Shot me Down escrita por Kaya Terachi


Capítulo 4
He would always win the fight.




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Jack não era bom em escolher as amizades, eu me recordo de ter dito isso. No dia seguinte ao acordar bem cedo, após vestir suas roupas negras costumeiras, seu chapéu no topo da cabeça e as botas, ele se arrumava para seguir em direção ao bar para encontrar as más companhias, o bom era que o caminho era curto, não precisava do cavalo para caminhar até lá, tinha o sol escaldante sobre a cabeça, a terra árida abaixo dos pés e a pouca grama e flores da cidade para dar alguma graça e vontade de sair de casa.
A cidade era meio monocromática, as casas tinham a mesma cor e nenhuma se destacava, branco, cinza, preto, marrom e a natureza era a única coisa que quebrava os tons simples de cores, era sufocante viver ali, justamente por isso gostava de visitar o garoto vez ou outra, mas agora se encontrava em uma encruzilhada, depois do que haviam feito, não sabia ao certo se deveria procurá-lo, não sabia como ele reagiria, já que fora tão evasivo da outra vez.
Jack deu uma pausa em sua caminhada, via as casas se formando já a pouca distância, mas o sol estava impossível, não podia caminhar por um segundo sem se cansar. Retirou da cintura o cantil com água, que mais cheirava a wisky barato e bebeu alguns goles da bebida refrescante, molhando a mão e passando pelo pescoço e cabelos, numa tentativa meio frustrada de diminuir o calor. Já estava a beira da vontade de xingar a si mesmo por ter saído de casa num dia tão quente, e ia guardar o cantil quando algo reluziu no metal, cegando-o por alguns segundos. Ele ergueu a cabeça, observando o deserto e procurando de onde vinha aquele brilho, moveu o cantil novamente e só então percebeu, havia algo enterrado na areia mais adiante.
De longe parecia algo grande, tanto que Jack ficou surpreso quando parou em frente e observou não ser grande coisa, ao se abaixar, revirou a areia, encontrando ali um único objeto curioso. Primeiro perguntou-se como ninguém havia visto, já que não estava tão bem enterrado, depois resolveu que ficaria com o objeto, já que claramente não tinha dono, o lugar estava deserto afinal. Levantou-se, observando agora mais atentamente a arma que segurava nas mãos, reluzia, como se tivesse sido polida há pouco, tinha alguns desenhos, únicos que foram feitos por seu antigo dono, não era como as armas sem graça que via por aí, essa era realmente bonita e quase fez seus olhos brilharem junto a ela. Ele rolou o tambor e só então percebeu que estava carregada! Não era fácil achar uma arma jogada assim no meio do nada, ainda mais com balas, algum rico devia ter deixado cair, ou alguém muito poderoso, bom, agora ele era o homem poderoso segurando a arma e aquelas belíssimas balas tão brilhosas que só podiam ser de prata. Estava obcecado pelo novo brinquedo, era visível já que mesmo após guardá-lo na cintura continuava a tocá-lo vez ou outra.
Ao chegar no bar, sentou-se no banco em frente ao balcão, retirando da cintura a arma cuidadosamente e colocando-a sobre o colo onde retirou suas balas, guardando o acessório novamente na cintura e sem pudor algum colocou os projéteis em cima do balcão, analisando-os.
– Jack! Como vai? – Disse o atendente.
– Ah? Ah, oi Jim, tudo certo.
– Vai querer o de sempre?
– Sim, por favor. Onde está o Chris?
– Não o vi até agora. Talvez tenha se atrasado fazendo outra coisa.
Jack assentiu, desviando o olhar às balas novamente.
– Onde arranjou isso aí? São bonitas, brilham tanto que podem até cegar.
O moreno sorriu, apertando-as na mão, protegendo-as da curiosidade do outro.
– Eu achei.
– Achou, pois sim. Olha lá, hein Jack, não vai fazer nenhuma besteira.
– E desde quando eu faço besteiras? Ora... O barman me dando conselhos. Pega logo o meu wisky e não me enche o saco.
Jim sacudiu a cabeça, já o conhecia e não era há pouco tempo, sabia com certeza que ele estava aprontando alguma, mas não podia se meter, apenas colocou o copo com a pequena dose sobre o balcão e se afastou, quando um rapaz alto e loiro adentrou o local.
– Jack! Ora, não vi o seu cavalo lá fora... Fiquei que nem um idiota te esperando lá.
– E por que não entrou pra procurar?
– Porque... Achei que viria de cavalo.
– Não seja burro, Chris, minha casa é aqui perto, pare de beber logo cedo.
– Ora... E você vai dizer que não anda fugindo pra casa do Tom, hm? Te vejo saindo de fininho sempre. O que está rolando?
Jack estreitou os olhos.
– Ele é meu amigo ora, qual é o problema?
– Nossa, não precisa ficar nervosinho, só perguntei.
Chris passou a mão sobre o balcão e pegou o copo colocado antes pelo homem, bebendo a dose trazida mesmo sem a permissão do outro. Jack o olhou torto, deixando passar a ousadia do outro, mas perdeu a paciência ao vê-lo puxar de suas mãos os projéteis quando distraído.
– Olha só isso! Meu deus, onde arranjou essas balas?!
– Chris! Me devolve!
Jack levantou, inclinando-se em direção ao outro.
– Calma, cowboy, não vou roubar, só quero olhar.
– Não vai olhar nada, me devolve!
– Hey, hey, relaxa.
O moreno quase fincou os pés no chão, de cara fechada ainda encarando o rapaz que ofendido também se levantou.
– Pra que brigar por causa de cinco míseras balas? – Estalou a língua. – Toma essas porcarias. – Disse o outro, a empurrar os objetos para a mão de Jack e virar-se em direção à saída.
Jack se sentou outra vez e ergueu a mão para chamar o barman, mas parou no ar, raciocinando a frase do outro por alguns segundos, abrindo a mão e parando para contar os objetos. Levantou-se poucos segundos depois e observou o outro que já não estava mais dentro do bar, com passos firmes, Jack caminhou para fora e empurrando a porta viu o outro a caminhar calmamente pela estrada, acertou o passo, seguindo em seu encalço até usar ambas as mãos para empurrá-lo e ouvir o baque do corpo ao cair no chão, vendo o amigo se virar para ver quem o havia empurrado.
– Jack! Que diabos?!
– Onde ela está?!
– O que?!
– Onde está a maldita bala?
– Que bala? Ficou louco? Eu entreguei todas na sua mão!
– Seu mentiroso maldito!
Outro barulho alto foi ouvido, do chute que acertara o rapaz na altura das costelas, fazendo-o se contorcer de dor.
– E-Eu não sei do que está falando!
– Não vai devolver?!
Ele fez uma pequena pausa, aguardando pela resposta do outro e na falta dela chutou-o novamente no mesmo lugar, podia jurar que ouvira algum osso se quebrar no terceiro chute que deu e seguiu ao quarto, quinto e abaixou-se, acertando-o no rosto com um soco enquanto ele tentava se proteger do ataque.
– Eu não tenho nada, Jack! Não seja idiota!
Jack pisou nas mãos dele, fazendo-o se contorcer mais uma vez e vasculhou os bolsos de sua blusa, casaco e calça, quando finalmente encontrou a bala faltante no último bolso.
– Seu desgraçado! – E o acertou com um último chute. – Se eu vir você aqui mais uma vez, eu uso essa mesma bala pra matar você, está ouvindo?!
Chris se contorceu no chão e o moreno, a guardar a bala no bolso virou-se em direção ao bar, adentrando o local sem se importar com as várias pessoas paradas na porta, deixou sobre o balcão a nota de vinte e saiu por onde entrou, seguindo pela estrada em direção à própria casa.


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