Y.A.L.I.E.S escrita por Becca Agronsky


Capítulo 17
Merry Christmas, I give you my heart PARTE 1




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__Sam, é sério, liga de novo pra ela! Você é o namorado dela, quem sabe agora ela atende. A gente não pode ficar aqui a manhã inteira! – Quinn repetiu pela terceira vez aquela manhã. Sabia que tinha sido uma péssima ideia resolver dar carona aquele casal, mas não diria não a Emily, não queria dar o gostinho dela se achar superior por esfregar o ex na cara dela. Era natal portanto a faculdade dera uma semana inteira de recesso aos alunos, para que pudessem retornar as suas casas e passar o feriado com quem achassem melhor. Obviamente Quinn passaria com sua mãe e o padrasto na cobertura da Quinta Avenida da Big Apple que ele tinha, ainda teria um bom tempo de dar um pulo e visitar os velhos amigos que lá faziam faculdade. De bônus Emily achara uma grande oportunidade de conhecer os pais de Sam e armar uma constrangedora viagem a três.
Sam visitaria sua família pois agora os Evans moravam em Tarrytown, uma cidade satélite próxima a New York. Os Evans, pelo pouco que Quinn havia convivido, moraram em interiores por toda sua vida, eram caipiras natos e orgulhosos disso. Ela não conseguia ver a sofisticada nova namorada de Sam se adaptando aquilo. Dwight e Mary amavam o clima do campo e a calmaria das cidades pequenas e, bem, New York era uma selva e de certo nunca se acostumariam com a loucura daquela cidade. Tarrytown era um achado para eles, perto de New York e com a calmaria de uma cidade pequena eles poderiam conciliar o útil ao agradável agora que Dwight conseguira um bom emprego na cidade centro do mundo.
__Eu vou tentar ligar de novo – disse Sam por fim, tirando o celular do bolso interno do moleton.
__Não precisa – Rosario falou aparecendo por trás dos dois – Ela mandou avisar pra vocês irem na frente ou o Sam espera-la, a mãe dela teve um problema e ela ta indo pra casa ver como estão as coisas por lá e, ah,o celular dela tá sem bateria portanto ela liga quando puder. Eu falei com a mãe dela mesmo, fonte segura.
“Hm...ah,que maravilha” pensou Quinn se levantando do sofá central da mansão das Kappas.
__Bom, eu vou indo, já perdi uma hora e quero almoçar com a minha mãe – disse Quinn pegando a malinha preta da Kipling que não tinha muito mais que algumas mudas de roupa e objetos de higiene pessoal.
__Ei, calma, eu vou com você! – Sam se adiantou jogando o mochilão de esportes com seus pertences no ombro direito – Não vejo minha família desde agosto, Emily vai ter que me desculpar por não espera-la.
Rosario olhou de Sam para Quinn e de Quinn para Sam. Ela não falou nada mas Quinn pode deduzir o que martelava na cabeça da fiel escudeira de Emily.
__Tchau, Rosa, bom natal e feliz ano novo pra você! Me traga, sei lá, uma tequila do México – Quinn sorriu a abraçou a amiga, se demorando brevemente enquanto sussurrava – Não se preocupe, não há nada entre mim e Sam, eu to com o Jason agora.
Rosario sorriu, mas Quinn entendeu perfeitamente que ela não tinha muita certeza daquilo. Maldita esperteza!
Ela manejou a mala de rodinhas para fora da mansão enquanto Sam e Rosario se despediam, tinha certeza que ela falaria e recomendaria alguma coisa em relação a Emily, portanto se pôs a abrir a mala do seu pequeno new beetle vermelho. Seria apenas 1h40 de viagem se a rodovia estivesse sem trânsito, mas não imaginava que tipo de relação levariam nessa curta viagem.
__Bom dia – a voz aveludada e já familiar de Jason foi ouvida assim que ela abriu o porta-malas.
__Ai que susto, garoto! – Quinn falou levando as mãos ao coração, levemente acelerado pelo susto – Não sabe que o campus vive cheio de tarados? Qualquer hora podem te confundir com um deles.
Ele deu um sorriso torto e baixou o rosto. Ridiculamente charmoso, ele olhou casualmente para os pés e observou Quinn em seguida.
__Vim me despedir pessoalmente, achei que seria uma boa ideia já que vai com seu casal não tão favorito nessa viagem – ele falou colocando as mãos nos bolsos e indicou levemente Sam com os olhos ao mesmo tempo que Quinn se virava para olha-lo saindo ao longe com Rosa os observando da porta.
__Me abraça – disse Quinn sorrindo entre os dentes.
Jason obedeceu e a acolheu nos braços calorosos e firmes dele. Quinn tinha que admitir para si mesma que a parte mais difícil daquele acordo era se manter apenas na farsa com um cara tão gostoso quanto Jason. Ele tinha uma barriga firme mesmo debaixo de duas camadas de roupa, ela nem queria imaginar ele sem tudo aquilo o cobrindo, ficava excitada só de pensar.
__Amy veio falar comigo hoje, pediu que fôssemos juntos para LA nesse feriado – ele sussurrou no ouvido dela e Quinn notou o sorriso contido naquela frase e se voltou para ele sorrindo.
__Jase, isso é ótimo! – ela cobriu a boca com as mãos, exagerando na reação propositalmente. Podia sentir os olhos de Sam como raios-laser atrás deles.
Jason também estava atuando. Ele era o cara que menos sorria na face da terra, tinha certeza que os músculos da face dele até tinham atrofiado ou no mínimo doíam quando ele forçava movimento. Sam deveria estar perto quando ele tirou uma caixinha do bolso e entregou a ela.
__Exiji que Amy me devolvesse quando terminamos o namoro – ele continuava com um sorriso na boca, mas dessa vez maldoso. Quinn entendera rapidamente a mensagem contida naquele presentinho.
__Ai meu Deus, Jase, ele é lindo! – ela falou colocando o anel dourado no dedo. Podia estar atuando mas o anel era genuinamente lindo. Todo em ouro com uma pedra ovalada em rubi no meio, encravada e brilhando como se tivesse acabado de ser lapidada.
__Bom dia, desculpe atrapalhar – Sam forjou um sorriso, se colocando no meio de Jason e Quinn e dando um tapinha no ombro do rapaz – E aí? Vai vir com a gente?
__Não, Evans, vou passar com a minha família em Los Angeles, só vim me despedir da minha namorada...ei, cuide bem dela – Jason replicou dando um tapão no ombro de Sam, que se desequilibrou para trás – Epa, cadê sua namorada?
__Emily teve uns probleminhas em casa, vai se encontrar comigo depois... ah ,eu acho melhor irmos indo, a Quinn está louca para ver a mãe. Se cuida aí cara, boas festas – Sam deu outro soquinho no outro ombro de Jason, que mal se mexeu.
__Verdade Jase... melhor irmos – ela o abraçou e pressionou os lábios contra os dele. Eram beijos iguais aos de High School Musical, mas mesmo assim Sam desviou o olhar e pôs seu bolsão no porta-malas junto a Kipling da garota e se dirigiu ao banco do carona sem dizer uma única palavra.
Era inverno e as estradas estavam parcialmente cobertas de neve. Ela deveria dobrar a atenção na rodovia e aquilo aumentaria consideravelmente o tempo de viagem, mas deveria estar agradecida por não estar nevando... ainda.

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Era 9:30 da manhã e mais ou menos 1 hora de viagem tinha se passado quando o new beetle de Quinn se viu preso em uma fila de carros que se estendia a perder de vista. A princípio Sam e Quinn acharam melhor aguardar dentro do carro, mas ao decorrer de mais meia hora de profunda imobilidade o rapaz decidiu sair a procura de informação com os carros da frente.
__Acidente na entrada da ilha de Manhattam – disse Sam entrando no carro e tirando o capuz salpicado de neve – Parece que dois caminhões bateram de frente depois de um ter deslizado no gelo... ninguém tem ideia de que horas vão liberar a pista por causa da tempestade.
Quinn deixou a cabeça pender para trás e recostar no banco, soltando um muxoxo audível cheio de pêsame.
__Ei, é tão ruim ficar preso em uma tempestade de neve comigo? – perguntou Sam sorrindo para ela. Era insuportável aquele bom humor para uma situação como aquela, ainda mais quando ela tendia achar aquilo adorável...
__Pelo menos não vou ficar de vela, imagino se Ems tivesse aqui – ela retrucou retirando o sobretudo grosso que usava e passando o corpo para o banco traseiro.
__Ninguém está falando na Emily – treplicou Sam observando ela se deitar no banco traseiro – O que está fazendo?
__Estou com calor, o sobretudo é muito quente, o aquecedor está dando conta do recado e aqui atrás está mais meio termo... Além do mais não temos noção da hora que sairemos daqui.
__Hmm, entendi... o que é esse corte na sua barriga? – Sam perguntou absolutamente espantado e automaticamente pulando para observar mais de perto.
Uma eletricidade percorreu o corpo de Quinn quando ela baixou o rosto e notou a blusa de seda mal arrumada delatando sua cicatriz mais profunda. Ela emudeceu e escondeu automaticamente a ferida, encolhendo-se enquanto Sam olhava para ela a espera de uma resposta.
__Quinn, o que é isso? Alguém te machucou, é isso? – ele insistiu, se aproximando dela para fita-la e pressionar uma resposta, enquanto ela desviava o olhar – Aposto que foi aquele seu namoradinho estranho com cara de marginal, não foi? Responde, Quinn!
__Isso sou eu, está bem? – ela resolveu encara-lo levantando a blusa para que ele pudesse ver os cortes de vez, ela falava alto como se estivesse no teatro recitando seu texto. Tantas vezes pensou sobre aquele momento, mas de diferentes formas, como seria quando eles voltassem e na primeira vez deles... Sam encararia ela com pena por aquelas cicatrizes horrendas – Esse é o corpo de alguém que sobreviveu a um acidente e ficou internada por semanas, com o corpo todo inchado e sedada por morfina pra aguentar a dor.
__Ainda doi? – Sam perguntou não muito depois, vacilando os olhos entre os dela e as feridas.
Quinn confirmou timidamente com a cabeça. Os olhos marejados, mas firmes, como toda sua expressão facial. Os dedos de Sam tremularam, ele trocou olhares com Quinn novamente, que sustentou aquela conexão sutil e por fim ele tocou a barriga dela sendo o mais gentil e carinhoso possível, serpenteando vagarosamente os traços esbranquiçados menores até parar ante ao mais profundo deles, pouco abaixo da linha dos seios. Ambos sentados ali, de frente um para o outro. Quinn olhando-o com expectativa.
__Não precisa ter vergonha desses detalhes, Quinn – ele levou a outra mão a barriga dela e a acariciou – Você é mesmo linda - O ar fugiu dela quando ela assentiu e encontrou os lábios dele ao mesmo tempo que os dele encontraram os dela.
Ela sabia que aquilo era errado, toda vez que ela traía alguém algo grande acontecia. Um bebê e mononucleose eram saldos de duas situações dessas. Ainda que Emily fosse uma vaca na maioria das vezes, ela tinha dado sua palavra a ela e estava ali afundando tudo. Mas já tinha posto tudo a perder quando tirou a blusa de vez e revelou o corpo com cicatrizes por todo o busto e costas. Esperava alguma reação oposta de Sam como um olhar de pena ou nojo, mas o rapaz correspondia com beijos e carícias. Ela tirou o casaco moleton de Yale dele e ela percebeu que as coisas tinham realmente ficado sérias quando ele estendeu o longo braço de quarterback e desligou o aquecedor, voltando sua atenção para ela e envolvendo-a em seus braços em beijos urgentes apaixonados, com as linguas quentes deles friccionando uma contra a outra ao mesmo tempo que ela sentira o volume na calça dele e passara a mão por cima. Não é preciso aquecedor quando o clima já está quente.
Sabia que eles estavam esquecendo algum detalhe quando Sam deu a primeira investida contra ela e ela gemeu alto, enterrando a cabeça no ombro dele enquanto ele fazia os movimentos de vai e vem, diminuindo e acelerando quando ela deixava escapar o nome dele entre os desajeitados beijos emergenciais. Ele desceu o tronco e beijou a barriga dela. Beijou várias vezes por todo o trajeto até a linha dos seios e sentiu a barriga da garota enrijecer. Ele parou e levantou a cabeça para olha-la. Ela sentira o rosto queimar e olhava-o com os olhos aguados e uma expressão firme. Sam tocou as mãos dela com carinho e voltou a beija-la nos lábios, manteve-se encarando a garota quando tocou os dedos no sutiã dela, abrindo o fecho por trás. Agora a cicatriz ficava ainda mais exposta e ela desviou os olhos para cima mordendo os próprios lábios. Sam beijou a cicatriz sem hesitar então Quinn sentiu uma lágrima escorrer e jogou os cabelos de lado, dando o pescoço a prova dele. Ele passou os braços pela costas dela, sentando-a por cima do colo dele entre uma cavalgada e outra e a explorou-a com a lingua e a boca de maneira doce. Cada ferida fora acariciada e amada por ele. Todos os mais profundos medos dela foram dissipados naquela transa ao estilo titanic.
__Larga o brutamontes e eu largo a Emily – ela escutou ele dizer e se virou para olhar o rosto avermelhado do rapaz – Eu te amo, Quinn, e hoje eu tenho certeza disso.


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Notas finais do capítulo

#boooom e esse foi o final do capítulo!
Ainda escreverei mais dois antes do "hiatus" de férias que me dei e pra mim a fic começou a ficar boa só agora😈😈😈
Agradecimentos especiais a Duda e a @spellfagron(Amanda) que me dão forças pra escrever quando tenho bloqueio criativo ❤️❤️❤️