Bitchcraft escrita por Eduardo Mauricio
Seis meses depois
Era uma tarde de domingo e fazia muito calor. Felicia havia liberado a piscina e lá estavam as garotas.
Rain estava sentada na beirada, com os pés dentro da água, enquanto tomava um suco de laranja. Mia e Ava apostavam uma corrida nadando, às vezes esbarrando nas outras garotas.
– Não vai entrar? – Arya perguntou, chegando de surpresa.
– Agora não.
– Pensei que gostasse de água – Ela brincou, sentando-se ao lado de Rain.
Atrás delas, havia algumas garotas brincando com uma bola.
– Entrem logo nessa droga, a água está uma delícia! – Exclamou Mia.
– Tô bem, obrigada – Rain respondeu, erguendo seu copo de suco.
– Eu também.
– Tô bem, obrigada – Mia imitou a voz de Rain em tom de deboche, dominando perfeitamente a habilidade que descobrira alguns meses antes, e depois voltou a mergulhar.
– Eu estou a aprendendo criar árvores frutíferas, quer ver? – Arya perguntou.
– Quero!
Elas se levantaram da beira da piscina e caminharam até o jardim falso ali perto. Arya tirou duas lascas da grama sintética revelando um solo seco.
– Você pode molhar um pouco? – Ela perguntou.
– Posso – Rain respondeu e passou a mão sobre a terra. Pequenas gotas de água começaram a cair de sua mão.
– Obrigada.
Arya direcionou suas duas mãos para a terra e fechou os olhos, respirando fundo. De repente, pequenos galhos verdes e um tronco fino começaram a brotar da terra. Logo se transformaram em uma árvore de pequeno porte, ainda sem fruto. Rain ficou encantada.
De repente, ela parou e abriu os olhos.
– O que houve? – Rain perguntou.
– Perdi a concentração, espera um pouco – Ela respondeu, fechando os olhos novamente. Depois de alguns segundos, a árvore começou a crescer novamente e ganhou pelo menos um metro. Rain se afastou para deixar que a árvore crescesse. Repentinamente, nas folhas, começaram a surgir pequenas esferas verdes, que num passe de mágica começaram a ficar vermelhas, se transformando em belas maçãs.
– Nossa! – Rain exclamou.
– Consegui! – Arya parecia ainda mais surpresa e impressionada. Elas pegaram duas maçãs e morderam.
– Caramba, estão boas!
– Obrigada.
– Vai deixar a árvore aí?
– Não, se alguém me der uma bronca eu tiro.
***
Mais ou menos uma hora depois, Arya, Ava, Mia e Rain estavam reunidas no quarto da primeira. O lugar era bem iluminado e havia uma parede coberta de belas plantas de cor verde acinzentada.
– Que tipo de flores são essas? – Ava perguntou, tocando uma das folhas quase brancas.
– São cinerárias – Arya respondeu – Eu as adoro.
– São lindas mesmo – Mia comentou e olhou algo em seu celular – Mas já são 4:15, a sessão começa às 4:45, temos meia hora.
– Eu já estou pronta – Disse Rain.
– Eu também – Respondeu Arya.
Ava se levantou.
– Eu já estou indo tomar banho – Ela disse, levantando-se da enorme almofada no chão.
– Mas seja rápida ou a gente vai sem você – Avisou Mia.
***
Alguns minutos depois, elas cruzavam o portão de entrada da Garden School, estavam indo em direção ao cinema da cidade. Assistiriam um filme de terror.
Elas andavam pela calçada do centro da cidade, olhando o movimento por entre as lojas.
– Eu nunca tinha reparado, mas aqui tem muita loja relacionada às bruxas – Ava comentou, observando as lojas do centro.
– Também não é pra menos né? Olha a história da cidade – Respondeu Mia.
– Eu não acredito que vocês irão me fazer assistir um filme de terror – Disse Rain.
– Deixa de frescura, nem dá medo! – Exclamou Arya.
– Mas tem muita violência!
– Ah, olha Mia, é o garoto da locadora de vídeo denovo – Falou Ava, olhando para o garoto de cabelos castanhos que se aproximava delas em cima de um skate.
– E aí – Ele disse.
– Oi Jeffrey – Rain cumprimentou.
– Oi – Mia disse, sem jeito.
– Nós vamos andando – Arya avisou, puxando Ava e Rain pelas mãos – Temos que guardar os lugares no cinema.
– Eu encontro vocês lá!
As três foram embora, dando sorrisinhos maliciosos.
– E então, está indo ao cinema é? – Ele perguntou.
– Sim.
– Da próxima vez você poderia ir comigo.
– Talvez – Ela sorriu. Estava nervosa – Eu estarei livre amanhã à tarde.
– Ah... Então...
– Sim.
– Sim o que?
– Eu aceito o seu convite.
Ele sorriu, com vergonha de si mesmo. Nunca havia ficado tão nervoso ao falar com uma garota, só com ela.
– Então eu acho que eu te vejo amanhã – Ele disse, por fim.
– Tá bom.
Jeffrey foi embora em seu skate. Mia continuou caminhando até o cinema no fim da rua. As garotas estavam na frente, olhando para ela e sorrindo.
– E aí, o que aconteceu? – Arya perguntou.
– Nós vamos sair amanhã – Mia respondeu.
– Então ele finalmente te convidou – Ava comentou – Eu já estava a ponto de marcar um encontro entre vocês.
– Ava! – Mia bateu de leve em seu ombro.
– Que é? Eu nunca vi ninguém demorar tudo isso pra chamar uma garota pra sair.
– É melhor demorar para sair com um cara legal do que sair com um logo de cara e ele ser um otário a ponto de te dar um pé na bunda – Rain alfinetou, fazendo Arya e Mia gargalharem. Ela se referia a um antigo namorado de Ava.
– Pra informação de vocês, fui eu quem terminei com ele.
– Me engana que eu gosto.
As garotas caminharam até a bilheteria e foram atendidas por um jovem garoto.
– Ah, vocês por aqui? Já estava começando a ficar preocupado – O garoto brincou.
– Quatro para Uma Noite de Crime 2, George.
– É pra já.
***
Virginia observava o campo depois do quintal pela janela de sua sala. Estava apreensiva. Uma voz em sua cabeça dizia que algo não estava bem, mas o que poderia ser?
Neste momento, o telefone tocou e ela praticamente teve certeza de que era algum problema.
Relutantemente, girou a cadeira, pegou o telefone rosa-bebê e atendeu.
– Alô?
– Virginia? É você?! – Uma voz desesperada perguntou do outro lado.
– Martha? – Ela ficou espantada – O que aconteceu?
– Elas voltaram, elas voltaram!
– Quem? Martha? O que aconteceu?
– As fadas, elas estão atacando!
– O que? – Virginia levantou de sua cadeira, estava chocada – É impossível.
– O dia que temíamos chegou, Virginia, salve-se! Salve suas garotas!
– Oh meu deus, onde você está?
– Eu estou na escola, elas já destruíram quase tudo, nós não conseguimos detê-las, irão destruir nosso legado e estão indo para aí!
– Nós vamos até aí, podemos te ajudar.
– Não!!! Não dá tempo, apenas proteja-se!
Virginia estava desesperada, pensava no que diabos faria agora?
– Por que estão fazendo isso?! – Ela ouviu Martha perguntar do outro lado da linha. Era para outra pessoa.
– Estamos apenas terminando a batalha! – Outra voz, também feminina, falou.
– Não! – Martha gritou, então nada mais foi ouvido, apenas o som do legado das bruxas sendo destruindo na Flower School, em New York.
Ela desligou o telefone e levou a mão à boca. Não sabia o que fazer naquele momento. Esfregou as têmporas e o rosto, andou de um lado para outro. Resolveu que precisava comunicar a alguém.
Saiu da sala correndo.
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