“Eu me entrego. Quem vive comigo sabe. Quem convive comigo sente. Eu amo poucos. Mas esses poucos, pode apostar, amo muito. “

–Primeiro nós vamos assistir filmes...- Aby explicava, tentava pelo menos, o que iriamos fazer nesses dois dias, tínhamos chegado a casa dela havia uns 15 minutos.

–Aby- Summer a interrompeu- Não vai ser, por acaso, uma daquelas festas chatas de garotas de 13 anos que só pensam em meninos, vai?

–Não! Claro que não, isso é uma ofensa! –ela respondeu- Continuando, depois nós vamos...

–Olha- Sum a interrompeu novamente- Eu acho que nós deveríamos simplesmente conversar e..rir e..comer...essas coisas, entende?

–Eu concordo- Meg se manifestou.

–Nós também! –Oli disse por nós duas.

Amber pareceu pensar um pouco.

–TUDO BEM! –ela desistiu- Vocês venceram. Mas eu aluguei as quatro primeiras temporadas de ‘Friends’ pra nada?

–Como assim? Nós vamos assistir, com certeza!

–Sério?

–Claro! Todas nós adoramos- eu expliquei.

–Mas pra isso nós precisamos de pipoca, muita pipoca!

–Ei! Que horas são? –perguntei de repente.

–Quase sete horas- Meg respondeu, confusa.

–Então nós temos que colocar os pijamas!

–Ué, por que?

–É uma tradição minha, quando passa das seis eu coloco meu pijama.

–Você é estranha...mas eu gosto disso.

Dito isso nós subimos as escadas até o quarto de Amber, que era gigantesco, bem a cara dela: colorido, divertido e aconchegante. Como ela era filha única e seus pais eram separados (e ricos) ela devia receber esses mimos todos...

Terminamos de nos trocar e descemos de novo. Fizemos pipoca e sentamos na sala enquanto Amber colocava o primeiro DVD.

(...)

–Verdade ou desafio? –Summer perguntava pra Olive.

Tínhamos acabado toda a primeira temporada e estávamos jogando ‘Verdade ou Desafio’ sentadas no chão.

–Verdade.

–Tem certeza- ela perguntou com uma cara meio diabólica.

–Sim...?

–Qual é o garoto que você é louca desde os 12 anos?

As meninas já tinham me contado essa história: Olive tinha uma paixão secreta a tempos e nunca dizia quem e quando perguntávamos ela desviava do assunto. Mas agora ela não tinha saída!

–Eu me recuso...

–AH NÃO! -Summer a interrompeu- Isso não vale! Tem que responder!

–Mas vocês vão rir!

–Claro que não! Por acaso nós rimos quando Amber disse ser apaixonada pelo Erik?

–O QUE? –gritei, não entendendo coisa nenhuma.

–Você não tinha contado pra ela ainda?

–Não, ainda não- Amber respondeu envergonhada.

–Pois é querida, todas nós tivemos essa reação quando soubemos...isso era mais impossível do que eu usar rosa.

–Isso é estranho...mas você já conversou com ele, pelo menos?

–Claro que sim! Nós temos aula de cálculo e história juntos.

–Gente! Estamos esquecendo do assunto principal aqui! –Sum chamou nossa atenção- O novo namorado da Oli!

–Ele não é meu namorado!

–Se depender de mim vai ser, rapidinho...

A amizade das duas era engraçada, até cômica. Summer era grossa (não conte a ela que disse isso), não ligava para os sentimentos, tinha um humor bipolar: uma hora fazia piada e estava feliz, mas de uma hora pra outra ficava brava e começava a achar defeito em tudo. Mas Olive era o oposto: controlada, carismática, ajudava todos, era um doce. Mas as duas pareciam ter uma história juntas, elas se comunicavam só com um olhar, Summer sabia quando Olive estava triste e Oli conseguia, não sei como, acalmar Sum nos seus momentos mais estressantes.

–Ok! É o mrotsd (n/a: isso fui eu tentando imitar um sussurro...)

–Quem?

–O Matt...

–O Matt? Sério?

–É Summer, é sério, pode rir agora, eu deixo.

–Eu não vou rir de você! Até porque isso é muito fofo.

–Por que seria fofo?

–Porque ele gosta de você também sua tonta!

Algo no rosto de Olive se acendeu.

–Como é?

–Ele me disse isso a algum tempo, pediu pra guardar segredo, e que gostaria de te chamar pra sair, mas tem muita vergonha.

–Só pode ‘tá de brincadeira comigo!

–Eu bem que queria, mas não estou. Viva seu momento ‘Love Story’, nós deixamos.

–Eu não vou fazer isso. Mas você pode falar pra ele que não precisa ter vergonha?

–Por que você mesma não vai atrás dele?

–Porque não!

–Belo argumento!

–Shiu! Continua aí, gira a garrafa e fica quieta!

–Mandona! –mas mesmo assim girou a garrafa, que parou em mim e Amber.

–Verdade ou desafio?

–Desafio.

–Desafio você a...mandar uma mensagem dizendo “Pensando em você” pro Thomas!

–O que? Ele vai achar que eu gosto dele!

–Esse é o plano! Agora vai!

–Vai ter volta!

Peguei me celular e mandei a bendita mensagem.

Pensando em você...

–C

Ele respondeu na hora.

Ninguém resiste ao meu magnetismo animal...

–T

Seu ridículo!

–C

Você quem começou, agora aguenta.

–T

Saindo aqui

–C

Nem esperei ele responder e coloquei o celular no silencioso.

–O que ele respondeu?

–Nada interessante...

–Pela sua cara foi algo bem interessante, sim!

–Tudo bem...podem ver! –mostrei a mensagem pra elas, que tiveram um acesso de riso no mesmo instante que terminaram de ler.

–O amor de vocês é tão épico! –Meg fez graça.

–Tem muitas coisas entre nós mas amor não é uma delas, tenho certeza!

Giramos a garrafa de novo e caiu em mim e na Meg.

–Verdade ou desafio?

–Verdade- eu tinha aprendido minha lição.

–Eu me faço essa pergunta desde...semana passada, acho. Por que você só usa esse colar?

Era uma boa pergunta. Por que eu ainda andava com esse maldito colar?

–Bom, faz uns 9 anos que eu ganhei ele, eu fui com meu pai numa competição de...alguma coisa que eu não me lembro, eu estava super confiante que iria ganhar e ficar no primeiro lugar, mas eu fiquei em segundo e não me conformei com isso e comecei a chorar como uma criancinha então meu pai disse que eu sempre seria a número um pra ele e pra todos que me amavam, mas na época eu não entendi o que ele queria dizer então continuei chorando, até que meu pai foi em uma lojinha que ficava perto do parque onde estávamos e comprou esse colar, ele disse que sempre que eu estivesse usando-o eu seria a número um, em tudo, eu parei de chorar na hora e ele me levou pra tomar sorvete. Meus pais se separaram duas semanas depois. E desde então eu nunca o tiro.

–Isso foi esclarecedor...- Meg disse por fim.

(...)

Tínhamos acabado de nos sentar na mesa pra tomar café quando meu pai me ligou, era umas dez horas.

–Onde você está?

–Na casa da minha amiga, como eu disse pra Thomas dizer pra você!

–Você precisa vir pra casa, agora!

–Por que? Aconteceu alguma coisa?

–Eu tenho um almoço da empresa e eu queria que todos fossem. Vai ser daqui uma hora e meia, vou mandar Thomas ir te buscar.

–Mas pai... –mas ele já tinha desligado.

–O que aconteceu?

–O que aconteceu Oli, é que meu pai acha que o que está bom pra ele está bom pra mim, e não é bem assim.

Thomas chegou um pouco depois, me despedi das meninas e prometi ligar mais tarde. Estávamos no meio do caminho quando ele resolveu puxar assunto.

–Foi legal?

–Foi.

–Você vai me dizer por que mandou aquela mensagem?

–Verdade ou desafio- respondi simplesmente.

(...)

–Coloque uma roupa apresentável! –meu pai dizia pela terceira vez.

–Por que todo mundo sempre tem que pôr defeito nas minha roupas?

–Você quer que eu diga todos os motivos?

–Calado Thomas! –mandei- Eu vou tomar banho!

–Você tem uma hora!

–Eu só preciso de meia! –gritei do segundo andar.

Tomei meu banho rapidamente e fui procurar uma roupa. Acabei escolhendo uma blusa azul de gatinho e uma calça jeans, tudo normal. Desci as escadas e encontrei meu pai, Tif e Jake assistindo TV.

–Você demorou exatamente...-ele olhou no relógio- 35 minutos. Parabéns.

–Nada demais.

Sentei-me no sofá e fiquei brincando com Jay até Thomas descer.

–Até que enfim! Tinha começado a achar que você tinha sido engolido pelo armário!

–Por que você não pode ser igual as outras garotas e demorar pra se arrumar?

–Não quero competir com você.

–Você não pode, pelo menos, usar saia?

–Mas e se tiver um pula-pula? Como eu fico?

–Não vai ter um pula-pula, é um almoço de negócios!

–Pode ser o aniversário do filho do dono da empresa!

–Ele tem 17 anos também! Não iria ter um pula-pula na festa dele.

–Se ela quisesse, ele poderia ter.

–Mas não tem!

Como o assunto foi de ‘Meninas normais’ pra ‘pula-pula’ eu não sei, mas com certeza aquela discussão não iria acabar tão cedo.