Me desgrace, me odeie, só não esqueça que eu amei você

Me difame, me odeie, só nunca esqueça que eu amei você.

Me odeie (Reação em cadeia).

–shhhh-falou uma voz.

E logo eu estava de encontro com algo, largo e plano, provavelmente o peito de alguém, me lembrei das aulas de canto e fui pelo timbre da voz era um homem, depois posso jurar de pés juntos que meu joelho reagiu contra minha vontade, acertando bem nas partes baixas da pessoa, um grunido e eu estava livre da pressão, de joelhos me xingando de todas as formas possíveis estava Viktor.

Mordi o lábio para não rir, afinal a situação era bem cômica o coitadinho estava de joelhos gemendo no chão e me xingando, não aguentei mais e soltei uma gargalhada logo eu estava me dobrando de tanto rir, ele percebeu e também começou a rir, mesmo que seu riso parecesse um pouquinho choroso.

–que bom que eu pude te fazer rir pelo menos mais uma vez- falou ainda um pouco choroso- pena que eu perdi meus futuros filhos depois dessa.

Dei um sorrisinho de canto e o peguei pela mão lhe ajudando a se levantar.

–nunca pegue uma lutadora de boxe de surpresa – falei ainda brincando- você e que se fera e não ao contrario.

Ele ergueu as sobrancelhas parecia um pouco aliviado.

–você não esta mais com raiva de mim?-perguntou.

Ai estava o fato de ele estar tão aliviado, a pior pessoa para guardar magoa no mundo sou eu, acabo esquecendo tudo, e a pessoa nem faz o favor de me avisar que eu deveria estar brava com ela. Olhei ao nosso redor ainda sem responder: estávamos perto de um banquinho branco e decorado com flores caminhei ate lá e me sentei encarando Viktor, eu devia estar brava com ele não devia? Essa não seria a melhor forma de protegê-lo de si mesmo?

Ele se sentou ao meu lado suspirando e pegou de dentro do terno um embrulho e duas colheres me oferecendo uma, aceitei ainda sem falar nada para ele, ele desembrulhou e revelou paçocas e nutella, ergui a sobrancelha.

–você esta tentando me comprar com comida?-perguntei.

Ele deu de ombros com um sorriso.

–qual foi a ultima vez que você comeu nossa invenção?- perguntou- só achei que seria mais fácil conversar com você com ela- explicou.

Nossa invenção, paçoca com nutella, que era simplesmente maravilhoso, mais se Viktor achava que poderia me comprar com isso estava muito enganado.

–temos que conversar- falou- serio Clary preciso muito que você me perdoe.

Peguei uma paçoca e abri melando ela na nutella.

–porque isso e tão importante pra você?-perguntei.

–porque isso é tão importante?- ele perguntou rindo- porque Clary Gracce algo que venha de você é importante para mim?

Dei de ombros.

–não faço a mínima idéia.

–esse é o problema- falou- você nunca soube, acho que eu que devia estar com raiva de você e não ao contrario, mais não consigo Clary sabe por quê? Porque eu te amo.

Engasguei com a paçoca nesse momento, e fiz tanta força na mão que ela se desfez sozinha e sujou meu vestido, limpei o vestido exasperada tentando não encarar Viktor.

Sabe oque eu disse sobre nada faz uma garota se derreter mais que uma declaração de amor? Esquece, porque quando essa declaração vem do seu melhor amigo, aquele que sempre esteve ao seu lado nas horas boas ou ruins, sempre te protegendo e secretamente te amando então ele se declara e você se sente a pior pessoa do mundo.

Era assim que eu me sentia agora.

–Clary- ele pediu baixinho- me deixa continuar sim?

Assenti com a cabeça ainda atônita.

– eu sei que fui o maior babaca do mundo fazendo oque fiz- ele ergueu a própria mão encarando a aliança de ouro com uma esmeralda no centro- eu não deveria ter feito aquilo, mas você sabe como é meu pai não? Ele nunca ficaria me deixaria em paz caso eu não fisesse oque ele me mandou pelo menos uma vez na vida.

–se casar com ela?-falei- mais por quê?

–Clary- falou-pense qual são as três maiores empresas do mundo comandado por ramos familiares?

–Gracce, Higstone, e Montreal- falei- seus pais sãos donos da Montreal e sócios da Gracce...

Ele sorriu.

–viu? Você e bem mais inteligente do que parece.

–seu pai é maluco?- perguntei- ele quer fazer parte das três maiores empresas e só por isso te fez casar!

Ele assentiu.

–meu pai queria que eu me casasse com você- falou- porque ele pensava que seus pais não lhe aceitariam como sócio, mais eles aceitaram.

Cruzei os braços com força de repente perdendo a fome, Viktor colocou a nutella em cima da bandeja de um garçom que passara na hora, a primeira pessoa que passara ali naquele canto isolado da festa.

Viktor segurou minha mão fato que me fez corar.

–como você nunca percebeu que eu te amo?-perguntou- eu sei que você esta namorando um carinho, de novo, já é o terceiro não? Bem cruel de a sua parte namorar completos desconhecidos, sendo que eu te amo desde pequeno- falou- e você nunca percebeu sempre me viu como irmão não?-ele riu- eu queria te ver da mesma forma, você nunca me notou, nunca sentiu ciúmes de mim, eu pelo contrario percebi cada mudança sua, como quando você fez aquele channel ridículo no seu cabelo, ou quando seus olhos ficaram mais escuros, ou o fato de você sempre morder o lábio quando esta pensativa, de gritar com qualquer pessoa quando te chama de baixinha e de criança, de se erguer de tudo balançando a poeira como se nada tivesse acontecido, de não conseguir guardar raiva de ninguém e fica brava com sigo mesma quando percebe isso, o fato de você ter amor platônico por nutella e outras coisas que eu tenho certeza absoluta que nenhum dos seus namorados notou, notou a Clary Gracce por dentro, só o exterior é oque importa para a maioria, aposto que nenhum deles notou o quão frágil você é.

–Viktor- falei ele parou e me encarou engoli em seco puxando minhas mãos- se você me ama tanto porque se vendeu?

–eu não tive escolha!- falou.

–sempre tem uma saída- falei me levantando- um sábio me disse uma vez quando eu cai de bicicleta para eu tentar novamente, e eu disse ‘’ eu não consigo não tem saída eu sou péssima nisso!’’ e sabe oque esse ‘’sábio’’ me respondeu? A única coisa que não tem saída na vida é a morte, no resto tudo a gente dá um jeito.

Ele engoliu em seco, ele parecia tão indefeso agora eu me sentia ainda pior agora que tinha jogado suas próprias palavras pra cima dele, como eu podia ser tão horrível?

Uma musica começou, uma musica que um mês antes eu tinha ajudado a escolher porque minha mãe falou que precisávamos de musicas modernas no seu casamento:

Nossa história é longa mais eu resumi, perguntas sem resposta te respondo sim, entrada sem saída do meu coração, depois de enfeitiçado nessa ilusão eu sei que pra você é fácil superar em outra pessoa em qualquer lugar...

–minha mulher esta grávida- soltou Viktor do nada- acho que você vai me odiar mais ainda agora.

Revirei os olhos e me virei prestes a ir embora, Viktor me segurou eu me virei para brigar com ele, mais sua boca já estava na minha num beijo forçado, tudo que pude pensar foi em Lysandre e onde ele estava quando eu precisava dele, sua língua tentou entrar em minha boca, não deixei ele que se contentasse com um selinho demorado que estava roubado de mim, ele me soltou ofegante.

–desculpa- falou- não devia ter feito isso.

O olhei ainda mais brava.

–não –falei -não devia.

...A tática perfeita eu vou elaborar, em outra ocasião a gente se reencontrar se amar, você brincou com fogo e depois fora saiu da minha vida oque eu faço agora e me riscou a ponto de enlouquecer um fora do comum não posso te esquecer...

–clary-ele falou e parecia ainda mais sensível agora- você poderia pelo menos dançar comigo uma única vez.

Abri a boca pra responder que não, mais ele já estava me puxando em direção a pista de dança, avistei Lysandre nos olhando de um jeito estranho enquanto dançava com Violet mais ele não falou nada.

–sabe essa musica- falou ele para mim- vai ser nossa musica daqui em diante, um dia você vai ser minha Clary.

Quando a musica parou Viktor me soltou e foi em direção a sua mulher, Lysandre em passos largos chegou ate mim, ainda com uma expressão estranha.

–oi baixinha- falou- quem era aquele?

Que fofo, ele era tão fofo com ciúmes.

–meu melhor amigo, a gente se conhece desde sempre - falei.

Ele não respondeu olhava para baixo constrangido.

–vem- falei puxando ele em direção ao bufe-tem tanta coisa gostosa aqui- falei.

Conversamos um pouco e nos sentamos numa mesa, Lysandre me beijou quase tive um ataque pensado que ele ia perceber que Viktor também o tinha feito (oque é bem idiota mais ok) seus lábios logo estavam no meu pescoço num chupão.

–ai!-falei lhe afastando colocando a mão no local- porque você fez isso?-perguntei- estamos no meio de um casamento vai ficar roxo!

Ele sorriu.

–uma marca pra mostrar que você é minha, não gostei daquele garoto.

Ergui sobrancelha.

–você não confia em mim?-perguntei.

–confio em você, não nele- respondeu e com razão.

–ele é casado- falei ainda defendendo Viktor.

Lysandre não podia nem sonhar que Viktor tinha me beijado.

Meus pais subiram ao palco com sorrisos enormes no rosto para fazer um pronunciamento.

–bom estamos aqui agora para convidar todos para o chá de bebe daqui a três meses.

Chá de bebe?

–todos aqui estão convidados para o nascimento de nosso novo bebe, dessa vez um menininho - falou minha mãe com um sorrisinho no rosto.

Cuspi o champanhe que eu bebia imediatamente e me engasguei, Lysandre me olhou assustado.

–Clary você esta bem?-perguntou.

Levantei-me e comecei a pular como louca.

–EU VOU TER UM IRMÃO-gritei fazendo todo mundo me olhar.

Meus pais riram e desceram do palco.

Fui em direção a May e Rosalya que conversam animadamente, May parecia tão animada quanto eu.

–ai meu deus que mancha GIGANTE é essa no seu pescoço?- gritou Rosalya assim que me viu.

Corei e coloquei a mão em cima instintivamente.

–quem fez isso?-perguntou May para mim.

Lancei-lhe um olhar de ‘’serio isso?’’ e ela sorriu.

–Sorte que eu e você temos a mesma cor vamos ao banheiro- falou Rosalya me puxando com May logo atrás.

Elas passaram pó no meu pescoço ate a marca sumir por completo e voltamos para a festa, sorri olhando para todos os meus amigos, se minha vida fosse uma história daria um bom livro ‘’ a menina que só se ferrava’’ sorri comigo mesma, talvez um dia eu escrevesse um livro assim, com a protagonista que só se ferrava que nem eu.

Se isso aqui fosse uma novela seria um bom fim, mais como era a vida real é só um inicio, o inicio de muita coisa.

–como você consegue ser baixinha de salto?!- provocou Lysandre assim que me viu.

Era verdade eu tenho 1, 60 mais quinze centímetros do salto eu ficava com 1,75 e a desgraça ainda era maior que eu.

–que injustiça!- falei- tenho que comprar um salto de vinte e dois centímetros para ficar do seu tamanho.

Ele riu.

–eu te amo do jeito que você é minha baixinha - falou Lysandre ao meu ouvido.

Arrepiei-me, é tem coisas que nunca mudam. Virei e o beijei.

–eu também meu grandão – respondi.