Celeridade escrita por Rob Sugar


Capítulo 8
Chão, LED e Filho




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Cintia avança nos guardas conjurando torrentes de fogo que doem meus olhos.

Essas proteções parecem ser bem resistentes, porque ela só consegue fazê-los recuar alguns metros.

Tenho outra das minhas ideias brilhantes.

Agarro o braço de Cintia e a mando carregar uma bola de fogo, mas que não a lance, tenho um plano muito mais divertido para pôr em prática.

Corro pelas proteções dos guardas e, como eles estão na forma de um círculo, acelero mais rápido que o normal.

Salto com ela, que dispara a enorme bola de fogo no chão, espalhando todos eles.

Levemente chamuscados.

Alguns se levantam e saem correndo, outros ficam no chão.

Ou só com medo, não sei.

Ela comemora e nós partimos em busca de Ítalo.

Começo a pensar sobre Cintia.

Ela era uma verdadeira vadiazinha quando a conheci.

Agora estamos unidas para salvar uma a outra.

Pergunto se o corte no rosto dela está doendo, mas ela só bufa.

–Seria mais fácil se nos falássemos, sabia? – começo.

–Eu sei. É que tem um monte de coisa passando pela minha cabeça. – ela funga e dá de ombros – Passei anos construindo o que eu tinha pra acabar com tudo só porque eu queria dinheiro em cima de você. E você é que nem eu.

Assim como eu, Cintia estava escondendo seu verdadeiro poder. Ela fez um trabalho melhor que o meu, já que eu tive alguns lapsos bem explícitos.

Nossa conversa é interrompida por um grito.

Seguimos o som, mas não faço nada, para não nos distanciarmos muito. União é a chave do sucesso.

Outro grito indica que estamos na direção certa.

Uma grande porta de ferro abafa os gritos. Empurro, chuto a porta com todas as forças, mas nada acontece.

Cintia incendeia a porta e vejo o fogo se alastrar por toda ela. Alguns segundos, e outro grito, depois a barreira está derretida aos nossos pés.

Indico que vou na frente, mas que ela deve vir logo atrás e que não confio nela.

–Você não gosta de mim? – ela pergunta com um sorriso.

–Se eu estivesse numa sala com você, Hitler e Bin Laden, e tivesse uma arma. Uma arma com só duas balas... – seu sorriso aumenta – Eu atirava em você duas vezes.

Seu sorriso murcha e eu dou uma risada frouxa.

A visão é esquisita. Parece com um filme de ficção científica que Oscar assistiria com certeza.

Alguns tubos estão conectados à máquinas grandes e bizarras. Uma parede branca como a neve está cheia de cartazes, fotos e mapas com alfinetes espetados em locais que imagino serem específicos.

Vejo uma dúzia de macas de metal enfileiradas e Ítalo em uma delas.

Cintia passa na minha frente e vai até ele.

Ela tenta derreter as algemas que o prendem na maca, mas elas são resistentes ao fogo, então só fazemos perder tempo.

–Você está bem, Robin-Marie? – ele me pergunta com certo desespero na voz.

–Seu nome do meio é Marie? – Cintia me pergunta fazendo uma careta.

–Particularmente, eu prefiro Marie como nome do meio a Edward. – ele responde. “Cintia Edward Alguma Coisa”. Robin-Marie não parece tão ruim.

–Como você sabe meu nome do meio seu esquisito? – ela grita.

Levo a mão à testa. Tento puxar as algemas, mas é inútil.

Começo a bolar um plano.

Enquanto Ítalo e Cintia discutem sobre o nome do meio dela, observo que as algemas tem um LED que está aceso na cor azul. Isso quer dizer que tem algum jeito de apagar esse LED, e desligar ou desativar as algemas.

Corro até as máquinas que produzem uma sinfonia bisonha de sons esquisitos como bipes e bopes. Tem um botão aqui...

Do lado de outros quinhentos mil.

Suspiro fundo.

Decido não apertar nenhum. Posso fazer algo piorar se apertar o botão errado.

Volto à maca de Ítalo para repensar um plano, mas, para minha insatisfação, os dois ainda estão falando sobre o nome do meio de Cintia.

–Parem! – digo num grito sussurrado – Temos que tirar o Ítalo daqui e sair sem sermos capturados. – Cintia e Ítalo se entreolham – De novo. Sem sermos capturados de novo.

Um alarme soa.

Tava demorando muito...

Cintia se desespera e procura um lugar para se esconder. Ajudo a afastar uma máquina e nos escondemos no sufocante vão entre aquela parafernália e a parede.

A visão é pouco privilegiada, mas consigo ver alguns homens entrando na sala. Uns de branco, outros de terno como os seguranças que nos carregaram.

Vou um pouco para trás, e Cintia dá um gemido.

Pisei no seu pé “sem querer”.

Não é muito claro o que os homens querem, mas óbvio que tem a ver com uma porta de ferro derretida.

Um silêncio se instaura na sala.

Não ouço nem passos e me dou conta do perigo que estamos correndo.

Eles sabem que estamos aqui.

Querem que achemos que foram embora, mas eu tinha TV a cabo, tenta outra, pessoal.

Seguro a respiração e indico para que Cintia faça o mesmo.

–Não adianta se esconder, mutantes! Tem câmeras em todos os pontos da sala! Eu sei que vocês estão aí atrás! – uma voz ecoa na sala. Só pode ser uma pessoa, é claro.

Saio de trás da máquina e levanto as mãos. Cintia repete meus movimentos receosa.

Oscar está usando seu poder como filho do prefeito para nos libertar.

E ainda dizem que namorar só dá dor de cabeça.

–Vocês nos pegaram. – digo alto.

Ele dispensa os guardas e os cientistas dizendo que o pai dele quer falar pessoalmente com os mutantes.

Enquanto eles saem e a voz nos manda ficar imóveis eu rio.

Explico a situação para Cintia e para Ítalo, e eles soltam um suspiro aliviado. Não sei muito bem o quanto esse alívio pode durar.


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Notas finais do capítulo

:)

*HORA OF THE PROPAGANDA*
Estou escrevendo outra ficção original ao passo dessa, mas que durará por mais um tempo depois que esta aqui acabar. São diferentes, mas gostaria que fossem lá conferir, obrigado pela atenção.
'Por Trás do Atlas' é o nome dela. :3
*HORA OF THE PROPAGANDA acabou*



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