Trovões escrita por MaYuYu


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha segunda fanfic CD, a ideia surgiu de repente, então não sei se ficou muito boa. Tentei "forçar" menos o romance da história e captar melhor a essência da relação dos dois. Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/523053/chapter/1

Era um dia chuvoso, o céu tinha abandonado sua delicada coloração azul-clara e a substituído pelo cinza escuro e turvo. Parte do pátio da escola estava repleto de poças no chão, que enchiam cada vez mais, alguns estudantes chegavam perto delas e olhavam seus reflexos lá, ou então, pulavam animados para irritar seus amigos que estivessem próximos. Além de tudo, o clima estava gélido, mas também não me importava muito com isso, meu uniforme era suficientemente quente para mim, o blazer que usava era feito de um tecido mais grosso que aparentava, então aquecia bastante. Estava tudo calmo, com exceção dos trovões altos e dos raios que cortavam o céu escuro com feixes de luz, minuto após minuto.

Alguns alunos que tinham esquecido seus guarda-chuvas estavam indo para suas casas tentando ignorar os pingos de água incessantes que despencavam do céu.

Bem, a verdade é que tinha esquecido meu guarda-chuva também, mas não fazia extrema diferença no meu caso, já que podia esperar a chuva parar dentro do prédio da escola antiga, na sala de aula do clube que frequentava.

Eu sempre era o primeiro a chegar no clube, embora sempre saísse da sala de aula todos os dias juntamente de A-ya, ele se dirigia até o banheiro e depois encontrava B-ko em algum lugar, assim, iam juntos até a sala do clube. Já eu, sempre seguia meu caminho diretamente, sozinho. Era uma espécie de rotina.

Ultimamente eu tenho estado desanimado, como certa pessoa havia me dito uma semana atrás, eu era obcecado demais por A-ya, tudo porque achava que devia o proteger, mas, não é preciso... as coisas mudaram de nossa infância para cá. A-ya cresceu, ele não precisa ficar preso a mim, e nem eu a ele. O tempo que passamos juntos também tem encurtado, mas honestamente, acho que isso será melhor para nós dois. Meu amor era extremamente platônico, de um jeito ou de outro. Apenas desisti de uma vez. Mas com isso, o meu mundo se tornou mais cinza, igualmente ao céu daquele dia.

De qualquer forma, o que importava realmente naquele momento era me abrigar logo para fugir da chuva. Coloquei minha bolsa escolar por cima da cabeça, e corri até o prédio antigo. As paredes daquela construção estavam desgastadas e desbotadas fazia um bom tempo, também tinham algumas rachaduras e o prédio muitas vezes fazia barulhos estranhos de madeira rangendo, mas era melhor isso do que nada, e, era confortável e quente lá, apesar da estrutura não estar em suas melhores condições.

Adentrei os corredores do prédio, podia ouvir a chuva apurando do lado de fora, ficando ainda mais forte em meio ao vento, tive realmente muita sorte de ter chegado rápido.

Os meus sapatos deixavam marcas molhadas pelo chão do corredor do colégio, era um ambiente que poderia ser comparado a um de filme de terror. Certamente, alguém medroso não gostaria de andar por ali.

Enquanto me aproximava da sala de aula sede de nosso clube, comecei a ouvir um choro muito baixo, como se alguém estivesse abafando soluços e gemidos de um choro desesperado. Não poderia ser A-ya, nem B-ko, os dois sempre demoravam muito, e vinham juntos sempre, o que só restava uma opção.

Mas por que alguém como ela estaria chorando?

Comecei a caminhar mais rápido, os trovões pareciam um trilha sonora feita especialmente para mim. Finalmente, cheguei na porta e a abri rapidamente, sem fazer cerimônia alguma ou ter receio.

Era ela. Mesmo.

Observei uma menina encolhida no canto da sala, as mexas de seu cabelo púrpuro estavam todas fora de ordem, como se alguém os tivesse bagunçado. Ela pressionava suas mãos contra as orelhas com muita força, enquanto chorava sem parar um instante sequer para recuperar o fôlego. A garota que eu estava olhando não parecia nem um pouco com a D-ne de sete dias atrás, que falava comigo em um tom zombeteiro, abrindo meus olhos sobre minha relação com A-ya.

Logo, mais um trovão soou, e ela passou a chorar com ainda mais desespero. Agora tinha certeza do que estava a amedrontando.

Dei um passo a frente com calma - "D-ne?" - ela abriu seus olhos que antes estavam fechados com força, e pude observar o azul profundo e bonito misturado com as lágrimas que deixavam seus olhos com ainda mais brilho. Ela não pareceu ter percebido minha presença na sala antes daquilo - "Você está bem...?" - perguntei um pouco sem jeito.

"Logo você foi quem me viu desse jeito..." - falou ela em um tom muito baixo, quase inaudível, se encolhendo mais uma vez - "Não, eu não estou bem."

"Eu já entendi, você tem medo de trovões, não é?" - falei no tom mais calmo que consegui.

"Sim. É isso mesmo. Pode rir de mim." - disse ela com a voz ainda chorosa, mas com um tom irritado.

Eu havia ficado completamente irritado com o acontecido naquela mesma sala poucos dias atrás. O que ela fez foi cruel, mas, eu não posso vê-la desse jeito e ainda provocá-la rindo de seus medos. Eu me tornaria igualmente cruel. E de certa forma, as palavras daquele dia, apesar de terem machucado e entrado diretamente em mim como flechas, acabaram me ajudando mesmo.

"Eu não vou rir de você. Não agora." - disse ainda a olhando.

Novamente, um barulho muito alto de trovões tomou a sala, e apenas conseguia olhar para a direção em que D-ne estava encolhida. Em meio a relâmpagos, trovões, vento e quantidades inacreditáveis de água do lado de fora salpicando a janela, eu a envolvi em meus braços sem poder pensar antes de tal ato. Sentia seu corpo contra o meu enquanto ela tremia por uma junção de frio e medo.

D-ne não falou nada. Não precisava falar. Eu também não. O silêncio era a melhor opção naquele momento.

Mais um trovão invadiu a sala com seu ruído, e outro clarão inundou a sala.

Foi então que ela me abraçou também, passou seus braços em volta de minhas costas e apertou o mais forte que podia.

D-ne não era tão mais baixa que eu, mas durante aquele abraço, ela parecia tão pequena. Conseguia envolver seu corpo com os meus braços de forma perfeita. Sua tremedeira também tinha diminuído bastante comparado ao momento em que a encontrei naquele canto frio. O contato entre nós dois tinha formado uma sensação de calor muito aconchegante. Eu não queria a soltar. Fechei os olhos e a confortei ainda mais, a abraçando com mais força também. A sala permaneceu apenas com o barulho de goteiras e a chuva do lado externo, até o silêncio ser quebrado.

"Quentinho..." - sussurrou ela em um tom quase inaudível. O tom em que falava parecia mais calmo também.

Minhas bochechas esquentaram, o que ela falara foi realmente fofinho, sinceramente, eu nunca esperei que D-ne fosse esse tipo de pessoa. Foi então que me dei conta de que nunca tinha a analisado com cuidado. Acho que interpretei tudo de maneira muito errada.

"Você quer que eu solte?" - falei sem evitar gaguejar.

Silêncio.

Coloquei minha mãe sobre sua cabeça, acariciando-a gentilmente, enquanto brincava com suas madeixas.

Senti seu coração batendo mais rápido.

"C-ta." - disse ela com a voz trêmula - "Obrigada."
"Não há de quê." - disse em resposta.

Ela rompeu o abraço duradouro cuidadosamente, se movendo para trás devagar, enquanto levemente fazia carinho em minhas costas com suas mãos agora quentes.

Nossos rostos estavam distanciados apenas por poucos centímetros. Eu nunca tinha ficado tão próximo de uma garota antes, quanto mais de uma garota com uma beleza que chegasse aos pés da que eu estava observando. Os traços de seu rosto eram delicados, tinha um nariz pequenino e lábios rosados e finos. Sem falar dos olhos azuis penetrantes que ela possuía, que faziam uma combinação extremamente linda com seus cílios longos e curvados e o tom púrpuro puro de seus cabelos. Suas bochechas estavam levemente avermelhadas naquela ocasião. Sentia-me olhando para uma boneca - obviamente mais perfeita do que uma boneca, e com muito mais vida e olhos mais intensos - eu via uma imagem que poderia considerar perfeita.

Foi então que a luz se apagou.

"Um blackout?" - disse ela olhando para a lâmpada da sala.

"É o que parece." - respondi - "Você não tem medo de escuro também?"

"Não... mas mesmo assim... - a menina fez uma pequena pausa - seria muito pedir para me abraçar novamente?" - perguntou ela, olhando diretamente para mim. Pela sua expressão, parecia estar com muita vergonha, mas mesmo assim, não desviava o olhar de mim. Realmente, D-ne era muito mais adorável do que eu pensava, não era maldosa como tinha sido antes, aquele momento provava isso. Então, calado, a abracei novamente, e a sensação de calor banhou a sala mais uma vez.

A chuva ainda continuava entre ventos, relâmpago e trovões, mas sentia agora, que isso não incomodava mais D-ne.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
E sim, eu tenho o headcanon de que a D-ne tem medo de tempestades x3