Fragmentos de Lembranças escrita por Yume Celestia


Capítulo 13
Lar doce Paris, parte I - As três palavras.


Notas iniciais do capítulo

Hello, babes, como estão? Preparem-se para um capítulo dividido em três partes. Os capítulos a seguir serão em Paris, e curtos porque cada um foca em um certo assunto. Espero que gostem. Boa leitura (:



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Sua cabeça deitava sobre o encaixe entre meu ombro e queixo. Senti o cheiro de seu cabelo. Em suas mãos o livro que ela finalmente terminou. Ela estava cansada, mesmo assim parecia um anjo dormindo. As luzes estavam apagadas, todos em silêncio. Estávamos no céu, literalmente no céu. Deitei minha cabeça sobre a dela, fechei os olhos, e dormi com o cheiro de seu cabelo.

Quando acordei estávamos em Paris. Era nostálgico. Todas as lembranças de minha viajem com meus pais vieram a tona, era maravilhoso lembrar deles e ao mesmo tempo péssimo. Embora eu fosse descendente de francês, e o fato de eu ter passado as férias de verão em Paris, não significava que eu tinha que saber falar francês, certo?

–-x--

A casa de Alice era enorme, se me recordo bem, ela havia dito que tinham mais de cinco quartos e banheiros, e deixou bem claro que não permitiria que eu e Anabell dormíssemos no mesmo quarto.

– Quero que conheçam minha floricultura. Ela cresceu bastante desde a última vez que esteve aqui, Anabell. - Alice falava orgulhosa.

– E eu quero que conheçam minha perfumaria. Caso queria saber, Anabell, ela está a mesma coisa desde a última vez que esteve aqui. Mas tenho algumas novidades que talvez vá gostar. - Alexander disse. Ele era brincalhão, digamos engraçado.

Alexander dirigia o carro, enquanto Alice estava no banco do carona e eu e Anabell no traseiro. Não pude evitar em admirar novamente as ruas da belíssima Paris, tanto que me perdi em meio as lembranças e acabei viajando para outro mundo. O meu mundo.

– Tudo bem pra você, Eric? - Ouvi Alice perguntar.

– Desculpe, tudo bem o que mesmo?

– Eu e Anabell vamos escolher o vestido e fazer uma pequena reunião com as outras madrinhas enquanto você e Alexander vão resolver os outros assuntos pendentes da cerimônia e da festa, ok?

– Ah, sim. Tudo bem.

– Prometo que devolvo Anabell até as seis horas. - Ela disse sorrindo.

Alice apresentou-me sua floricultura batizada de Précieuse Fleur. Nunca imaginei que pudesse existir tantas espécimes de flores. Eram um verdadeiro festival de cores, todas separadas por tipo e família. Do lado de fora, uma placa perfeitamente visível que dizia "Estamos de folga. Semana de noiva".

Alexander por sua vez, nos levou até sua perfumaria de nome Fragrance. Assim que meus pés pisaram em sua loja, pude sentir todos os cheiros possíveis de perfumes existentes. Meu nariz quase não conseguia mais decifrar os cheiros. Em prateleiras brancas, diversos perfumes de embalagens diferentes e criativas. Era uma loja grande e pelo que vi, famosa. Ao contrário da floricultura, a perfumaria de Alexander ficaria aberta durante a semana do casamento e a lua de mel pois ele tem funcionários incontáveis e um gerente de confiança.

–-x--

Alice e Anabell saíram em busca do vestido, me deixando com Alexander. Faltava uma semana para o casamento e ainda havia muita coisa para se resolver. Alexander me levou até a capela onde iria acontecer o casamento. Era realmente linda, pequena, mas linda. Seu interior era decorado pela cor dourada, o teto de vidro temperado possuía as mais vivas cores. Os bancos tinham a cor do mais puro branco, com crucifixos presos a borda. Destacava-se principalmente a cruz pendurada no altar. Do lado de fora, um jardim de margaridas deixava aquele lugar mais feliz e bonito.

Sentamos em um dos bancos perto do jardim, ele encarava o céu azul e parecia pensativo.

– Está nervoso? - Perguntei.

– Com o casamento?

– Exato. As vezes pode ser mais tenso para o noivo do que para a noiva. Alguns homens tem dificuldade em aceitar que abandonarão a vida de solteiro.

– Sim, eu estou nervoso. Mas não pelo fato de que daqui a cinco dias irei me tornar um homem casado, e sim porque tenho medo de não ser o suficiente, de não poder ser quem ela precisa, de decepciona-la como marido.

– Não vai decepciona-la, eu sei que não.

– O que me acalma é saber que ela é meu destino. Sabe, Eric, você sente quando a pessoa é pra você, quando são feitos um para o outro. Você pode até sentir algo parecido em relação a um amor passageiro, mas é diferente quando você está com a pessoa que foi destinada pra você. É como se eu sentisse todos os efeitos colaterais do amor de uma forma boa.

– Como se as famosas borboletas no estômago voassem por todo seu corpo. Cabeça, braços, pernas, coração. É um sensação única. - Falei reconhecendo o que ele dizia.

– Se sente assim em relação á Anabell?

– Sinto. Mas tenho medo. Tenho medo de que ela não sinta o mesmo em relação á mim.

– Eric, se ela não gostasse de você, nem um pouquinho assim... - Ele disse fazendo um gesto com as mãos, representando o pouco que ele falava. - Você não acha que ela teria escolhido outra pessoa para fazer parte disso com ela?

– Ela me escolheu simplesmente porque sou o atual namorado dela. Mas não sei se ela vai se arrepender dessa escolha no futuro. Talvez um dia ela olhe as fotografias do casamento, aponte para mim e diga "não acredito que já namorei esse idiota".

Alexander riu, riu de ficar vermelho e sentir dor no estômago.

– Como você é bobo, Eric. Bobo e pessimista. Ela não vai dizer isso, ela sabe escolher com quem namora, tenho certeza de que ela não escolheria um idiota. Para de pensar assim, ela gosta de você, acredite em mim.

–-x--

Como havia prometido, Alice devolveu Anabell as seis horas. Alexander sugeriu mais cedo que eu a levasse para jantar, e foi o que eu fiz. A convidei para ir jantar em um restaurante que sempre tive vontade de visitar, porém nunca tive com quem ir.

Paris exalava romance, querendo ou não. Era uma noite abafada, Anabell usava um vestido azul escuro com um decote discreto nas costas. Em seu cabelo um rabo-de-cavalo, e em seu pescoço um colar que parecia ter custado muito caro. Tentei me vestir o mais formal possível, mas a opção mais ocasional que trouxe nas malas, foi uma simples camisa social. Me senti um lixo ao lado dela, como se todos se perguntassem "o que ela está fazendo com um cara como ele?"

O restaurante estava quase lotado, não haviam muitas mesas disponíveis, mas eu não deixaria que aquilo atrapalhasse minha noite. O garçom nos levou até a mesa central, ficava exatamente no meio do restaurante. Aparentemente éramos o casal mais jovem presente ali naquele momento, e todos pareciam encarar-nos.

– Sempre quis vir aqui. - Confessei. - Não sei porque, mas esse lugar sempre me atraiu.

– Talvez seja a decoração, ou sei lá, o cardápio? - Ela riu.

– Esses nomes não parecem ser de coisas apetitosas. Quiche, Tarte, Escargots.. - Falei enquanto lia o cardápio, me esforçando para ler os nomes corretamente.

– Também não sou muito fã da culinária francesa. - Ela disse fazendo uma careta.

– Acho que vou ficar com o Escargots.. - Falei colocando o cardápio sobre a mesa.

– Tem certeza? É feito de caracóis cozidos, eu não me atreveria a provar isso. - Ela revelou ainda fazendo careta. Quis memorizar para o todo o sempre sua careta engraçada.

– Oh, droga. Estou quase me arrependendo de ter te trazido aqui. Seria melhor se fossemos visitar a Torre Eiffel.

– Ah, não é tão ruim assim. Acho que nós quem somos frescos. - Ela riu discreta. - Pedimos uma macarronada, que é o que parece ser menos nojento, ou prefere outra coisa?

– Macarronada, com certeza. - Falei aliviado.

Foi um jantar mais engraçado do que romântico. Rimos mais do que comemos. Chamávamos atenção de todos com nossas risadas altas, e confesso, foi melhor assim.

– Você está com um.. - Ela riu antes de terminar a frase. - Está sujo de molho. - Ela completou aproximando sua mão com um guardanapo de minha boca, limpando-a. - É quase impossível comer macarronada sem se sujar. - Completou.

– Não acredito, estou assim a quanto tempo? - Perguntei envergonhado.

– Desde quando terminou seu prato. - Ela riu novamente.

– E você só me avisou agora? - Falei rindo também.

– Você estava tão engraçadinho, não quis estragar isso. - Ela sorriu de canto.

Trocávamos olhares e sorrisos em meio ao breve silêncio. Ela estava deslumbrante. Eu não conseguia tirar meus olhos dela. Me sentia como se estivesse em um lindo sonho e estivesse prestes a acordar. Era difícil de acreditar que ela era real, que eu estava com ela, e que naquele momento, ela era minha.

Encarei-a por um tempo, minha língua implorava para dizer aquelas três palavras, mas o medo me impedia. Uma parte minha dizia que era muita covardia de minha parte, a outra, lembrava das palavras claras de Caroline: "Não deixe-a escapar".

– Eu te amo! - As palavras simplesmente escaparam de minha boca. Lutaram tanto que acabaram saindo contra minha própria vontade. Quando percebi já tinha dito. Ela estava sem reação, e eu, completamente envergonhado.

– Droga. - Murmurei com as mãos tapando o rosto.

– Se arrepende de ter dito? - Ela perguntou.

– Sim e não. Eu queria ter dito, mas não queria que fosse agora.

– E foi sincero? Você realmente sente isso?

– Sinto.

– Eu também. - Ela falou. - Também te amo. - Completou.

– O que? - Falei surpreso. - Porque?

– Como porque? Ora, porque você é Eric Portinatt. - Ela explicou.

Estava esperando acordar desse sonho naquele momento. Fechei e abri os olhos repentinamente para ter absoluta certeza, mas eu ainda estava em Paris, e ela ainda estava na minha frente usando um vestido azul escuro e encarando-me sorrindo, certamente rindo da minha reação-sem-reação.

Tentei relembrar de como fui parar ali, de como um dia eu era um garoto sem vontade de viver, e do nada passei a desejar a vida, mas não só isso, passei a viver um amor que nunca pensei que fosse encontrar.

–-x--

O dia estava ensolarado, o sol brilhante destacava-se naquele imenso céu azul. A felicidade estampava meu rosto pálido, eu não conseguia esconder, e nem me dei o trabalho de tentar. A cena do jantar da noite anterior se repetia infinitas vezes em minha cabeça.

Alice e Alexander tinham o costume de acordar tarde, enquanto eu e Anabell praticamente vimos o sol nascer. Fomos até um café local de nome Ambroisie. Em uma mesa ao ar livre tomávamos café e lembrávamos da noite passada, mas tinha algo errado, muito errado. Comecei a sentir tontura, uma forte dor de cabeça fez com que eu me sentisse pesado e incapaz de ficar em pé, minha visão ficou turva e a fraqueza tomou conta do meu corpo.

– Eric, você está bem? - Anabell perguntou levantando-se de sua cadeira.

Segundos depois tudo escureceu. Eu não enxergava e não ouvia mais nada.


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Notas finais do capítulo

Então, por hoje é isso. Desculpem por qualquer erro ortográfico. Espero que tenham gostado. Até a próxima.
xoxo, YC



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