Apesar De Tudo escrita por YSA


Capítulo 7
6 — Strange Things


Notas iniciais do capítulo

~desculpa pela demora, pessoa estou com minha ''agenda'' muito cheia ahahah *-*
me perdoem, vou tentar ficar presente por aqui
bjs



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Charlie Cooper •• Hillary Morgan

Um pouco antes...

Se tivesse uma janela aberta naquela sala de recepção, Helena se jogaria. Sem dúvidas.

A maior chatice tinha pousado em seus ombros. Ela bebia um gole de água pouco a pouco para que o tempo passasse mais rápido, mas aparentemente não fazia efeito.

A porta principal se abriu, mostrando um rosto conhecido para ela: seu pai. Suas pernas automaticamente se estiraram e levantaram-se, caminhando na direção daquela porta.

— Helena — ele chamou com um balançar de mão. Helena atravessou a porta bufando, se perguntando o que tinha feito para esperar sentada por mais de duas horas para seu pai se organizar e começar uma reunião importante. Claro que ela, como herdeira do seu pai, teria que fazer presença.

— Senhora Fray — uma mulher um pouco mais velha se levantou.

— Senhora? Jamais, querida. Mas sou eu mesma — Helena sorriu, virando-se e sendo recebida pelo seu pai, que puxou a cadeira para ela se sentar.

— Tudo bem, prefere que a chame pelo seu nome...

— Papai, cadê todo mundo? — Helena perguntou, exagerando no tom de falsa conversa; a secretária de seu pai ficou com uma ponta de interesse.

— Irão chegar. Só você que se adiantou demais — ele deu de ombros, olhando alguns papéis.

— Espera! — ela levantou as mãos. Puxou o celular da bolsa e olhou o breve e-mail da secretária, dizendo a hora da reunião. Ela tinha chegado na hora certa, de acordo com a mensagem. — Me informaram que era pra estar aqui há mais de duas horas, por que só agora “é a hora certa”?

— Acho que você deve ter lido errado...

— Papai, quem deve estar precisando de uns óculos deve ser o senhor, porque eu estou em ótimas condições.

— Contando que tem um parafuso a menos... — se não fosse o homem que tinha entrado na sala, Helena tinha jogado a bolsa na direção de seu pai.

— Charlie Cooper, presente — a secretária de quem Helena suspeitava indicou a cadeira que aquele (anjo) homem tinha que sentar.

Helena se sentiu incomodada pela beleza que aquele ser humano magnífico transparecia. Nas notas mentais de Helena, ela só esperava coroas gorduchos que contassem histórias ‘divertidas’ para descontrair. Mas esse não. Ele era loiro, alto e seus olhos, que só miravam em seu pai e na criatura fingida da secretária, eram mais ou menos azuis. Um click tinha ecoado na mente de Helena, lembrando-a de certo ser que parecia com ele. Só que o ser tinha uma aparência pré-histórica.

— Ora, ora, claro que eu sei quem é ele — Josh Fray tinha se levantado e caminhado até o mister beleza, que era muito jovem para estar naquela mesa de negócios estressantes. Jovem como Helena.

— Dr. Fray, quanto tempo! Meu pai falou muito bem do senhor quando teve que partir — o homem sorriu, fazendo a débil Helena se esparramar na cadeira.

— Cooper não teria coragem de falar um mal sequer de mim — eles gargalharam juntos, se abraçando.

A mão traiçoeira da secretária mexia ao lado do braço de Helena. Ela “prestava atenção” em suas anotações quando se deparou com Helena, vermelha como uma pimenta, babando para o homem mais jovem da sala. Sem pensar, a secretária levantou a mão, segurando o braço de Helena, e a beliscou em seguida.

O grito de dor e susto de Helena atingiu em cheio os ouvidos de todos.

— Desgraçada — Helena empurrou a mulher da cadeira sem pensar nas consequências.

Helena! — Josh gritou, fechando a porta. Em seguida teve de correr, tentando segurar a filha, que atacava a mulher.

— Ela me beliscou! Eu vou lhe processar, sua perdida! — Josh conseguiu segurá-la antes que ela atingisse em cheio o rosto da secretária, que só ria. Mas só o pai não deu conta: Helena conseguiu se soltar, voando na mulher outra vez.

Braços fortes — que definitivamente não eram de seu pai — a pegaram pela cintura, a levantando, enquanto ela esperneava, chutando todo o ar à sua frente.

— Por que diabos você estava fazendo isso? Precisa fazer isso? Perdida é você! Igual à mãe, tudo louca — Josh gritava, para o delírio de Helena.

— Essa louca me beliscou sem eu fazer nada! — Helena piscou, sentindo a respiração profunda do homem em suas costas.

— Por acaso você ficou na alfabetização? — seu pai colocou as mãos na cintura, começando a rir.

— Quem é louco? Eu ou você? — agora até ela não entendia mais nada que acontecia naquela sala. Tudo estava um caos.

— Jean, pegue suas coisas e saia daqui — Josh, bufando, abriu a porta para a mulher descabelada. Quando a mulher saiu, ele continuou: — Eu já sei o que está acontecendo aqui... — sentou-se, ainda rindo. — Sua mãe mandou você vir até aqui para se vingar dela? Ela era só uma diversão e...

QUE? — Helena gritou, soltando-se finalmente do cara. — Você não pensa, né?

— Eu sei que você faz isso pra juntar nós e tal...

— Espera, vocês não podem se resolver, aqui não é nenhum caso de família... — Charlie Cooper, o loiro que tinha tentado ajudar, se pronunciou, erguendo as sobrancelhas. Estava assustado.

Cale a boca! — pai e filha gritaram ao mesmo tempo.

— Não é da minha conta se você e a mamãe se separam, eu nem sabia que você ficava com as secretárias... — Helena amparou-se na cadeira. Pôs as mãos nas têmporas: — Eu não sei o que está acontecendo, por favor alguém me explica isso...

— Então não é isso? — Josh colocou uma mão no queixo. Helena negou de forma estranha. — Falei demais e perdi a secretária. Culpa sua.

— Bem feito. E por que ela me beliscou? — ela massageou o braço vermelho.

— Não sei... estranho.

— Muito estranho, por que...

— A reunião vai acabar ou não? — a voz do loiro chamou a atenção dos dois.

— Eu acho que sim — Josh respondeu rindo, juntando os papéis.

— Não tem graça — Helena pegou na bolsa e segurou-a forte.

— Eu... eu nem me apresentei a você — o loiro colocou-se de frente a Helena. — Sou Charlie Cooper. O seu?

— Helena Fray — ela sorriu, encarando aqueles olhos que refletiam uma imagem diferente daquele que estava a sua frente. — Você é o que?

— Sou empresário, aliado das empresas Fray, Stark, entre outras — ele ligeiramente coçou a nuca, fazendo Helena se lembrar das revistas que lia quando era adolescente dizendo quais os sinais que o garoto estava interessado.

— Stark? Que maravilha. Deve ser um pouco complicado negociar com os meus pais, mas...

— Ei, eu ainda estou aqui! — Josh alertou.

— Percebi. Tenho pena de você... veio aqui pra nada — ela começou a andar na direção da saída, deixando seu pai falando sozinho.

— Aconteceu esse meio imprevisto seu, mas que tal tomarmos um café? Trocamos umas ideias — ele ofereceu o braço para ela.

— Eu aceito, por que ficar tomando água sem parar é enjoativo...

{two months later}

Ela tentava de todas as maneiras de se manter concentrada naquela conversa. Charlie era um cara extremamente bom, muito além da conta para ela. E isso era enjoativo.

Helena engoliu um pouco do vinho que haviam pedido, sorrindo de forma desconcentrada para ele. Seu futuro noivo. Assentiu a algumas coisas que ele falava para fingir que ouvia, ficando cada vez mais nervosa.

— O que você acha? França ou Rússia? — ele esticou sua mão até a dela, apertando-a carinhosamente. Helena deixou-se levar por aquele ato, tentando o absorver.

— Um lugar frio seria uma boa... — ela encarou as janelas, sorrindo.

— Mas esses dois lugares são parcialmente frios! — exclamou, a fazendo verdadeiramente prestar atenção na conversa. Até que enfim.

— Bom, entre os dois... Prefiro França — ela tirou sua mão debaixo, passando-a para cima da dele.

— Claro, amor, a que você quiser — Helena se ajeitou na cadeira, tirando os cabelos do rosto. Ficou fitando seu prato quase vazio.

— Obrigada — ela disse. Charlie assentiu, rindo da atitude do dia de Helena: ficar quieta. — Eu quero levar a Amanda, talvez, até por que...

— Helena, é nossa lua de mel. Por que levaria sua amiga?

— Você não deixou explicar — ela remexeu as mãos, incomodada. — É que talvez eu possa querer ir para alguma loja, evento... E você, na lua de mel, vai resolver algumas coisas de sua empresa. Eu é que não vou ficar sozinha em nenhum hotel. É um terror pra mim, eu nunca pensei em casar, ainda mais casada e sozinha em casa. Pensou nisso? Eu não quero viver pra sempre assim.

— Calma, Helena! Eu nunca vou deixar você sozinha, okay? — Helena bufou, irritada pelo romantismo em plena manhã. — Só que eu não tinha pensado nisso...

— Eu pensei — interrompeu.

— Sim, pensou. Mas vamos ficar com o hotel Pour Enfin. Então a Amanda pode ficar com o segundo andar. Uma área mais VIP... tudo bem assim?

— Agora sim você está falando minha língua.

Helena sorriu travessa. Sentiu passos pesados até a mesa onde os dois estavam.

— Senhorita Fray? — a voz que Helena tanto queria se afastar ecoou em sua mente, a fazendo olhar diretamente para os olhos esverdeados de Charlie.

— É ela mesma — levantou a mão em sinal de presença.

A mulher, que seria a coordenadora do Diário do Jornal de Londres, puxou a cadeira e colocou ao lado dela.

— Ah, me esqueci. Prazer sou Hillary Morgan, a chefe dela — sorriu calorosamente para Charlie, que, um pouco ‘’assustado’’, sorriu por educação. Ele levou o olhar da mulher para Helena, erguendo uma sobrancelha.

— Você não é minha chefe, só organiza as coisas do diário...

— Esquece isso, você já me falou mais de mil vezes — a mulher respirou fundo, vendo Charlie colocar uma mão no queixo, encarando-a como louca.

— Eu não quero ser grossa, mas você quer o que de min? Já fiz tudo o que aquele diário havia me pedido.

— Bem, é que surgiu um imprevisto. Ocorreu uma ligação sobre uma cientista que desapareceu em um galpão ou alguma coisa abandonada. Deve ser isso.

— E eles querem que eu faça essa matéria? Cara, chama os criminalistas! Mas eu não. Isso deve ter dado bolo lá — negou com o dedo, bebendo outro gole do vinho.

— Verdade, concordo com ela. Mesmo não sabendo disso direito, essa mulher tenha desaparecido não é nada bom, imagina colocar alguém do diário em risco?

— Vira essa boca para lá, só vai sobrar pra nós — pegou a taça da mão de Helena.

— Como ela desapareceu? — a curiosidade de Helena bateu o limite, a fazendo olhar as unhas para disfarçar sua pergunta um tanto que instigante.

— Alguma coisa super estranha, já que ela é envolvida com as maluquices que acontece com o planeta... sabe? — Hillary pegou um bolinho de baunilha, mordendo de forma tranquila. — Sei lá, aquele povo que se mete em cada doidera...

Antes, as mãos de Helena mexiam sem parar, e agora, quando Hillary falou aquelas coisas, seu coração começou a bater loucamente. Charlie havia pegado o celular e enviado uma mensagem para o motorista, o avisando que estaria pronto para sair a qualquer hora com Helena.

Será que era alguma obra do senhor ‘’que promete mas não cumpre’’ (leia-se deus asgardiano)? Não... Helena respirou fundo, tentando não pensar naquelas hipóteses que aquele certo deus havia vindo à Terra só pra se descontrair e encontrar outra idiota para beijar e sair voando?

— Helena — as mãos de Charlie passavam pelo rosto dela, para tentar acordá-la — Ei — ela encarou o rosto do loiro um pouco confuso com toda aquela reação.

— Vai ou não vai? — Hillary, por incrível que pareça, tinha comido todos os bolinhos doces.

— Não, eu vou ficar com o meu noivo — mentiu. Apenas queria correr até esse lugar investigar. Olhou para Charlie, que sorriu agradecido.

— Tudo bem. Eu me viro — se levantou. Andou até ela, dando-lhe alguns tapinhas no ombro, e foi direto para Charlie, beijando sua bochecha docemente. — Foi um prazer te conhecer.

— Também — assentiu, incomodado com a aproximação e as faíscas que saiam dos olhos de Helena.

— Até mais — saiu dali rebolando, para completar a vida incrível de Helena.

— Voltando — Helena ergueu seu corpo da cadeira e quase pulou para o outro lado, beijando Charlie... tentando afastar as expectativas de que Thor estivesse na Terra.

— Voltaria sempre — Charlie sorriu malicioso, a fazendo rir e olhar mais uma vez para trás. Se Hillary tivesse parado, Helena a puxaria pelos cabelos para fora do restaurante.

— Bem, agora é a sobremesa — Charlie riu quando viu um sorriso malicioso em Helena. Ele chamou o garçom pedindo tudo que Helena tinha direito, assim ela calava a boca por um momento.

(...)

Um belo café da manhã era degustado pelos dois. Charlie falava animado, contente pela companhia de Helena, já que ele esteve muito ocupado nesses últimos dias. E ela se obrigava a rir e sorrir, afastar aquela sombra e seguir em frente... Se é que tinha algo para deixar pra trás. Ela pegava um pedacinho por vez, até que sentiu seu celular vibrar. Com educação, pediu para se retirar e ir até o toalete para retocar a maquiagem. Helena correu até lá, trancando a porta. Tirou o celular da bolsa atendendo sem ver primeiro quem era.

— Escuta, dê um jeito de vir até o estacionamento. Arranja um jeito de mentir para o Charlie ou...

— Amanda?

— Claro que é, né, Helena? — a voz gritande de Amanda já irritava Helena.

— Parece que todos estão me perseguindo hoje, oras!

— Escuta, eu estava com a Hillary aqui no galpão, investigando umas paradas, se você quiser vir aqui será bem legal, precisamos de você, é mais ou menos urgente.

— Por que vocês me querem tanto aí? Eu estou me divertindo com o Charlie, e não vou mentir para ele para dar uma escapada — Helena colocou um ouvido na porta para ouvir se alguém circulava atrás.

— Vem para cá que eu te explico.

— Desde quando você trabalha pra mim? Ou está evolvida nisso? — perguntou a morena, rindo nervosa.

— Sabe, naquele dia do ataque de NY, eu tenho ficado uma pilha com você enlouquecendo atrás do chapeuzinho vermelho. E como estou me instalando em Londres, percebi coisas estranhas assistindo a TV.

— Ah, você viu aquele cientista também?

— O pelado, sim — as duas riram e Helena notou que estava demorando demais no banheiro.

— Amanda, eu tenho que ir, devo ter demorado mais que o limite para corrigir o batom...

— Você vem? — Amanda perguntou, esperançosa, do outro lado da linha.

— Não sei, você verá se eu for, se não, nem me espere.

Helena desligou o celular, correndo para voltar para a mesa com um sorriso falso estampado no rosto, como nada houvesse acontecido. E quando sentou, sua cabeça começou a montar vários planos — era sim ou não para Amanda?


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