Promessa escrita por Jessearth


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esse conto anteontem, por volta da uma da manhã, depois de assistir a comédia "É o fim". O filme é uma porcaria, mas a Emma Watson tava linda e a Rihanna canta demais ♥
Só pra constar, "apocalipse" significa "revelação", ou isso ou no plural, mas já está popularizado significando como fim do mundo, então eu deixei assim.
Boa leitura.



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Estrelas caíam do céu como uma chuva de meteoros. Riscavam o firmamento negro, deixando um rastro dourado para trás. Fabrício sabia como era, tinha assistido a uma chuva de meteoros quando criança na casa de campo do avô, mas sabia que agora se tratava de algo diferente. Era o fim do mundo.

Algo dentro de si — talvez um instinto primitivo de sobrevivência adormecido — gritava para que corresse para a segurança, ele entendia que ainda haveria esperança se deixasse o morro Bela Vista, porém não se movia. Estava em paz ali.

— Veja, Gi, o céu está em chamas.

Gisele não se moveu ao som de sua voz. Aliás, fazia um tempo que não se movia por motivo algum. Estavam os dois sentados sob as folhas douradas do ipê-amarelo, num ponto onde o morro caía vertiginosamente e era possível ver todo o seu bairro e as redondezas, onde também, há muito tempo, tinham dado seu primeiro beijo como casal. Gi deslizou o corpo até deitar a cabeça no ombro de Fabrício. Como se quisesse uma posição mais confortável para apreciar o espetáculo apocalíptico. Fabrício caiu no choro bem ali.

Havia uma lista de coisas que ele deveria estar fazendo, começando por pedir perdão aos céus por seus pecados mais ocultos, lembrar-se de todas as orações que sua mãe o obrigara a decorar quando criança e pensar se aquele era o apocalipse judaico-cristão ou um daqueles surrealistas que viraram temas comuns nos últimos filmes de ação; mas ele tinha muito tempo ainda. Os gritos sobre o fim do mundo ecoavam pela vizinhança. Um incêndio acontecia na igreja que sua mãe frequentava enquanto caminhões de bombeiro tocavam a sirene. Um inferno na terra, pensou. Não estava preocupado.

Aconchegou o rosto terroso da namorada no ombro e segurou sua mão fria entre a sua, entrelaçando os dedos como fizeram uma centena de vezes antes. Agora era mais especial. Ele a tinha levado até ali, no lugar especial deles, para verem juntos o que era o provável último por do sol da Terra — mesmo que fizesse algum tempo que Gisele não enxergasse mais nada. Hoje era seu aniversário de namoro. Dois anos juntos, se a memória não falha. Ele nunca foi muito bom com datas. Tinha prometido a namorada um dia especial — que ironia! — e era parte do plano trazê-la ali, onde tudo havia começado entre eles... e onde tudo acabaria. Nada no mundo o faria quebrar sua promessa. Nem a morte.

Fabrício abraçou o corpo da namorada com força, as lágrimas escorrendo pelo rosto sofrido, os olhos fixos no céu negro riscado.

Juntos, eles assistiram o sol vermelho descer pelo horizonte em chamas pela última vez antes da escuridão cair sobre o mundo.


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