CADIMUS: Mutação escrita por Sombrio1


Capítulo 1
Prologo


Notas iniciais do capítulo

Bem, Essa e minha PRIMEIRA FIC que posto aqui. Essa historia e completamente original. Espero que gostem. ;)



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17 de setembro de 1980

Já passava da meia noite quando a campainha da casa de Daniel tocou.

Ele estava nu, deitado em sua cama e desfrutava de um sono profundo.

Embora acordar a noite por ligações viam sendo constantes ele não pode deixar de se assustar. Olhou seu quarto, fotografias de seu pai preenchiam as paredes azuis. Ele olhou com dor no coração para as fotografias, e rapidamente teve um relance de como ele caiu aquele dia no meio da rua e morreu. Ataque cardíaco.

A campainha tocou novamente, preenchendo os cômodos vazios com seu tilintar.

– Já vou! – Ele gritou em resposta ao grito. Quando olhou para seu relógio de cabeceira, teve um pequeno acesso de raiva, já se passava da meia-noite, quem diabos ligaria essa hora da noite. Tomara que seja importante. Ele praguejou mentalmente, enquanto pegava um short em um canto e uma camisa de uma pilha de roupas sujas.

A escada da casa de Daniel era circular e feita de madeira branca, ele desceu de dois em dois degraus. Com sono e com ódio por ter sido acordado no meio da noite.

A campainha tocou mais uma vez, quando ele encostou na porta. Ele não olhou no olho mágico, estava cansado demais para lembrar. Apenas abriu a porta de relance e ficou observando a sua visita inesperada.

O visitante era alto, cabelos brancos, olhos de um marrom profundo que caso você olhasse por um tempo grande para eles, enxergaria sua própria alma, gritando e se contorcendo.

Daniel conhecia o visitante. Mas não deixou de ficar assustado, o visitante não deveria estar ali. Ele deveria estar em estado de putrefação naquele momento, em algum caixão ou em alguma cova. Que porra e essa?. Ele perguntou para si mesmo, enquanto engolia em seco e perguntava com a voz rouca ao visitante.

– Pai? – Ele perguntou, sua mente vagueou rapidamente ao fato de sua infância, exatamente no dia em que perdera o pai em um supermercado, ele se lembrava de perguntar a todos os homens quem era o seu pai. Ele nunca havia se sentido tão solitário, tão com medo que nem aquele dia, ele fez de tudo para esquecer aquilo, e conseguiria se caso seu pai, que deveria estar morto, não aparecesse ali, a uma horta elevada para lhe dar um “oi”.

O senhor não disse nada. Apenas sorriu. E foi nesse exato momento que Daniel percebeu que aquilo que estava a sua frente, não passava de uma imitação de seu pai. O que antes Samuel Wallace fora, agora era apenas uma sombra, aquele sorriso que ele tanto se lembrava, e que quanto se orgulhava de ter a chance de ver todo dia havia mudado, um sorriso cheio de alegria, agora era um sorriso cheio de sarcasmo e algo que beirava ao ódio e a loucura. Algo está muito errado. Pensou. E estava.

Samuel Wallace, o pai de Daniel, estava morto há oito anos. Foi logo depois de Daniel ter entrado como detetive na policia de Nova York. As lembranças vieram em flashes rápidos em sua mente.

Primeiro ele feliz e jovem contando para seu pai que havia sido aceito em uma junta de detetives. Viu novamente aquele sorriso feliz e entusiasmado de seu pai. Os dois se abraçavam, Daniel se lembrou de como insistiu a seu pai para saírem para comemorar, seu pai depois de muito negar o convite do filho aceitou. Os dois foram ao cinema da cidade, eles explodiam de felicidade. Viram um filme, Daniel não se lembrava qual era só se lembrava de ter se divertido muito com seu pai. Sua mente adiantou suas memórias. Os dois estavam saindo do cinema. O sorriso e a alegria expostos nos olhos e no sorriso de seu pai, até seu pai cair na rua, ataque cardíaco.

Daniel fechou os olhos.

Tudo o que queria naquele exato momento era reprimir essas lembranças o máximo possível. Mas não conseguia. Era como se sua vida ficasse presa ao mesmo lugar sempre. Naquela noite. Naquele ataque...

– Filho. – Daniel foi despertado de suas lembranças com a voz de seu pai. – Olhe só para você, tão crescido, tão maduro – Daniel sentiu um arrepio em sua nuca. O que estava acontecendo ali? – Quando começou a ter barba?

– A um tempo atrás. Quem e você? – As palavras saíram agitadas, ele estava nervoso, com sua mente correndo e seu corpo pegando fogo de dentro para fora.

– Sou seu pai. Não se lembra de mim mais? – Novamente o sorriso estampou aquele rosto tão conhecido e tão distante.

– O que houve com você? Como você está... – Daniel parou, seu pai estava morto?

– Cadimus... – Ele sussurrou, muito baixo mas Daniel pode ouvir.

– Cadimus?

– Quando arrumou a casa? Vejo que tem varias coisas diferentes. – Os olhos da criatura voou para sala, examinando cada detalhe fixo, com aqueles olhos que de marrom começavam a passar lentamente para um vermelho.

– Logo depois de você morrer – Daniel disse. Tentando não parecer rude demais e nem ao mesmo tempo muito amigável. Deve ser apenas um sonho. Pensou.

– Morrer? – Seu pai perguntou, mais para si mesmo do que para Daniel – Eu não morrer. – Ele olhou para Daniel. Seus Olhos começaram a ficar em um tom assustadoramente escuro. –Eu não morri – Ele disse com certa ferocidade misturada com ódio em sua voz. Pela primeira vez Daniel sentiu medo de seu pai. Mas aquilo não era seu pai. Era algo muito diferente do que Samuel Wallace fora antigamente. Nem a sombra de Samuel Wallace falaria e agiria de modo tão rude, tão brutal como “Aquela coisa” estava fazendo. - “Eu não estou morto” – A criatura novamente repetiu.

Daniel observou aquele momento. Se era realmente um sonho. Era hora de acordar

Daniel tentou fechar a porta. Sua tentativa foi em vão. A criatura segurou a porta com eu pé, e a empurrou com uma de suas mãos. Ela era forte. Daniel cambaleou para trás quando a porta foi empurrada. A criatura agora havia entrado em sua casa. Seus passos eram lentos e seguros. Como de um leão prestes a atacar sua presa. Daniel correu para o telefone. Quando sua mão agarrou o gancho, a criatura o puxou para longe, o arremessando contra uma parede próxima a ele. Daniel sentiu seu coração gelar. Seria esse seu ultimo dia. Lembrou onde estava. Seu condomínio era um condomínio fechado, havia pessoas e guardas por toda a parte ali. Não, definitivamente esse não seria seu ultimo dia. Gritou.

– Socorro. Socorro!

Ninguém o respondeu. Ele olhou para a criatura. Ela sorria para ele. Um sorriso sarcástico. Daniel não entendeu aquele sorriso, e não sentia nenhuma curiosidade de entendê-lo. Precisava pensar. E rápido. O que faria? Como se a resposta viesse do céu, seus olhos pairaram sobre a porta. Ela estava aberta. Olhou para a criatura. Ela ainda sorria. Aquele sorriso sarcástico e estranho. Daniel estudou a criatura. Sabia que era forte. Que era ágil. Ele a olhou analisando cada detalhe daquele corpo tão familiar e tão distante. Tinha que haver um ponto fraco. Sempre havia um ponto fraco. A criatura tinha o mesmo sorriso de seu pai. Aquele mesmo sorriso. Mesmo agora sendo algo completamente assustador, como uma mascara que um ator usa até o final de sua peça. Continuou analisando, até seu olhar parar sobre os olhos da criatura. Os olhos estavam como carvão em chamas. Era negro no fundo, e vermelho fogo e, algumas partes. O vermelho fogo dos olhos da criatura lembrou a Daniel, um rio. Um rio grande e imenso que se dividia em vários passando por uma floresta. Ganhando destaque no verde da copa das árvores em uma vista aérea. Daniel juntou todas as forças que restavam em seu corpo e fugiu. Saiu correndo em direção a porta, mas a criatura o segurou pela sua camisa. Daniel tentou fugir novamente. Tentou correr mesmo sabendo que era em vão pois a criatura o segurava pela camisa. Ouviu-se um pequeno barulho de algo sendo rasgado. A camisa dele. Ele não se deteve e correu. Suas pernas pareciam mais ligeiras do que o comum. A adrenalina percorria seu corpo como se fosse seu próprio sangue. Chegou na portaria. A guarita estava ocupada por dois corpos que assistiam a TV. Deviam ser os guardas. Ele foi em direção ao vidro da porta e bateu. E como em resposta a porta se abriu. Seu coração estava começando a se desaceleram. O alivio começava a percorrer seu corpo.

– Guardas. Um homem invadiu a minha casa. Por favor me... - Sua voz falhou. Os guardas estava com os braços pendendo para baixo como se estivessem dormindo. E da sua mão uma água pingava sem parar. Mas não era água. Era sangue.

Daniel se aproximou do corpo e o cutucou. E logo desejou não ter feito isso. Os corpos do guarda caíram ao chão. Daniel colocou a sua mão na boca para cobrir o seu grito. Os guardas estavam mortos. Suas bocas estavam rasgadas e o sangue escorria delas para roupa como uma cachoeira. Sentiu as lágrimas descendo por sua bochecha.

Se virou para ir. Seu pai estava atrás dele. Seu coração palpitou.

– Eu não estou morto. – A criatura disse, os olhos vermelhos fitando os pretos do filho, quando ele agarrou o pescoço de Daniel, um grito saiu. Um ultimo grito, um ultimo barulho naquele lugar calmo, sombrio e silencioso.


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Notas finais do capítulo

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