Mirror in the sky, what is love? escrita por iheartkatyp


Capítulo 2
One night stand.




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Clara é o tipo de garota que você pode chamar de independente. Ela tinha a família perfeita, os amigos perfeitos, mas nunca, nem em outra vida, ela diria que depende ou já dependeu deles algum dia. Ela acreditava em amor verdadeiro, e, desde que conheceu Cadu, não pensa duas vezes antes de dizer que ele é o cara certo para ela. Ela é amorosa, carinhosa, e tudo isso combina com seu rosto angelical. No auge de seus vinte e oito anos, ela ainda parecia ter dezoito. Cresceu rodeada de pessoas maravilhosas, o que a fez se inspirar a ser uma pessoa melhor todos os dias.

Felipe tinha todos os traços de Clara e mais um pouco. Dos três irmãos (ele, Clara e Helena), os dois sempre foram os mais agarrados. Talvez porque tinham a mesma perspectiva de vida e Clara adorasse o senso de humor do irmão mais novo. Helena era mais séria, e centrada também. Não que Felipe não fosse, pelo contrário. Ele era médico há anos e havia trabalhado duro para chegar onde está. Clara gostava de Vanessa, apesar de tê-la visto apenas algumas vezes. Os dois pareciam felizes juntos e isso a fez apoiá-los incondicionalmente.

–Clara! -Felipe gritou, entrando sem ao menos bater na porta. –Clara! Clara! Clara!

–Que foi, caramba? -Ela perguntou, e foi um alívio ver o sorriso estampado no rosto do irmão. Pelo menos tinha certeza de que a notícia era boa.

–Eu pedi. Eu pedi! E ela aceitou!

–Você pediu o quê? Pra quem? Tô perdida, Felipe! Fala logo! -A sobrancelha de Clara se franziu.

Felipe respirou fundo, estava totalmente sem ar e as palavras queriam fugir de sua boca o mais rápido possível.

–Eu pedi a Vanessa em casamento e ela aceitou. -Disse, calmamente, e viu os olhos castanhos da irmã brilharem em contentamento. Ela correu para os braços dele e lhe deu um abraço apertado, aconchegante.

–Meu Deus, estou tão feliz por você, irmão. Muito feliz. Você merece.

–Obrigada, eu tô tão feliz também. E você, hein? Aposto que o Cadu vai fazer a mesma coisa daqui um tempo.

–Eu espero. Estamos juntos há anos, mas ele nunca tocou no assunto. -Disse ela. Um sorriso triste em seu rosto. –Mas, então, nós temos que comemorar! Eu vou sair hoje á noite, com umas amigas. Vamos a um bar gay, então você não corre o risco de nenhuma mulher dar em cima de você. -Ela riu.

–Eu adoraria ver seu comportamento num bar gay, mas eu e Vanessa vamos sair pra jantar. De qualquer jeito, fique livre sábado á noite. Vamos contar para o papai e pra mamãe, e eu quero que você esteja lá.

–Claro que estarei.

–Clara. -Chamou Felipe, quando a irmã enrolou a toalha nos cabelos molhados. Havia acabado de sair do banho. –Eu quero te perguntar uma coisa. -Ela olhou para o irmão. –Você aceitaria ser meu “pajem”? Quero dizer, você vai ser mais como uma dama de honra, mas eu não quero ninguém fazendo esse papel, a não ser você.

–Mas é claro que eu quero ser sua dama de honra! -Clara o abraçou mais uma vez.

–Tenho que ir. Tenho que pegar a Vanessa daqui 20 minutos. Se divirta no bar gay hoje á noite. -Ele riu.

–Obrigada. Divirta-se também.

...

Clara entrou no bar que ela deveria encontrar suas amigas e olhou em volta. Ela viu pessoas jogadas á pista de dança enquanto se entregavam totalmente á música e também as mais quietas, sentadas em suas devidas mesas, e, é claro, bebendo. Ela estava prester a ligar para Cínthia quando a mesma quase lhe matou de susto.

–Cínthia! -Ela disse, feliz. –Como você está? Faz tanto tempo que não nos vemos. -As duas se abraçaram e Cínthia a respondeu enquanto as duas seguiram para uma mesa cheia de outras meninas.

–Eu acabei de receber um sms da Amy. Tô super feliz pela Vanessa e pelo Felipe.

–Eu também, eles merecem.

–A gente tá sentada bem aqui.

–Eu vou pegar um drink, e volto já. -Clara teve de gritar em retorno á música alta.

Ela se sentou no bar e esperou até a bartender a atendesse. Seus olhos a impressionaram e pareciam estar vendo uma miragem quando ela viu a mulher parada á sua frente. Os cabelos lisos que formavam cachos ao fim de suas pontas, os lábios pintados de vermelho e a beleza de seus olhos castanhos claro. A blusa que ela usava estava escrito algo que Clara não conseguiu identificar. Ela enchia um copo com vodka e alguma outra coisa colorida, enquanto discutia com uma cliente. Clara não sabe o que a deixou tão intrigada, mas ela resolveu se aproximar e ver o que deixou-as tão bravas.

–Como você ousa dizer que Harry Potter é melhor que Crepúsculo? -A outra mulher dizia. A bartender revirou os olhos. –Quero dizer, duas pessoas de mundos completamente diferentes que se apaixonam e tem de lutar para ter um ao outro, o que pode ser mais interessante que isso?

–Meu Deus, eu realmente deveria te dar um chute na bunda e te tirar do meu bar pelo que você acabou de dizer. Você está pelo menos se escutando? Harry Potter não é só sobre pessoas se apaixonando e tendo que escolher entre um vampiro e um lobisomem. Tem bruxas, feiticeiros, dragões, cobras gigantes, criaturas totalmente magníficas e mágicas. Todos os livros tem uma lida intensa e bonita. Não pode nem ser comparado á Crepúsculo.

Clara não podia negar, aquilo estava ficando chato. Mas ela não podia culpar a bartender. Como alguém ousa comparar Harry Potter com Crepúsculo?

–Mas Crepúsculo tem muito mais para oferecer que isso. -Ela começou novamente. Clara não se conteve.

–O único problema de Crepúsculo é que foi publicado. -Ela debochou. Marina sorriu para ela, sem que a outra mulher visse.

–Como você pode dizer isso?

–Facilmente, Crepúsculo é sobre uma garota de dezessete ou dezesseis anos que se apaixona por uma cara que ela mal conhece, e que nem é um personagem tão interessante assim. Quer dizer, talvez os livros sejam diferentes dos filmes que, realçando, eu só assisti porque minha melhor amiga me obrigou a assistir com ela. Harry Potter é sobre um garoto que perde os pais muito cedo, e logo depois descobre que ele não é normal, e tem que se fixar em um mundo totalmente novo para ele. Ele faz amigos que tem que lutar junto á ele por suas próprias vidas. Como você pode comparar os dois?

Clara se sentiu ridícula quando ninguém mais disse nada, nem a menina que era “team Harry Potter”. Quando ela estava prestes a falar algo novamente...

–E é por isso que eu não vou pagar essa cerveja pra você. Você me deve vinte reais. Pague e caia fora. -A menina fechou o rosto, e seu deboche parece ter ido embora junto com sua dignidade. Ela deixou o dinheiro no balcão, e saiu, deixando Marina sorridente.

–Então... -Marina passou um pano sobre o balcão e sorriu para Clara. –Qual o seu nome? Ou eu devo de chamar de a fã super legal de Harry Potter? -Clara riu.

–Clara.

–Eu sou Marina. Dona do bar.

–Você parece tão nova. -Ela disse, sem nem ao menos pensar em como aquilo soaria. –Quer dizer, é engraçado ver alguém ser dona de alguma coisa que faz sucesso quando esse alguém parece ter vinte e três anos.

–Pra sua informação, eu tenho vinte e seis. -Marina sorriu. –Então, posso pagar alguma coisa pra linda moça?

–Poder? É claro. Mas de um jeito platônico. -Ela riu.

–Jeito platônico? Qual a graça nisso?

–Tem muita graça nisso. Você tem aqui alguém que ama Harry Potter tanto quanto você, então podíamos discutir sobre.

–Mas discutir sobre Harry Potter é tão melhor quando você está pelado. -Ela piscou.

–Se eu não fosse hétero, talvez. -Disse Clara.

–Já transformei várias meninas héteros em gays. -Marina sorriu.

–E garotas héteros que tem namorado?

–Posso dizer que já transformei várias garotas héteros que tinham namorado em gays, também.

–Você é persistente.

–Então... O que você vai querer, linda moça?

–Um sex-on-the-beach.

–Hum, bom. -Ela virou de costas para fazer o drink de Clara e logo voltou a encará-la. –Vai custar...

–Eu lembro de você ter dito que você pagaria.

–Eu ia dizer um beijo na bochecha, mas assim como o Kanye West fez com a Taylor Swift, você não me deixou terminar. -Clara riu.

–Olha, você é legal e tudo mais. Mas eu estou feliz com meu namorado. Então sim, eu vou te dar um beijo na bochecha porque tenho que admitir, você é bem charmosa. Mas você não vai conseguir nada á mais. -Clara deslizou os lábios até a bochecha de Marina, que, sem saber o porquê, ficou vermelha com a atitude de Clara. –Foi um prazer te conhecer, a gente se vê por aí. -Ela virou as costas e andou até a mesa de suas amigas.

Marina não sabia o porque de Clara tê-la deixado tão intrigada. Não sabia se era o fato dela ser hétero que a deixava balançada, mas Marina não sabia o porquê. Ela ignorou os próprios sentimentos e pensou que haviam outras mil garotas que ela poderia levar para casa naquela noite. Mas, de uma forma estanha, ela estava interessada em levar Clara para casa.

...

Clara acordou quando uma fresta da cortina deixou que o sol escapasse, e o mesmo iluminou seu rosto. Ela tentou abrir os olhos, mas os mesmos lutavam contra sua vontade. Sua boca estava seca e ela estava morrendo de vontade de ir ao banheiro. Aquilo só poderia significar uma coisa: ela bebeu mais do que deveria e estava de ressaca.

Ela nem ao menos se lembrava como chegou em casa, embora não lembrasse de boa parte da noite. Sentiu um braço envolve-la, e tentou se levantar para não acordar Cadu.
Mas aqueles não eram os braços de Cadu.
Ela olhou para o rosto familiar ao seu lado e viu Marina. A expressão calma a deixou encantada. Mas que diabos ela estava fazendo na cama, com ela? Ela apoiou o corpo nos cotovelos, e viu o corpo nu de Marina ao seu lado.

Elas transaram.

Ela se levantou rápido, e sentiu-se um pouco tonta. Seus olhos finalmente fizeram o favor de se abrirem totalmente e ela sentiu nojo de si mesma. Buscou suas roupas e colocou-as num piscar de olhos.

Ela havia definitivamente traído Cadu.

Uma coisa a acalmava: Marina só sabia o nome dela. Elas não se conheciam, e nunca mais teriam que se ver depois dessa embaraçosa situação. Clara calçou os sapatos e olhou para Marina mais uma vez. O corpo magro era absurdamente elegante e ela era linda. Viu a bartender se encolher, e automaticamente puxou um dos lençóis por cima de suas pernas nuas. Marina se agarrou ao lençol. Clara sentiu-se repulsa, mas fingiu um sorriso em frente ao espelho do elevador. Marina não sabia quem ela era e ela não sabia quem Marina era.

Elas nunca mais teriam de se ver novamente.


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