O Desejo Do Abstrato escrita por Gin


Capítulo 1
O Mundo Em Que Vivo e As Verdades Que Não Vi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/518292/chapter/1

Sempre fui alguém observador, gostava de sonhar, gostava de saber das coisas, e entendia quase tudo apenas observando. Talvez seja por isso que tive esse sonho.

Era mais ou menos quatro horas da tarde, o sol já começava a ficar fraco, e como sempre, nesse horário, eu gostava de me deitar sobre a grama de meu quintal. Olhava as nuvens, o sol a se pôr, tudo isso me fazia lembrar de algo, que não consigo lembrar.

Adormeci, normal. Sonhei, nem tanto.

No sonho, estava em um longo campo florido. Ao meu redor, havia diversos tipos de animais vivendo pacificamente, andando lado a lado, como se não houvesse diferenças. Passei a caminhar, sem saber que lugar era esse, ou como fui parar ali. Olhei para o céu, era o mesmo céu a qual eu sempre observava nos fins da tarde. Observei que as flores em meu caminho, emitiam diferentes tipos de aromas, alguns agradáveis, outros nem tanto, bom, talvez não para mim. Não importa para onde eu olhava, parecia que tudo era diferente de uma forma espetacular, e ao saber disso, fiquei maravilhado. Mas então, por qualquer que fosse a razão, me senti triste e sufocado pela imensidão do lugar. Eu nunca chegaria a um fim, não saberia das coisas, não saberia como funcionavam, e isso me fez ficar com raiva da minha capacidade humana, e depressivo ao mesmo tempo.

Quando estava quase por chorar, escutei algo que parecia ser um grito no vácuo. Um som distorcido, algo que não deveria ter saído. Não sabia de onde vinha, mas o barulho se aproximava mais e mais. Observei então, eu mesmo, ali, parado, me encarando com aqueles olhos castanhos vibrantes. E isso me assustou.

Não conseguia dizer qualquer palavra, mas sabia que ele também não. Então, ele apontou para o lado. E quando observei, os animais estava morrendo, as flores passavam a murchar e todo tipo de beleza, parecia desaparecer ali. Fiquei abismado, não tinha a menor ideia do que estava causando isso, ou porque estava. Me levantei, tudo havia mudado, nada era belo, ou talvez era.

O outro eu, então, apontou para o céu. E logo, meus olhos se encontraram com aquela gigantesca cor alaranjada de final de dia. O céu não havia mudado como as outras coisas. Me perguntei qual o sentido daquilo, não sabia o que dizer, fazer ou qualquer coisa, tudo ia, simplesmente, acabar.

Foi quando então, perguntei o sentido da vida. Até pouco tempo, tudo parecia muito bonito. E depois, tudo ficou feio.

Logo, meu outro eu abriu a boca, e começou a falar, mesmo eu sabendo que ele não podia.

– Viu, não é? Como tudo muda de repente? E agora você pergunta o sentido de tudo isso. Eu respondo, não há sentido. E por que precisaria ter? Vivemos atrás de respostas para tudo, e é isso que praticamente nos faz viver. Mas agora eu afirmo, existem coisas que simplesmente, não precisam ter um sentido, para dizer que é bela. E toda a vida, só é linda, pois existe a morte.

E ao dizer aquilo, eu fui jogado ao vento, e por um momento estava flutuando sob o céu, observava tudo, e aquilo não fazia sentido, mas como eu mesmo havia dito, não precisava. Eu estava sozinho, observando toda a imensidão, me senti solitário, mas... Quem nesse mundo não é?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Desejo Do Abstrato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.