Cidade da Garoa. escrita por Pequenina


Capítulo 1
Cidade Da Garoa - One-Shot.


Notas iniciais do capítulo

roupa da Manu: http://ak1.polyvoreimg.com/cgi/img-set/cid/126540703/id/YN7MZUb_4xG4ZV57Nxsv_g/size/l.jpg

roupa do Luca: http://ak1.polyvoreimg.com/cgi/img-set/cid/126546327/id/XIAFD07_4xGJefVx2__Y_w/size/l.jpg

roupa da Manu no apartamento do Luca: http://ak2.polyvoreimg.com/cgi/img-set/cid/126547964/id/xEM_bFD_4xG8AMNDm_7EJQ/size/l.jpg



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- Coloque o guarda-chuva na bolsa, Laura Manuela, vai chover!

O aviso de minha mãe pela milésima vez fez com que eu virasse os olhos. Está um dia lindo, com sol e quase nenhuma nuvem no céu azul clarinho. Terminei de colocar meus tênis all star e apoiei a mochila em meus ombros.

- Mãe, está um dia lindo. Não vai chover, é cisma sua.

- Tudo bem então, Laurinha, mas quando chover eu vou esfregar na sua cara!

- Tchau, mãe. Volto bem tarde, vou passar na biblioteca depois do cursinho.

Sai de casa e fui andando devagar até o ponto de ônibus. São sete da manhã, entro na escola as sete e meia. O uniforme do meu colégio vestia-me consideravelmente bem. Não tinha realmente do que reclamar. Levo uma roupa na mochila para colocar na saída, durante a meia hora que tenho de intervalo entre o colégio e o cursinho.

Desci no ponto em frente a minha escola, e encontrei Sofia em frente ao portão.

- Manu! – Sofia cumprimentou-me animadíssima.

- Oi, Sofia. Por que toda a animação, hein? – sorri.

- Tem festa hoje à noite! Vai ser demais, nós vamos junto com a Tati...

- Calma aí, baixinha. “Nós”? – arqueei uma sobrancelha.

- Não sou baixinha, Manu! E sim senhorita, nós! Você vai, entendeu bem?

- Eu tenho cursinho e depois vou passar na biblioteca. Não vou não.

- Eu disse que vai. Se você não ficar, ate tarde da noite, um dia na biblioteca não vai desaprender! E você não sai faz meses.

- Tá bom, Sofia.

Enquanto ia para a sala de aula, pensei nos argumentos da minha amiga. É verdade, afinal. Faz meses que eu não saio para me divertir. Mas eu preciso estudar, o vestibular e o ENEM estão muito próximos. Vou decidir minha vida inteira daqui a alguns meses e preciso estar preparada.

“Não, Manu, você vai a esta festa e vai se divertir.” Pensei, enquanto sentava-me na primeira carteira, em frente à mesa do professor. A aula sobre história, Revolução Francesa, passou fácil e eu fiz minhas anotações. Português, física e espanhol também foram tranquilas. O sinal para o intervalo veio na hora certa, pois eu estava morrendo de fome. Peguei meu dinheiro e esperei que Sofia viesse até mim.

- Eu não entendi nenhuma daquelas fórmulas, Manu. E o professor disse que vai cair nas provas finais!

- Talvez seja por você prefira conversar com o Miguel, né?

- A aula é chata.

- E mesmo assim eu presto atenção, Sofia!

- Você é a Manu, prefere livros a maquiagem.

- Você sabe muito bem que não. Eu uso a maquiagem quando preciso, e leio livros quando necessário.

Comi meu lanche, uma esfiha de carne, enquanto ouvia Sofia e Tatiane falarem sobre a festa de hoje, a roupa que iriam usar e a maquiagem perfeita.

- A perfeição chegou, gatas! –

Lorenzo sentou-se ao meu lado, dando uma mordida no meu lanche.

- Oi Lorenzo. Vai à festa da Sara hoje?

- Claro né Sofia! Eu não perderia por nada. – deu um sorriso de astro de Hollywood – E conseguiram fazer nossa Cinderela ir? – piscou para mim.

- Sim, Lorenzo. – respondi – Você que teve a brilhante ideia de fazer Sofia me obrigar a ir?

- Sim, mon amour. Você tem que sair, fica o tempo todo estudando.

- Vestibular e ENEM estão quase aí, Lorenzo!

- Mesmo blablabla de sempre, Manuela!

Dei língua pra ele. Ter um amigo gay é ótimo, muito legal e engraçado – até ele resolver cuidar da sua vida social.

- Manu, vou buscar você no cursinho hoje. – ele deu um sorriso travesso – Esteja pronta cinco minutos após ser liberada.

- Lorenzo!

- Manuela!

E levantou-se, indo para perto de Victor, seu affair. Revirei os olhos, Lorenzo não toma jeito. Sinal de fim de intervalo, indicando mais duas aulas para enfim sermos liberados. Matemática, dobradinha, passou tão rápido que quando o sinal da saída tocou eu demorei um pouco para assimilar.

Corri para o vestiário. Vesti meus jeans escuros, minha t-shirt branca com um sorriso de gato estampado e um cardigan preto. Meu all star xadrez vermelho no pé, meu pircieng de argola (duas argolinhas no canto da boca, acho um charme) e meu cabelo liso.

Pronta, sai do vestiário com pressa. Andei os 10 minutos até onde meu cursinho. Na cantina, pedi meu almoço. Almoço mais parecido com o meu lanche de mais cedo: um hamburgão, coca cola e uma barrinha de chocolate. Uma hora da tarde, já estava dentro da sala de aula.

***

Sai do cursinho as sete da noite, e fiquei na praça em frente esperando Lorenzo. O qual não chegou, depois de meia hora de espera.

“De: Manu

Para: Lorenzo

Cadê você, Lorenzo?”

Mensagem enviada, aguardei sua resposta.

“De: Lorenzo

Para: Manu

Ops, rsrs. Meu amigo vai passar ai, seu nome é Luca e tem um jeitinho de emo. Bjbj, gata.”

Arregalei os olhos. Idiota! Nunca tive tanta vontade de arrancar um por um os cabelos loiros de Lorenzo. Não acredito nisso! Para melhorar minha raiva, ironia, começou a chover. Nem uma chuvinha, nem uma garoa. Um temporal! Fiquei encharcada em segundos. Respira fundo, Manuela, você não precisa se lembrar que sua mãe disse mil vezes para levar o guarda-chuva. E que agora Dona Cecília deve estar rindo de você.

- Você é a Manu?

- Sim. – percebi que tinha algo impedindo que a chuva me molhasse ainda mais.

- Eu sou o Luca. Lorenzo disse que você estaria aqui. – o guarda-chuva azul que segurava era do mesmo tom que seus olhos.

- É, eu estou. Poderia estar sequinha na biblioteca estudando, mas esperei o Lorenzo.

- Você não tem guarda-chuva?

- Não, não tenho. E também não quero ir a festa nenhuma molhada assim!

- Vamos lá pra casa, Manu.

- Oi?

- Eu não vou te estuprar, garota. Relaxa.

Tudo bem. Um garoto lindo, dos olhos azuis e cabelos negros estilo emo está me convidando para ir para sua casa. Eu não deveria aceitar, certo? É, não deveria, mas aceitei com um aceno de cabeça.

A conversa durante o caminho foi animada, ele tem o mesmo estilo de músicas que eu. Usava um piercing no septo, mas o furo fechou. Seu apartamento era perto da onde estávamos, uns 10 minutos andando a pé.

- Lá no banheiro tem uma toalha limpa na gaveta, é a terceira porta. Vou pegar umas roupas secas pra você.

Segui o caminho que me foi dado e entrei no banheiro. Tirei a roupa molhada, menos a lingerie, e me sequei com a toalha branca macia que encontrei. A porta foi entreaberta e umas roupas deixadas ali, na pia. Com a porta fechada, Luca disse que ia fazer chocolate quente e que era para eu encontrá-lo na cozinha – já devidamente vestida.

Coloquei o shorts preto e a camisa xadres vinho rapidamente, estava com frio. Olhei no espelho: meu cabelo antes impecavelmente liso agora estava ondulado nas pontas e já quase seco. Deixei minhas roupas penduradas no boxe, espero que estejam secas logo.

“De: Manu

Para: Mãe

To na casa de um amigo, mãe. Começou a chover e não deu pra ir na biblioteca. Volto quando minhas roupas secarem, beijos.”

Peguei minha bolsa e coloquei meu celular dentro, indo para a cozinha. Encontrei-o fazendo o chocolate.

- Oi.

- Deixa a bolsa lá na sala, Manu.

- Tá bom.

Fui até a sala. Decoração simples: um sofá preto de três lugares encostado na parede, um menor azul marinho ao lado e um hack de madeira em frente, com uma TV e um aparelho de DVD em cima, um XBOX 360 numa prateleira abaixo.

- Manu, quer assistir um filme?

- Quero sim, coloca um aí.

Ele entregou-me uma caneca com o chocolate quente e foi até sua televisão. Abriu uma gaveta e pegou uma caixinha de DVD. Colocou o filme, e então o logo da Warner apareceu na tela. Meus olhos brilharam, será que ele colocou Harry Potter? Luca apagou a luz e veio senta-se ao meu lado.

“Harry Potter and the Secret Chamber” foi o que apareceu na TV e me fez sorrir. Meu filme favorito da saga! Será que ele também é Potterhead? O filme começou e eu sorria.

- Você é Potterhead?

- Sou sim, você é?

- Sou sonserina com orgulho. – respondi.

- "Ou quem sabe você pertence à Slytherin, e ali fará seus verdadeiros amigos, homens de astúcia que usam quaisquer meios, para atingir os fins que antes colimaram" – ele citou a fala do chapéu seletor definindo a casa.

- Sonserino?

- Com orgulho.

- “Porque nos sonhos entramos num mundo inteiramente nosso.Deixe que mergulhe no mais profundo oceano,ou flutue na mais alta nuvem.” – disse minha fala favorita.

- Concordo plenamente. – ele sorriu de lado.

Enquanto assistíamos ao filme, conversamos sobre Harry Potter. Eu contei que shippo Dramione, e ele riu comentando que também shippa. Descobri que ele é um grande fã de Linkin Park, sendo sua música favorita também Lost In The Echo.

- “And this promises broken, deep below, each word gets lost in the echo, so one last lie, I can see through, this time I finally let you go” – ele cantou.

- Uau, que voz linda. – bati palma.

- Obrigado. Eu toco guitarra e sou vocalista de uma banda. – piscou – Te chamo pra área VIP quando for famoso, gata.

Ri de sua piada. Conversando mais um pouco, descobri que ele gostava de Avril Lavigne. Cantei um trecho de What the Hell para ele.

- Uuuh, a mocinha certinha cansou de fazer tudo direito.

- Claro, ser santa cansa. Agora sou rebelde.

Sua risada ecoou pelo apartamento, grandiosa e melodiosa. Notei que seus olhos se fechavam, numa careta. Seu cenho franzido, covinhas nas bochechas. Lindo. Quando seu riso parou, ele me encarou de volta.

- Seus olhos tem um brilho lindo, Manu.

- Obrigada. – corei.

- Você iria me odiar se eu te beijasse agora?

- Não.

Luca pegou a caneca da minha mão e deixou no chão, junto com a sua. Com uma mão, fez carinho no meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo para trás. A outra foi para a minha cintura, o dedão fazendo carinho por cima da blusa. Aproximou o rosto do meu, fechei os olhos. Seu hálito de chocolate invadiu minhas vias aéreas, passou o nariz na minha bochecha delicadamente. Seus lábios encostaram-se levemente nos meus, um selinho. Deu outro selinho, dessa vez mais demorado. O roçar dos lábios foi mais forte, pediu passagem com uma mordidinha de leve em meus lábios. Cedi, o beijo tomando forma. Beijo calmo, delicado. Uma mordidinha no meu lábio inferior terminou, seguido de um selinho. Encostou nossas testas, o ar que respirávamos sendo dividido.

- Luca?

- Sim?

- Sabe, não ouvir minha mãe e não trazer o guarda-chuva nunca deixou-me tão feliz.

- Morar na cidade da garoa e ter chuvas repentinas sempre foi uma coisa irritante pra mim, passei a gostar disso Manu.


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