Sinto a pele de Peeta junto a minha.

Tateio meus dedos por suas cicatrizes, sentindo cada ponto, cada centímetro de pele remendada. Peeta é belo.

Minhas compreensões à respeito de sua beleza eram superficiais, porque tudo o que eu via antes eram o que os agasalhos e as roupas extravagantes da capital mostravam. Mas agora eu o vejo, real e integralmente. Como ele é, sem reservas, nenhum detalhe está oculto de meus olhos.

Minhas mãos procuram por esse novo mundo que é o corpo dele. Famintas, incessantes e curiosas, explorando cada canto, não com luxúria má, porque agora sei o que Peeta quis dizer quando disse que eu era pura para a capital; que eu não sou naturalmente maliciosa.

E acho isso compreensível, porque acredito que qualquer adolescente que é obrigada a sustentar a família , não tenha tempo para se permitir pensar em romances, beijos, carícias e afins.

Mantenho-me com os olhos fechados, deliciando-me com cada beijo. Soltando-os vorazmente. Todos os beijos guardados e retidos, e há um momento em que meus lábios deslizam para o pescoço de Peeta, e sinto-me extasiada pelo cheiro inebriante de canela que a pele dele exala.

É um convite tentador ao que ele tem a oferecer. Eu o beijo para sentir seu gosto em minha boca mas eventualmente paro porque Peeta está rindo.

– O que foi? - digo agitada - Fiz algo errado?!

Ele continua a rir, mas não uma risada de deboche. É diferente.

– Quem diria. - ele começa - Voce e eu. Aqui. Casados e vivendo tudo isso.

Ele aponta para a situação. Seu corpo em cima do meu, nós dois semi nus, adentrando a intimidade desconhecida de cada um.

Por um momento sinto-me desconfortável com a ocasião, mas o olhar doce e apaixonado de Peeta me trazem de volta a segurança. Nenhuma vergonha vai me fazer sair de seus braços. Então eu digo:

– Quem poderia imaginar?

– Isso é mesmo real? - ele pergunta fazendo cara de desconfiança - Ou eu só estou tendo um flashback? Será que é um sonho? Porque eu não quero acordar e perceber que voce não está ao meu alcance.

Sua voz não é realmente duvidosa. Não acredito que ele esteja tendo uma crise agora, mas eu respondo as questões com uma palavra conhecida de nós dois.

– É real. Realíssimo. - Digo olhando em seus olhos dilatados pela escuridão, então nosso lábios selam um beijo calmo e apaixonado.

– Voce é linda. - ele diz entre beijos - Voce é tão linda.

Elogios. Nunca recebi muitos, nem me acho merecedora, mas a forma como Peeta os transmite a mim, faz com que por um instante pelo menos, eu me sinta realmente a jovem mais bela do mundo, e eu não estou falando só da beleza externa, Peeta faz com que meus traumas desapareçam e que minha alma volte a ser bela.

Não tenho um elogio pronto, porque meus pensamentos estão num emaranhado de sensações novas, então tudo o que faço é beijar-lhe , com o melhor beijo que tenho.

Suspiros e gemidos nos invadem.

Estamos num mundo novo e quando a coisa fica tão explosiva que já não há controle, tudo acontece.

Nos entregamos um ao outro, num encaixe perfeito. O ápice.

Aquela sensação de conseguir um doce quando se é criança. Toda a satisfação de ter posse algo desejado, nada se compara ao que sinto agora.

O calor do corpo dele sobre o meu igualmente em chamas. Uma dança que se inicia suave mas que aprimoramos os passos rapidamente.

Marido e mulher.

Nossos movimentos parecem ensaiados, tal é o sincronismo, no fundo sinto uma leve dor que logo passa. Embora eu não seja realmente maliciosa, sei que a garota deu lugar a mulher.

Os beijos não cessam, e quando escuto Peeta sussurrar meu nome, me sinto nas nuvens.

Minha visão está turva, nebulosa, tomada por pontos coloridos.

Sinto-me inundada pela masculinidade dele.

– Eu te amo. - Devolvo a ele depois que todo o furor já se faz mais calmo.

Não sou especialista, mas Peeta suspira por mim. Sei que a experiencia é fantástica para ele também.
– Eu te amo - responde ele abrindo os olhos e mirando os meus.
Sorrimos um para o outro.

Peeta descansa sua cabeça em meu peito, mas quando ele se move liberando-me , me aninho em seus braços, sentindo o aperto amoroso de seu corpo, observando sua respiração descompassada e sentindo seu coração acelerado.

Ele me dá um beijo gentil no topo da cabeça e nos cobrimos com o lençol branco.

A brisa que sopra suave da janela entre aberta faz com que fiquemos mais juntos.

Não penso em nada. Quero reviver cada cena desse filme de amor, porque sim, eu o amo.

E quando ele fecha os olhos para descansar, faço o mesmo.

Permaneço em seus braços, sentindo a brisa tocar minha pele, sentindo calafrios pelas maos daquele que me traz a paz.

No último momento antes que o cansaço me alcance, meu cérebro me faz lembrar da da conversa que tivemos naquela praia. Peeta dizendo que ninguém precisava dele.

– Eu preciso de voce. - Me pego sussurrando baixinho em seu ouvido, enquanto ele adormece - Eu preciso.