Normalmente, nos contos de fadas as princesas sonham com príncipes, cavalos brancos, o sapato de cristal e o baile real. Os príncipes vestiam-se a rigor tal como as princesas e, juntamente com a sua espada afiada e o seu cavalo branco, iam com toda a determinação salvar a sua donzela do temível dragão, cujo este a rapta e a leva para uma torre muito alta para que seja impossível lá chegar. No final, o príncipe acabava sempre por derrotar o enorme dragão salvando assim a sua amada, selando o seu amor com um beijo.
Mas nesta história, não há príncipes com espadas afiadas nem princesas do tipo cliché ou seja não sonhavam com que o seu príncipe chegasse num cavalo branco ou de qualquer outra cor. Havia apenas uma princesa muito fora do comum e um dragão, não um daqueles dragões ferozes e malvados que raptavam princesas para pedir a sua mão em casamento mas sim o tipo de dragão desleixado e comilão que se importava com os seus amigos e as pessoas que ama.
Para dizer a verdade, isto não é um conto de fadas mas sim, Fairy Tail.

Nesta guilda conhecida por toda Magnólia e até Fiore, os magos participavam em missões e as resolviam acabando sempre por receber uma recompensa pelo seu trabalho e esforço. A guilda sempre envolvia brigas e confusões mas eram todos tão unidos e fortes cada um à sua maneira que fariam qualquer coisa para proteger um deles.

Lucy POV

O despertador tocou e eu, ainda meia com dificuldade, estendi o meu braço para o desligar. Deixei-me ficar ali debaixo dos cobertores, não consegui evitar fechar os olhos e, por uns instantes, imaginei-me num palácio vestida com um enorme vestido de cor rosa choque feito de seda. Comecei a ver um vulto que vinha na minha direcção, percebi logo que seria o meu pai, este dizia-me umas coisas estranhas cuja minha mente não chegou a perceber mas deu para ver pela minha expressão que eu estava triste como se aquelas palavras me tivessem magoado. Abri os olhos rapidamente e olhei em volta, não estava no palácio felizmente. Suspirei de alívio.
Levantei-me e fui abrir a janela. Sorri.
Magnólia estava radiante. As flores de cerejeira tinham acabado de brotar o que era uma coisa linda de se ver e isso significada que a Primavera estava a chegar. Sempre adorei os Hanami, aquela mistura de cores arroxeadas e arrozadas faz-me querer ficar a olhar para eles todo o dia e toda a noite. É por isso que amo esta estação do ano.
Chamo-me Lucy…Lucy Heartfilia e tenho 17 anos. Sou filha do rei e da rainha, Jude e Layla Heartfilia mas…a minha mãe morreu ainda era eu nova desde então tenho vivido com o meu pai durante a minha infância e adolescência mas devido ao facto de o meu pai nunca me dar ouvidos por causa do trabalho tive de fugir de casa. Neste momento, estou a viver aqui em Magnólia numa casa de aluguer…E sabem que mais? Sinto-me feliz aqui! Tenho os meus amigos da Fairy Tail que são a minha verdadeira família!
Desci as escadas para tomar o café da manhã, não era nada de muito grande como fazia antigamente...Era uma coisa simples como tem sido nestes últimos anos que tive a viver aqui. Olhei em volta ainda a mastigar os cereais, a casa estava silenciosa. Suspirei, pousei a taça de cereais no lavatório, coloquei as chaves do zodíaco à cintura e saí.
Estava eu andando com os braços estendidos e com um sorriso estampado no rosto pela berma do passeio junto ao rio quando ouvia umas vozes de uns pescadores que iam a passar.
– Menina Lucy, tenha cuidado ou ainda cai!
– Sim, não se preocupem!

Lucy POV off

A guilda Fairy Tail, uma das guildas mais poderosas e conhecidas em toda a Fiore fundada por Mavis, a primeira mestra. Actualmente, a guilda pertence ao terceiro, Makarov.
Fairy Tail destacava-se mais na equipa mais forte chamada Team Natsu, composta pelo próprio Natsu Dragneel, um mago dragão de fogo conhecido como Salamandra treinado por Igneel, Gray Fullbuster, um mago de gelo treinado por Ur, Erza Scarlet conhecida como Titânia, Wendy Marvell, uma dragon slayer do ar treinada por Grandeeney, Happy e Charles e por fim Lucy Heartfilia, uma maga celestial.
Neste momento, a guilda encontrava-se calma, toda a gente estava sem nada para fazer alguns já tinham ido em missão outros…nem por isso.
– Lucy!
O mago de fogo que se encontrava com a cabeça deitada no balcão levantou-a rapidamente e sorrio ao ver a loira entrar pela guilda pensando esta não estar a dar muito nas vistas. A maga celestial dirigiu-se ao seu grupo e cumprimentou-os com um sorriso.
– Ohayo, minna-san!
– Ohayo! – Responderam todos em uníssono.
– Lucy, vamos fazer uma missão já! – Disse logo Natsu pondo-se à frente de todos para encarar a loira que fazia uma expressão de como já previa que isso acontecesse, talvez por já estar habituada.
A maga revirou os olhos para longe coçando a nuca.
– Etto…acho que isso até era uma boa ideia visto que estou a ficar sem dinheiro para pagar a renda…
– Sendo assim eu também vou, também preciso de fazer uma missão… - Erza intrometeu-se na conversa com os olhos fechados e com um sorriso, depois os abriu olhando para Gray seriamente – Tu também vens, certo?
– Oh sim claro… - Afirmou o moreno coçando a nuca.
O rosado preparava-se para dizer qualquer coisa do tipo “Então vamos! Moete kitta zo!” mas foi interrompido pelo bater da porta. Romeo foi abrir e de lá saiu uma rapariga de cabelo meio loiro esverdeado com uma expressão séria no rosto, a moça levava uma carta na mão e dirigia-se à Heartfilia.
– Oh, Michelle! – A loira olhava admirada para a rapariga – O que fazes aqui? Eu pensei que tivesses ficado no palácio…
Michelle Lobster, a irmã/prima de Lucy. Não há muita coisa para dizer sobre ela, simplesmente Michelle veio de uma família rica que se juntou com a de Lucy devido a um ataque de uma guilda negra desconhecida que destruiu o seu reino acabando esta por ir morar no castelo dos Heartfilia.
– Eu vim entregar-te isto, Nee-san…
Michelle, ainda com a mesma expressão que anteriormente, estendeu a mão para lhe dar uma carta. A loira agarrou no manuscrito, séria e ficou a olhar para ele.
– Foi o Tio Jude quem escreveu…é melhor leres…
“Oto-san…com que então ainda me escreves cartas…” , a maga continuava a olhar para a carta fixamente com uma expressão séria mas no fundo ela estava feliz por receber noticias do pai.
De repente, a loira levantou a cabeça e olhou para Michelle.
– Uh…Não seria mais fácil mandares-me a carta do que vires até aqui só para a me entregar?
Os olhos da mocinha encheram-se de lágrimas e esta curvou-se perante Lucy.
– Gomen ne, demo…Eu queria ver-te, eu estava com saudades tuas, nee-san e..e..queria estar contigo mais uma vez..nem que seja só por pouco tempo…atashi…!
Há medida que falava, Michelle formava um rio de lágrimas e a loira para a acalmar pousou a sua mão no ombro da irmã.
– Calma, calma, eu também estava com saudades tuas. – A maga sorria enquanto dizia isto, aquelas lágrimas mostravam-lhe nostalgia.
– Honto ni?? (A sério?)
O rosto da moça iluminou-se e esta abriu um sorriso brilhante aproximando-se de Lucy ao qual esta última apenas lhe fez festas na cabeça fazendo um sorriso afirmativo.
– A-Ano…Não vais ler a carta, Lucy-san?
Wendy que também estava ouvir, intrometeu-se meio tímida. A loira olhou para ela e depois para a carta.
– Huh…Oh…é verdade!
Rapidamente, a rapariga sentou-se e ficou a olhar para o envelope a decidir se abria ou não depois desviou o olhar para Michelle que a olhava como se dissesse “Anda, vamos, abre-a” , a maga fez um sinal afirmativo com a cabeça e olhou novamente para o manuscrito. A loira, decidida, tirou a carta de dentro do envelope e ganhou forças para lê-la respirando fundo.

Querida Lucy,
Sei que já há muito tempo que não falamos e sei que me odeias mas…Eu tenho uma coisa muito importante para te dizer. E não quero que seja dito numa simples carta, eu vou ser claro: Preciso que venhas aqui ao palácio, imediatamente.
Antes que comeces com essas coisas da liberdade eu só quero que saibas que é para o teu próprio bem! Lucy, tu tens quase 18 anos e estás a crescer não é uma guildazinha que te vai ajudar no futuro, por vezes em várias circunstâncias da vida tens de aprender a lidar com as coisas sem essa chamada magia pois um dia tu vais ser a próxima sucessora do trono e vais ter de aprender a gerir o povo. Tu és uma Heartfilia, tens o poder no sangue, lembra-te disso.
Bom, era só isso que te queria dizer nesta pequena carta…
Despede-te dos teus amigos e vem com o teu pai.
Te amo,

Pai

Terminando de ler a carta, os olhos da maga celestial tremiam e o coração palpitava. Já há muito tempo que não sentia aquele medo, aquela insegurança de ter um pai que mal lhe ligava e quando ligava era para lhe dar ordens.
Quando a sua mãe era viva, as coisas eram diferentes pode-se dizer que Layla era a luz que lhe iluminava o dia, era o que Lucy queria, seguir os passos da mãe e tornar-se uma maga celestial mas quando a sua mãe morreu essa luz tornara-se no seu pior pesadelo…
“Oto-san….Doushité?...Tu ainda não mudaste nada…Depois de tudo o que passei…a Phantom…”
Uma lágrima escorria pelo olho direito da garota caindo sob a carta, logo a maga baixou a cabeça.
Natsu, Erza, Wendy e Gray olhavam para ela confusos e, apesar do barulho, tudo à sua volta parecia-lhe desaparecer ficando um silêncio infinito, uma solidão inexplicável num abrir e fechar de olhos, imaginou-se outra vez sozinha no seu quarto vazio, a chorar.
– O que se passa…Lucy?
Erza tomou a iniciativa aproximando-se mais um pouco da loira, mas esta não lhe respondeu em vez disso deu um murro na mesa de frustração erguendo a cabeça.
– Como é que ele se atreve?! Como é que ele se atreve a mandar em mim outra vez?!
Os olhos da garota estavam húmidos e, ao mesmo tempo, sentia a raiva acumular-se sobre si, desde o ataque da Phantom que não sentia tamanha raiva.
Mais uma vez todos ficaram a olhar para a maga com um ar preocupado.