E lá estava Richard sendo alguém simpático, nos trouxe as bebidas e ficou de companhia, disse que o lugar era frequentado por boas pessoas, mas nunca se sabe quando algum bebado pode tentar assediar duas jovens sozinhas.

Ele estava lindo, o cabelo amarrado, o seu sorriso, ele estava muito bem e isso era bom. Vlad se aproximou de nós, se jogou ao meu lado, estava suado e cansado, parecia ter dançado bastante. Ele abaixou a cabeça e dormiu ali mesmo. Yara ficou comigo, conversando e Richard no ouvia como nosso segurança.

– Vamos dançar? - minha irmã me chamou - Estou cansada de ficar sentada.

– Eu não gosto de dançar, você sabe disso - falei, ela me empurrou e depois me puxou para a pista onde várias pessoas já alteradas por várias substâncias químicas dançavam, ou tinham convulsão, não sei definir o que faziam.

Dançamos duas músicas até dois homens se aproximarem de nós duas, Yara tentou se esquivar, mas sem muito sucesso, eu também tentei, mas nada consegui, nos aproximamos uma da outra e ficamos os ignorando, até ele começarem a se esfregar em nós, tentamos sair e não conseguimos.

Yara tentou me puxar para fora, mas um dos homens a agarrou e puxou para perto dele, o homem foi puxado para trás e com um soco caiu ao chão, Alexander a abraçou, enquanto eu ainda tentava me livrar do outro homem que logo foi puxada e também despencou com um soco. Richard e Vlad estavam parados a minha frente, fui até Vlad e o abracei, ele me apertou bem forte, agradeci Richard, sabia que ele era o autor do soco, lembrei de como bateu em meu primo no Brasil.

– Acho melhor irmos - ele falou nos levanto para fora do lugar.

– E os outros? - Yara o olhou.

– Ficarão bem, não se preocupem.

Alexander deu a partida, eu fiquei entre os dois astros, Vladimir me abraçou, deitei em seu ombro e adormeci. Acordei com o carro parando no hotel, Vladimir também dormia, eu o acordei.

– Vou passar a noite com o Alexander - Yara falou.

Entrei em nosso quarto, tomei banho e me enfiei no cobertor, estava cansada. Mas o sono não queria chegar, peguei o meu livro analisado pela vovó e comecei a revê-lo, a ideia de publicá-lo era ótima, mas saber que isso só aconteceria porque me envolvi com os dois famosos me incomodava, eu não queria lançar assim, quero lançar por minha própria conta, eu correndo atrás e não influenciada por outros.

Alguém bateu em minha porta, Vladimir estava parado, entrou quando dei espaço, ele se sentou na cama de Yara e me olhou, ele estava de pijama, mesmo que o conjunto não parecesse ser sua roupa de dormir.

– Temos de conversar - ele falou sério, aquele seu olhar já parecia querer dizer tudo - Precisamos terminar - eu o olhei confuso - Sei que você gosta de mim e eu gosto muito de você, mas não dará certo. Nós dois somos muito iguais e... - ele suspirou - Richard ainda gosta de você.

– Espera - eu fui até minha cama - Você está querendo terminar comigo porque Richard ainda gosta de mim?

– Nã... Sim. - ele suspirou e arrumou os óculos - Nunca deveriamos ter começado isso, você e ele sempre tiveram que ficar juntos.

– Sempre?- eu ri - Não sei se você sabe, mas não estamos em um de seus romances, então eu vou ficar com quem eu quiser, e eu quero ficar com você e não com ele.

– Mas eu não quero ficar com você - ele se levantou - Se eu não ficar com você, você não fica comigo, é bem simples, um casal não pode ser formado por uma pessoa só.

Ele abriu a porta e saiu, eu fiquei parada, me levantei e fui até o corredor.

– Desculpa, mas acho que ainda não entendi...

– Eu não gosto de você, Yeva, foi tudo diversão, mas perdeu a graça.

Abri a boca para respondê-lo, mas logo fechei, ele entrou no quarto, eu entrei no meu e me encolhi no cobertor tentando entender o que tinha acabado de acontecer, ele gostava de mim até alguns minutos atrás, agora vinha até meu quarto e dizia que estava tudo acabado, acho que estou sonhando, eu só devo estar sonhando.

Acordei, coloquei meus óculos e saí, não tinha sido um sonho, realmente Vladimir terminara comigo. E dissera que fora apenas diversão, mas se ele terminou comigo significava que eu estaria sem lugar para morar e precisaria arrumar um emprego sério ao retornar. Droga! Logo agora que eu perdi tudo.

– Como você se sente? - Yara me abraçou, eu a olhei - Ouvimos tudo ontem.

– Que droga! - eu me levantei e olhei para todos - Eu to péssima, ele disse que eu era apenas uma diversão, como assim apenas diversão?

Yara me abraçou e me fez sentar, serviu um chocolate quente e me fez ficar ali conversando com ela até mesmo depois de todos os rapazes terem se levantado.

– Ele é um idiota.

– Quem é um idiota? - Richard se sentou - Eu sou um idiota?

– Quem dera que fosse você - falei e abaixei a cabeça.

– Então quem é?

Yara contou o que estava acontecendo, ele a ouviu e me forçou a levantar, me deu a mão.

– Para onde você vai me levar? - perguntei e olhei minha irmã que deu de ombros.

– Para uma diversão de verdade.

Ele ligou o carro, dirigiu até um parque que ficava bem distante do hotel, comprou nossas entradas e me puxou para uma montanha-russa, eu gritava histéricamente o que o fazia rir, depois me levou no carrinho de bate-bate, que acabou comigo ficando presa em um anto, depois fomos a casa do terror que terminou com ele apertando minha mão tão forte que nossas juntas mudaram de cor. Fomos a xícaras giratórias que terminou com nós dois vomitando, fomos a roda-gigante e terminamos nosso passeio comendo enormes sanduíches.

– Não sei como você perdeu a graça - ele falou rindo enquanto descíamos do carro.

– Como você sabe que ele disse isso? Você o ouviu? - ele me olhou, levou as mãos aos bolsos e confirmou - Que droga! Estou me sentindo patética.

– Não tem que se sentir assim - ele falou, estavamos de fora do meu quaro - Ele foi um idiota.

– Quem foi um idiota? - Vlad saiu do meu quarto e nos olhou - Ah... Eu sou o idiota. Hm... É bom saber que vocês já estão juntos contra mim.

– Não é isso Vlad. - eu comecei.

– Eu vim atrás de você para me explicar, mas acho que você já arranjou um subtit...

Richard ficou espantado, eu estava espantada, Vladimir ficou assustado.

– Que droga! - eu berrei - Richard só tentou me animar um pouco porque eu estava uma droga depois do que você me falou ontem, e graças a ele não estou me empanturrando de sorvete e brigadeiro. Mas se quer saber, você é mesmo um completo idiota, Vladimir Berlim.

Entrei no quarto e bati a porta atrás e a tranque, senti as lágrimas escorrerem dos meus olhos, eu ainda não tinha chorado por culpa de algum menino, agora eu estava ali sendo uma menininha frescurenta chorando. A que nível eu cheguei.

Yara foi até mim, me levantou e me fez sentar na cama, me deixou lá, não tentou me animar nem nada, mas me permitiu ter sua companhia, Alexander foi até lá chamá-la para sair e ela recusou para ficar ao meu lado, eu tenho a melhor irmã do mundo, ela não merece ter o mesmo sangue de alguém como eu.

– Pensou sobre o livro? - ela perguntou quando descemos par ao jantar - Sinceramente, eu acho que você tinha de publicá-lo, esse e sua grande oportunidade.

– Eu não posso, não agora com a produção da biografia, tendo de correr atrás do nosso apartamento, não posso me concentrar no meu livro.

– Não vai se arrepender?

– E se acontecer, já foi. - dei de ombros - Mas você é quem não deve deixar sua oportunidade passar, Richard me contou da oferta que você recebeu de ser a baterista principal do Citro, acho que você tem de agarrar isso.

– Você acha que eu dou conta? - confirmei.

– Não encontrarão ninguém mais amador do que você.

– Será que tudo isso estaria acontecendo se eles ainda estivessem vivos?

– Não sei, mas sei que devem estar orgulhosos de você.

– E de você também, está em uma grande produção como seu primeiro trabalho, quer algo melhor do que isso?

– Quero ser menos idiota com quem me relaciono - bufei - Acho que tenho dedo podre para namorados.

– Ei! - eu a olhei assustada - Não quero te ver par abaixo por case de garotos, nós duas sempre fomos cabeça erguida até mesmo depois da morte de nossos pais, não quero te ver agindo como uma boba só porque o Vlad terminou com você, e daí que ele não vê mais graça em você, mostre a ele que ele sequer conheceu você direito. Que você é muito mais do que ele sabe.

– Adoro conversar com você, Yara - falei rindo e terminando de comer.