Vi esse nosso pequeno livro aberto sobre a cama e me bateu a curiosidade de ver o que Rosalie andou escrevendo por aqui, porque mesmo ela tendo me dito que só estava relendo a nossa história, a caneta ao seu lado não me engana. Resolvi aproveitar agora que ela está dormindo com Victor ao seu lado e desci para ficar com as minha princesa e o novo príncipe da casa. Pois é, mesmo Rose tendo insistido que era uma menina e eu lhe provocado dizendo ser um menino, acabou que eu estava com a razão.

Há exatas duas semanas Rose entrou em trabalho de parto, durante um dos almoços em família aqui em casa as dores começaram, mas a situação só ficou difícil mesmo mais para o final da tarde, de nossos três filhos Luca foi o que mais demorou para nascer, mas também é o mais tranquilo dos três, só chora quando tem fome e a fralda suja, o que depois da manhosa Elle é algo que nos surpreendeu um bocado, afinal minha princesinha não podia estar longe de mim ou de Rose que sua manha já começava.

Quando Luca nasceu, Victor se portou muito bem, mas não nos surpreendeu, afinal já havia vivenciado a experiência com Elle, e quando era ainda mais novinho. Já a minha pequena não aprovou muito a ideia de ter que nos dividir com outra pequena pessoa, e deixou isso bem claro nos primeiros dias. Como o parto foi exaustivo, nos três primeiros dias Rosalie mal saiu da cama o que me deixou a cargo de trocar a fralda do bebê e de lhe dar banho, o que em muito chateou Elle, que foi correndo para os braços da mãe toda chorosa porque seu “papa” não queria ficar com ela.

Quando começamos a ficar juntos, combinamos que não queríamos um número x de filhos, quantos Deus nos desse seriam aceitos e muito amados, sem que fizéssemos nada para impedir que eles viessem, mas nos primeiros dias de Luca em casa e com os ciúmes de Elle eu pensei que gostaria de ter esperado mais alguns anos. Amo meu menininho, assim como amo Victor e Elle, mas cuidar de três crianças pequenas – porque mesmo que Victor já seja um pequeno mocinho, como Rosalie gosta de dizer, com seus quase quatro aninhos, não é fácil ter pique para dar conta dos três. Banho, comida, soneca. E sendo Elle tão ciumenta e possessiva desde bebê, a situação fica ainda mais complicada, pois ela não quer “me dividir” com seu irmão mais novo, e Rose está exausta – porque Luca é um pequeno comilão, que quer ser amamentado o tempo todo, o que minha mãe diz ser normal considerando que ele dos três foi o que nasceu maior.

Agora ali estava eu, deitado no sofá com Elle sentada em minhas pernas e Luca sobre meu peito. Quando o pequeno começou a resmungar, Elle se virou para ele com o cenho franzido como que perguntando por que ele tinha sempre que fazer barulho, mas logo se distraiu com seus cubos coloridos. O que não durou muito, pois logo Luca começou a resmungar e quando olhei no relógio vi que não era para menos, já estava na hora da mamada antes de todos dormirem.

- Vamos trocar o irmãozinho? – perguntei para Elle que sorriu assentindo.

Ela não gostava muito de dividir a atenção com o irmão, mas adorava quando a chamávamos para participar como dar banho ou trocar a fralda de Luca, para ela era como brincar de boneca.

- Vem – ela disse descendo do sofá, e com passinhos rápidos chegou até a escada.

A peguei no colo e ouvi seu gritinho agudo, que me fez rir e chamou a atenção de Luca, que estava no meu braço direito. Rindo eu subi a escada e fomos direto para o quarto de Luca.

Minutos mais tarde entrei no quarto encontrando-o vazio, mas não demorou muito para Rosalie entrar no quarto com um sorriso singelo nos lábios.

- Fui colocar Victor para dormir – ela disse e ergueu os braços para pegar Luca. Elle continuava preferindo ficar no meu colo, e sinceramente acho que isso não vai mudar tão cedo.

Rosalie me olhou maneando a cabeça como quem diz “eu lhe disse”, mas ela realmente havia dito que Elle não desgrudaria de mim, enquanto eu dizia que tendo um bebê novo na casa ela brigaria pela atenção da mãe, o que aconteceu uma ou duas vezes, no máximo.

- E você, pequena? – murmurei olhando os grandes olhos amendoados de Elle. Iguais aos de Rose. – Está na hora de você ir dormir!

- Não – ela resmungou me agarrando pelo pescoço, o que significava que ela não deitaria em sua cama. O que tem acontecido muito ultimamente, ela se gruda em meu pescoço e não aceita deitar em sua cama, pelo menos não enquanto Luca continuar na cama com a gente.

- Sorte que Victor não é tão ciumento – Rose disse com um sorriso, por mais que ela achasse que eu mimo Elle demais, e que minha filha pode “mandar em mim” com uma facilidade incrível, fato que eu nunca desmenti, nem ela podia negar que era engraçado ver a manha de Elle para não nos deixar sozinho com o bebê.

Sorte mesmo, caso contrário nossas noites se tornariam belas confusões. Não que não fosse ser divertido, mas muito mais exaustivo com certeza.

- Só enquanto o Luca estiver aqui – eu disse olhando-a nos olhos, e com um sorriso de pequenos dentinhos, muitos que haviam nascido recentemente, ela assentiu me olhando.

- Filhos só daqui a alguns anos, certo? – Rose murmurou em meu ouvido, me fazendo rir. Eu não poderia concordar mais.

- Como se você pudesse se arrepender de ter essas preciosidades – murmurei de volta vendo os olhos dela brilharem ao negar com a cabeça.

Mas como eu disse, três crianças pequenas ao mesmo tempo é uma loucura.

- Quando o Victor crescer um pouco mais – eu dei de ombros.

Deitei na cama e Elle se jogou sobre meu peito, sorrindo abracei minha princesa e logo virei para Rose. Éramos felizes assim, e nada mudaria isso.