Três dias à Romione escrita por Analu Granger


Capítulo 2
Desejo como necessidade




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– Deveria ter preparado algo mais especial. – dizia a Sra. Weasley para Hermione aquela manhã, enquanto mexia nas panelas enchendo os pratos e xícaras para a família na mesa – Está tão abatida querida, merecia uma boa sopa fortificante.

– Sopa no café da manhã? – repulsou Gina com uma careta – Coitada da Hermione mãe.

– Se ao menos tivessem nos avisado – continuou Molly – Mas Rony anda tão cheio de segredos ultimamente.

– De novo isso mãe. – irritou-se Rony do outro lado da mesa, a meio caminho de comer mais um pedaço de sua panqueca – Já disse que não estou escondendo nada.

– Muito obrigada Sra. Weasley, mas estou bem, não se preocupe. – disse Hermione gentilmente intervindo a Rony – E me desculpe, a culpa foi minha. Rony não sabia também, eu vim de última hora e acabei não avisando.

– Ora, não se desculpe minha querida, sabe que é bem-vinda a qualquer hora. – disse em resposta – É só que não tenho mais notícias, Rony não me conta mais nada, tem alguma coisa errada...

– Mãe, por favor. – cortou Rony após engolir seu último pedaço e largar o garfo que segurava – Hermione disse que eu não sabia, queria que eu contasse o que? Já disse que não estou escondendo nada.

– Eu espero mesmo que não estejam. – insistiu fazendo Rony revirar os olhos.

– Vou arrumar meu quarto, com licença. – informou Rony se apresando em sair dali ou teria que presenciar mais um bombardeio de perguntas da Sra. Weasley.

Rony não tirava a razão de sua mãe, imaginava sua aflição em tempos difíceis como este, afinal também possuía um pouco deste sentimento. Mas precisava poupá-la de mais uma preocupação, além de que ele, Harry e Hermione deveriam manter tudo em segredo até que a hora certa chegasse. Enquanto isso, precisava manter-se plácido para transmitir segurança a sua família.

Assim que chegou ao seu quarto, largou-se desajeitado na cama e se permitiu olhar para o teto pelo o que pareceu um longo tempo. Não se importava com a bagunça no local, a arrumação era só uma desculpa para sair dali e poder ficar sozinho durante algum tempo, o que não durou muito, pois alguém bateu a porta.

– Achei que estaria arrumando seu quarto. – disse Hermione à porta ao encontrá-lo esparramado na cama desarrumada.

– Já arrumei, não está vendo?! – brincou sentando-se e fazendo sinal para que ela entrasse.

– A claro, me desculpe, não olhei para aquele canto. – entrou na brincadeira apontando para um canto estreito no quarto onde havia alguns livros empilhados corretamente, talvez porque Rony nunca mexia neles.

Ambos riram e Hermione se aproximou para sentar ao lado de Rony na cama.

– Mamãe também te encheu de perguntas? – perguntou Rony.

– Algumas. – respondeu.

– Bom, quando quiser usar minha desculpa, o quarto vai estar sempre desarrumado. – ofereceu o ruivo arrancando uma risada de Hermione.

O instante seguindo decorreu com ambos em silêncio, encarando o nada sem muita ação ou com receio de começar, até que Rony retomou a conversa.

– Como passou a noite? – perguntou.

– Pra falar a verdade, não consegui pregar os olhos um minuto. – respondeu Hermione olhando as próprias mãos – Mas isso me ajudou a pensar em algumas coisas.

– Que coisas? – disparou ficando extremamente envergonhado logo após pela pergunta indiscreta – Quero dizer, se quiser conversar sobre isso... desculpe.

– Eu realmente quero conversar com você sobre o que pensei, não precisa se desculpar, foi pra isso que vim aqui – explicou – Não conseguiria ir sem te avisar.

– Ir? – repetiu Rony confuso – Ir pra onde Mione?

– Eu sei que é loucura, mas eu preciso voltar uma última vez Rony... – sua voz falhava e o choro já consumia Hermione enquanto despejava as palavras urgentes – Eu preciso saber se o feitiço deu certo, se ainda estão em casa ou se conseguiram viajar...

– Hermione você enlouqueceu? É perigoso, não pode voltar lá sozinha. – disse Rony atordoado, começava a ficar tão aflito quanto Hermione ao vê-la aos prantos novamente.

– Eu sei que é, eu sei. – respondia tentando manter o fôlego – Mas eu preciso Rony, não vou ficar em paz se não fizer, já levo culpa demais pelo o que fiz com eles, eu só... só quero diminuir um pouco meu fardo.

– Foi para o bem deles Hermione, você já os salvou agora é sua vez de se manter a salva.

– Como vou saber se realmente os deixei a salvo Rony?

– Você é boa com feitiços e pensou em tudo para que desse certo até o final. – tentava Rony – Você precisa confiar Mione, vai ficar tudo bem.

– Não é uma escolha Ron, eu já decidi, vou voltar durante a madrugada. – informou seriamente, já não chorava mais, a determinação assumira o lugar das lágrimas e Rony sabia que era uma guerra perdida continuar insistindo.

– Por Merlin Hermione... – disse passando a mão no cabelo em um gesto de preocupação e, apesar do momento impróprio, Hermione achou aquele gesto irresistivelmente sedutor.

– Depois do jantar, quando todos forem dormir e Gina pegar no sono, vou aparatar até alguns metros distantes da minha casa para me certificar de que não há ninguém por perto ou dentro da casa e ai serei rápida. – explicou resoluta – Eu volto em menos de uma hora.

– Você não, nós. – corrigiu o ruivo.

– Não, já disse que vou sozinha Rony. – devolveu – Já vai ser perigoso demais pra uma pessoa só.

– Exatamente por isso. – insistiu – Ficou doida Mione? Não vou deixar você se arriscar sozinha.

– Rony...

– Já está decidido. – cortou levantando-se para verificar um barulho que vinha do corredor.

Tomando o cuidado de encostar mais a porta, Rony se aproximou rapidamente sussurrando.

– Quando Gina dormir venha para cá, vou estar te esperando para irmos juntos. – avisou – Agora finge estar arrumando alguma coisa porque Fred está vindo.

– Olá jovens! – exclamou Fred entrando no quarto fazendo Hermione se sobressaltar e derrubar alguns papéis que enchera seus braços para fingir estar os organizando – Atrapalhei algo?

– Não enche Fred. – bufou Rony dobrando algumas peças de roupa que já estavam dobradas.

– Bom, se estavam realmente arrumando o quarto, o que eu duvido muito – sussurrou a última frase arrancando uma careta de Rony antes de continuar – Acho melhor desistirem porque nem com feitiçaria “braba” essa bagunça se resolve.

– Muito obrigado pela observação. – respondeu Rony – Agora se você puder dizer logo o que quer, temos muita coisa para fazer ainda.

– Se é assim, Gina está te chamando Mione, não sei o porquê e nem para quê, apenas vim passar o recado.

– Bom, então eu vou lá. – disse Hermione passando um olhar rápido, mas significativo, em Rony antes de sair do cômodo – Obrigada Fred.

– De nada minha querida. – respondeu antes de se voltar a Rony novamente – Hermione chegou ontem e você já está arrastando a garota pro seu quarto.

– Cala a boca Fred!

***

O corredor estava escuro e silencioso, a não ser pelos passos sorrateiros e rápidos de Hermione.

– Ai, mas o que... – exclamou a morena ao colidir fortemente com algo que surgira subitamente em sua frente – Rony!

– Finalmente, vem logo. – disse o ruivo a puxando pelo braço tão repentinamente quando aparecera.

– O que estava fazendo? – perguntou esfregando o braço, ainda se recuperando do susto.

– Desculpe, te machuquei? – apresou-se Rony preocupado para verificar a amiga.

– Não, estou bem, só me assustei. – respondeu quase perdendo a fala pela aproximação de Rony, era possível sentir a respiração apressada do ruivo.

– Me desculpe, não era a intenção. – disse ligeiramente sem graça ao perceber o repentino desconforto de Hermione por ter ousado ficar tão próximo, desviou o olhar e deu alguns passos para trás até encostar-se na janela antes de continuar – Você estava demorando então decidi ir ver o que estava acontecendo, ai o resto você sabe, acabei trombando contigo na porta do quarto.

– Gina demorou a dormir, só agora ficou quieta. – explicou.

– Nesse caso, é melhor não demorarmos muito a voltar. – disse Rony – Tem certeza que quer mesmo fazer isso?

– Absoluta certeza, é uma necessidade para mim Ron.

– Se é assim, vamos lá então. – disse estendo a mão para que Hermione a segurasse, mas a morena hesitou.

– Ainda acho melhor eu ir sozinha Rony, não precisa se arriscar por isso.

– Hermione para de ser teimosa ao menos uma vez, eu já disse que vou com você e está decidido. – insistiu Rony empunhando novamente a mão em sua direção.

Com um meio sorriso contido em resposta, Hermione segurou a mão do ruivo se sentindo estranhamente segura. Sabia que era perigoso e que não fazia ideia do que poderia encontrar por lá, mas a presença de Rony transmitia segurança, poderia ser capaz de enfrentar qualquer coisa apenas pelo simples toque entre suas mãos. Então um frio os preencheu quando em um rodopio aparataram.


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