Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 4
A descoberta.


Notas iniciais do capítulo

*Capítulo editado.

Espero que gostem. :3
Boa leitura!



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Sair de casa e deixar Dhuly sozinha as vezes era meio preocupante. Sentia ter que sair sem ela, mas era preciso.

Ainda eram 11 horas da manhã quando sai com minhas lentes verdes e a deixei dormindo. A magia negra que eu pus no quarto foi útil e inteligente. Quando Dhuly não cabia mais naquele berço, o quarto o transformou em uma cama de criança. O lado do quarto dela também mudou. A aparência de quarto de bebê foi retirada. Todo o quarto estava com a mesma cor e os brinquedos não eram mais os mesmos. Dhuly sentia-se confortável nele, isso que importava.

6 anos depois da morte de Toly e do nascimento de Dhuly, lá estava ela com 12 anos. Já estava virando uma linda menina. Alta, com cabelos longos até a cintura e lisos da cor preta, olhos vermelhos como os meus, corpo de criança ainda, unhas afiadas e os dentes também. Seu passatempo preferido era brincar com os ratos da casa e fazer testes comigo.

Naquela manhã eu tinha saído porque precisava comprar comida pra Dhuly, que estava comendo muito desde os últimos dias. Ela se alimentava de comida normal e também de ratos, insetos e outras coisas que encontrava pela casa. A comida humana era fundamental, porque insetos não a alimentavam por completo.

Chegando em casa, entrei e tranquei as três portas da sala. Tudo era segurança para Dhuly não sair. Eu me preocupava pouco com isso, porque conversava com ela sempre e dizia para ficar em casa. Ela sempre foi muito obediente, então ficava tranquilo.

– Filha! - Eu a chamei com um sorriso no rosto e carregando sacolas cheias de coisas gostosas para ela.

Não houve resposta. Imaginei que ela estaria brincando em alguma parte da casa, então caminhei até o elevador. Do lado do botão de abrir a porta do elevador, havia um outro botão pequeno que era como uma campainha. Eu o usava exatamente nesses casos, quando quisesse falar com ela e tal estivesse em alguma parte da casa, que era gigante.

Apertei o botão e fui guardar as compras.

– Oi papai! Já voltou? - Ela apareceu em poucos segundos e meu abraçou.

– Está cada vez mais rápida! - Eu disse fazendo carinho em sua cabeça.

Ela sentou na cadeira da cozinha e observou as comidas e guloseimas que eram retiradas das sacolas. Fui enfileirando o que ela poderia comer no momento e guardando o resto.

– Sabe papai... - Ela disse pegando um bolinho de chocolate. - Eu descobri uma coisa nova.

– O quê, querida?

Ela mastigou a comida devagar. Quando terminou, continuou.

– Uma coisa. - Deu mais uma mordida no bolinho. - Uma habilidade, eu acho.

Parei de guardar as coisas e olhei para ela. Vendo minha cara de surpresa, Dhuly balançou a cabeça em afirmação, como quem diz "Sim, é verdade.".

Me sentei a sua frente, esperando ela contar.

– Eu tava brincando com o Tutu lá na sala de corrida. - Tutu era seu rato de estimação. O rato que ela jamais teria coragem de bater, cortar, comer ou matar. - Fiz uma pista bonitinha pra ele correr. Ele correu até certo ponto e de algum lugar apareceu outro rato. Maior que Tutu e muito agressivo.

– Sim, continue...

– Eles começaram a brigar na minha frente. Como o outro rato era maior que ele, Tutu tava se machucando. Quando vi o primeiro corte nele, fiquei muito nervosa... Eu sei que pode ser besteira, mas eu me exaltei.

– E o quê você fez?

Ela comeu mais um pouco do bolinho antes de continuar.

– Me levantei do chão e comecei a respirar com dificuldade, sem saber o porquê. De repente meu corpo foi mudando um pouco, sem que eu quisesse. Achei que eu tava virando aquele mostro das sombras, mas não era.

– Não?! Como não?! - Eu arregalei os olhos.

– Minhas garras ficaram duas vezes maiores e eu fiquei toda preta. Meus olhos ficaram pretos também, eu me sentia mais forte. Me virando pro rato que atacou Tutu e o tirando de perto, eu abri a boca e saiu um líquido preto. Quando o líquido encostou no rato, ele queimou. Sua pele foi queimando rápido até ele morrer.

– Líquido preto... - Eu falei baixinho.

– Depois com uma das garras, eu a enfiei no meio de sua barriga e o levantei. Botei perto da janela e deve tá lá até agora...

Balancei a cabeça enquanto pensava. Aquilo era bom. Muito bom!

– Filha! Você não tem ideia do que você descobriu! - Eu disse me levantando da cadeira e indo em direção ao elevador. - Venha, venha comigo!

Ela se levantou sem entender direito. Pegou um biscoito dentro da sacola e correu para me alcançar.

Entrando no elevador, ela viu que apertei para o andar de cima, para a sala de corrida, e não para baixo, onde fazíamos testes.

– O quê vamos fazer lá em cima? - Dhuly perguntou comendo o biscoito.

– Terminar de conhecer essa nova habilidade!

Chegando na sala de corrida, estava tudo uma bagunça. A sala estava com a pista de corrida do Tutu fora do lugar. O ratinho estava no cantinho da sala comendo e o rato agressivo que Dhuly falara, estava na janela, com um buraco na barriga e todo queimado.

– Consegue fazer de novo?

– Me transformar naquilo?

– Não... Na verdade você não se transformou. Você evoluiu em suas habilidades. O líquido que saiu de sua boca está sempre aí, você só o descobriu hoje. O fato das garras crescerem é também uma habilidade. A raiva "destravou" - sinalizei as aspas com os dedos - essas duas habilidades. Você pode fazer de novo se quiser...

– Mesmo? - Ela me olhou com um olhar curioso. - E por que eu fiquei preta?

– Defesa dos Demônios das Sombras. Somente alguns têm essa habilidade de defesa. No total, foram três habilidades descobertas pela raiva!

– Entendi. Isso é bom?

– Isso é ótimo! - Joguei os braços para o alto, mostrando minha felicidade. - E então... Pode fazer de novo?

– Não sei papai... Eu tava com raiva...

– Não seja por isso.

Dizendo isso, eu abri a boca e retirei de lá um rato do mesmo tamanho do outro que Dhuly matou. Insatisfeito, tirei mais dois, três, quatro, cinco ratos.

– Agora são seis para atacar Tutu. - Apontei para os seis que estavam indo na direção do ratinho de estimação dela.

– Não!

Dhuly não sabia o que fazer. Ela correu até Tutu para tentar tirá-lo de lá antes que os seis atacasse. Vendo que ela o pegaria, fiz um bloqueio invisível em torno dele. Um bloqueio para ela apenas. Os ratos ainda poderiam chegar nele.

– Não papai, não! - Ela gritou olhando para mim.

– Salve seu bichinho, filha! - Eu gritei de volta.

Ela se afastou e ficou olhando. Os ratos chegaram até Tutu e começaram a mordê-lo, arranhá-lo e machucá-lo.

– Vai deixar ele morrer, Dhuly?

Ela olhou para mim e depois para seu ratinho machucado.

– Não.

Sua respiração se alterou.

– Não!

Me encostei na parede da sala e apenas observei.

Em questão de segundos Dhuly estava toda preta, incluindo a cor de seus olhos. Suas garras duplicaram de tamanho e ela avançou nos ratos. Se abaixou e com duas garras, era prendeu três ratos, do mesmo jeito que o outro, só que pelas costas. Os outros três ainda machucavam Tutu. Ela então, sem dó, pisou em cada um. Com uma força surpreendente, acabou esmagando todos os três por completo. Só dava para ver manchas vermelhas no chão com pelo por cima.

– Muito bom... - Eu disse para mim mesmo.

Ainda não satisfeita, Dhuly abriu a boca e jogou o líquido preto sobre os três ratos em suas garras. Seus corpos foram sumindo das garras dela, até que ficassem só os ossos. Eles caíram no chão. Olhando para eles, ela viu os que estavam amassados e tratou de queimá-los também. Foi uma linda cena.

– Perfeito! - Eu gritei para ela.

Tutu estava bem ferido. Não conseguia se manter de pé e estava com machucados bem abertos. Dhuly se abaixou e começou a chorar. A cor preta de seus olhos e corpo foi desaparecendo. Suas garras também voltaram ao tamanho normal.

– Ele vai morrer, papai. - Ela disse olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas.

– Não vai.

Caminhando até lá, me ajoelhei em frente ao ratinho machucado. Pus ele em minhas mão e fiquei de costas para Dhuly. Ainda ouvia seus soluços de choro.

– Aqui está!

Me virei para ela e estendi a mão, com um corte no pulso direito. Tutu estava totalmente curado, como se nunca tivesse sido machucado daquela forma.

Dhuly o pegou e o abraçou com força. Ele demonstrou felicidade e alívio em estar melhor.

Ainda abraçando seu ratinho, ela olhou para mim. Pensou em algo e depois disse:

– Papai... O líquido preto que sai da minha boca queima... O que sai de seu pulso cura...? É isso?

Ela era inteligente. Admirava demais isso nela.

– Isso mesmo, filha. Meu sangue cura. Seu sangue mata.

Ela me observou por um tempo com curiosidade. Olhando por trás de mim, viu que largou seu biscoito perto da porta do elevador. Com habilidade de rapidez, foi até lá, pegou o biscoito e voltou. Começou a comer enquanto acariciava Tutu.

Eu ri daquilo. Dei uma de minhas gargalhadas aterrorizantes, mas de forma carinhosa.


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