17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta escrita por Leticiaps


Capítulo 4
Lorenzo Bartolini




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521148/chapter/4

No dia seguinte bem cedo se encontraram para ir até a fazenda. Nem dormiu direito à noite, de tanta animação. E para ser sincera, também não sentiu muita falta de Tom. Só quando estava a caminho, enquanto Molly admirava aquela paisagem incrível, que se lembrou de avisa-lo.

Quando levantou os olhos do celular, viu que Sherlock a encarava pelo espelho retrovisor. Ela tinha que admitir: ele era um homem bonito. Muito bonito, na verdade. Se não fosse tão arrogante quem sabe eles não...

"Livorno é ótimo, adoro os vinhos! Divirta-se, mais tarde eu ligo. Te amo." Mensagem de Tom. O que ela dizia mesmo? Melhor deixar isso pra lá e se concentrar em Martha. O que era bem fácil, ela tinha várias perguntas em mente.

Quando ela achou que fosse morrer de calor dentro do carro, eles decidiram fazer uma pausa antes de continuar. Pararam perto de uma árvore grande, com uma mesinha embaixo dela. Perfeito para um piquenique. Se eles tivessem uma cesta com comidas, claro.

– Então, quanto tempo vocês realmente passaram juntos?

– O máximo que podíamos, na verdade. Sempre nos encontrávamos na granja que ele trabalhava. Sentávamos debaixo das árvores e dividíamos pão e tomate.

– É tão romântico. - Aquilo era romântico de um jeito que a maioria das pessoas hoje não entenderia.

– O que tem de romântico em comer no chão? - Viu? Não havia uma gota de romance nas veias dele. Molly nem se deu ao trabalho de responder.

– Ele amava a terra. Adorava falar para mim da chuva, dos arroios de água fresca, e caminhávamos por quilômetros, para depois nós deitarmos na grama seca. Ainda me lembro do cheiro de sua transpiração doce e quente. - Molly praticamente podia ouvir Sherlock torcendo o nariz para essa informação.

– Você deve sentir que está prestes a encontrar seu grande amor.

– Sim.

– A alma gêmea dela foi o meu avô. Não invalidemos a minha existência. - e bem ofendido, se afastou das duas, não dando tempo nem de Molly se desculpar.

– Ele é igual ao meu marido: cético até o ultimo fio de cabelo. Sempre insistiu que amor não passava de hormônios. Mas, por dentro, ele tinha um coração amoroso e apaixonado. E Sherlock é igualzinho. - ela parecia perdida em pensamentos, enquanto olhava para o neto. - Me fale sobre o rapaz que você está apaixonada.

Ela demorou um tempo para entender o que ela estava falando.

– Oh, Tom... - se levantou e foi sentar mais próxima de Martha. - ah, bom, ele é cozinheiro e é ótimo. Está abrindo seu próprio restaurante em Nova York. E é por isso que viemos, para conhecer fornecedores. - Não era pra ser assim, mas era o que havia se tornado. - Na verdade ele está em um leilão de vinhos em Livorno.

– Isso parece divertido. - isso arrancou uma careta de Molly.

– Para ele. Sim.

Por que ele tinha que ficar atrás dos fornecedores. Por que ele não podia esquecer o restaurante por um mísero dia?

– E os seus pais gostam dele? - aquele era um assunto delicado. Não gostava de falar dos pais.

– Meu pai gosta. Minha mãe nos abandonou quando eu tinha nove anos.

– Me desculpe, querida.

Molly deu de ombros - Tudo bem, foi a muito tempo, então... - mesmo assim, ela ainda tinha que se segurar para não chorar. Foi sempre um assunto inacabado na vida dela. Ela era muito apegada a mãe e de repente ela foi embora.

– Podemos continuar? - antes que o clima ficasse mais pesado, Sherlock chegou para salvar a pátria.

–--

A casa era muito escondida. Era surpreendente que Martha ainda se lembrasse de como chegar lá. Mas era impressionante, toda a área envolta e a própria casa eram muito bonitas.

Martha ficou um tempo olhando ao redor.

– O que faremos agora? – indagou Sherlock, olhando assombrado para a casa.

– Tocamos a campainha. - mas não havia uma campainha. Eles bateram na porta e esperaram. E esperaram. E esperaram mais um pouco.

– E se sai a esposa e tem um ataque de ciúmes? – o neto preocupado apareceu novamente.

– Ora, Eu me sentiria muito convencida. - ela ria, imaginando a situação. - Estou mais preocupada que ele não se lembre de mim.

E como se a culpa fosse dela, Sherlock olhou para Molly como se dizendo "não falei?"

– Vamos voltar, antes que acabe em lágrimas. - de repente um senhor abriu a porta.

– O senhor é Lorenzo Bartolini? - Martha perguntou.

– Sim, sim, sou eu.

– Boa tarde. Sou Sherlock Holmes. - apertou a mão de Lorenzo. - Ela é minha avó, Martha e está é Molly.

– Eu sou Martha, você se lembra? Se lembra de mim? - mas passado um tempo olhando em seus olhos, virou para Sherlock e falou: - não é ele.

– Tem certeza? - era a vez de Molly ficar triste.

– Não são os olhos dele. - aquilo encerrava o assunto.
Martha falou alguma coisa em italiano com ele, ainda desapontada.

– Já que estamos aqui, me deixe tentar algo. O senhor se lembra do que fez no verão de 1957?

Ele começou a rir e falou meio enrolado:

– Nunca me esquecerei do verão de 1957. Conheci a garota mais linda, de cabelos loiros. - todos ficaram empolgados

– Vovó...

– Nos casamos nesse ano. - agora quem ria eram Martha e Molly, e se encaminharam para o carro. Sherlock ainda estava lá, ouvindo o que ele falava - Eu amaldiçoou aquela mulher!

Assustado, Sherlock as seguiu.

– Amaldiçoou seus olhos, seus dentes. Amaldiçoou seu maldito bigode! Mas por que perguntou? Por que me fez lembrar de algo tão ruim?!

Molly e Martha riam descontroladamente.

– Sinto muito, vovó. Não diga que não tentamos.

– Você não está falando sério, está? Ele não pode ser o único Lorenzo Bartolini na Toscana.

– Ele é o único por aqui.

– Eu não voei até aqui para desistir tão fácil.

– Vovó, o que você quer fazer? Bater em cada porta perguntando por Lorenzo?

Ela olhou para Molly, que deu de ombros, pensando que talvez aquela não fosse uma ideia tão ruim.

– Quantos podem existir?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "17º Desafio Sherlolly - Cartas para Julieta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.