Parece que foi ontem...
Eu ria de seu bico e braços cruzados porque finalmente meu anjo havia saído certo.
- Eu não tenho culpa de ter crescido num lugar que não tinha neve – falei tentando me defender de suas acusações por não conseguir fazer um anjo de neve decente.
E seus olhos se abriram um pouco mais quando viu como meu anjo saíra tão semelhante ao seu, pela diferença apenas de tamanho porque eu tinha bons centímetros a mais que ela.
Por pura birra Rosalie jogou uma bola de neve no meu anjo, e outra, e outra, até que a figura ficasse totalmente disforme, ou que pelo menos não parecesse um anjo. Suas bochechas coraram e eu sorri mergulhando um dedo na neve e pondo em seu nariz, que também ficou vermelho, agora sim ela parecia uma vitima do frio.
- Corra – ela disse quase num grunhido e eu cruzei os braços, mesmo que ela me alcançasse, eu ainda era mais forte.
Ela não precisou de mais do que três passos para me alcançar e eu sorri permanecendo de braços cruzados, sua mão coberta pela luva acertou um tapa em meu ombro, mas eu não senti nada, havia casacos o suficiente para amortecer.
E não importava quantas vezes nos provocássemos, sempre vinha o riso depois e tudo ficava bem.
Com um braço segurei o dela e sorri vendo que ela não conseguia se soltar, pisquei um olho e sorri, e ela continuava tentando. Num movimento rápido dei uma rasteira e ela caiu na neve, mas me puxou junto, o que a fazia gargalhar.
- Melhor que os garotos ainda? – eu perguntei lhe provocando.
- Sempre – ela disse tocando meu rosto com a luva úmida pela neve.
- Ahhh... – ela sabia o quanto eu odiava que fizesse isso. – Vai ter volta! – retruquei naquela típica provocação infantil.
Abaixei minha mão pegando um pouco de neve e passei por suas bochechas, que coraram ainda mais.
Ela riu e me empurrou na neve, me deixando caído no chão e sentou em cima de minha barriga.
Não consigo me lembrar de todos os detalhes, mas sei que quando realmente percebemos eu estava sobre ela novamente, e segurava suas mãos porque Rosalie insistia em voltar a jogar neve em meu rosto e pescoço, que não estava coberto pelo cachecol como o dela. E depois, entre risos eu continuava segurando sua mão. Confesso que foi um pouco irreal, mas, como segundos depois, meus lábios tocavam os dela num selinho inocente.
Nós estávamos crescendo, só não havíamos nos dado conta ainda.