Mirror in the sky, what is love? escrita por iheartkatyp


Capítulo 7
Getting to know each other.


Notas iniciais do capítulo

Sério, esse é um dos capítulos que eu mais amei escrever. Coisa fofa, linda, maravilhosa.



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Marina levantava e abaixava o joelho, á medida que esperava por Clara dentro da pequena cafeteria onde as duas haviam combinado de se encontrar. Faziam quatro dias que as duas não se viam e Marina, honestamente, achava que Clara deixaria passar a oportunidade e não falaria com ela sobre o café.

Mas nunca se sabe. Marina acordou, totalmente nua, com uma loira ao seu lado. Ela checou o celular e percebeu que havia uma mensagem da senhorita Clara Fernandes.

Posso te encontrar para o nosso café ás 6, se você estiver livre?

A verdade era que Marina não estava livre. Ela havia marcado de jantar com seu pai e sua madrasta mas, como se tratava de uma oportunidade para ver Clara, ela resolveu cancelar.

Espera, como?

Marina pegou o celular para checar a hora, e levantou os olhos na mesma hora que Clara a olhou.

–Oi. –Ela disse, sorrindo. Era impossível não perceber o quanto ela estava sexy naquela roupa social.

–Oi. –Ela respondeu, sentando-se á mesa, em frente á Marina. –Você achou o lugar bem? Teve dificuldade pra chegar?

–Não. –Ela respondeu. –Na verdade, eu sempre como num restaurante italiano aqui perto, e nunca notei esse lugar.

–Eu costumava vir aqui com o Felipe. É um lugar tão bonitinho e todo mundo é muito educado. –Ela disse. Era engraçado conversar com Marina daquela maneira.

–Legal. Eu... Pedi café pra você. Eu não tinha certeza do que você bebia, então pedi a especialidade da casa.

–Café está bom, obrigada. –Ela sorriu, enquanto Marina deslizava uma xícara de café pela mesa, até que chegasse á ela.

–Então. –Marina começou. Ela não tinha certeza do que conversar com Clara, quando noventa e nove por cento de suas conversas eram baseadas em Marina torturando-a.

Clara esperou pacientemente até que Marina começasse qualquer tipo de conversa que ela gostaria de ter com ela. Quando Marina sugeriu um café para que as duas se conhecessem melhor, Clara ficou otimista. Não sabia se devia confiar na mulher á sua frente, mas ela parecia tão vulnerável e sincera. De qualquer jeito, Clara sabia que havia passado os quatro dias que ficou sem ver Marina pensando no que as duas conversariam quando estivessem sozinhas em uma mesa de cafeteria. E também, ela não pode deixar de notar a cara de felicidade que Marina fez quando ela a viu. É claro que ela não durou muito tempo, mas é impossível dizer que ela não estava lá.

–Eu... Eu não sou muito boa nisso. Não sei bem como começar. –Disse Marina, ficando rosada.

–Então qual foi o objetivo de me chamar aqui? Essa era sua ideia, afinal? –Perguntou sendo, literalmente, curta e grossa.

–Nossa. Eu disse exatamente quais eram minhas intenções quando te chamei aqui. –Ela levantou uma sobrancelha. –Eu achei que conhecer uma a outra ajudaria pra que nós duas consigamos conviver bem nos próximos sete meses e meio.

–Bom, me desculpe se eu não estou animada de estar aqui. Você vem me torturando e fazendo piadas de mal gosto esse tempo todo. –Clara agarrou sua xícara de café e deu um gole.

–Não aja como se você não gostasse.

Droga, o que eu tô fazendo? Eu devia me comportar.

–Ás vezes eu fico surpresa em como você consegue ser desiludida. Aí você diz essas coisas e eu não posso evitar de me perguntar se deixaram você bater a cabeça quando era pequena.

–Anyway. –Ela disse, dando de ombros com um sotaque britânico. Depois disso, Marina ficou quieta. Se recusava a falar novamente.

–Então. –Clara começou, terminando seu café. –Me conta sobre você.

–O que você quer saber? –Ela perguntou. A verdade é que Marina nunca foi uma pessoa de muitas palavras. Ela nunca contou mais do que duas frases sobre si mesma para alguém.

–O que aconteceu entre você e a Jessica.

–Eu já te disse, Clara. Eu não falo sobre isso. Mas podemos fazer um acordo: eu te conto depois que você dormir comigo de novo. –Ela riu. Era difícil controlar a vontade de irritá-la.

–Acho que eu nunca vou saber, então.

–Ok. Olha... Mesmo que eu adore te irritar, eu acho que seria interessante se nos conhecêssemos melhor. –Clara a observou por mais alguns minutos, e Marina percebeu que se a conversa não fosse iniciada por ela, ela nunca teria um início. –Tudo bem. Eu começo. –Se Clara fosse ser tão teimosa e quieta, então ela lhe mostraria como ser o oposto disso.

–Quando eu tinha quinze anos, meu pai largou eu e minha mãe por outra mulher. Aquilo me deixou tão chateada que eu acabei ficando contra os dois. Minha mãe era tão paciente quanto uma mãe consegue ser quando se tem uma adolescente fora de controle em casa, mas na maior parte do tempo ela não me aguentava, então os dois conversaram e resolveram me enviar para um colégio interno de garotas. –Marina agarrou sua xícara de café. Ela nunca tinha contado a ninguém toda a história, mas ela não pode evitar continuar. –Acho que você pode dizer que o colégio interno trouxe quem eu sou hoje. Eu era amiga de uma menina, Nancy. E nós saíamos muito. Uma vez, estávamos conversando no meu quarto, e então ela me beijou. Quando eu percebi, já estava sem roupas e com a minha língua nela.

Clara se mexeu na cadeira enquanto escutava Marina terminar de contar. Ela realmente precisava ser tão vulgar em relação á aquilo? Um “e então nós transamos” seria o suficiente.

–Eu e Nancy ficamos cada vez mais próximas. Ela era a única amiga que realmente entendia o que eu era, e que estava lá pra mim se eu precisasse. Alguns meses passaram, e meus sentimentos por ela ficaram ainda mais fortes. E tudo aconteceu na noite em que eu resolvi que pediria a ela para que fosse oficial. E então, quando entrei no quarto, ela estava brincando com outra mulher... Se é que entende. –Ela disse. Clara percebeu seu olhar triste e vazia enquanto Marina encarava a mesa e continuava falando.

–Eu meio que surtei e a outra menina saiu correndo. Quando a gente conversou, eu contei pra ela como me sentia. Contei que ela era a única pessoa em que eu confiava e que eu sabia que podia me abrir... Eu... Eu amava ela. –Marina limpou a garganta. –Ela me contou o quanto eu a fazia feliz e que ela nunca queria que aquele sentimento fosse embora. Mas ela também me contou que nunca poderia ter uma relação séria comigo, partindo do princípio que ela só me amava de um jeito amigável. Como uma amiga. –Marina fechou os olhos. Por que ela não calava a boca? Ela nem conhecia Clara. Por que estava lhe contando isso tudo? –Então, depois disso, eu não consegui mais ficar perto dela e procurei por outras mulheres. Então não. Eu não acredito em amor, e muito menos em compromisso. O mundo é um lugar cruel, o que eu descobri do pior jeito, graças ao meu pai e a Nancy. –Ela disse, engolindo a própria saliva. –Mas sim, eu estou bem agora. Nada disso importa pra mim mais.

Clara se viu sem palavras. Ela realmente sentia muito por Marina, mas não sabia como colocar isso em palavras. Ela havia pensado que se Marina não acreditava em amor e comprometimento, era porque alguém havia lhe ensinado desse jeito. Mas ter o coração partido pelas duas pessoas nas quais você mais confiava no mundo deve realmente ser difícil.

–Olha... Marina, eu realmente sinto muito. Deve ser realmente difícil sentir isso por alguém e ter a pessoa se aproveitando de você desse jeito. Mas nem todo mundo é desse jeito. –Ela segurou uma das mãos de Marina. –Existem pessoas por aí que são boas e que podem te fazer sentir boa consigo mesma. Que podem fazer com que você se abra e confie como fez com a Nancy.

Marina sentiu uma coisa engraçada quando olhou nos olhos de Clara. Ela não havia se aberto com alguém daquela maneira desde Nancy, e estava realmente tentando entender o porquê.

–Bem, vamos ver. Mas agora eu estou feliz com a minha vida. Eu gosto de... Sair e transar com garotas aleatórias. Eu não preciso que mude. –Ela declarou. –Mas obrigada, eu acho.

–De qualquer jeito, e você? –Perguntou Marina.

–Não tenho muito pra falar sobre. Eu tive uma vida bem calma, pra falar a verdade. –Ela respirou fundo.

–Como você e o Cadu se conheceram? –Perguntou. Ela não queria realmente escutar sobre ele, mas se isso fazia parte para fazer Clara falar...

–Nos conhecemos na faculdade. –Clara sorriu quando se viu voltando ao dia em que ela e Cadu se conheceram. –Era minha primeira noite no Campus e eu fui correr. No final, eu estava soada e fui tomar um banho no vestiário. Naquele momento, eu meio que entrei no vestiário errado... E dei de cara com ele. Nós nos conectamos instantaneamente.

–Meu Deus, isso parece um filme. –Marina riu. –Mas é engraçado, de qualquer jeito. –Ela terminou.

–Bom, de qualquer jeito. Nós começamos apenas amigos, até o dia em que ele me convidou para uma festa e desde então estamos namorando. Vai fazer 7 anos em setembro.

Marina sentiu o ciúmes e o desapontamento a comerem por dentro. Ela realmente precisava entender o que estava acontecendo porque ela nunca havia ficado realmente enciumada ou desapontada.

–Que legal. –Ela respondeu, sendo o mais breve possível.

–Eu espero que ele me peça em casamento logo. Ou então eu vou ter que começar a rever minhas decisões na vida. Sete anos é muito coisa. Quer dizer, quanto tempo mais ele precisa? –Ela perguntou.

–Realmente, sete anos é muito coisa. Eu concordo. –As duas ficaram caladas por alguns minutos quando Marina resolveu falar. –Viu o que pode acontecer com duas pessoas que não se suportam quando elas se sentam pra tomar um café juntas? Elas aprendem coisas uma sobre a outra que pode ajudar a aproximá-las.

–Mas eu não acho que isso vá durar muito. –Disse Clara, fazendo Marina levantar uma sobrancelha. –Você não consegue manter seus pensamentos pra você por muito tempo. –Clara riu.

–Realmente. –Ela concordou. Clara pegou o celular para conferir a hora.

–Mas eu realmente preciso ir. –Ela se levantou. –Vanessa e o Felipe querem ajuda com a lista de convidados, e acho que nós ficamos encarregadas. Mas, de qualquer jeito, nos vemos no dia da compra dos vestidos. –Ela virou de costas, mas resolveu voltar e dizer mais uma coisa.

–Olha. Eu odeio admitir isso, mas... Foi divertido. Você não é tão ruim assim quando não está sendo uma idiota sarcástica.

–E você não é tão ruim assim quando não está sendo toda séria. –Marina gargalhou.

–Cala a boca. –Ela respondeu, brincalhona.

–Vem calar. –Ela disse, sem nem ao menos pensar. Foi instantâneo. Imediatamente, as duas congelaram e seus olhos pareciam passear pelo rosto uma da outra. Dos lábios aos olhos. Mas que porra estava acontecendo com elas?

–Enfim. –Disse Clara, que, dessa vez, se virou de uma vez por todas. Ela deixou sobre a mesa vinte reais e agarrou a bolsa contra si. –Nos vemos por aí. –Ela disse, indo em direção á porta.

Marina assistiu quando o manobrista trouxe o carro de Clara até a porta e como ela dirigiu o carro até o fim da rua. Ela sentia-se desapontada que o encontro das duas tivera de acabar tão rápido. Ela realmente gostou de conversar com Clara num nível mais alto, tanto quanto adorou sobre o que as duas conversaram. Ela realmente tentaria fazer com que a relação delas ficasse em paz. Por causa de Vanessa e Felipe, é claro. Afinal, ela mal se importava se elas duas estavam se dando bem ou não.

Certo?


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Notas finais do capítulo

errado.



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