Para o Meu Amor, Emmett escrita por thysss


Capítulo 112
Capítulo 112




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Durante as noites seguintes, por mais que passar o dia trabalhando e as noites em claro pelo chorinho de Elle – e isso fizesse eu me sentir exausto, mesmo quando ela silenciava eu não conseguia dormir. Nos últimos dias algo havia voltado a me tirar o sono, e mesmo que Elle já estivesse com dois meses, eu não conseguia pensar em outra coisa.

Era só quando ela mostrava um sorrisinho banguela para mim, ai sim eu poderia me distrair, mas não durava muito.

Como naquele momento, com Rose dormindo ao meu lado, Elle no bercinho montado ao lado de nossa cama e Victor entre nós – porque ciúme havia brotado nele, e durante o meio da noite ele aparecia em nosso quarto, alegando que se sua irmãzinha poderia dormir conosco, ele também poderia.

Me virei observando seu cabelo espalhado pelo travesseiro que levava um desenho infantil bordado, e sorri tocando seu cabelo fino. Meus olhos então focaram em Rosalie, e meu coração saltou mais forte. Mas era por Victor que eu me sentia mais apreensivo, por ele e pelo bebê que dormia no berço há poucos passos de mim.

Nos noticiários da rádio haviam voltado avisos sobre bombardeios, na noite anterior uma cidade próxima – e maior – havia sido atacada, e a Guerra Civil havia dado adeus a trégua.

Claramente inclusive o presidente queria que tudo terminasse, porque nós estadunidenses estávamos acabando com nosso próprio país, isso só considerando em questão territorial, se fosse para pensar no rombo que isso causaria a economia... Um caos estava formado, e o grupo do sul nos atacava com cada vez mais força. O estado de Indiana não era o principal foco, mas ainda assim estávamos sofrendo um bocado. Parecia – e eu tinha certeza disso – que nos poucos meses que a trégua durou, foi o suficiente para que o grupo do Sul se reunisse e formasse um exército ainda maior, só não podíamos saber como isso havia acontecido, porque antes da trégua estávamos com uma boa vantagem, e agora era como se estivéssemos no mesmo patamar.

E eu sabia o que isso significava, ainda mais com meu pai cada vez mais empenhado em fazer as pequenas cidades do estado de Indiana ganharem espaço e participação.

Só a luz da lua cheia iluminava o quarto, pelas janelas de vidro que estavam fechadas, dando uma breve claridade ao ambiente e permitindo que eu visse o brilho nos olhos de Elle. Ela estava virada para o nosso lado, e seus olhos brilhavam, embora ela não estivesse chorando.

Era isso que vinha me conquistando cada vez mais, esse par de olhos tão semelhantes ao de Rosalie. Eles possuíam desde o mesmo tom – apesar de ainda estarem escurecendo – ao mesmo brilho, e eu sabia que tudo mais em minha filha seria semelhante a Rose.

Levantei tentando não mexer muito as cobertas, porque ultimamente até o mover das cobertas acordava Rose, que mal dormia pensando que Elle logo precisaria de alguma coisa. Olhando no relógio, pude ver que já se aproximava das três da manhã, então logo Elle reclamaria para mamar, enquanto isso eu ficaria ninando-a em meus braços.

- Hey meu amor – eu sussurrei baixinho perto de seu ouvido, e sorri vendo como ela sorria banguela para mim. Era um desses sorrisos babados que encantam qualquer pai.

Com Victor já era assim, com Elle não poderia ser diferente – mesmo que Rose dissesse que eu estava ainda mais babão por ter uma menininha.

Com a força típica de recém nascidos, que não representava muito, Elle segurou meu dedo, tentando balançá-lo como fazia com os brinquedos pequenos e que aguentavam em sua mãozinha por mais que meros segundos.

Não faço ideia de quanto tempo eu passei com ela, só soube que a cada momento eu conseguia encontrar mais semelhanças entre ela e Rosalie, e que cada traço semelhante me lembrava que eu tinha de voltar a conversar com Rose sobre a Guerra Civil, porque desta vez era certo que eu iria. No dia seguinte eu sabia que meu pai iria apresentar um projeto vitorioso sobre como havia conseguido convencer o pessoal do governo, ele iria se gabar e falar mais mil e uma baboseiras, tudo enrolação para no final anunciar que finalmente havia conseguido colocar sua tropa na guerra.

E no dia seguinte eu sabia que iria perder uma parte de mim, porque só de pensar em ficar longe eu já estava sofrendo.

Elle começou a murmurar baixinho, fazendo barulhinhos com a boca que nem de longe se assemelhavam a algum som coerente, mas eu já sabia o que ela queria, era hora dela mamar e mais uma vez eu estava adiando falar com Rose.

Chamei minha mulher com suaves carinhos em seu rosto, e sorri quando ela abriu os olhos, esfregando os mesmos de maneira sonolenta, para então sorrir ao ver o pacotinho com olhinhos bem abertos em meu braço, encolhidinha.

- Ela estava acordada no berço – eu disse entregando-a Elle, tendo certeza de que Rose estava se questionando se a menina chorar e ela não havia ouvido. – Ela nem chorou ainda – eu disse e Rose riu, com suas bochechas coradas.

Beijei seus lábios para logo deitar na cama novamente, eu precisava dormir para poder suportar o dia que viria, mas eu não via um modo de conseguir conciliar o sono quando minha mente estava tão ocupada com tantos pensamentos passando a mil por hora.

Eu não queria aceitar que estava acontecendo, essa era a verdade, e quanto mais eu olhava para Rose com nossos filhos ao seu lado, mais eu sabia que não queria ir, ao mesmo tempo que mais aquela imagem me dava vontade de ir de uma vez, para voltar logo e ficar abraçado a eles, naquela casa que era nossa, só entre nós, só curtindo minha mulher e minhas crianças, para depois fazermos mais crianças lembrando da guerra que já havia passado, e que eu havia voltado para casa bem.

Eu só queria que a paz surgisse logo. Eu queria poder deitar a cabeça no travesseiro sem culpa, mas sabia que naquele momento isso não aconteceria, e duvidava que fosse acontecer tão cedo.

Voltei a tocar as mechas finas do cabelo de Victor, e pensar nele, pensar que eu estava fazendo isso por ele, fazia compensar tudo. Porque eu sabia que mesmo que a guerra me destruísse, Rose não estaria sozinha, ela tinha os nossos filhos para lhe dar apoio – mesmo que eles ainda não entendessem isso – e fazerem com que ela seguisse em frente. Mas e se fosse Victor? Não. Eu já a havia visto deprimida com a perda de nosso primeiro bebê, que ainda estava em seu ventre há poucos meses, e não podia nem pensar em como seria se Victor tivesse que ir a uma guerra – porque as rixas entre os estados americanos existem há anos e eu apostava que não iria acabar tão cedo – não, ai sim Rose não suportaria, não depois de cuidá-lo e criá-lo por anos para que a infelicidade de governantes que não conseguiam entrar em um consenso acabasse com isso.

Desta vez o ditado mudava e era antes eu que ele.

Só querida, diga-me que você pode entender isso.

 


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Notas finais do capítulo

n/a: parece mentira, mas o nyah continua tirando com a minha cara! e a minha internet não coopera, então tá tudo uma maravilha.

essa semana então não deu pra compensar pela semana passada, mas os posts estão prontos, então domingo eu posto de novo, e ai veremos, talvez na terça eu apareça!

comentem, e espero que gostem.
beijos.



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