FoxFace escrita por Demiguise


Capítulo 10
Capitulo X - FORMIGAS MORREM NO FORMIGUEIRO


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO! A ordem dos acontecimentos deste capitulo é baseada no FILME Jogos Vorazes, é claro, com a alterações necessárias >



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A única coisa que sinto, é meu corpo sendo levado para uns poucos metros atrás.

Luto para abrir meus olhos, e quando os abro, sei que devo lutar mais bravamente para mante-los assim. Tento me sentar com as pernas cruzadas, mas parece que meu corpo está infinitamente mais fraco, sinto os músculos fazerem muita pressão contra o chão, para manter meu tronco para cima. Volto a ver tudo em pares idênticos. Essa não é uma sensação boa. É como uma prisão te tontura que você tenta se livrar, mas seus olhos não colaboram. Eles ficam girando e girando, tentando se focar em algo que nem você definiu ainda, mas uma plantinha sequer, já é o que eu preciso para me concentrar.

Uma coisa passa brilhante pelos meus olhos confundidos. Ela está a uns centímetros a frente. Tenho a estranha sensação de que se eu tocar nisto, eu vou me queimar, mas arrisco mesmo assim.

É metal. Mas não está quente, acho que um pouco morno, pois estava sob o sol.

Outra coisa aparece mais a minha frente, tento concentrar minha visão extremamente pesada e turva no objeto que também é metálico.

É inevitável não levantar a cabeça, e ver a fumaça preta se erguendo a partir do que era uma pirâmide majestosa e cheia de suprimentos.

Ela conseguiu explodir afinal.

A imagem dos Carreiristas vendo o estrago feito, e desesperados como um bando de formigas que tiveram seu formigueiro pisado, me fez rir baixo, mas em poucos segundos, o riso se tornou mais presente. Mas, por que deveria me preocupar? Os Carreiristas já não estão mais no topo da lista de patrocinadores. Katarin Sei Lá O Que já provavelmente tomou este lugar.

Chego mais perto do objeto e consigo identificá-lo. Se trata de uma faca de arremesso, um pouco maior que a outra que tinha pegado da primeira vez que vim, na segunda noite.

Quanto ao outro objeto de metal que voou ao meu encontro, eu não tenho como saber o que é nem para que serve, de modo que abro desajeitadamente minha mochila laranja e o enfio dentro. A faca deixo na mão.

Um BUM entorpece meus sentidos subitamente. Sei do que se trata: alguém acabou de morrer. Meu primeiro intuito é olhar entre os arbustos para os restos de suprimentos que ou estão estraçalhados o estão em chamas. Mas o corpo do tributo do Distrito 3 caído inanimadamente no chão, me chama atenção por vários segundos.

O tributo grandalhão do 2 está acima dele, ele o matou.

Este tipo de noção é o que faz eu me levantar com um grunhido e tentar correr. Mas algo gela ainda mais minhas entranhas, uma simples frase:

–Olhem! Ela está ali! Esta correndo! - é só o que consigo ouvir, e uma certeza de sangue invade minha mente.

Não há como eu escapar desta vez. Se eu subir em uma arvore, eu caio, a tontura me faria vomitar e eu nem subiria tanto. Se eu me esconder entre as folhagens, vão me achar, estou com uma mochila laranja agora! Nada seguro definitivamente. Se eu correr, eu vou perder os sentidos e vou acabar com a enorme espada duplamente laminada rasgando minhas costas.

A sensação de quando você se corta com papel, ou até com uma faca, não é das mais agradáveis. A sua pele se abre e você consegue sentir o ar pressionando para entrar mais afundo em sua carne, enquanto o liquido límpido e rubro, transborda para fora. Imagino um corte muito maior e mais serio, com a pele caindo em sobras ensangüentadas, enquanto o aço torna-se um substituto para a mesma.

–Vamos! Ela não vai escapar! – diz alguém a uns quinze metros atrás de mim.

Forço minhas pernas exaustas a mais um passo adiante, mesmo que seja impossível, adquiro uma marcha lenta e insuficiente.

O medo arde tão dolorosamente quanto o aço. E é tão mortal quanto. Não quero sentir o sabor da morte, não agora. Cheguei muito longe, mas o cansaço já venceu.

Arrisco uma olhadela para trás e vejo justamente o que não queria. O garoto alto do Distrito 1 correndo furiosamente com uma lança nas mãos.

O lance das formigas perde a graça quando minhas pernas desistem de andar involuntariamente, e eu desabo ao chão. De certa forma, curiosa para saber como é a sensação de uma lança atravessar seu coração como vento atravessa os galhos de arvore.

Então, nessa fração de tempo, um grito ecoa pelas arvores, um grito fino e sufocado. Clamando por atenção. Eu sei de quem ele pertence, só pode ser da garotinha de doze anos, do Distrito 11. Katarin? Mas na verdade o grito ecoa: Katniss!

Katniss! É esse o nome dela! É esse o nome que faz o tributo do Distrito 1 mudar de direção espontaneamente, em direção a pobre garotinha que não pode estar a mais de seiscentos metros daqui. E que daqui a uns segundos, provavelmente terá uma lança cravada no coração, como eu teria.

É esse o momento, e eu não posso desperdiçá-lo. Luto para ficar em pé novamente e tento correr ao menos um pouco. Minhas pernas pesam o triplo e a mochila equivale a um corpo. Preciso pelo menos chegar a um lugar seguro antes do anoitecer, pois sei que não chegarei ao meu refugio hoje.

Raios de sol são fragmentados pelas folhas nas copas das arvores, e se esparramam pela terra, fazendo com que várias concentrações de um laranja brilhante sob folhas secas e raízes, queimem minha vista.

Em meio a tropeços e a passos, consigo chegar à fonte que salvou a minha vida no primeiro dia dos Jogos Vorazes. A minha vida e a de Katniss. Eu bebo dela e lavo meu rosto, tentando deixar escorrer a marca da angustia que o tributo do 1 deixou em mim a uns momentos atrás. Faltava uns dois metros para ele me alcançar por completo. Ele poderia simplesmente ter atirado a lança em mim, ia ser mais fácil e mais rápido. Bem, pelo o que vi das habilidades dele no Centro de Treinamento...

Eu me deito ali na fontezinha só pra recuperar 100% dos meus sentidos, meu ouvido ainda lateja por causa do som da explosão. Mas esse tipo de pensamento me faz dormir, então, esqueço-os.

Algo mais interessante acontece. Um tiro de canhão é disparado. Acredito que a lança tenha finalmente rasgado a garotinha do 11. Isso seria muito sujo se não estivéssemos num Jogo. Um garoto de uns dezessete anos, contra uma menininha de doze.

Mas algo me surpreende de repente: outro tiro de canhão. Minha intuição me avisa que aluem pagou pela morte da do 11...

Um ataque de risadas atordoa minha garganta novamente. Ora! Quem diria!

Não eram as maiores formigas que sobreviviam no formigueiro?


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!!! Comentem se tiverem gostado, e se não tiverem também! Não tenham vergonha de criticar, isso ajuda muito mesmo. Se quiserem, recomendem tb, ajuda MUITO na divulgação



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