Era uma vez na copa escrita por Asleep


Capítulo 1
Capítulo único




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Em 60 minutos teria início a semifinal da Alemanha, que tinha uma campanha perfeita sem derrotas contra um Brasil extremamente criticado, apesar de uma campanha que superou expectativas. O jogo seria no Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã ou “Maraca” para os cariocas. Bianca e Luísa tinham ingressos que compraram há muito tempo, bem antes de saberem que o Brasil passaria das quartas de final antes mesmo de a copa do mundo começar.

As garotas estavam no shopping, pois a blusa da sorte do Brasil de Luísa havia sido totalmente estraçalhada por seu cachorro Natanael naquela manhã. Bianca que sempre foi muito fanática por futebol não conseguia segurar seu mau humor, pois caso se atrasassem no shopping não pegariam um bom lugar no estádio o que sem duvida seria péssimo já que àquela hora teriam milhares de pessoas só esperando que os seguranças os deixassem entrar.

Pessoas de praticamente todos os lugares do Brasil estariam lá, pessoas do Distrito Federal, São Paulo já que é a cidade mais populosa do país, Belo Horizonte, Minas Gerais e talvez até o pessoal mais distante que teria mais dificuldade de chegar como Amazônia ou Rondônia quem sabe. O que realmente importava é que tinham que entrar antes de todas essas pessoas.

Elas estavam a caminho do jogo depois de Bianca ter pegado uma das primeiras blusas que viu caber em Luisa e levado ao caixa antes mesmo de a menina ter saído do provador com as blusas que queria experimentar, o que a deixou extremamente irritada e depois feliz, pois sabia que a amiga à conhecia o suficiente para escolher uma roupa apara ela. O trânsito estava péssimo já que fecharam muitas ruas devido ao jogo, então a pressa não havia valido de nada.

Bianca saiu do táxi furiosa, jogando o dinheiro no taxista e carregando uma Luísa sem vontade alguma de estragar todo o trabalho que teve com seu cabelo na chuva, coisa com a qual Bianca não precisava se preocupar, pois tinha cabelos naturalmente lisos então nada aconteceria com eles. No meio do caminho Luísa caiu e começou a gritar, porém Bianca não estava entendendo o que havia acontecido até notar que a amiga havia caído em um buraco na calçada, o que não era nada incomum nas ruas do Rio de Janeiro, mas estavam tão perto do estádio que o desanimo não bateu e sim arrombou a porta do otimismo de Bianca. Pois a garota sabia que da CEFET para o estádio nem era tão longe assim.

Duas pessoas passaram por elas e continuaram a correr, talvez pensando em assalto ou por conta da chuva. Ela estava tão forte que Bianca não conseguiu distinguir se eram homens ou mulheres, via apenas formas indistinguíveis.

Bianca ficou acalmando Luísa, porém seu Iphone estava descarregado sendo assim não podia pedir ajuda e não sairia dali, a rua estava deserta era perigoso deixar sua amiga ali naquelas condições, por outro lado não era forte o suficiente para puxar a amiga. Até que mais duas pessoas que estava correndo e cantando uma música que Bianca reconheceu ser Natasha da banda Capital Inicial, apesar de a chuva estar abafando qualquer som diferente de trovões e água batendo no asfalto e telhados, pararam subitamente quando ouviram os gritos e correram para na direção que vinha o som com uma lanterna de celular.

A garota olhou de soslaio para os que aparentemente os ajudariam e tentou acalmar Luísa que estava em prantos ora por seu cabelo, ora sua roupa suja ou seu pé que doía. Tentava em vão avisar a ela que a sairia dali em breve, por mais que não parasse de gritar sabia que havia ouvido o que disse, já estava acostumada com os shows da amiga, mas a amava então não dava mais importância a eles.

Os dois que depois se apresentaram como Matheus e Rebeca, irmãos que estavam passando por ali e ficaram muito assustados com os gritos ajudaram a tirar Luísa do buraco. Depois de uma breve conversa Matheus ofereceu seu guarda-chuva à Luísa que não conseguia parar de reclamar. O casal de irmãos estava indo a um barzinho próximo ao estádio encontrar uns amigos pra ver o jogo então os quatro foram o mais rápido que puderam, pois Bianca queria muito chegar ao estádio, mesmo sabendo que aquela altura pegaria lugares horríveis levando em consideração uma Luísa com o pé machucado e faltavam apenas 20 minutos para o espetáculo enfim começar.

No meio do caminho eles fizeram sinal para um grupo de ciclistas que deram carona ao grupo sem hesitar, já que era caminho pra eles. Cada um foi em uma garupa, exceto Luísa que o ciclista teve de levar na frente.

Quando chegaram a certo ponto não havia tempo e as garotas já não podiam mais entrar no estádio sem perder o primeiro tempo e o casal não poderia chegar até o barzinho para encontras os amigos, então pararam os quatro em um bar qualquer em uma rua que não conheciam e logo que chegaram Rebeca e Luísa viram uma garota alta de cabelos ruivos e encaracolados que estava sentada e foram se juntar a ela.

Como de costume antes do jogo passou um videoclipe promocional da copa do mundo mostrando os biomas brasileiros, caatinga, Amazônia, cerrado, pampa, pantanal e mata atlântica, o que na opinião de Bianca só servia para deixá-la mais ansiosa naquela altura do campeonato. A bola rolou e aos 15 minutos do primeiro tempo a seleção brasileira abriu o placar, porém a Alemanha empatou em menos de dois minutos depois, assim seguiu o jogo, o Brasil fazendo e a Alemanha empatando até que a prorrogação acabou e o placar foi de seis a seis.

Naquele momento todos que estavam ali assistindo o jogo deram as mãos e Luísa e Rebeca se beijaram, a Alemanha fez, o Brasil também e depois disso os goleiros não deixaram entrar nenhuma, porém o último cobrador da seleção alemã conseguiu passar pela defesa brasileira. A forte seleção brasileira tinha sido derrotada nos pênaltis e muitas pessoas do bar não conseguiram se conter e choraram, entre elas estava Bianca, a morena não conseguia se conformar e então após muito consolo ela se acalmou e eles simplesmente se sentaram, discutiram sobre a partida, a campanha das duas seleções na copa, qual seria o provável campeão do duelo em entre Costa Rica e Alemanha.

Bianca e Mateus voltaram sozinhos, pois Luísa e Rebeca foram para a casa da garota ruiva que estava no bar e assistiu ao jogo com elas. No caminho para o ponto de táxi eles conversaram muito sobre todo tipo de coisa em uma corrente de assuntos que não acabava nunca agora que podiam falar e ser ouvidos, pois a chuva cessou praticamente momentos depois de os quatro entrarem no bar. Bianca bateu no vidro do carro de um dos táxis que conseguiu enxergar um motorista que rapidamente abaixou o vidro e pediu que ela entrasse, fazendo um aceno com a cabeça. Matheus abriu a porta para ela e quando estava prestes a fechar perguntou:

–Tem certeza que pode ir para casa sozinha? - Pergunta que saiu tímida de seus lábios.

–Acho que já sou bem grandinha para ir sozinha. - Ela deu um sorriso divertido ao completar sua argumentação. - Mas acho que preciso de alguém para me proteger, você quer ir comigo?

–Bem eu tenho um trabalho da faculdade pra fazer, mas eu acho que não tenho escolha levando em conta uma donzela em perigo. - Ele disse fingindo uma voz quase como a de um mordomo, o que a fez rir.

Chegando ao apartamento de Bianca, Matheus ficou muito surpreso com a amplitude da sala, e olhando mais atentamente ele viu uma mesinha central de vidro de frente para uma televisão de tela plana do tamanho da parede praticamente, além de um sofá que formava um corredor da porta a outra sala completamente vazia que pensou ser uma passagem para os quartos da casa.

Os dois passaram a noite contando coisas que aconteceram em suas respectivas infâncias, quais as profissões que sonhavam e o que deixaram pra trás no caminho até ali. Viram filmes de gêneros totalmente opostos já que Matheus havia ganhado no par ou impar e escolheu uma série de filmes que nem conhecia da coleção de Bianca. Tomaram sorte de creme com calda de caramelo, o favorito da menina. Depois de algumas horas ele estava cansado demais para ir para casa e ela ofereceu que ele dormisse por ali mesmo, então acabaram dormindo no sofá-cama da sala em uma espécie de ninho que se formou com emaranhados de colchas, edredons, já que ela havia ligado o ar-condicionado, além de almofadas e travesseiros.

Quando Bianca acordou abriu os olhos, olhou para os lados e não viu Matheus, levantou e esquadrinhou a sala para procurar indícios de que tudo realmente havia acontecido que o Brasil havia perdido, que Luísa não havia voltado com ela e que perdera a oportunidade de ver o Brasil jogar dentro do estádio na partida decisiva contra a Alemanha. Em cima da mesinha central de vidro estavam pilhas desorganizadas de todos os filmes que haviam visto na noite anterior e um pote enorme, porém vazio, onde tinha comido sorte de creme com ele sendo assim deduziu que tudo foi real, mas ainda assim não sabia onde ele estava agora.

Deu uma volta pelo apartamento olhando os quartos, a cozinha, a área de serviço, os banheiros e a ampla varanda que dava de frente para um campo de futebol profissional de um centro de treinamento e uma visão privilegiada do horizonte onde ela podia observar montanhas ao longe, pois morava no vigésimo sétimo andar, e o Sol que ainda não havia atingido o ápice. Matheus havia sumido, porém quando ela voltou para arrumar a bagunça que estava sua sala ela viu na porta a maçaneta onde estava pendurado o guarda-chuva com o número de celular dele e um recado dizendo que ele precisaria do guarda-chuva na próxima sexta feira às 21 horas e ela sorriu ao ler aquilo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a você que leu até o fim, fico feliz quando gostam do que eu escrevo. Então se gostaram comentem, pois gosto de críticas construtivas e elogios também são bem vindos.



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