- Erga mais seu braço – eu murmurei me aproximando mais, até poder ficar atrás de Rosalie, pelo menos ali seria seguro quando ela resolvesse atirar.
- Pare de me dizer o que fazer – ela retrucou, mas mesmo assim fez o que lhe falei.
- Atire.
Naquele momento ela baixou a arma, como se o que eu havia dito fosse mais do que ela realmente imaginava.
Atire.
Havia mais do que só erguer a arminha, mirar e puxar o gatilho. Ela podia errar.
Você sabia disso, não é? Era esse o seu medo?
- Calma – ela disse, acredito que mais para si mesma do que pra mim.
Mas também havia facilidade, era uma arminha leve, sutil e não faria grandes estragos. Isso podia confortá-la.
Rosalie respirou fundo e voltou a erguer os braços, dessa vez ela atiraria, segurarei na arma sobre suas mãos, instruindo-a a mirar melhor.
- Feche um dos olhos, vê como se direciona melhor – sussurrei.
Mesmo que sussurrasse em seu ouvido, não havia problema, porque éramos apenas crianças e crianças não possuem malicia.
Boom.
Um galho da árvore caiu no chão, ela havia acertado.
O sorriso de Rosalie se abriu e eu sorri também, ela já sabia atirar só não tinha a certeza, e agora eu havia lhe dado essa certeza.
Na empolgação do momento ela acabou por me abraçar e sem que percebêssemos o tempo foi passando, minha arminha foi guardada de volta e nós nos deitamos na grama, não havia ninguém por ali e a conversa fluía tranquilamente.

Era 15 de outubro quando nossa amizade realmente começou.