Randal procurava pelo seu irmão em todos os cantos. Não fazia muito tempo desde quando se separaram por causa de um barulho vindo do lado de fora.

– JAAAAAAAAACK! – Chamou mais uma vez, colocando as mãos ao redor da boca para que sua voz ficasse mais alta de alguma forma.

Não olhava por onde andava e acabou trombando com alguém no meio do caminho. A força não foi o suficiente para que caíssem, mas que uma repentina dor se alastrasse pelo braço de Randal. Então percebeu que a dor era aguda demais para ter sido causada por um simples empurrão. Levantou a cabeça para dar de cara com uma garota não muito mais nova que ele.

Ela tinha cabelos compridos e ondulados, tendo uma mecha cor de rosa contrastando sobre o negro; olhos azuis claros e que naquela hora o observava com preocupação e um sorriso cortado em seu rosto igual ao de Jeff. Quem olhasse, acharia que ela estava fazendo cosplay do assassino.

– Meu Zalgo! Você está bem? – Ela indagou desesperada.

– Estou sim... Ai! – Apertou o braço com a mão, e quando voltou, percebeu que estava manchada de sangue – Masoq... – Olhou para a mão da garota procurando a causa daquele ferimento. Então viu a faca que ela carregava consigo.

– Desculpe! Desculpe! – Ela o puxou pela mão limpa – Olha, foi sem querer mesmo! Venha, vou te levar para a enfermaria.

...

Com o braço enfaixado e tratado, Randal estava sentado na maca da enfermaria, olhando para as faixas que eram manchadas lentamente pelo vermelho vivo. A garota da mecha entrou no lugar, se sentando na maca a frente dele.

– Está tudo bem? – Indagou mais uma vez. Não o irritava o fato de ela fazer a mesma pergunta uma série de vezes, apenas fazia com que ele visse a quão arrependida ela estava.

– Está sim. Não foi uma coisa muito grave – A garota sorriu, aliviada.

– Você é novo aqui, não é mesmo?

– É. Cheguei semana passada... Eu acho. Vim com meu irmão Jack.

– Pois é. Offender que os trouxe, certo?

– Sim. No meio de um de nossos assassinatos em Boston.

– Me diz: Ele é uma figura, né? Tãaaao animadinho – Ele riu e concordou.

– Meu nome é Randal Bones, conhecido como Skull Randal – Disse logo depois.

– Nina, Nina the Killer.

– Nunca ouvi falar... É alguma coisa do Jeff?

– Bem, sou tipo que uma irmã mais nova separada deles quando nasci. Tem a Jana também...

– Nossa, Jeff, Jane, Jana... O que é que tem o J?

– Okay, Jack, seu irmão, Eyeless Jack, Jack Risonho... O que vocês têm com esse nome?

Caíram na gargalhada, fazendo até que o garoto se esquecesse da dor.

Alguém entrou correndo na enfermaria, acabando com a conversa dos dois.

– Jack? – Randal indagou – Eu estava te procurando.

O maior pegou o braço do irmão, analisando aquelas faixas ao redor dele.

– O que aconteceu?

– A Nina e eu nos barramos e ela estava com uma faca na hora então...

Jack ficou extremamente irritado. Voltou-se a Nina com os olhos tomados por ódio:

– POR QUE VOCÊ NÃO OLHA POR ONDE ANDA SUA... Sua... SUA COISA AMALDIÇOADA POR ZALGO!

– HEEEEEY! Não vem jogando toda a culpa em mim não! – A garota se levantou, empurrando Jack pelos ombros.

– OLHA SÓ! VOCÊ MACHUCOU MEU IRMÃO! NÃO PENSE QUE VAI FICAR BARATO! – Tirou uma faca de dentro da jaqueta azul e passou a arma em frente aos olhos dela.

– Pare Jack! – Pediu Randal, se pondo em frente a ambos – Ela não fez por mal – Virou-se para Nina – Vou levá-lo para outro lugar. Quando ele fica brabo é capaz de decapitar Zalgo.

E assim fez. O menor puxou o irmão para fora da enfermaria, um tanto desapontado em não poder ficar mais um tempo falando com a nova amiga.

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Angelique estava feliz. Não sabia exatamente o motivo, mas estava quase em êxtase. Recebera um buquê de dezoito rosas vermelhas. No cartão que viera junto não havia nenhum rastro de quem tinha lhe mandado o presente e a letra cursiva bem caprichada não era familiar. Dizia:

“Anjo, me encontre de baixo da figueira logo após o anoitecer”.

Suspirou já imaginando quem seria seu “admirador não-tão-secreto”. E a única pessoa que lhe passou pela cabeça foi Liu...

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K caminhava saltitante pelo corredor do segundo andar, em frente aos quartos dos moradores. Estava feliz em saber que poderia tirar uma soneca no meio da tarde.

Ao meio do caminho, percebeu que uma das portas estava entreaberta. Logo se deu conta que se tratava do quarto do Eyeless Jack. Resolveu espiar, mas percebeu que não havia ninguém. Estranhou já que ouvia um abafado assoviar. Entrou cautelosa para que não chamasse atenção do garoto.

Como cada quarto era na verdade uma suíte, K percebeu que a música emanava do banheiro. Abriu a porta lentamente, deixando que o vapor da água escapasse.

Ficou extremamente corada ao por os olhos naquela cena. Não passava de Eyeless tomando banho completamente nu. Nada de mais, não é mesmo? Uma coisa que se via toooodos os dias (N/A: Sinta o sarcasmo). A garota começou a ter uma hemorragia nasal.

Bem, o corpo dele era até que bem trabalhado. Logicamente, já que teria de usar a força para seus assassinatos. Firme e forte, com a pele num tom fora do comum, porém que combinava de alguma forma com ele. Estava sem a cotidiana e sempre presente máscara, deixando seu rosto à mostra. Aparentava ter sido um garoto maravilhoso antes de se tornar Creepypasta, sem contar que alguma de suas feições continuava intacta. Seus olhos faltavam, deixando duas órbitas negras como um poço sem fundo tomar conta de seu rosto, tendo saindo de dentro dele um líquido do mesmo tom.

Eyeless se sentiu observado e acabou virando a cabeça em direção à porta, percebendo a presença de Kather. Ela rapidamente correu dali, mas foi impedida por uma mão molhada que a puxou de volta para o quarto de Eyeless, justo quando estava no corredor.

– Você é rápido... – Murmurou totalmente vermelha. Estava presa entre a porta e ao corpo do garoto, que com uma mão segurava seus pulsos a cima de sua cabeça e com a outra segurava a toalha que não o deixava completamente nu.

– Por que você estava me espiando? – Quis saber. K não pôde dizer como ele se sentia naquele momento.

– N- Nada – Sua voz a traiu – Eu só estava querendo ter certeza de que era você mesmo que estava lá...

– Existem outras maneiras de saber se alguém está no banheiro, sabia?

– Okay, okay! Já entendi. Isso não vai voltar a se repetir!

– Hm... Não tenho certeza. Acho que vou ter de te castigar para que não se esqueça de nunca mais.

K fechou os olhos com força, não querendo sentir o que quer que fosse seu castigo. Só tinha certeza de que seria dolorido o suficiente ao ponto de deixar alguma marca roxa ou alguma parte de seu corpo sangrado.

Acabou arregalando os olhos ao ter sua respiração cortada por um beijo profundo...

Com os batimentos cardíacos acelerados e o sangue subindo para sua cabeça, não soube dizer de primeira oque estava acontecendo. Mas se pegou lhe retribuindo aquele tipo de declaração.

Eyeless pediu passagem e receosa aceitou, ainda corada dos pés a cabeça.

Ao se separarem procurando folego, K se esquivou, saindo do quarto dele sem voz para dizer qualquer palavra. Correu pelo corredor não acreditando no que acontecera. Agora não precisava dormir para poder vivenciar mais um sonho, pois um sonho acabara de se realizar...