Licantropia: A Reserva escrita por Paulo Carvalho


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Como disse qualquer crítica seria ótimo, pois não sei se está boa ou não.



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O Dr. Harrison Ground observava o casal através das câmeras de observação em sua sala privada. A mulher aparentava ter 18 anos. Com os cabelos loiros, olhos verdes e a barriga protuberante que indicava um breve nascimento, a mulher parecia pequena e frágil. O homem era mais velho, com talvez 25 anos. Cabelos escuros, olhos azuis e pele queimada de sol. Eram muito bonitos, se não estivessem doentes...

Harrison saiu da sala privada minutos depois com um sorriso no rosto e uma postura animada, carregando uma prancheta. Ele abraçou a mulher e apertou a mão do homem. Ambos pareciam tão preocupados e nervosos que por um momento o Dr. sentiu pena dos dois. Mas não durou muito tempo. Um mal necessário era o que costumava dizer seu professor de genética, anos atrás, em uma época onde Ground era apenas um jovem feliz e inocente.

–--E então, Danielle? Como se sente? ---ele perguntou. ---Alguma alteração desde a última vez que nos vimos?

–--Não. Nos últimos meses, ele tem estado quieto, calmo demais. Devo me preocupar? ---ela franziu as sobrancelhas. Os olhos verdes eram salpicados com pontos azuis e estavam cheios de uma preocupação maternal, instintiva. Ao menos isso se mantém, Harrison devaneou.

–--Não, minha querida. ---o médico respondeu. --- É muito comum em gestações como essa. Pedirei a Dra. Dana que analise o quadro do bebê e se possível, marcaremos a data do nascimento, tudo bem?

–--Seria ótimo. ---O homem respondeu. Chamava-se Dimitri, Harrison lembrou. ---Ficamos com medo desde o último sangramento. Não suportaríamos se... --- a voz firme do homem vacilou por um momento.

–--Isso não vai acontecer. ---a mulher segurou as mãos do marido e as apertou determinada e firme.

–--Tudo dará certo. ---O médico sorriu. ---Vocês irão à obstetra e após o exa...

A mulher segurou a barriga e se curvou. Sangue escorreu por sua perna direita e ela gemeu de dor. Os médicos agiram rápido; um grupo de enfermeiros posicionou a mulher sobre o catre e a levaram em direção à sala de cirurgia. O Dr. Ground ficou a observar o rastro vermelho no chão branco do laboratório.

Harrison voltou à sala privada e pela primeira vez rezou. Seus medos e receios em relação ao que estava fazendo o mantiveram acordado por quase duas semanas, com apenas uns poucos cochilos sobre o computador. Todos aqueles anos estudando, trabalhando e criando; tantas experiências erradas e vidas perdidas. Ele se lamentou por não ter se especializado em obstetrícia junto à genética. Agora tudo estava nas mãos de uma médica qualquer que não sabia de nada sobre o plano. Tudo poderia ir por água abaixo se ela percebesse a monstruosidade do que estava criando. Grandiosidade, ele se corrigiu.

Desde que o casal fora levado até ele, oito meses atrás, Harrison dividia seu tempo entre o trabalho e a culpa que o açoitava todas as noites quando se preparava para dormir. No início, a ética atrasara boa parte de seus planos e ele se culpava por isso, mas com o passar dos meses, ele vira a real natureza dos infectados e o casal reduzira-se a um pequeno ponto em seu cronograma... Talvez não tão pequeno.

Ground encarou sua imagem no vidro do computador. Cabelos tingidos de cinza, olhos pequenos cercados de olheiras roxas e profundas como hematomas, lábios finos e franzidos de preocupação. O monitor ligou-se minutos depois exibindo a última atualização acerca do feto. Os olhos negros do doutor escanearam as informações de cima a baixo e se fixaram em dados hormonais. Ele analisou a curva uma última vez.

–--Mas isso é impo... ---sua voz se perdeu quando um dos guardas entrou correndo.

–--Dr! ---ele gritou sem fôlego. ---Tivemos problemas. A Dr. Dana... ela tentou ... venha ver! Tivemos que neutraliza-la; e os pais também.

–--Não! ---ele gritou e correu até sala de cirurgia. ---O bebê! O que houve com o bebê?

–--Senhor? --- o homem parecia confuso.

Harrison escancarou a porta da sala e encarou o massacre ao redor. Havia quatro corpos no chão: o casal caído um sobre o outro, a Dr. Dana coberta com sangue e cheia de tiros e outro corpo pequeno e pálido que Ground identificou como um dos assistentes da obstetra... nada daquilo importava. Nada daquilo existia para o Ground.

Ele sorriu para a pequena criança enrolada em panos brancos, agora machados de sangue. Uma massa de cabelos negros empapados de vermelho, dois enormes olhos azuis e um rosto redondo e rosado. O menino chorava muito alto, parecendo, aos olhos de Harrison, que a criança sabia da morte dos pais. E ao seu lado... Não. Não é possível. Eu teria visto, os gráficos, eles... Pela segunda vez em sua vida, Harrison rezou.


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