - ela me abraçou - Veste isso - ela foi e voltou do quarto com uma camiseta que tem a foto do cantor e um trecho de música dele.

– Não vou vestir isso.

– Vai, sim. Quer aprender sobre o Richard, sinta-se como a legião do Richard - ergui uma sobrancelha e vesti a camiseta bufando - Isso! - ela gritou feliz - Agora, vamos comer e então começo o seu intensivo sobre Richard Compoeur - ela sorriu.

Bufei outra vez.

Depois que comemos Yara me carregou até o sofá, abriu o notebook e me forçou a abrir o meu, pediu para eu colocar uma playlist que ela tinha montado e postado num site, eu o fiz, eram suas músicas favoritas e então ela começou a fazer um resumão da vida do astro, desde quando ele nasceu, seus primeiros trabalhos e então o começo da carreira, ela me contou coisas que eu não sabia, como, por exemplo, que os pais dele no começo não aceitavam que ele fosse um astro, ele se apresentava escondido em festas e eventos, até que um dia uma grande companhia o descobriu e a carreira decolou, ele fora pego bêbado, mas nunca fazendo nada de errado, nas palavras de Yara "queriam acabar com ele, mas não conseguiram, é o que acontece com a imprensa incompetente", mas ele não fazia nada de errado, então, não tinham muito o que fazer, até que chegamos ao dia do acidente quando finalmente o derrubaram.

– O mais interessante é que depois do acidente o maior rival dele - ela me olhou, estávamos deitadas com os pés na mesa de centro enquanto ela me mostrava tudo em seu notebook e o meu nos deixa com a trilha sonora - teve um aumento monstruoso nas vendas dos DVDs e CDs.

– Qual o nome do rival? - eu a olhei com curiosidade.

– Cítro Umbrau - ela me olhou - É um cara legalzinho, mas quando esses dois estão juntos prepare-se para a guerra - ela riu - Se não se importa irei dormir, estou cansada.

– Certo, obrigada.

Ela se deitou, coloquei os fones de ouvido e continuei com a playlist, peguei partituras para violão, sim eu sei tocar violão, sei que pode ser estranho, mas eu nunca gostei muito de tocar, as vezes toco só para acompanhar Yara quando ela quer treinar bateria e então cantamos, mas já faz um bom tempo que não fazemos isso, agora eu sentia falta disso, minha voz esganiçada nunca seria boa para animar um super astro que está impossibilitado de cantar. Imprimi as partituras as decorei e treinei mentalmente, dormi no sofá mergulhada nas folhas soltas.

Acordei no susto, me arrumei e saí, sequer me lembrei de acordar minha gêmea, cheguei na faculdade a aula estava para começar, Yara chegou um pouco depois desesperada e ofegante me encarou e se sentou distante.

Quando a aula acabou avisei a ela que almoçaria no caminho da ONG, ela foi ao refeitório e eu peguei o ônibus, ao chegar na Uma Recordação troquei de roupa, perguntei a Carla o que teria acontecido, ele apenas tinha comido e não comera a tudo, peguei o almoço dele e fui até o quarto, mais uma vez ela me entregou a chave de lá, bati a porta ele não me respondera, destranquei a porta e encontrei a cama bagunçada e vazia, apoiei o almoço, peguei seu vilão que estava de lado e comecei a tocar, ele estava no banho, ouvi o chuveiro ser desligado e um xingamento, continuei sentada a sua cama e ainda tocando.

Pude ouvi-lo se vestir, agradeci que não o veria de cueca novamente. Ele apontou na porta do banheiro e me olhou, eu ainda tocava um pouco bagunçada e perdida, ele cruzou os braços e cerrou o cenho, fiquei observando-o me observar, resolvi que começaria a cantar.

"Sei que nada é como esperamos

Sei que tudo parece tão errado

Mas não se preocupe, eu...

Eu estar..rei... aqui"

Eu me perdia nas notas, ele riu. Eu o olhei.

– Melhor do que nada - falei colocando o violão de lado - ele ficou sério novamente - Toma, come. - estiquei a bandeja para ele que negou.

– Estou sem fome.

– Você já emagreceu demais - falei bufando - Coma, por favor.

– Não vou comer.

– Eu vou continuar cantando se você não comer - falei, ele me olhou tentando entender - Você não quer me ouvir cantando mais uma vez.

– E se eu quiser? - eu não tinha pensado nisso.

– Sei que não quer - falei decidida.

– Eu quero - ele falou em desafio.

– Não quer, não. Você quer comer - falei levantando a bandeja.

– Então combinamos algo - ele me encarava - Eu como e você canta.

– Sério isso? - ele confirmou.

– Então ta. Desde que você coma tudo - ele confirmou.

Tomou a bandeja da minha mão, senti seus dedos tocarem os meus, ele se sentou a cama depois que eu tirei o violão que ele quase sentou em cima, começou a comer, estava calmo, comia como se ninguém o estivesse vendo.

– Ahm... - comecei, ele me olhou - Posso te fazer uma pergunta? - ele negou - Isso pode te ajudar a recuperar a... - fiz sinal com a mão na garganta, ele deu de ombros - É sobre o acidente - ele travou - Olha, antes que você me expulse daqui, quero que saiba que eu já passei por algo parecido, claro, não era eu quem dirigia, mas no meu caso o acidente foi culpa minha e... - apertei minha calça nervosa, olhei o chão e mordi o lábio inferior esperando que isso fosse suficiente para que as lágrimas não rolassem - meus pais morreram - virei para meu ombro e chorei.

Ele me observava em silêncio como que esperando que eu continuasse.

– Então, eu quero saber como o acidente realmente aconteceu, quero dizer, todos dizem que ela estava bêbada em um festa que nem deveria estar e você também estava alterado e bem... Apesar de não gostar de você duvido que você faria algo tão louco, você ficou péssimo depois do acidente então sei que não seria tão imprudente ainda mais com sua irmã ao seu lado. - eu o olhei, ele segurava o choro - Mas se não quiser falar eu entendo.

– Eu conto - ele me olhou - Mas depois de comer e se depois você me contar por que me odeia e como seu acidente aconteceu.

– Está querendo muito em troca, não acha?

– Ou isso, ou nada - ele deixou a bandeja na cama.

– Certo, eu conto tudo. - ele sorriu vitorioso.

Esperei que ele terminasse de comer, peguei o violão e dedilhei mais algumas notas que ele me observava atento, quando eu errava o olhava, o astro desviava o olhar fingindo não perceber.

– Pronto - ele me esticou a bandeja, olhei, realmente ele tinha comido tudo, a coloquei na estante da TV. - Comece a contar.

Respirei fundo e apoiei seu violão no lugar, voltei para a cadeira que estava antes, ele se cobriu com o grosso cobertor que seus empresários tinham levado. Parecia bem quentinho.

– Bem, o fato de eu te odiar não é culpa sua.

– Nem teria como ser, nos conhecemos só há duas semanas - eu sorri.

– Eu te odeio porque foi a única voz que continuou soando naquela noite quando fomos buscar minha irmã no seu show - ele me olhou curioso - Eu e meus pais estávamos ouvindo seu show que era transmitido ao vivo, a nossa mini TV animava minha mãe, eu me debrucei para frente para pegar uma latinha de refrigerante que tinham deixado longe de mim porque eu já tinha tomado muitas, quando me debrucei tapei a visão do meu pai do lado direito, com isso ele não viu o carro que vinha - apertei minha calça, dobrei as pernas e as apertei, o olhei - O carro capotou, eu queria ter voado pelo para-brisa, mas eu fiquei travada entre os bancos, porque apesar de ter conseguido me esticar tanto eu ainda usava o cinto que me puxou para trás. Minha mãe morreu no impacto, meu pai morreu naquela noite no hospital, quando paramos de capotar, naquela praça onde ocorreu seu showzinho - ele pareceu surpreso - A mini TV não quebrou, nem mesmo parou, sua voz com aquela maldita música ainda continuou, quem bateu em nós fugiu, mas foi pego pouco depois por testemunhas que o perseguiram, ele era...

– Meu pai - ele falou entendendo - Meu pai foi quem bateu em vocês e os matou - confirmei - Por isso você me odeia, mas não é a mim exatamente é ao meu pai. - confirmei mais uma vez. - E sua irmã, ela me odeia?

– Ela não sabe - falei - Sabe apenas que era alguém envolvido com você, mas que era seu pai ela não sabe. - me apertei.

– Eu sinto muito.

– Não precisa sentir, nada foi culpa sua, sou eu quem tem que te pedir para que me desculpe, a forma com que te tratei naquele dia, aquilo foi minha raiva subindo.

– Eu te entendo.

– E sobre você? - perguntei limpando algumas lágrimas que embaçavam meus óculos.

– Eu... - ele deitou - Eu estava em uma comemoração, era a do idiota do Cítro, ele se gabava do recente prêmio e eu estava lá só de faxada, porque sabe como é nesse mundo, se você vai a festa do seu rival você fica bem visto, eu estava feliz até, porque muitos amigos meus estavam lá, até aquele babaca do Vladimir.

– Vladimir Berlim? - ele confirmou.

– Ele é um grande amigo meu - eu me assustei - enfim, até ele estava lá e então aquele idiota do Cítro resolveu que apresentaria sua nova namorada ali para todos, e adivinha quem era?

– Sua irmã...

– Minha irmã! - senti um ódio crescer em meu peito, ela não tinha me contado e nós sempre conversamos sobre essas coisas. Fiquei muito bravo, mas resolvi que se ela estava com ele então, talvez, ele não fosse tão idiota quanto eu achava ser. A festa rolou mesmo após a revelação, minha irmã começou a passar mal, fiquei preocupado e o idiota do Cítro que eu descobri ser realmente idiota, nem se importou quando ela pediu para ir a um médico ou para casa, como não conseguiu sair com ele, ela me ligou, sabia que eu estava lá, eu a coloquei no carro e a levava para o hospital, ela tem um problema de saúde que as vezes volta e quando volta ela fica péssima e era o que acontecia naquela noite - ele socou o colchão - Aquele idiota, se a tivesse atendido nada disso teria acontecido. - ele se levantou raivoso, assumi uma postura mais correta, ele começou a socar o ar - Quando saíamos na avenida principal um caminhão me fechou, eu tive de desviar e com isso perdi o controle, capotamos, ela bateu com a cabeça e até hoje não acordou - ele quase chorava, se jogou sentado ao chão. - Eu tenho vontade de dar um soco na cara daquele idiota.

– Entendo sua dor - falei e me sentei de frente para ele - Agora que nos aliviamos um com o outro, o que acha de dar uma volta lá no jardim? - perguntei tentando me aproveitar de sua fraqueza.

– Não! - ele falou raivoso - Voou dormir, isso sim. - bufei.

– Pelo menos hoje você já comeu.

Falei saindo do quarto.

Carla me olhou curiosa, mostrei a bandeja e contei que ele falou sobre o acidente o que já era um bom caminho. Ela agradeceu, confirmei e fui para casa.

Fora um bom dia apesar de tudo.


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Notas finais do capítulo

Oi, acho que é a primeira vez que falo com vocês, espero que estejam gostando =3



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