Jovens - Interativa escrita por Grind


Capítulo 23
Capítulo 23 - Intrigas


Notas iniciais do capítulo

Hello, renascendo das cinzas mais uma vez, nao tenho tempo pra explicar o sumiço, então vamos direto para o cap.
P.S.: Infelizmente, voltamos aos personagens em pause '- São estes:
Keira/Josh
Michelle
Dae
Onix/Brandon
E donde está Aya? Desapareceu essa minha leitora querida, e eu n consigo deixar os personagens dela em pause hehe - nada de favoritismo aqui minha gente, é só uma longa hist
KISSES



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Jovens – Interativa / Capítulo 23 – Intrigas

– Muito que bem – Helen respirou fundo, alisando a camisa que usava antes de bater na porta. Em questão de segundos ela se abriu e Raymond fechou os olhos aliviado.

– Muito obrigado. – Suspirou de forma pesada.

– O que eu estou fazendo aqui?

– Meus pais estão na sala, e vão acabar te falando.

– Seus pais? – Helena recuou um passo. Okay, aquele era um problema, o contato de Raymond com os pais ia de zero a nenhum e agora eles estavam sentados no sofá da sala do apartamento dele.

– Não, não – Ele a segurou pelo braço, trazendo para dentro – Você não pode me abandonar agora, fico te devendo uma, mas precisa me ajudar a-.

– Por quanto tempo pretende demorar Ray? - Uma voz masculina veio de algum lugar – Pode convidar a visita a entrar, sua mãe e nós não mordemos.

Raymond voltou a fechar os olhos suspirando.

– Eu não vim vestida pra ser apresentada aos pais de ninguém – Sussurrou tão desesperada quanto – Quando você disse no telefone pensei ser algum tipo de brincadeira!

– E desde quando eu brincaria sobre isso? – Sussurrou de volta.

– Você nunca sabe quando parar de brincar!

– Raymond – Agora a voz estava estressada.

Os dois suspiraram. Raymond fora na frente, Helena se sentindo totalmente amedrontada atrás. Não sabia se os pais dele sabiam quem ela era, se sabiam quem os pais dela eram, se sabiam que ela e o filho deles tinham namorado no colegial.

Aquilo tudo era informação demais.

– Olá – Sua voz pareceu meio esganiçada pelo nervosismo e sentiu vontade de se matar. A mulher se levantou. Deveria ter uns quarenta anos, vestia um conjunto casual discreto e elegante, o cabelo preso em um coque perfeito no alto da cabeça e a maquiagem parecia feita por profissionais.

Deus, o que eu vim fazer aqui?

– Prazer – a mulher sorriu abertamente, colocando uma das mãos de Helena por entre as suas – Sou Jane, mãe de Raymond, aquele é meu marido, Tristan – Ele também ficou de pé, o mesmo aperto de mão firme.

– Sou-

– Helen, você se lembra mãe? – Ele cruzou os braços, um sorriso nada agradável no rosto.

Ah meu Deus, eles sabem quem sou.

– Não me recordo – Jane franziu o cenho, rugas se formando em sua testa enquanto pensava – É amiga do meu filho?

– Ela namorou comigo quando eu estava para entrar no colegial mãe.

Meu Deus.

Tristan bufou.

– A filha do comerciante?

Helena ergueu a cabeça, saindo do estado de repreendimento e silêncio que estava para fuzila-lo com o olhar. Aquele homem tinha acabado de se referir ao seu pai, um dos homens com mais ações em petróleos como ‘comerciante’? Os pais dele vendiam carros no final das contas, o que os fazia tão diferente dos seus?

– Na verdade Helena é o meu nome, Helen é apenas um apelido carinhoso que o seu filho me deu – A justificativa era mais do que evidente enquanto mantinha o olhar firme sobre o homem - Meu pai é fundador da Hugo & Jackson, não sei se o conhece.

Os olhos de Jane brilharam e Raymond sorriu.

– Muito bem – Tristan voltou a se sentar, não se dando por satisfeito – Eu o conheço sim, o homem de duas esposas.

Raymond mudou o peso de um pé para o outro, se encolhendo na parede em que estava como se pudesse pressentir a briga eu podia vir, no entanto, tudo o que Helena fez foi sorrir, gentilmente enquanto mantinha a pose.

– Esse mesmo.

Jane suspirou enquanto a soltava e dava a volta pelos dois.

– Estão juntos de novo?

– Não – Helena disse antes que Raymond dissesse qualquer outra besteira – Estudamos na mesa universidade e acabamos por virar amigos.

– É uma pena – Ela parou ao lado do marido – Eu gostei muito de você – O sorriso dócil que deu pareceu real demais até para Raymond.

– Não pense que vai conseguir fugir do assunto principal de hoje Raymond – Tristan maneou a cabeça como se soubesse qual a função de Helena ali, quando na verdade apenas suspeitava – Você vai assumir os negócios, por bem ou por mal.

– Do que estamos falando agora? – Helena se sentou na outra ponta do sofá, mantendo distância do casal Steel.

– Nada que lhe diz-

– Ela pode ouvir – Raymond foi curto e grosso – É de confiança pai.

Jane colocou a mão sobre o ombro do marido.

– Meu filho precisa assumir os negócios da família, eu e meu marido não vamos durar toda a eternidade e temos tanto direito a aposentadoria quanto qualquer outro.

– Mas existem sucessores aos senhores quando falamos se empresas grandes – Helena franziu o cenho – Não vejo necessidade de que seja Ray-

– Mas nós sim – Tristan a interrompeu – Não vamos passar meus negócios que levei uma vida inteira para construir para a mão de um jovem tão insolente quanto meu próprio filho. Apesar das nossas diversas adversidades, ele sabe como eu faço a empresa andar.

Raymond bufou, todo aquele papo parecia deixa-lo exausto. Helena revezou olhares entre os três antes de encarar as próprias mãos sobre o colo.

– Não há nenhum tipo de acordo que vocês possam fazer? Eu sei o quanto seu filho quer terminar o curso dele e como ele não tem interesse nenhum em assumir a posição de vocês dois.

Jane sorriu um sorriso diabólico, assustador, ela olhou para o marido, que franziu o cenho sem conseguir captar a ideia que a esposa tivera, olhou para a jovem mais a frente, e por ultimo para o filho rabugento que se mantinha encostado a parede, os braços cruzados e a cara fechada.

Raymond interpretou totalmente a expressão antes de bufar em ignorância.

– Não.

Helena franziu o cenho. Jane a olhou.

– Podemos estimular um prazo e uma clausura, a menos que meu filho encontre uma maneira de garantir a nossa renda sem necessidade de assumir os negócios, não vejo problema algum.

Tristan abriu a boca para retrucar, em um comportamento praticamente automático, no entanto nenhum som saiu, piscou confuso algumas vezes e por fim, calou-se.

– Não – Raymond voltou a retrucar – Eu sei muito bem o que a senhora pensou, e isso não vai acontecer, a minha resposta é não.

– Sim – Helena não entendera nada, mas concluiu que era a melhor opção que tinham.

– Que bom! – Jane uniu as mãos subitamente alegre – Que bom que tudo deu certo no fim das contas! Vocês têm três meses.

– De jeito nenhum! – Helena se levantou exasperada, Raymond afundou o rosto por entre as mãos – É praticamente impossível! Até ele terminar o curso.

– Nunca – Tristan também ficou de pé – Ele pode querer me enrolar ficando de DP em todas as matérias e prolongando o tempo dele nesse fim de mundo.

– Um ano, contando a partir de hoje.

Jane e Tristan se entreolharam.

– Pois bem, um ano – Jane sorriu outra vez – Nos veremos outra vez então espero, até logo meu bem – Ela abraçou um Raymond atordoado e se despediu de Helena com um beijo no rosto, enquanto tudo o que Tristan fizera fora se despedir com um leve aceno de cabeça e a porta se bateu com violência.

– Meu Deus isso foi horrível – Raymond se jogou no sofá como se tivesse sido feito de saco de pancadas.

– Acho que não fomos tão mal, mas o que vamos fazer agora? Eu consegui tempo pra você, mas é impossível você conseguir manter o tanto de dinheiro que vocês ganham se não seguindo com a empresa adiante.

–Por Deus Helena – Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos, às mãos segurando a cabeça – Como você não percebeu nada?

– Além do interesse da sua mãe em mim depois de descobrir o meu histórico familiar?

Raymond riu.

– No inicio ela não estava feliz por saber quem você era, mas por você ter enfrentado o meu pai.

Helena franziu o cenho.

– Como assim?

Raymond jogou o corpo para trás, um sorriso torto nos lábios.

– 90% das pessoas se mantêm caladas quando o meu pai fala, as únicas pessoas que o confrontam quando ele faz algum comentário muito ofensivo ou desnecessário é a minha mãe e eu, agora, você acaba de entrar na lista pelo simples fato de ter o confrontado quando ele se referiu ao seu pai.

– E desde quando isso é um ponto bom? Ele poderia muito bem ter me mandado calar a boca.

Raymond colocou as mãos atrás da cabeça, realmente impressionado com toda a inocência de Helen.

– Não, não poderia.

– Que seja - Helena balançou a cabeça confusa – Afinal, porque você não queria aceitar?

– Quais maneiras você acha que eu tenho de sair dessa ganhando Helen?

Helena ficou de pé, colocando a cabeça para pensar, nem mesmo se ele ganhasse na loteria seria o suficiente.

– Nenhuma!

– Pois é ai que você entra na história meu bem – A voz dele soou cínica e Helena parou de andar.

– Como assim?

– Eu preciso de dinheiro, você tem o dinheiro, que maneira eu tenho acesso a ele?

O semblante de Helena caiu e provavelmente todos os pensamentos sobre a mãe dele ser alguém legal bem lá no fundo.

– Você está tirando com a minha cara né?

Raymond riu.

– Pronta pra assinar a comunhão universal de bens futura Sra. Steel?

Helena jogou a primeira coisa que viu no rapaz que se encontrava jogado no sofá. Raymond se desviou assustado do abajur enquanto ficava de pé.

– Vai se ferrar Raymond! – Helen estava vermelha – Você planejou tudo isso não foi? Me meteu em toda esse emboscada! Eu não vou casar com você! Nem aqui, nem em marte!

– Eu não planejei nada! – Esbravejou ofendido – Eu disse que não era pra aceitar! Estava escrito na cara da minha mãe essa palhaçada toda, e mesmo eu dizendo que não você resolveu aceitar!

– E desde quando a minha palavra é a final? – O travesseiro voou na direção de Raymond, batendo em seu ombro com violência – Você deveria ter brigado comigo ali mesmo, dito não outras milhares de vezes se preciso!

– Você não é o tipo de pessoa que abaixa a cabeça Helen! – Desviou de mais uma almofada – Não teria funcionado com você!

– Mas agora eu vou pra casa me sentindo culpada! Qual é o seu problema no final das contas?

– Foi você que resolveu esbanjar de quem era filha! Podia ter guardado essa parte não acha?

– Ele estava ofendendo o meu pai!

– Meu Deus o que está acontecendo aqui? –A porta da rua abriu e Genevieve parecia completamente assustada. Ela encarou as coisas jogadas por toda parte – Acho que eu ia preferir encontrar tudo revirado porque vocês estavam fazendo sexo selvagem do que por brigas, da pra escutar vocês dois do final do corredor!

Raymond revirou os olhos.

– A sua amiga não sabe se controlar!

– O seu amigo – Helena tinha em mãos uma das xícaras que estivera sobre a mesa, ela arremessou com força, e Raymond se agachou como pode, a porcelana se estilhaçou pela parede – É um completo idiota!

– Nós podemos resolver isso okay? Não precisa destruir o apartamento inteiro, podemos achar outra maneira!

– Não tem outra maneira, você não entende?

– Já chega! – Genevieve ergueu a voz pela primeira vez e os dois se calaram – Já deu, seja lá o que for, deixem pra quando estiverem mais calmos. Logan está lá embaixo e-

– Logan está aqui? – A expressão de Helena foi de raiva para desespero.

– Eu pedi para que ele esperasse no portão, e ainda bem que fiz isso se não-.

– Você não pode falar pra ele – Helena colocou as mãos sobre os ombros da amiga – Não pode, nada de nada.

– Eu nem sei o motivo de vocês estarem discutindo.

– Depois eu conto, mas ele não pode saber, de jeito nenhum, você tem que prometer.

– E qual o problema do seu tão querido irmão saber? – Raymond passou a mão pela nuca caminhando em busca da vassoura- Vai me dizer que ele não gostaria de me ter como cunhado?

– Cunhado?

– Cale a boca Raymond – Helena revirou os olhos.

– Você está grávida Lena? – Gê ergueu uma sobrancelha.

– Não! De jeito nenhum, é uma história muito longa que eu conto assim que sairmos desse cubículo. O importante é Logan não desconfiar de nada.

~*~

Dia seguinte

Cass bufou em desgosto, Merak estava em algum lugar do apartamento enquanto ela se enfiara no quarto olhando a serie de listas que fizera pra finada da festa de final de ano, coisa da cabeça dos irmãos Killer.

Por que sempre se metia nessas furadas? Ter a ideia de fazer uma festa era fácil, pedir para os pais o dinheiro emprestado também era, mas quando se tratava de organização como, ver lugar, Buffet, dia, conveniência era sempre jogado nas costas dela. Não se importava tanto em fazer, até que gostava, mas com certeza adoraria qualquer tipo de ajuda que pudesse se livrar de uma parte da carga que era toda aquela responsabilidade.

Estava quase na hora do almoço e podia praticamente ouvir seu estomago protestar, não tinha comido nada o dia inteiro. Jell sumira com Keira na promessa de leva-la para casa, Kaike disse que iria jogar basquete com uns amigos em uma quadra de algum lugar, e Cris saira poucos minutos depois na espreita para vigia-lo.

Revirou os olhos com a lembrança, às vezes se surpreendia o quanto insana sua amiga era capaz de ser. Duas batidas na porta e ela se abriu, Merak ergueu uma sobrancelha.

– Muito ocupada?

– Não tenho disposição pra socorrer ninguém.

Ele entrou no quarto.

– Pensei que já tivesse feito isso ontem antes de dormir – Ele cruzou os braços, avaliando as folhas jogadas pelo colchão.

– Não é trabalho de uma noite Merak, eu nem comecei a fazer as ligações ainda.

– Ligações?

Cass suspirou enquanto ficava de pé, o sorriso cínico no rosto.

– Como é bom viver do bem bom não é mesmo? É só pedir que alguém traz.

Merak deu de ombros.

– Nunca parei para pensar nesse tipo de coisa.

– Estou com fome – Caminhou descalça pelo corredor – O que tem pra comer?

– Na verdade, era o que eu estava pra perguntar – Mek a alcançou com um sorriso amarelo.

– Como você pode ser tão folgado? – Bufou quando passou os olhos pela cozinha e não viu nada que pudesse enganar o estomago.

– Não tenho culpa se não sei cozinhar tão bem quanto você.

– Você não cozinha.

– A questão não é essa – Balançou a cabeça ofendido – Eu só não tive condições de ser tão bem instruído quanto você.

Cass soltou uma risada abafada.

– Sei – Ela abriu a geladeira – Infelizmente pra você, eu não estou a fim de ficar olhando panela no fogo, por isso – Ela começou a jogar os pacotes de frios sobre a mesa e por último os pães – Vamos ter que apelar pelo básico hoje.

– Não tem problema – Merak espreguiçou-se, os músculos dos braços estalando logo em seguida, talvez fossem a preguiça, mas se sentia completamente cansado, poderia dormir o dia inteiro se deixassem, mas com toda a movimentação constante que era aquela casa era praticamente impossível. A verdade era que usava uma calça de moletom cinza, a meia branca estava encardida e a camiseta branca também já tinha visto dias melhores.

Cass estava de shorts jeans e uma camiseta regata estampada, o cabelo preso em um coque alto, dava facilmente a sensação de que ela poderia colocar um tênis e correr alguns quilômetros. – Ninguém disse que seria fácil.

– Não me conformo como você consegue viver tão bem na vagabundagem – Cass balançou a cabeça me negação enquanto montava os lanches.

– É costume.

Alguém bateu na porta da rua e eles se entreolharam.

– Está esperando alguém?

– Eu não – Merak ficou de pé – E você?

Cass deu de ombros, voltando sua atenção aos lanches. Merak não se sentia muito animado para atender alguém, preferia dez vezes mais ficar em silêncio e fingir que não havia ninguém.

– Pode ir atender, enquanto eu estiver aqui você não vai simplesmente ignorar as pessoas.

Merak revirou os olhos, bufando enquanto se levantava puxou uma das fatias de salame do meio de um dos pães levando um tapa na mão como resposta. Voltaram a bater na porta.

– Tira essa mão suja daqui – Esbravejou enquanto o enxotava para fora da cozinha. Merak riu e abriu a porta da rua.

– Ele não está.

– Por que necessariamente o motivo de eu estar aqui tem que ser o Kaike? - Laura cruzou os braços com um suspiro, fazendo Merak sorrir cafajestemente.

– O seu segundo motivo poderia ser eu?

Laura revirou os olhos.

– Onde ele está?

– Quem é? – Cass se aproximou enquanto limpava os dedos no guardanapo – Oh! – Analisou a garota de baixo a cima – O que faz aqui?

Laura abriu a boca para responder, mas foi interrompida.

– Eu já sei – Cass bateu dois dedos na testa como se a resposta fosse obvia – Kaike não está, e eu não sei onde ele se meteu, seria melhor se fosse embora agora porque a namorada dele não ia gostar de te ver aqui, Tchauzinho – E puxando a maçaneta de Merak bateu a porta com força.

O queixo de Mek caiu.

– Por que fez isso? Estávamos conversando.

– Vocês estavam flertando, é bem diferente – Cass socou o ombro do rapaz – E o que você tem na cabeça? Se Cris se quer suspeitar que essa mocreia ta rondando o nosso apartamento primeiro ela põe fogo nela e depois na gente.

– Ah, calma – Merak ergueu as mãos em rendição, pouco depois de massagear o ombro dolorido – Que exagero.

– Vai por mim – Cass voltou a desfilar em direção a cozinha – Mantenha distância daquela serzinha.

~*~

Israel abandonou a garrafa vazia no chão ao lado do banco. Cobrindo o rosto com as mãos ainda parecia fácil demais por a cabeça para pensar, quando na verdade era tudo o que queria evitar. Sentia-se com o ego ferido, terrivelmente ferido. E odiava isso.

Não via nada de bom em fazer papel de bem feitor, fingir que se importava com estranhos para agradar alguém, e agora que sua cabeça batucava para que fizesse se sentia totalmente perdido. Não era tolo pra saber que tinha muita coisa escondida entre aqueles dois. Coisas que não sabia e não deveria saber.

Mas ele queria, ah cm certeza queria. Queria saber o motivo por ela estar chorando antes de leva-la ao baile, o motivo para o irmão dela fugir do hospital mesmo repleto de dores e machucados graves pelo corpo. Por que ela o deixara ficar enquanto o irmão estava ausente e depois praticamente o expulsara quando o outro apareceu.

E aquele maldito vestido, por que não conseguia tira-la da cabeça naquele maldito vestido?

Abriu a sacola ao seu lado, estava vazia. Tinha acabado com três garrafas sozinho e ainda se sentia ciente sobre as coisas a sua volta. Um carro estacionou a sua frente, a porta do passageiro abriu e Helena saiu em um salto.

– O que está fazendo? – Ela colocou as mãos na cintura. Israel ergueu a cabeça com dificuldade, ah não, pensou consigo, bronca agora não.

– Bebendo – Resmungou.

– Há quanto tempo?

– Isso faz diferença?

Ela revirou os olhos.

– O que aconteceu?

– Eu levei um fora – Relaxou-se sobre o banco encarando o vidro fechado da porta de trás. Tinha plateia – Pela segunda vez.

Escutou Helena suspirar.

– Até quando vai insistir?

Encarou-a com raiva, tudo o que menos precisava era de lição de moral aquela altura. Como se entendesse o recado ela revirou os olhos mais uma vez antes de segurá-lo pelo braço.

– Anda, levanta, você precisa ir pra casa.

– Não posso levantar.

– Claro que pode – Ela puxou-o como se fosse capaz de tira-lo dali – É só fazer um pouco de força.

Ciente de que ela não sairia de seu pé, Israel precisou de mais esforço o que imaginava, e quando ficou de pé o mundo girou a sua volta. O aperto de Helena em seu braço se tornou mais forte e não soube se escutou ou imaginou perguntar se estava tudo bem.

Não, com certeza não estava. Abrindo a boca para responder, sentiu uma cólica horrível no estomago antes da sensação de algo se esmagar pouco debaixo do peito, inclinando o corpo pra frente vomitou antes de presumir que o faria. O gosto horrível na boca não se comparava com a constante pressão que recebia na boca do estomago, forçando colocar para fora qualquer coisa que tivesse ingerido.

Escutou Helena suspirar outra vez.

– Que ótimo.

Ouviu outra porta se abrir e viu apenas os tênis surrados cinzas a sua frente.

– Se você pensa que vou deixa-lo entrar no carro pra-

– Cale a boca Logan – A voz foi de dentro do carro, antes de Helena dizer o mesmo – Não vê que ele está mal?

– Não se preocupe Logan – Helena ajudo-o a ficar de pé – Eu vou leva-lo pra casa a pé, ele precisa andar um pouco.

– Minha moto-

– Depois buscamos – Ela disse num sussurro antes de se voltar para o infeliz do irmão – Pode ir com a Gê, mais tarde a gente se fala.

E sem dar direito à resposta, Helena forçou Israel a caminhar, escutou Logan bufar uma última vez antes de entrar e bater a porta do carro.

~*~

– E ai? – Cris jogou os braços para o alto completamente revoltada – Como é que vai ser? Você pretende e ignorar até quando?

Kaike se virou o cenho franzido por causa da confusão.

– Eu não estou te ignorando.

– É claro que está! Depois que eu pedi desculpas tudo o que você tem feito é falar o estritamente necessário comigo, estamos de bem não é? Isso não faz de nós namorados de novo?

Kaike sorriu um sorriso acanhado olhando para o chão antes de voltar a olhar para ela. Se aproximando de forma sutil, parou a sua frente, ainda sorrindo, como se a situação realmente o divertisse.

– Por que está sorrindo?

– Porque não voltamos a ser namorados de novo.

Cris se mostrou horrorizada, e era para estar mesmo. Não pedia desculpas com facilidade, e ter o feito fez pensar que as coisas haviam voltado a ser um mar de rosas, nas primeiras conversas com Kaike depois de seu ato milagroso pensou ter sido apensa impressão sua, mas quando a situação continuou, não era coisa da sua cabeça.

– Por que não? – Estava totalmente indignada.

– Porque se eu aceito suas desculpas e continuamos de onde paramos nada vai mudar, você vai continuar a ser possessiva e ciumenta com qualquer coisa ou pessoa relacionada a mim.

– Mas – Cris passou a mão pela testa, sentia-se transpirar, antes pela raiva, agora de susto e medo – Como – Fechou os olhos respirando fundo – Como estamos então?

– Não estamos – Kaike deu de ombro indiferente.

– Eu – Sua voz falhou – Eu acho que não entendi.

– Estou terminando com você.

Cris sentiu como se levasse uma facada, um soco no peito talvez, não, era algo dez vezes mais forte, mil vezes mais forte. Balançou a cabeça em negativo, sentindo a sustentabilidade de suas pernas falharem fazendo-a cambalear, não se sentia bem. Seu peito sufocou, as lagrimas presas na garganta.

– Como assim?

– Não me entenda mal Cris – Ele diminuiu a eficiência do sorriso, como se percebesse a súbita mudança de ares – Não é como se eu não sentisse ciúmes de você, ou quisesse esconde-la do mundo só pra mim, mas eu sei me controlar. E se eu posso, sei que você pode também, por isso estou te dando uma segunda chance.

– Uma segunda chance? – Por que aquilo soara como uma ofensa? Ela queria berrar que não precisava de segundas chances, que não precisava da misericórdia dele, que não precisava dele, mas sabia que era mentira.

– Pra tentar de novo, pra nós dois tentarmos de novo, do inicio.

Cris umedeceu os lábios, enrolando os cabelos de forma rápida no topo da cabeça sua mente parecia travar com tanta informação, com tanta besteira.

– Como assim? – A raiva voltara – Do inicio? Quer que eu te conheça de novo, que a gente se paquere nas festas da faculdade até um de nós tomarmos a iniciativa? Que depois de sair varias vezes a gente se apaixone e enfim comece a namorar? Não é simples assim!

– É simples assim – Ele cruzou os braços.

– Não, não é! – Esbravejou a plenos pulmões – Nós já saímos já nos apaixonamos, não da pra fazer de novo.

– A diferença – Ele pareceu ignorar totalmente seu ultimo comentário – É que não vai partir de mim dessa vez.

– Está dizendo que eu é quem vou ter que chamar você pra sair? Eu vou ter que me oferecer pra pagar a bebida pra você? – Não sabia se estava sendo cínica ou incrédula.

Ele deu de ombros outra vez.

– Faça como achar melhor.

– Você está brincando – Balançou a cabeça outra vez – Isso só pode ser brincadeira.

Cris o encarou, e a julgar o brilho o olhar dele não era não tinha nada de brincalhão ali. Ela o abraçou, com força, sem intenção nenhuma de se soltar.

– Não, por favor, não - Escondeu o rosto em sua camisa, o perfume masculino inundando-a. Ele riu, passando a mão em seus cabelos e puxando o rosto pequeno contra o seu.

Beije-me, me beije, me beije, sua mente berrou, e ele lhe deu um selinho singelo na testa.

– Começando a partir de agora meu bem - Se soltou, virando e voltando a caminhar – É melhor não se atrasar, sabe o que Cass acha sobre atrasos.


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