No dia seguinte ao aniversário de Midorima, o moreno já estava incrivelmente melhor, e não demorou muito para que ele se recuperasse completamente. Contudo, ao passo que a sua saúde melhorava, a de seu amante piorava. Sim, Midorima havia pegado a gripe de Takao. No entanto, não era necessário investigar muito a fundo para descobrir como aquilo fora acontecer. Some alguns beijos nem um pouco castos, mais o fato de que eles dormiram juntos naquela noite, e temos o cenário ideal para a propagação da doença. E Takao, de certa forma, sentia-se culpado, pois além do rapaz de cabelos esverdeados ter passado parte de seu aniversário cuidando de seu amante doente, agora ele estava gripado também. Por isso o Ala estava ali, na casa de Midorima, para se redimir e cuidar dele. Pelo menos teoricamente falando, porque na prática aquela era a oportunidade perfeita para perturbar e atazanar o pobre coitado.

A pessoa em questão simplesmente suspirou. Embora o verão estivesse em seu auge do lado de fora, o doente estava protegido por uma exagerada camada de cobertores, sendo que podia-se distingui-lo somente pelos fios esverdeados que estavam a mostra. Os cobertores foram jogados cama à fora por Midorima, que estava pronto para ralhar com o responsável pelos seus cuidados médicos.

– Eu não consigo respirar debaixo desse monte de cobertor, Takao! – A veia em sua testa era visível.

– Acalme-se, senhor, caso contrário s-sua recuperação... – Sua voz que estava séria, falhou no meio da sentença, e agora o moreno gargalhava como se não houvesse amanhã.

– Não tem graça, seu idiota! – O rapaz de cabelos esverdeados jogou um travesseiro em Takao. Em vão, porque este continuava rindo.

A movimentação cessou quando eles ouviram três batidas na porta. A pequena garota espiou pelo vão da porta e pediu licença antes de adentrar no cômodo. A irmã de Midorima carregava uma bandeja de tamanho mediano, onde estava o almoço, provavelmente preparado por ela. Apesar da pouca idade – cerca de 12 anos – , Hikari era responsável e já sabia como preparar refeições simples. E como seus pais estavam constantemente fora, ela também ajudava nos afazeres de casa.

– Você não vai almoçar, Hikari? – Midorima questionou, após ver que só haviam dois pratos na bandeja.

– Eu almoçarei na cozinha, nii-san – A garota deixou a bandeja na mesa de centro e estava prestes a ir embora, mas o moreno a parou no meio do trajeto.

– Nada disso! – Takao tornou-se sério – Comer sozinha é muito triste. Não é, Shin-chan?

– Traga seu prato e almoce aqui. E aproveite para levar essa pessoa até a saída. – O Lançador apontou seu dedo na direção do moreno – Eu não aguento mais escutá-lo gritando no meu ouvido.

– Oi, isso foi bem rude...

– M-Mas... Eu não quero atrapalhar... – Hikari mexia as mãos nervosamente, e Takao teve que se segurar para não abraçar aquela criatura adorável parada à sua frente.

– Você nunca atrapalha, Hika-chan. Muito pelo contrário. – Takao bagunçou os longos cabelos esverdeados da garota.

– Estaremos te esperando. – Midorima ofereceu um sorriso à irmã, que pareceu radiante com aquele pequeno gesto.

– O-Obrigada, nii-san e Takao-kun! – Hikari agradeceu, visivelmente feliz – Eu já volto!

Quando ficaram a sós novamente, Midorima levantou-se da cama e abraçou o moreno por trás. Naquela altura do campeonato, privação de contato era desnecessário.

– Diferente do irmão, a Hika-chan é tão fofa... – Takao comentou em um tom de voz casual. Ele sentiu quando os braços em torno de si tornaram-se mais apertados – Oh, não me diga que está com ciúmes, Shin-chan?

– Não diga besteiras – Midorima ajeitou os óculos e ameaçou soltar o abraço.

– Não precisa ter ciúmes, eu sou todo seu~ – Takao virou-se para poder ficar frente a frente com o Lançador. Eles possuíam cerca de dezenove centímetros de diferença, portanto, o moreno precisava levantar o olhar para conseguir observar o rosto de seu amante. Ele ficou nas pontas do pé e Midorima abaixou-se, suas bocas encontraram-se no meio do caminho e o beijo foi inevitável, e muito bem-vindo.

Seus lábios se separaram no exato momento em que Hikari voltou da cozinha, e por aquilo eles seriam eternamente gratos. O almoço transcorreu tranquilamente; os três comeram ao redor da mesinha de centro, como se fossem uma pequena família. Takao não poderia gerar uma vida, mas ele permitiu-se imaginar como seria, daqui alguns anos, se ele criasse uma criança junto com Midorima... A risada saiu gostosa e surpreendeu aos dois irmãos. Hikari sorriu, e Midorima limitou-se a suspirar, como se já estivesse acostumado com aquele tipo de atitude. O moreno sorriu largamente e voltou a comer.

Porque naquele cômodo de tamanho médio, estavam as melhores coisas que haviam acontecido na vida dele.

FIM.