— Grimmjow —

Minha vida estava cada dia mais agitada desde que deixei a pequena cidade onde morava e me mudei para a grande cidade de Karakura. Os dias estavam passando tão rapidamente que nem pareciam ter vinte quatro horas. Mas contrariando os outros dias, hoje parecia que as horas estavam demorando mais a passar. Isso me deixava impaciente e, de certa forma, também bem ansioso.

Olhei para o relógio pela sexta vez, já passavam das oito da noite. Suspirei aliviado saindo de meu apartamento e tocando a campainha da porta em frente a minha. Depois de alguns segundos a porta é aberta com certa brutalidade assustando-me.

— Até que enfim. — diz a baixinha marrenta caminhando de costas para porta.

Sorri de canto aproximando-me em silêncio, parando bem próximo a ela inalando seu perfume inebriante.

— Fico feliz por minha presença ser desejada por você. — digo sorrindo satisfeito.

— Grimm... Grimmjow? — pergunta virando-se surpresa em minha direção. — É…. Na verdade eu estava esperando outra pessoa. — diz hesitante dando um passo para trás ao notar nossa proximidade.

— Ah você vai sair? — pergunto o óbvio olhando-a da cabeça aos pés. — Pensei que iriamos repetir nossa conversa agradável de ontem. Tinha até pensado em pedir pizza. —digo decepcionado.

— Ah me desculpe, mas já tinha esse compromisso a algum tempo. — diz baixo de modo sincero parecendo até um pouco triste.

— Ah tudo bem então. Deixa para uma outra hora. — digo sorrindo para animá-la.

— Sim. — concorda com um lindo sorriso nos lábios.

— Então…. — começo a fim de puxar algum assunto, mas sou interrompido por uma voz um tanto quanto irritante chamando-a.

— Kuchiki-san!!! — diz de uma forma manhosa ao adentar o apartamento. — Kuchiki?! — repete a ruiva avantajada olhando-nos de maneira espantada. Sorrio de modo safado para a mesma. — Você…. Você está atra... atrasada então eu…. Eu vim te chamar. —gagueja corando sem tirar os olhos de mim.

— Tudo bem, Inoue. — diz a nanica ao meu lado. — Vamos? — pergunta de maneira indignada observando a ruiva que não tirava os olhos de mim.

— É sim.. Vamos. — responde enfim desviando o olhar.

Sai logo atrás da intrusa ruiva sendo seguido por Rukia que fechava a porta.

— Boa noite, Grimmjow.— despede-se ao lado da mulher chamada de Inoue.

— Boa noite, senhoritas. — despeço-me sorrindo. — Grimmjow Jaegerjaquez, prazer senhorita Inoue. — apresento-me entrando em meu apartamento rapidamente.

Minha noite havia perdido totalmente a graça. Eu estava ansioso, até demais, para saber um pouco mais sobre minha “adorável” vizinha. Ansiedade essa que só aumentou ao conhecer Kurosaki Ichigo.

Já na primeira vez que o vi percebi que ele nutria sentimentos pela baixinha e a única coisa que me restava saber era se ela o correspondia; fiquei realmente curioso para saber se ele já havia se declarado e levado um fora.

Queria entender o que aquele sentimento poderia causar e até onde um individuo seria capaz de chegar para ser correspondido. Mesmo sendo um escritor nunca tinha visto esse sentimento em primeira mão.

— Droga. — praguejei baixo jogando-me no sofá já com o notebook em mãos a fim de escrever algo novo.

Passei quase meia hora encarrando a página em branco sem ter qualquer inspiração. Só consegui pensar em como aquele romance dos dois se desenvolveria em um livro. Deixei o notebook de lado ao ouvir o som de meu celular tocando.

" Alô." atendo entediado sem nem olhar o número no visor.

" Grimmjow." diz uma voz conhecida do outro lado e arrependo-me amargamente de não ter olhado o visor antes de atender.

" Toushirou. O que quer?" — pergunto impaciente tendo o silêncio como resposta. -" Oe se não vai dizer nada vou desligar." —aviso ríspido.

" Eles estão sentindo sua falta, Grimmjow." — diz com o mesmo tom frio e cortante que o caracterizava desde criança.

" Foda-se." respondo baixo trincando os dentes pela raiva que sentia no momento.

" O velho está arrependido e quer que você volte…." diz um tanto quanto hesitante.

" Porra. Não quero saber." — grito para o aparelho apertando-o com mais força em meus dedos. — " Vou desligar agora." — anuncio sem quer continuar aquela conversa que não levaria a nada.

" Tudo bem." — diz suspirando cansado do outro lado da linha. — " Feliz aniversario, irmão." — completa desligando logo em seguida.

Ainda surpreso, seguro o celular contra meu ouvido. Ele havia lembrado de uma data que nem eu mesmo dava tanta importância, mas não devia me sentir assim. Afinal ele sempre foi assim. Meu aniversario nunca passava em branco quando estávamos juntos.

Suspirei desanimado. Não estava a fim de ficar sozinho em meu apartamento. Ficar sozinho só me traria lembranças e isso eu, realmente, não queria.

Peguei as chaves de meu carro e sai pela grande cidade sem rumo. Parei em vários bares e boates, mas nenhuma me agradou; já estava quase desistindo quando enxergo de longe um grande letreio destacado em neon onde lia-se “Las Noches”. Parei fazendo dessa minha última parada.

E agora após uma conversa nada amigável com nada mais, nada menos, que Kurosaki Ichigo, estou percorrendo a boate toda atrás de uma baixinha marrenta que por incrível que pareça também estava ali. Destino? Não, nunca acreditei nessas bobagens.

O ambiente a meia luz não facilitava em nada a minha procura, mas eis que como um “raio” de luz avisto Kurosaki andar apressado e raivoso quase em minha direção; mas sua raiva era tanta que nem havia me visto.

Sigo seu olhar e vejo Rukia dançando com um ruivo tatuado que a segurava com certa intimidade. Quase gargalho quando o esquentado Ichigo soca o companheiro de Rukia puxando-a logo em seguida em direção a saída.

Aquilo tudo estava ficando cada vez mais interessante então resolvi segui-los parando bem afastado de onde eles estavam.

Ichigo parecia fora de si e eu estava pronto para intervir a favor de minha vizinha quando ela o soca iniciando uma discussão aos berros com o rapaz que a observava acuado. E em meio aquela discussão calorosa ela o beija surpreendendo não somente a mim pelo que pude observar. Ichigo a olhava abobado antes de iniciarem outro beijo bem mais quente que o outro.

Definitivamente a relação daqueles dois daria um bom livro. E como em todo bom livro eu seria aquele personagem coadjuvante que acabaria com a monotonia no relacionamento do casal protagonista….

Sem muita vontade de assistir o final daquela cena romântica, caminho até meu carro disposto a fazer de tudo para deixar aquela história cada vez mais interessante.

E, enfim, no final da noite encontrei a inspiração que tanto buscava. Encontrando-a onde menos esperava. Sorri sarcástico dando partida em meu carro preto ao som de minha banda de rock preferida.

— Prepare-se, Kurosaki Ichigo, pois eu, Grimmjow Jaegerjaquez, não facilitarei nada para você! — exclamo gargalhando logo em seguida.