After Earth - Interativa escrita por triz


Capítulo 3
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Hey hey meus queridos leitores õ/
~desvia das sapatadas e ocasionais tijoladas~
Eu sei que demorei MUITO. Mas acontece que eu tive de enfrentar um dos meus maiores inimigos: O TERRÍVEL BLOQUEIO DO TERCEIRO CAPÍTULO. Cara, eu simplesmente dou uma travada monstruosa nele, não sei por quê ;3;
Mas está aqui. Desculpem qualquer coisa tá? Aproveitem.



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Daniel acordou todo quebrado. Sinceramente, aquele garoto tinha energia demais. Ele nem sabia como havia conseguido chegar em casa inteiro, sem que algum de seus membros caíssem pelo caminho. O estranho fora que ele não dissera uma palavra sequer durante todo o percurso. Mas se ignorasse isso, ele era até uma pessoa legal.

Ele foi preguiçosamente até a cozinha, mas percebeu que tinha deixado a dispensa ficar vazia. De novo. O problema de ter de gerenciar uma casa aos dezenove anos é que você sempre se esquece das coisas mais simples e sempre tem que voltar no supermercado para comprar algo que esqueceu. Era uma pena que as pizzarias não funcionassem durante a manhã, assim ele não precisaria passar por isso.

Era uma manhã enevoada, o que contribuía para o fato de seu irmão ainda estar deitado babando no travesseiro. Na verdade ele não babava, mas Dan gostava de dizer isso para provoca-lo. Trocou de roupa e prendeu o cabelo num rabo de cavalo frouxo e desleixado. Foi andando sem pressa pelas ruas semiadormecidas da cidade, afinal não haviam razões para correr. Era uma manhã de domingo.

– Dan! – ele ouviu alguém chama-lo. – Espera!

Ele olhou por sobre o ombro apenas para ver uma Claire bastante apressada, provavelmente atrasada novamente. Ela era uma dos seus poucos amigos. Não que ele fosse antissocial, mas preferia uma vida sem muitos agitação. Os cabelos vermelho-sangue da ruiva estavam bastante assanhados quando ela o alcançou.

– Para onde vai com essa pressa toda? – ele estranhou. A essa hora de um domingo, ou Claire estava dormindo ou provavelmente sofrendo as consequências de seu estilo de vida nem um pouco ortodoxo. Ao contrário dele, ela tinha uma vida instável demais. – Tem fogo em algum lugar?

– Haha, - ela estava apoiada nos próprios joelhos tomando fôlego. – muito engraçado. Estou morrendo de rir. Por dentro.

– Eu acredito. – o que claramente não era verdade.

– Trabalho. Eu estou atrasada.

– Me conta uma novidade cabeça quente. – ele riu. Ele sempre costumava fazer piadas com o cabelo dela.

– Muito engraçado senhor não-sei-amarrar-um-cabelo. – ela rebateu falsamente irritada. – Sinceramente, não sei por que você não corta isso. Se ele passar do ombro só mais um pouquinho, você vai começar a parecer uma garota. – ela zombou.

– Tch. Até parece. – ele revirou os olhos. – E você não estava atrasada?

– Estava. E ainda estou. – ela olhou feio para ele.

– Então é melhor correr se não quiser perder esse emprego. Deve ser seu quinto atraso este mês. – ele falou olhando para um relógio imaginário.

– Sexto! É o sexto. – ela gritou lá da frente já correndo novamente.

Dan riu consigo mesmo e continuou a caminhada. Claire era a mulher de vinte anos mais irresponsável que ele conhecia, não que conhecesse muitas. Era uma boa pessoa, e como ele teve de aprender a se virar sozinha desde muito cedo. Apesar disso ela era uma pessoa relativamente feliz e provavelmente sua melhor amiga depois de seu irmão. Ele sentia um grande apreço por ela, e a constante necessidade de cuidar dela pois diferentemente dele, que tinha a Dave, ela não tinha mais ninguém.

*

– Desculpe. – Dave falou depois de esbarrar em alguém. Acontece que a pessoa era tão pequena que ele nem sequer a havia visto, e teve de olhar para baixo para ver quem era. Qual foi a sua surpresa ao encontrar Kim, a garota que havia socorrido no dia anterior?

– Tudo bem, a culpa foi minha. – ela falou colocando as mãos nos bolsos do moletom. – Dave?

– Ah, oi Kim. Desculpa, eu não vi você. – ela riu. – O que é engraçado?

– Você pediu desculpas duas vezes.

– Ah, desculpa.

– Foram três agora! – ela riu um pouco mais alto.

– Foi sem querer! – ele reclamou envergonhado.

Uma garota cerca de um palmo mais alta que ela aproximou-se timidamente.

– Alyssia, este é o Dave. – Kim apresentou.

– É um prazer te conhecer Alyssia. – ele cumprimentou-a estendendo a mão. Ela pareceu confusa por alguns segundos mas depois de receber um olhar encorajador da menor, apertou-a.

– Igualmente. – ela respondeu quase sem expressão.

– É impressão minha ou sua amiga ai vem do planeta dos bizarros? – Dave perguntou baixo o suficiente para que apenas Kim ouvisse enquanto a garota de cabelos grená estava distraída olhando a vitrine de uma loja de doces.

– Se ela for mesmo de lá, eu sou também. – ela respondeu bem-humorada.

– Que nada!

Kim riu internamente. Ele não imaginava o quão próximo estava da verdade.

*

– Mew, que coisa! Você não tem que ficar me olhando desse jeito só por causa daquilo! – o ruivo estava exasperado. Nada que fizesse ou falasse faria a raiva da namorada sumir.

– Pat, você nem sequer se desculpou. – ela falou num tom triste. – Poxa, você não entende como as coisas são aqui?

– Na teoria tudo é mais fácil, Mew.

– Você prometeu que iria se esforçar. – ela falou.

– E vou. – ele prometeu. – Mas acontece que...

– Olha, desculpa me meter onde não fui chamada, mas vocês não poderiam ter essa discussão de relacionamento de vocês depois? De preferência quando eu não estiver por perto? – a garota ruiva falou.

– Quieta Yumiko. – Patrick rosnou.

– Tá bom, eu vou arrumar alguma coisa para fazer. – ela falou revirando os olhos enquanto saia.

– Eu não quero discutir Patrick, por isso, que tal eu esquecer e você me prometer que vai se esforçar mais daqui em diante? – a loira perguntou. Ele deu um sorriso e ergueu-a no ar.

– Combinado gatinha. – ele falou provocando os risos dela.

– Que não aconteça mais esquentado.

Havia duas semanas que eles estavam ali, e Yumiko já estava com o saco para lá de cheio de dividir o apartamento com aqueles dois. Não que ela desgostasse de Patrick ou de Mewryna, pelo contrário, eram muito boas pessoas. Ela só não gostava de presenciar o momento “casalzinho feliz”. Mas ela não tinha culpa de ser o braço direito do ruivo no clã Sunog e ter sido obrigada a ir para aquele planeta com ele. Também não era culpa dela ele ter tido a fantástica ideia de trazer a prometida. De certa forma fora bom, já que ele ficava mais dócil na presença da garota. Mas esses momentos dos dois as vezes causavam-na vertigens.

– Sem querer interromper vocês, mas já interrompendo, - ela falou já com metade do corpo do lado de fora. – mas vocês acham que os espertalhões já chegaram por aqui?

– Que eu saiba não. – a loira falou. – Por quê?

– Nada. Só acho que se os Sitriz já estão por aqui, logo os purpurinados também chegarão. E se eles chegarem antes de conseguirmos contatar os coloridos e os humanos, nós estamos muito ferrados. – ela disse fechando a porta.

*

Jessica mal podia acreditar que as férias já haviam acabado e ela tinha de voltar para a escola. Sinceramente, ela não queria. Na realidade nem eram férias, só o recesso do Natal e Ano Novo. Mesmo assim, era mil vezes preferível ficar em casa dormindo. Os corredores normalmente cheios, ainda não tinham sequer uma alma viva. Abriu o caderno em busca de seu horário de aulas, já que não conseguia lembrar em qual sala deveria estar no primeiro tempo.

Chegando à porta da sala de Cálculo, a primeira tortura do dia, ela ouviu um barulho engraçado. Uma espécie de “teco-teco” contínuo. Entrando na sala, ela viu uma garota pequena e magra sentada numa cadeira resolvendo um cubo mágico nervosamente. Era incrível a velocidade com a qual ela o fazia. Assim que terminava, passava o objeto para uma garota de cabelos de uma cor no mínimo incomum. Grená. Ela o embaralhava e devolvia para a pequena de cabelos azuis vívidos. Era um ciclo sem fim, no qual nenhuma das duas falava, o que era no mínimo incomum.

– Bom dia. – Jessica decidira ir falar com elas. Apesar de ser uma escola razoavelmente grande, ela nunca havia as visto por ali, tinha certeza de que eram novas.

– Bom dia. – a garota de cabelos grená a cumprimentara. Ela parecia mais amistosa do que a menor. Para falar a verdade, era notório que ela estava terrivelmente desconfortável ali.

– Vocês são novas por aqui, não são?

– Sim. – ela respondeu. – É nosso primeiro dia.

– Como se chamam?

– Alyssia, e a do cubo é a Kimberly.

Pode parecer estranho a naturalidade com que ela falava, como se vivesse ali desde sempre, mas ocorria que seus últimos cinco dias havia sido dedicado ao estudo da interação social dos adolescentes terrestres. Não havia sido fácil, mas Kim lhe mostrara mais ou menos no que manter seu foco. Então agora ela parecia uma nativa.

– Me chame de Kim. – ela disse com uma voz quase inaudível, sem sequer tirar os olhos do cubo, que já estava resolvido. Ela tirou um maior da bolsa. Contando rapidamente, Jessica viu que era um sete por sete. Era uma coisa simplesmente monstruosa, além de parecer impossível. Mesmo assim, ela continuou resolvendo-o e em cinco minutos, ele já estava completamente resolvido. A garota percebeu a inquietação dela por não ter nada de fazer. Ela estava terrivelmente agitada, e se ela não houvesse se enganado, assustada também.

– Você está...

– Kim? – Jessica voltou-se na direção da voz e reconheceu o amigo, Dave. A garota olhou para ele parecendo completamente aterrorizada.

– Meu Deus, você está bem? – ele perguntou preocupadamente. – Você está mais branca que um papel.

– Eu estou legal. – ela falou sem muita convicção.

– Não é o que parece.

– Ah, olá Dave. Bom dia para você também. – Jessica falou ironicamente.

– Bom dia Jess. Desculpe-me, mas é que ela parece não estar nem um pouco bem. – ele riu nervoso.

– De onde se conhecem? – ela perguntou com curiosidade.

– Ah, nós...

– Acho que depois que o senhor Strengt e a senhorita Volsky se sentarem, poderemos começar nossa aula. – o professor Smith não parecia nem um pouco satisfeito. A conversa com Alyss tinha sido tão legal que ela nem vira a sala se encher. Por sorte, o lugar ao lado dela estava vago.

A cada minuto que se passava daquela maldita aula, ela queria cada vez mais ir embora ou simplesmente jogar o professor pela janela. Só Deus sabe por que ela ainda não tinha apagado.

– Senhorita Luvbourne, poderia responder esta equação? – o professor pediu de uma maneira no mínimo macabra.

– Setenta e dois. – ela respondeu sem sequer tirar os olhos do caderno.

– O quê? – ele perguntou incrédulo.

– A resposta. Setenta e dois.

Ninguém respondeu. Dave, sentado à frente de Jessica escrevia freneticamente, provavelmente resolvendo o problema. Algum tempo depois ele olhou discretamente para Jess completamente abismado. Não precisava ser um gênio para dizer que ela tinha acertado. Antes que o professor pudesse dizer alguma coisa, o sinal tocou libertando todos os pobres estudantes entediados.

A garotinha juntou as coisas e se levantou olhando para o chão. A touca meio caída que usava no cabelo estava quase escorregando para o piso. Em um movimento rápido, Jess foi até ela e ajustou-a na cabeça da garota. Ela era pequena e aparentemente magra. Ela não podia dizer com certeza, pois a mesma usava um casaco cinza um pouco folgado. Ao sentir o toque de Jessica, ela encolheu-se. Era inegável que alguma coisa ali a deixava assustada.

– Eu não esperava que fosse te encontrar aqui Kim. – Dave falou antes que ela saísse.

– Eu decidi tentar. – ela falou no mesmo tom quase inaudível.

– Vamos Kim, o próximo tempo é Educação Física. – Alyss chamou-a. – Temos de nos trocar.

Ela despediu-se com um aceno e saiu atrás da maior.

– Ela é sempre assim? – Jessica perguntou curiosa para seu amigo.

– Na verdade, não. Eu não estou entendendo o porquê dela estar agindo assim. – ele falou confuso.

*

Daniel aproveitou que seu irmão havia ido para a escola e fechou a oficina. Tinha algo que precisava fazer. Abriu o alçapão escondido do sob uma pilha de caixas e entrou na sala subterrânea. Era a hora de voltar a estudar o legado de seu pai.

Fazia quatro anos que ele tentava, sem sucesso, desvendar os segredos dos equipamentos que ele lhe deixara naquele cômodo. A parede estava repleta de desenhos, anotações, projetos antigos e novos. Mas ele tinha um bom pressentimento sobre aquilo. Pôs-se a trabalhar. Perdeu a conta de quantas horas haviam se passado e quando pensou em desistir, o aparelho em que trabalhava emitiu alguns ruídos e acendeu. No visor havia muitas palavras, numa interface totalmente diferente do que ele já havia visto. Ele percebeu que havia feito uma importante descoberta. Aquele era o diário de seu pai.


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Notas finais do capítulo

E então? Ficou muito ruim? Assim, eu tentei fazer algo decente, mas como eu demorei muito para escrevê-lo, fiquei com medo de ter saído algo meio partido ou sem sentido. Por favor, expressem suas ideias nos comentários okay? Digo, espero não ter decepcionado vocês. Qualquer coisa, me avisem ou mandem uma MP. Eu gosto de conversar :3
Tivemos a aparição de cinco personagens novos XD Então espero que não tenha ficado confuso.
Beijocas :3